- Garoto resolvido, gostei da resposta. E sim, você também está certo.
Nesse momento, toda a tranquilidade que Rafael sentia pareceu ser convertida em desejo. Ele sentia um arrepio percorrer sua espinha e uma quentura mais intensa que o calor daquele dia começava a se espalhar por seu corpo. Provavelmente ele deveria estar corado pois, sentia seu rosto queimar. É claro que ele não se atiraria para o vendedor, apesar de ser direto em suas palavras. Mesmo assim, ele sentia necessidade de se sentir conquistado. Ele é o tipo de pessoa que quer ser o dominador que se sente dominado, parecendo controlado e estando no controle. Responder que sente desejo por outros homens não queria dizer que ele se entregaria ali de primeira, pelo menos esperava que Renato pensasse assim.
- Então, você é um cara lindo e com certeza sabe disso. Deve estar rodeado de pessoas muito mais bonitas que eu. Será que alguém como eu teria chance com você? - ele perguntou, fazendo com que qualquer coisa que acontecesse dali pra frente fosse escolha de Rafael.
- Renato, a chance quem cria é você. - Deixando claro que sim, mas ele precisaria de muito mais além de perguntar sobre água salgada para conquistá-lo.
Renato não consegui esconder a malícia por trás do sorriso que nasceu em seu rosto. Seus olhos brilharam intensamente e suas mãos começaram a suar. Já não mais se importava caso ficasse excitado, o que seria perceptível por causa de seus trajes e de seu membro avantajado.
Mais cedo, enquanto Renato anunciava seus sorvetes, observara Rafael chegando à praia tão seguro de si que mais parecia ser o dono daquele lugar. Muitas pessoas observaram o garoto que parecia tremeluzir com os raios de sol, deixando ainda alguns dos observadores boquiabertos. Enquanto descia uma das dunas, Rafael andava com passos de rei. Todo aquele charme que vinha do garoto acabou despertando o gigante que dormia dentro da cueca de Renato, e demonstraria interesse caso o garoto lhe desse bola. Rafael passou sem nem sequer notá-lo, se interessar por um vendedor de sorvete não parecia coisa que o garoto fosse fazer. Mesmo sendo ignorado por Rafael, Renato impôs o melhor tom de voz possível, já que estava com a garganta seca e cansado. Conseguiu alguns outros clientes mas na verdade queria o garoto que tanto lhe despertava o desejo.
Todo o fogo que se inflamou em Renato poderia ter se espalhado e queimado até mesmo sua barraca caso ele não mantivesse o controle. Rafael andava em direção a ele e sua imagem crescia conforme ia se aproximando. Mas saber que o garoto queria apenas guardar as coisas para que não fosse roubado foi como jogar um balde de água fria em sua cabeça! O que lhe restava apenas era admirá-lo e esperar que suas lembranças se mantivessem fidedignas ao que tinha visto na realidade.
No momento em que Rafael tomava banho de mar, Renato o observou de forma discreta, pelo menos ele achava que estava sendo discreto. Resistira por muito a tentação de cheirar a camisa do garoto que se exibia na água, mesmo que fosse uma atitude imprudente ao correr o risco de ser flagrado por ele. Para piorar as coisas, ou melhorar, Rafael ficou exposto ao sol tempo suficiente para ficar com marca de bronzeado na altura das nádegas, estimulando ainda mais o interesse de Renato, que adora ver uma bundinha branquinha em um corpo queimado de sol.
Depois do papo que tiveram, descobrira que Rafael realmente curtia outros homens, confirmando o que seu "gaydar" indicara. Restava agora conquistá-lo e se saciar.
- Então, Rafael... Está ficando tarde e eu preciso colocar as coisas no carro. Quero muito conhecer você melhor. Posso te levar em minha casa pra você tomar um banho e tirar esse sal do corpo. - disse-lhe Renato enquanto sorria maliciosamente e pousava a mão em seu ombro e o apertava, resultando em uma massagem agradável.
- Ah... - Rafael realmente não sabia o que dizer. Ele queria muito saber o que esse "conhecer melhor" significava vindo de um homem como o Renato. Mas aceitar assim o faria sentir promíscuo. - Renato, nos conhecemos agora e eu gostei muito de você. Mas não vou aceitar ir em sua casa assim de primeira. Não sou desses caras que agarram todos que aparecem em seu caminho como se não houvesse mundo depois de hoje. - Respondeu-lhe retirando a mão que pousara em seu ombro. Renato percebeu que desse jeito não conseguiria o que quer.
- Puxa, mas eu não quis dizer isso... Apenas achei que você fosse gostar da minha proposta. Te achei um cara curioso e deu pra perceber que gosta de aventura e liberdade. Eu quero lhe mostrar o que um homem como eu sabe fazer. - Renato deixou suas intenções evidentes. Os dentes dele não pareciam mais tão brancos quando Rafael o ouviu dizer isto, foi como se todo o seu corpo fosse sacudido.
- Sim gosto de aventura, mas não sou promíscuo. - Rafael respondeu girando em seus calcanhares. Por mais que sentisse interesse por aquele homem viril, diferente dos outros com quem já estivera, não o deixaria manchar seu caráter.
- Espera! - disse-lhe enquanto corria e parava na frente de Rafael, o impedindo prosseguir. - Antes de ir, me dá o seu número do whatsapp?
Rafael ponderou o pedido. Talvez ele pudesse conversar um pouco mais com Renato e saber em miúdos o que ele planejava, e como conversariam pelo whatsapp, não teria que fazer nada que não quisesse. E no fundo ele também queria experimentar um homem maduro, Renato não se parecia em nada com os outros garotos com quem Rafael estivera.
- Anota aí... - Rafael usou o tom mais desinteressado que pôde. Ele precisava impor respeito e agir de forma segura.
...
Ao chegar em casa, Rafael preferiu tomar um banho quente antes de qualquer coisa. Seus pais não estavam em casa e ele poderia aproveitar um momento só para pensar nos acontecimentos do dia e chegar a alguma conclusão sobre tudo.
Depois do banho, seguiu até o quarto com passos lentos e pesados, a água quente fez todo o cansaço ficar evidente em seus músculos. Ainda procurou o celular e os fones de ouvido antes de se deitar.
A primeira coisa que ele desejou fazer foi abrir o Whatsapp para saber se havia alguma mensagem do Renato, mas apenas ficou escutando música. Ele pensou que visualizar as mensagens poderia não ser tão agradável, ou seria agradável demais. Definitivamente, ele estava confuso. Em todas as suas experiências anteriores ele quem dominava a situação e, além disso, nunca se envolvera com alguém mais velho. E ainda acima de tudo, ele se perguntava sobre o quanto poderia confiar naquele homem.
A noite seguiu tranquila. Já eram quase 22:00hrs quando ele escutou a porta da frente se abrir. Logo após, duas vozes alteradas discutiam sobre qualquer coisa fútil. Elas ficaram tão próximas que pareciam ser emitidas diretamente dentro do quarto.
- Eu vou por um fim nisso de uma vez por todas! Você não me conhece! Estamos juntos há quase trinta anos e você realmente não me conhece! Você é uma vagabunda e eu não tenho obrigação de sustentar esse moleque! É isso que você quer!? - Rafael ouviu o pai falar, percebendo que ele estava totalmente descontrolado. Seus passos cresceram no corredor e Rafael ouviu batidas fortes na porta de seu quarto.
- Não! Por favor! Ele não tem culpa de nada! Deixe-me conversar com ele primeiro, por favor! - Agora era a voz da mãe dele que pedia com desespero. Rafael se assustou e sentou na cama enquanto fitava a porta. Ele resolveu esperar um pouco mais antes de levantar e abrir a porta. Talvez nem precisasse fazê-lo.
- Vagabunda! Eu sempre achei que você fosse uma mulher de bem! Me enganei com você esse tempo todo! Você enganou a mim e a minha família! Você engana todo mundo! Até o filho que você tanto diz que ama!
- CONTINUA -
Deixem os comentários, pessoal. To querendo fazer um conto diferente dos que já vi aqui.