Beto – Deita ae porra, vou te mostrar que as coisas não mudaram, nem vai mudar, eu não tou sendo preconceituoso, agora você sim!
Berg- ...
Beto tirou meu tênis, meis, calça e ate a blusa, me deixando apenas com uma box branca.
Beto – Quer um short?
Berg – Não, vou dormir assim mesmo!
Beto – Blza, boa noite então.
Beto falou aqui e foi saindo do quarto.
Berg – Vai aonde véi?
Beto – Me certificar que a as portas e janelas estão trancadas, já volto.
Berg – Blza vou ti esperar pra dormir.
Beto não falou nada apenas confirmou com a cabeça saiu do quarto e trancou a porta.
Berg – ele não vai voltar, falei pra mim mesmo.
XX
Estava em um sono leve quando ouvi vozes ao meu lado.
Beto – Fasta pra la mano.
Era a voz de Beto, ele realmente voltou. Não respondi nada, apenas afastei e cai no sono.
XX
Caralho, quase 15 horas de domingo, e eu acabara de acordar, olhei pro lado e não vi Beto, fui ate o seu roupeiro, peguei uma bermuda qualquer e sai do quarto. Beto estava deitado no sofá, vendo alguma coisa na televisão, dei um ‘’oi’’ e fui cozinha, tava faminto e precisava comer algo. Tava sentado a mesa, quanto Beto apareceu na cozinha.
Beto – Tava amarrado era filhão?
Berg – fome po. Tu já almoçou?
Beto – já sim.
Berg – e por que não me chamou?
Beto – Tu tava bêbado, lembra?
Berg – lembro de tudo.
Terminei de comer minha marmita, lavei a louca que eu tinha sujado e fui colocar minha roupa.
Beto – já vai?
Berg – Já mesmo.
Beto – ta cedo po.
Berg – nada mano, final de semana praticamente já acabou e amanha cedo tem aula.
Beto – Po, pode crer. Espera eu te arrumar que eu vou te deixar em casa.
Berg – A po, eu aceito, tou a pés mesmo.
XX
Já no caminho de casa ia conversando com Beto.
Beto – bora tomar um sorvete?
Berg – Sorvete?
Beto – Foi o que eu falei, sorvete. (rs)
Berg – Boora.
Beto – então fechou.
Passamos na sorveteria, tomamos um sorvete e depois fui direto pra casa, ainda chamei o Beto pra entrar, mas ele disse que tinha que passar na casa da gata.
XX
Mãe – meu filho, isso são horas de aparecer?
Berg – Dormi na casa do Beto, mãe.
Mãe – Mas deveria ter ligado.
Berg – Eu esqueci mãe, desculpa.
Mãe – Ao menos já almoçou?
Berg – Já sim, mas continuo com fome, ainda tem comida pronta?
Mãe – Tem sim, só esquentar.
Berg – Sem problemas. E cada o papai e o Bernardo?
Mãe – Estão se arrumando pra gente ia à missa, vamos conosco?
Berg – Hoje Deus vai me perdoar, mas eu vou recusar mãe. Tou muito cansado.
Mãe – kkkk, se fosse pra ir encher a cara não daria cansado neh, Gutemberg?
Apenas sorri, e fui bater a broca, tinha almoçado na casa do Beto, mas o fato é que eu estava varado. Depois de comer eu tomei um banho, conversei com algumas pessoas pelo whats e dormi, só acordei no dia seguinte para ir à faculdade.
XX
As aulas transcorreram normalmente na medida do possível. Assim que a aula acabou eu me despedi de todo mundo, tinha que ir em casa trocar de roupa para ir a academia, mas antes queria passar no escritório trocar uma ideia com meu pai.
XX
Berg – Oi Amanda posso falar com meu pai?
Amanda – pode sim.
Berg – Ok, obrigado.
Abri a porta e fui entrando.
Berg – Pai, blza?
Pai – fala filho, que tu ta fazendo aqui hoje?
Berg – Eita pai, sou tão indesejável assim? (rs)
Pai – kkk, é que você raramente vem.
Berg – É que quero levar um papo serio com o senhor, ta ocupado?
Pai – No momento sim, mas se você esperar um pouquinho, podemos conversar sim.
Berg – Blza, vou deitar aqui no sofá.
Pai – faça isso.
Esperei praticamente uma hora ate meu pai desocupar, mas o que eu tinha pra falar com ele era serio, então tive que esperar.
XX
Berg – E ae pai, podemos?
Pai – Sim, agora sou todo ouvidos.
Me aproximei da mesa, sentei em uma das poltronas e coloquei meus pés sobre a mesa do meu pai.
Berg – O papo é serio pai.
Pai – suponho que sim, pra voce vir ate aqui a essa hora. Mas primeiro rapaz, tire os pés da minha mesa, que comportamento feio. ( eu sabia, que ele ia embasar)
Eu apenas ri e tirei os pés de cima da mesa.
Berg – Pai, o senhor sabe o que rola entre o sr Edgar e o Lucas?
Pai – Em que sentido?
Berg – Quero saber se existe algum problema entre eles.
Pai – Por que você quer saber isso filho?
Berg – Ah pai, o sr Edgar é um pai de excelência e o Lucas não valoriza o que ele faz, vive de mal com a vida.
Pai – Mas o Lucas tem os motivos dele meu filho.
Berg – Quais motivos?
Pai – Isso não nos diz respeito, é coisa deles e da família deles.
Berg – Ah pai, conta ae.
Pai – Nada disso, não temos nada haver com isso.
Berg – Só vai ficar entre agente pai.
Pai – então você vai ter que esperar eu chegar em casa, não vou falar essas coisas aqui no escritório.
Berg – Ok então pai, ou esperar o senhor em casa, agora deixa eu ir que vou pra academia ainda.
Me despedi de meu pai e acelerei, tinha que passar em casa, trocar de roupa e ir pra academia.
XX
Não estava conseguindo render nada na academia, estava ansioso, queria saber qual era o rolo entre Lucas e o Sr Edgar.
Terminei meu treino, peguei meu capacete e acelerei direto pra casa, nem fui ao vestuário tomar banho. Na metade do caminho eu mudei de ideia, não iria para casa, iria passar no escritório e chamar meu pai para tomar umas ‘’brejas’’ ali próximo ao escritório mesmo.
XX
Berg – Oi Amanda, vou la na sala do meu pai ta?
Amanda – Pode ir Gutemberg.
Berg – Obrigado.
Bati na porta e já fui entrando.
Berg – Pai...
Pai – Oi, Berg.
Berg – Bora tomar umas cervejas, e dai agente conversa sobre aquele assunto.
Pai – Mas que curiosidade monstruosa é essa Berg?
Berg – Ah pai, é coisa minha.
Pai – Tudo bem, vou só finalizar o que estou fazemos, e podemos ir.
Na hora das saída, eu fui na frente de moto e meu pai foi me seguindo, ate que chegamos ao nosso destino. Pedimos umas cervejas, uns tira gosto e eu já fui logo perguntando.
Berg – E ae pai, o que ta pegando?
Pai – kkkk, é uma longa historia, vou falar aqui e vai morrer aqui, ok?
Berg – Ok pai, junto com a cerveja. Me diz, por que o senhor falou que o Lucas tem os motivos dele?
Pai – O Lucas foi abandonado meu filho.
Pera ae, o Lucas era adotado?
Berg – Como assim abandonado, pai?
Pai – O Edgar teve um caso com a empregada dos pais dele, isso bem no inicio da faculdade.
Berg – Caralho...
Pai – Pois é, e a mãe do Lucas foi despedida.
Berg – Mas isso não pode pai, é contra a lei.
Pai – Naquela época era tudo diferente filho.
Berg – Que barra pai, mas e ae o que aconteceu depois disso?
Pai – aconteceu que o Edgar não quis assumir a mãe nem o filho, os pais do Edgar também não, pelo que sei a mãe do Lucas ainda gravida viajou para capital, acho que foi procurar emprego em alguma casa de família.
Berg – Que filho de uma puta.
Pai – Quem?
Berg – Ora quem? O sr Edgar!
Pai – ele era muito imaturo meu filho, não tinha cabeça, agora ele ta querendo mudar o que fez.
Berg – Mas não tem como mudar, ele abandou o Lucas e a mãe dele.
Pai – Mas ele esta correndo atrás. Já tem alguns anos que o Edgar tenta manter contato com o Lucas, acontece que ele não aceitava a ajuda do pai, já estava crescido, independente, bem de vida.
Berg – E o que ele veio fazer aqui agora? Mudou de ideia foi?
Pai – Suponho que sim, ele é o único herdeiro do Edgar, tem mais é que ficar próximo ao pai mesmo.
Berg – Pai, o senhor sabe dizer se o Lucas vivia financeiramente bem la na capital?
Pai – Suponho que sim.
Berg – Mas pai, bem quanto? Muito bem, mais ou menos bem?
Pai – Não sei Berg, por que quer saber disso?
Berg – É que o Lucas tem espirito de rico pai, entende? Ele é o típico cara que gosta de humilhar os outros.
Pai – Você deve esta equivocado filho, o Lucas é um dos caras mais simples que eu já conheci.
Aquela conversa estava esquentando, olhei pra fora do bar e era visível ver o tempo se fechando, hoje as nuvens iriam cair do céu, a cerveja acabou e o garçom trouxe mais, meu pai bebia de um lado eu do outro. ( Não sei como iriamos dirigindo carro e moto) Fiquei pensando naquilo que o papai falou – O lucas era um cara simples –
Berg – Como assim simples.
Lucas – Não sei explicar filho, mas ele e um garoto simples, humilde, respeitador.
Berg – O senhor conhece ele há muito tempo?
Pai – Bastante. Algumas vezes o Edgar foi a capital conversar com ele, e eu fui acompanhando.
Berg – O Senhor nunca falou nada disso.
Pai – Isso não era relevante pra nós.
Conversa vai, conversa vem, meu pai já estava mamado, eu estava um pouco alterado, mas queria saber mais...
Pai – Pra finalizar com esse bombardeio de perguntas, o Lucas é bastardo, o Edgar não quis saber dele, ele teve uma vida difícil e deve ser esse o motivo de ter atrito com o pai, é isso filho, nada demais.
Berg – Nada demais pra nos dois que sempre tivemos uma família tao perfeita, nunca fomos separados, mamãe, Bernardo o senhor e eu.
Meu pai me olhou compenetrado.
Pai – Vamos pedir a conta e ir pra casa? Vai chover e muito.
Berg – Vamos sim, o senhor pede a conta que eu vou pedir um taxi.
Pai – Não precisa, voce deixa a moto aqui, e vai comigo, amanha cedo eu te trago e voce a pega.
Berg – bem capaz, não tem condição nenhuma de o sr ir dirigindo. (meu pai ainda tentou questionar, mas eu fui firme e chamei um taxi, assim que o taxi chegou eu coloquei meu pai no banco do passageiro, indiquei o endereço ao taxista e este levou meu pai a caminho de casa).
Eu precisava resolver uma questão, aquela historia estava mexendo comigo. ( comuniquei ao garçom que o carro do meu pai iria passar a noite no estacionamento e que no dia seguinte cedo ele pegaria, coloquei meu capacete e peguei a estrada, ia em alta velocidade, queria chegar a casa do Lucas antes de a chuva me pegar )
Berg – Porra Lucas, por que você não me contou nada? ( eu falava pra mim mesmo )
A chuva começava a cair sobre mim, pra falar a verdade eu ate estava gostando, estava calor demais aqui na cidade, e a chuva estava me refrescando. ( do nada apareceu um cachorro filho de uma puta, não sei de onde esse cachorro surgiu, tentei frear e acabei derrapando, cai por cima do meu braço, senti uma dor insuportável, vi o sangue escorrer, mas nada que me impedisse de seguir o trajeto)
Não demorou muito e la estava eu em frente a casa do sr Edgar. Interfonei, o próprio Lucas atendeu, eu disse que queria entrar, demorou um pouco, mas ele destravou a entrada. Eu estava tão perturbado que deixei minha moto com chave e capacete do lado de fora da casa, só faltou a plaquinha de ‘’PODE ME LEVAR’’.
Lucas – Berg...
Berg – Oi Lucas.
Lucas – Que sangue é esse cara?
Berg – é do meu braço, mas ta tudo bem.
Lucas – Como tudo bem? Tem sangue pra porra ae.
Berg – Ta tudo bem véi, isso e sangue misturado com água.
Lucas – vem comigo, vou fazer um curativo ae.
Berg – Eu aceito, enquanto isso agente pode bater um papo?
Lucas – Agente quem? Eu e você?
Berg – Isso.
Lucas – Berg, na boa cara, não quero mais brigar...
Berg – Nem eu cara, eu não quero brigar.
Lucas – E o que você quer?
Berg – teu pai esta em casa?
Lucas – Esta no quarto, por que?
Berg – Queria conversar com você em um lugar longe dele.
Lucas – podemos ir pro meu quarto.
Berg – prefiro que seja fora daqui, pode ser?
Lucas – Nesse toro de agua?
Berg – O que tem?, eu tou de moto, e voce pode ir de carro.
Lucas ficou pensativo, eu não podia o obrigar a conversar comigo, mas eu queria resolver muita coisa com ele.
Berg – E ae, o que tu me diz?
Lucas – Voce que conversar comigo em um lugar reservado, é isso?
Berg – Isso.
Lucas – Vai la no meu quarto, toma um banho, troca essa roupa, eu faço um curativo no seu braço e nos vamos da uma volta.
Berg – Blza então, vou so colocar minha moto pra dentro, blza?
Lucas – vai la, vou destravar o portao pra ti.
XX
E la estava eu, dentro do carro do Lucas, com roupa do Lucas, perfume do Lucas e sandália do Lucas.
Berg – Tem alguma sugestão de um lugar tranquilo pra gente conversar.
Lucas – tenho sim.
Berg – Onde?
Lucas – Motel, é o único lugar que da pra gente ir nessa chuva. Topa?
Conitnua...