PODERIA SER VERDADE?
Durante toda a viagem, não se ouvia nada, além do barulho do vento batendo no vidro, fiquei bem surpreso com a possibilidade da "brincadeira" de todos os dias ser verdade, como assim o Diogo poderia ser gay? ou não, porque ele teria de ser gay? será que...não, isso não poderia acontecer.
Depois de uns 30 minutos finalmente cheguei em casa.
-Olha fica à vontade que eu já volto, te deita aí, não faça cerimônia.
Fui até a cozinha, tomei água e subir pro quarto, deixei as coisas, tomei um banho, desci e lá estava Diogo deitado no sofá, dormindo.
-Diogo, acorda, vai lá pra cima.
Quando toquei nele, estava gelado.
-Puta merda, Diogo acorda.
Corri na cozinha e fiz um copo d'agua com açúcar e tiver que forçar ele beber. Ele tem diabetes, mas é o tipo de gente que vive dizendo que tá bem.
-Tu já mediu hoje? Hein, responde!
-Já, já sim.
-Cadê o medidor?
-Não precisa - Falava ele ainda tonto.
-Cadê, solta, solta Diogo - Gritei.
-Não precisa, eu já medir antes de ir te buscar - ele insistia.
-Mediu nada, me dê aqui o dedo.
Ele fazia força pra não deixar eu fazer a medição.
-Solta, mas que porra, a pessoa tá tentando ajudar. Tu tem que aprender que não dá pra tá brincando com coisa séria cara.
-Me...dá... aqui o dedo, olha aqui Diogo quanto tá isso, vamos vou te levar lá pra cima.
Pense em uma dificuldade foi levar esse homem escada acima
-Pronto, fica ai até melhorar um pouco, tô lá em baixo, qualquer coisa me chame.
Desci pra resolver algumas coisas, essa nova campanha era bem chatinha, reformular uma marca dá muito trabalho.
22h39
-Fale - era Amélia ligando.
-Meu lindo, tu sabe me dizer se Diogo já saiu da empresa?
-Eu já estou em casa faz um tempo, mas na hora que eu sair ele ainda tava trabalhando, porque aconteceu alguma coisa?
-Não, não, era só pra confirmar, pois ele não atende o telefone e não avisa nada, se morre a gente não sabe nem aonde procurar.
Nesse momento eu já tava no quarto procurando o celular dele, 10 ligações perdidas.
-Era só isso mesmo, depois eu te ligo pra gente marcar alguma coisa tá!
-Ligue sim, só não arrumo nada hoje, porque tô muito cansado, mas liga mesmo okay?!
-Ligo sim, beijos
-Beijos.
Ele dormia feito uma criança, me ajoelhei perto da cama e fiquei por uns segundos pensando na idéia e olhando como ele respirava tão calmamente.
-Não pode ser, como assim ele não estava brincando - pensei.
Desci, olhei as portas, desliguei as luzes e subi pra dormir.
-Diogo, afasta pra lá, que eu não vou dormir no sofá.
-Hum...
-"Bora, arreda"
7h45
-Bom dia meu amor
-Que amor Diogo, Bom dia.
-Poxa a pessoa já acorda mal humorada.
-Que mal humorado o que, eu hein
Me levantei, desci e ele atrás de mim falando, mas de manhã eu não escuto nada, e sempre tenho aquele efeito de que o tempo está mais lento, tudo parece mais lento.
-Me passa o leite - já era a segunda vez que pedia e ele falando.
-Me passa o leite Diogo, o que tu tá falando cara, me dá logo o leite.
-Tu não escutou nada do que eu disse William?
E... chamou de William, é porque ficou bravo.
-Escutei sim, mas passa o leite antes.
-Então o que foi que eu disse - perguntou já visivelmente irritado.
-O Blábláblá de sempre Diogo, me dá esse copo ai.
-Tá vendo William, eu tô aqui na maior sinceridade contigo e tu fica fazendo deboche.
-Que deboche cara, tu fica nessa palhaçada de amorzinho pra cá, amorzinho pra lá, vê se cresce Diogo, tu já tem 30 anos cara, e desde quando tu te interessa por homens hein, até um dia desse tava namorando e agora volta com esse papo de novo, vai procurar o que fazer e se já terminou, por gentileza vai embora, Amélia me ligou ontem à noite e ela não sabe que tu passou mal e tá aqui.
Ele ficou calado, terminamos o café e quando eu ia terminando de por a louça na lavadora ele me puxa e me dá um beijo.
-Porque tu fez isso? - eu já havia o afastado de mim.
-Eu já não te disse que quero uma chance - ele falava com uma convicção absurda.
-Mas cara, não sei não, isso...
-Não, vai dá certo sim, eu gosto de ti é só isso que importa, e tu vai gostar de mim, eu tenho certeza.
-Olha eu não vou dizer nem que sim, nem que não, vamos ver o que pode sair disso.
-Que bom, mas eu quero mais um beijo - ele falou já vindo em direção à minha boca.
Claro que era papo pra enrolar ele, conheço o Diogo há alguns anos, a HAPPY surgiu da necessidade de sair um pouco do negócio da família, eu havia acabado de terminar a faculdade e como tinha uma parte na empresa, eu vendi 10% pro meu irmão e com esse dinheiro abri a HAPPY.
Desde que abrimos em conjunto a HAPPY, que de vez em quando o Diogo vinha com essa estorinha, mas nunca levei à sério, os problema é que parece que era verdade.
-Olha, me prometa que não vai ficar fazendo insinuações em público, por favor, promete?
-Não vou prometer não.
-Diogo é sério, eu preciso que você não faço esse tipo de coisa.
-Tá certo, vou tentar me controlar mas.. - eu o interrompi.
-Um minuto - o telefone estava tocando.
-Alô... André já disse que não vou te apoiar, Patrícia já me ligou e já me disse o que tu andas fazendo.
-O pai sabe que tu....Não adianta, eu não vou votar a favor, eu tenho que passar no Salinas pra falar com o Martim, e depois vou ai.
-O que aconteceu?
-É o André que fica me perturbando pra votar a favor na questão da troca do fornecedor da fábrica.
-Não se estresse por isso, deixe isso pra lá - ele disse isso já me abraçando.
-Eita já são 08h30, tô atrasado - eu disse já me esquivando e subindo as escadas.
-William eu já vou indo, ainda tenho que passar em casa pra tomar um banho - ele falava na porta do quarto enquanto eu pegava as roupas.
-Cara espera eu sair, toma banho aí, tem uma banheiro lá em baixo também.
-Mas eu não trouxe roupa e tu não vai querer me emprestar uma!?
-Não, é mesmo, melhor tu ir mesmo, se tu chega com uma roupa minha na empresa..vão, é vai logo, vai logo, beijos.
-Não vai me dar nenhum beijo de despedida - perguntou fazendo cara de pidão.
-Só um.
Beijei ele, e já sai empurrando pra descer as escadas.
-Beijo, vai com cuidado.
Ele descia mandando beijos, voltei pro quarto, peguei a toalha e quando ia entrando no banheiro escutei um barulho de batida.
Diogo - pensei
Desci correndo até o portão quando vi ele...