De madrugada eu acordei com uma sirene entre nós, Spohie chorava desesperadamente.
- Bruno! – Ele nem se mexia
Como ele podia dormir daquele jeito com o choro da Sophie?
- Bruno! – Eu cutuquei ele mais uma vez.
Nada dele acordar. Eu me levantei, com uma certa dificuldade, mas graças a Deus naquela hora meu joelho não estava doendo. Eu peguei a Sophie no colo um pouquinho e peguei a mamadeira que nós já tínhamos deixado prontinha para ela. Era só fome o que a pobrezinha estava sentindo. Ela tomou a mamadeira, eu fiquei um tempinho com ela e depois ela voltou a dormir. Eu não tinha o que reclamar dela, ela não dava trabalho algum. Era um verdadeiro anjo. Todos ficavam impressionados em como ela era calminha.
Depois de ficar vendo-a dormir no meu colo por um tempo, eu a coloquei na cama novamente e voltei a dormir. No outro dia, eu acordei e o Bruno já estava cuidando da Sophie. Era umas 8h, ele já tinha dado banho nela e estava vestindo uma roupinha nela.
- A gente precisa comprar umas coisinhas pra ela. – Disse Bruno
- Verdade!
- Um berço principalmente!
- A gente pode montar o quartinho dela...
- Isso ia ser muito legal, amor. A gente pega um dos quartos de hospedes e transforma no quarto dela.
- Mas a gente ia ter que fazer uma micro reforma.
- A gente faz, ué? Ela merece!
Depois quem não tinha calma era eu, né? Eu sabia que ele iria amar ter uma filha.
- Já aviso, nada de rosa!
- Por que não?
- Por que isso é muito padrão, se nasce menino pinta de azul e o pobrezinho anda de azul até completar um/dois ano(s). Se nasce menina, pinta tudo de rosa e a bichinha sofre eternamente usando rosa em tudo.
- E que cor tu queres?
- Um lilás bem clarinho. Essa cor é tranquilizante, o rosa eu acho muito agressivo.
- Se ela ficar mais calminha que isso, vai ser difícil, - Ele disse rindo
- Vamos sair para comprar as coisinhas pra ela, amor?
- Agora?
- É! Vamos tomar café e vamos lá.
- Vamos! Ela já está até arrumadinha. – Ele disse todo alegre
Nós descemos e dona Cacilda, como sempre, já havia deixado a mesa prontinha para nós, na mesa agora já tinha uma mamadeirinha para a nossa princesa. Nós primeiro demos a mamadeira para a Sophie, a colocamos na cadeirinha e só então fomos tomar café. Nós nos alimentamos e eu tive a ideia de ligar para a Maman. Ela teria que nos ajudar a comprar as coisas, já que nós não sabíamos muita coisa sobre bebês.
- É claro que eu vou, mon p’tit! Carlos, Carlos, eu vou acheter as coisinhas da Sophie com o Antoine e o Bruno.
- Eu quero ir também! – Papa gritou
- Fale para ele ir também, Maman.
- D’accord! Nos encontramos onde?
Eu falei o nome da loja e combinamos que em 40min nos encontraríamos lá. Eu fui até a cozinha, após falar com a Maman e preparei uma mamadeira com mingau e outra com água. Como a Sophie ainda não tinha uma bolsinha térmica para ela, eu tive que usar a que o Bruno usava para levar lanche para o hospital. Eu arrumei tudinho, peguei fralda e tudo o que eu achava que seria necessário. Eu estava nas nuvens cuidando da minha filha.
Como a Sophie era a mascote da turma toda, todo mundo a paparicava. Ela era o centro das atenções e Bruno e eu ficávamos encantados com todo o carinho que nossa filha recebia. Minha família ficou louca, quando o Pi soube ele quase atravessa a tela do computador para ver a Sophie. Ele disse que precisava conhecer a sobrinha e futura afilhada. Todo mundo queria ser padrinho e madrinha da Sophie, o que já estava nos preocupando por que teríamos que escolher somente um padrinho e uma madrinha.
Nós saímos de casa e logo chegamos no local que tínhamos combinado com meus pais. Nós estacionamos ao lado do carro do Papa e a Maman veio logo pegar a Sophie, ela não deixou nem eu descer do carro. Na verdade, ela nem ligou para mim, ela só queria saber da neta. Foi o Bruno que veio me ajudar. Meus pais estavam tão encantados quanto a gente com o fato de terem uma neta. A primeira neta deles, ela com certeza seria mais que mimada.
Anne e Gui também vieram, no final das contas as compras acabaram sendo um programa em família. Maman nos ajudou a comprar roupinhas para ela, material para a higiene, banheira, mamadeiras, chupetas, um berço, brinquedinhos e a cadeirinha para o carro e outras coisinhas. Tudo o que ela precisava. Muitas coisas ela fez questão de dar para a Sophie, então nós não gastamos muito. Papa disse que fazia questão de ajudar o Bruno a montar o berço da neta. Ele disse que não queria saber de montador de loja montando o berço da neta dele de qualquer jeito.
O Gui estava indignado com o fato da Sophie ganhar tanta coisa e ele não ganhar nada. Para não deixar meu irmão triste, eu fui até uma loja de brinquedos, sem que ele visse e comprei um presente para ele, mas eu só entregaria mais tarde. Anne estava era encantada com a sobrinha, ela se sentia a tia adulta e também queria ser madrinha dela. Era uma briga entre Maman e ela, as duas queriam ficar com a Sophie. Eu tinha que intermediar sempre, senão elas brigavam.
Após as compras, nós fomos para um restaurante e almoçamos todos juntos. Eu passei o dia sem poder pegar a Sophie, a vovó coruja não deixava. O melhor de tudo era que a Sophie adorava estar no colo da Maman. Eu estava tão feliz, mas tão feliz. A Sophie não foi adotada somente por mim e pelo o Bruno. A minha família inteira recebeu aquela menina como se ela fosse sempre da família. Não houve resistência alguma. A resistência foi somente por parte de alguns tios que moravam na Guyane. Os mesmos que não foram no meu casamento, eu ficava era feliz deles não quererem saber da Sophie, eu é que não queria gente como eles perto da minha filha. Ela já era amada por tanta gente que eu dispensava o preconceito deles.
Nós chegamos em casa e o Bruno teve que chamar a dona Cacilda para ajudar a tirar as sacolas dos carros. Ela colocou tudo no nosso quarto. Nós ainda iriamos pensar em como nós iriamos fazer o quarto da Sophie. Mas, nós já fomos comprando tudo na cor que eu queria. Maman disse que conhecia uma senhora que fazia a cestinha com mais os potinhos para guardar algodão, cotonete, etc. Ela disse que iria encomendar um kit lilás. Nós compramos os móveis para o quartinho dela todos brancos. O quarto dela na minha cabeça estava lindo.
- Gui, vem cá! – Eu o chamei quando estava todo mundo reunido na sala
- O que foi? – Ele estava tristinho
- Olha só, a Sophie, pensou em ti, sabias?
- E daí?
- E daí que ela comprou isso aqui para o titio dela, olha.
Ele pegou o presente e abriu rapidinho. Ele mudou a expressão de triste para alegre em questão de segundos. Criança é fogo!
- Foi a Sophie mesmo que me deu isso?
- Foi! Como tu foste o único que não foi falar com ela, ela te deu isso.
- Sério, Sophie?
- Tá vendo só, ela gosta de ti.
- Eu também gosto dela!
Pronto, só faltava o Gui. Agora sim estava tudo mais do que perfeito. Ele foi até a Sophie que estava com o Bruno e fez um carinho nela e depois foi brincar com o novo boneco.
- E como vai ser a adoção? – Papa perguntou
- Nós ainda não sabemos, Papa. Nós precisamos consultar um advogado.
- Mas vocês já falaram com algum?
- Ainda não, não sabemos quem cuida disso.
- Deixem comigo, então. Eu falo com meu advogado.
- Obrigado, Papa!
Anne pegou a Sophie do colo do Bruno e foi passear com ela pela casa.
- Meu filho, e como anda o tratamento.
- Só faltam duas sessões de quimio, Papa. Depois disso eu faço a cirurgia.
- Quando tu vais fazer a próxima?
- Amanhã!
- E a Sophie? – Maman logo perguntou
- Bom, eu estava pensando em lhe chamar para cuidar dela.
- Ah, bien sûr que j’y viendrai ! (Claro que eu virei !)
- Je savais ! (Eu sabia !) – Eu sorri
- Filhote, e depois da cirurgia ?
- Tudo depende da cirurgia, Papa. Mas, depois dela eu farei mais quimio. Se tudo der certo, eu paro aí. Se não, eu faço ainda radioterapia.
- Nós vamos parar na quimio, tenho certeza!
- Se Deus quiser!
Nós ficamos conversando até de tardinha. Dona Cacilda fez um super lanche para nós. O câncer era citado vez ou outra, o assunto principal era a Sophie. Meus pais e meus irmãos foram embora já estava quase anoitecendo.
- Dona Cacilda, a senhora me ajuda a arrumar as coisinhas da Sophie antes da senhora ir?
- Eu já arrumei tudo, seu Antoine. Vocês compraram muitas coisas, viu?
- Nós, não. Meus pais que resolveram dar várias coisas para a neta.
- Pelo visto eu fiz a coisa certa, essa menina vai ter uma vida muito melhor com vocês do que ela teria comigo.
- Mas a senhora vai ser sempre a vovó dela também. Não esqueça!
- Fico muito feliz em ouvir isso, seu Antoine.
- Bom, quer dizer que a senhora já arrumou tudo?
- Já, sim senhor!
- Mas a senhora, viu? É muito ligeirinha! – Ela sorriu – Bom, já que está tudo organizado, a senhora já pode ir.
Ela havia feito muitas coisas gostosas para o lanche, como sobrou muita coisa eu pedi para que ela levasse para os meninos dela. Ela foi toda alegre. Agora, eu passava a entender essa felicidade de ser pai/mãe.
À noite, Bruno e eu ficamos assistindo televisão no quarto e a Sophie ficou entre nós. Nós dormimos e no meio da noite ela acordou. Dessa vez foi o Bruno que cuidou dela e foi do mesmo jeito do outro dia, ela tomou a mamadeira, ele ficou um pouquinho com ela e depois ela voltou a dormir.
Na manhã seguinte, quando eu desci Maman e Anne já estavam batendo papo com a dona Cacilda na cozinha.
- Bonjour, Maman !
- Bonjour, mon p’tit!
- Bonjour, Ange! – Bruno disse
- Bonjour, chéri! – Ela deu um beijo no rosto dele – Bonjour, ma petite. – Ela já foi pegando a Sophie no colo. – Mas como ela tá cheirosa?
- Oi, Anne!
- Oi, maninho! – Ela me abraçou
- Oi, Anne!
- Oi, maninho 2! – Ela também abraçou o Bruno
Por mais que já estivéssemos juntos há um bom tempo, ele ainda ficava todo bobo com a forma como a minha família o tratava. Foi a Maman pegar a Sophie que ela esqueceu de todos. Bruno e eu tomamos nosso café e fomos para o hospital. Lá eu passei boa parte do dia, como de costume. Eu recebi todo o coquetel, mas eu estava doido pra voltar para casa. Quando enfim eu terminei de receber o coquetel, nós voltamos mais que depressa para casa.
- O que é isso? – Eu disse ao entrar em casa
Bruno e eu tivemos uma baita surpresa. Assim que entramos em casa, nós encontramos todos os nossos amigos e nossa família reunidos. Maman e Jujuba tiveram a ideia de fazer um lanche da tarde. Seria uma espécie de baby-chá pós nascimento, como a Jujuba nomeou.
- SURPRESAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! – Jujuba gritou
- O que é isso, maluca?
- Bom, todo mundo queria fazer isso. A Sophie tinha que ser apresentada à todos. Então, tia Ange e eu tivemos a ideia de fazer isso. Na verdade, a tia Ange que teve a ideia, eu só ajudei a chamar todo mundo e a organizar.
- Mas vocês duas, viu?
Maman veio até nós, ela estava com a Sophie que estava vestida em um dos vestidinhos que nós tínhamos comprado no dia anterior. Ela estava linda demais. Uma princesa! Ela passou a Sophie para o Bruno, eu queria segurá-la, mas não podia. Todo mundo estava se derretendo pela Sophie, ela era só sorrisos. Nunca vi um bebê para sorrir tanto como ela. Todo mundo levou presentes para a Sophie. Naquele dia, nós tiramos várias fotos, mas as que eu guardo até hoje é uma que estamos Bruno, Sophie e eu e outra que está todo mundo junto. Nós formamos uma imensa família.
- Quem vai ser o padrinho e a madrinha, meninos? – Papa perguntou
Eu quis dar um cascudo nele, em que saia justa ele acabava de me colocar.
- Serei o padrinho! – Dudu e Thi falaram juntos
- Tu, não! Eu! – Thi disse para o Dudu
- Tá doido? Eu sou o melhor irmão do Antoine E do Bruno. Eu sou o padrinho!
- Eu sou irmão do Antoine mais tempo!
- E eu sou do Antoine E do Bruno. – Ele dava ênfase no E
- Tu perdeste pontos, lembra Dudu? – Bruno disse
- RA! É mesmo, eu troco minha sobrinha tranquilamente. – Thi disse
- A madrinha serei eu, é CLAROOOOOON! – Disse a Jujuba
- Sonhou, né querida? Serei eu! – Disse a Loh
- Vocês só podem estar delirando, eu serei! – Disse a Anne
- Papa, por que o senhor tinha que perguntar isso agora?
- Filhote, eu não sabia que estava essa briga toda. – Ele disse rindo
- Ainda tem o Pi na fila dos padrinhos.
- Ah, meu Deus!
- Antoine, quem vai ser a madrinha? – A Loh perguntou
- E o padrinho? – Thi perguntou
- Não sei! Não sei e não sei! E se vocês torrarem e minha paciência e a do Bruno não vai ser ninguém.
- Até parece! E ela vai ficar sem padrinhos?
- Ela fica sem, não tem problemas!
- Unrum, tá bom! – Thi disse
- Ah, não! Ela não fica, não. Eu peço para o Pi e a Jeanjean serem os padrinhos.
Eles ficaram quietinhos rapidinho.
- Adoro quando tu colocas ordem no galinheiro. – Bruno disse no meu ouvido e eu ri do que ele falou.
Nós nos divertimos bastante naquele dia, Jujuba e Dudu fizeram tanta palhaçada que nós chegamos a ficar com dor na barriga de tanto que aqueles dois juntos eram engraçados. Em um determinado momento, Bruno pegou o carrinho da Sophie e a colocou la, já que ela tinha dormido no colo dele. Ela ficou entre nós mesmo, poderíamos fazer o barulho que fosse que ela não acordava. Ela puxou isso para mim! (kkk)
- E então, como é ser papai? – Dudu perguntou para mim e para o Bruno
- É ótimo! É estar nas nuvens 24h. – Bruno disse
- Que lindooooooooo!!! – Jujuba ficou toda derretida
- Vocês não tem noção de como é bom dormir com esse serzinho entre a gente. – Eu disse
- Vocês três são lindos! – Loh disse – Ela tem quantos meses?
- Dois, Loh!
- Nossa, ela ainda é muito pequenina!
- É, sim!
Às 19h, todos começaram a ir embora. Afinal, eu precisava descansar já que eu tinha feito uma sessão de quimio naquele dia. Quando todos já tinham ido embora, nós fomos para o quarto. Eu estava começando a sentir os efeitos da quimio. Meu corpo começava a reclamar. Bruno deixou a Sophie no carrinho e foi tomar banho junto comigo. Eu conseguia tomar meu próprio banho, mas ele fazia questão de tomar banho comigo para me fiscalizar. Após o banho, nós vestimos somente uma bermuda e fomos para a cama. Foi só aí que eu pude carregar minha filha.
Bruno a tirou do carrinho e a colocou no meu colo. Quando eu a peguei a primeira coisa que ela fez foi segurar meu nariz. Ela ficava apertando, eu acho que era assim que ela me reconhecia. Ela podia ir para qualquer colo, mas era no meu que ela gostava de ficar. E eu não falo isso só por que eu sou pai, não. Ela realmente ficava muito calminha comigo. Eu ficava abrindo e fechando a boca e ela ficava com a mãozinha na minha boca.
Depois de eu babar um pouquinho minha filhota, eu dei a mamadeirinha dela, fiz ela arrotar e fiquei com ela um pouquinho no colo. Após alguns minutos, eu a fiz dormir. Bruno só me observava sentado na poltrona. Ela dormiu toda gostosa no meu colo. Eu a coloquei na cama e ela ficou quietinha. Agora, ela só iria acordar às 3h da manhã.
- Vocês dois juntos são lindos! – Ele disse da poltrona – Isso tudo parece um sonho, aconteceu tudo tão de repente. As coisas foram acontecendo naturalmente. Hoje, eu me vejo com meu marido e minha filha. Com minha família. Obrigado por me proporcionar momentos tão felizes, amor.
Ele se levantou e veio para a cama. Ele deitou do ladinho dele e de lá tentou me beijar, mas não conseguiu.
- Eu amo nossa princesa, mas nós precisamos arrumar o berço dela o mais rápido possível. – ele disse rindo
- Sophie, olha só o papai, ele quer te colocar no berço só pra poder beijar teu outro papai. – Eu falei bem baixinho
- Faz tempo que a gente não fica juntinho, amor. – Ele disse tristinho
- Eu sei, me desculpa por isso...
- Não, não, eu não estou te cobrando nada, viu? Espera aí! – Ele disse se levantando e pegando a Sophie com muito cuidado e a puxando para o lado dele da cama.
- O que tu vais fazer?
- Agora, eu vou cuidar do meu marido, já que nossa filha já está dormindo. – Ele veio para o meu lado.
Ele pediu para que eu fosse mais para o lado da Sophie. Ele deitou na beirinha da cama e eu fui para mais perto dele. Nós ficamos abraçadinhos.
- Era disso que eu estava sentindo falta.
Nós não fazíamos sexo há bastante tempo. Como sempre havia algum sangramento, devido a minha pele estar muito sensível pela grande quantidade de drogas, o médico achou melhor cortar qualquer relação sexual.
- Amor, amanhã nós temos que ir no hospital. – Eu disse
- Eu sei!
- Que horas nós vamos?
- A tua consulta com o Antonio está marcada para as 11h.
- Nós vamos ter que levar a Sophie.
- A gente leva, como amanhã é só uma consulta, não tem problema algum.
- Bruno! – Eu tampei a boca com a mão, o enjoo foi repentino
Ele saiu correndo e pegou a vasilha que nós sempre deixávamos por perto. Eu vomitei e ele ficou fazendo carinho na minha costa.
- Que saco! Eu pensava que eu não iria mais ter essas crises de vomito.
- Faz parte do tratamento, amor.
- Eu sei, mas eu estava tão bem!
Eu já fiquei com medo, se o vomito tinha vindo, isso significava que mais tarde as dores no joelho viriam também. Nós voltamos a ficar abraçadinhos e eu adormeci nos braços dele. Eu lembro de ter acordado no meio da noite e ouvir ele falando sozinho/comigo.
- Eu te amo, tu sabes disso, não é? – Ele fazia carinho na minha carequinha – Mesmo passando por tudo isso, eu te amo ainda mais. Eu te admiro pelo ser humano que tu és. Eu sei que tu tinhas medo de que tudo acabasse entre nós, mas essa doença só serviu para me confirmar mais uma vez que tu és o homem da minha vida. É contigo que eu quero envelhecer. Hoje nós damos o primeiro passo para construirmos nossa família. Eu sou o homem mais feliz do mundo, meu amor. Tu devolveste a vida ao meu espirito. Tu e agora a nossa filha, são a alegria da minha vida... – Ele deve ter continuado falando, mas eu adormeci novamente.
Na manhã seguinte quando eu acordei, nem ele e nem a Sophie estavam mais no quarto. Eu tomei meu banho, vesti uma roupa folgada, peguei minhas muletas e desci. Quando eu estava começando a descer as escadas, Bruno grita lá de baixo.
- ESPERA AÍ, AMOR!
Eu quase enfartei e tombei, por pouco eu quase caio. Ele subiu rapidamente a escada e me segurou.
- Assim tu me matas do coração!
- Por que tu não me esperaste? Tu sabes que eu não gosto de te ver descendo essa escada!
- Eu não podia ficar enfiado no quarto te esperando, né amor? E eu dou conta de descer uma escada.
- Mesmo assim, não gosto! Vamos descer, eu te ajudo!
Ele me ajudou a descer a escada. Nós fomos para a sala de jantar, tomamos nosso café e depois eu fui lá para o jardim com a Sophie para ela pegar o solzinho da manhã. Ela estava toda arrumadinha e cheirosinha do jeitinho que eu gostava. Nós ficamos um pouquinho lá fora e quando eu senti que o sol queria esquentar, eu entrei com ela.
- Dona Cacilda, a senhora fica atenta, viu? Hoje a loja vem deixar o berço e os móveis que nós compramos para a Sophie.
- Sim, senhor!
Eles foram para a cozinha e eu fiquei na sala com a Sophie. Eu no sofá e ela no carrinho. Graças a Deus eu não senti as dores e estava me sentindo muito bem disposto naquele dia.
- Amor, nós temos que ir.
- Tá cedo ainda, Bruno.
- Tá, não! Já são 9h30.
- Então, a consulta não é só às 11h?
- Ah, é verdade! Eu estava confundindo, pensando que era às 10h.
- Tá doidinho, amor?
Eu não tinha nada para fazer, não estava trabalhando, não estava estudando. Meu tempo todinho era da Sophie. Mas, nem com ela eu podia ficar muito tempo. Haviam coisas que eu não podia fazer. Por exemplo, eu não poderia carrega-la até nosso quarto e troca-la. Era só o Bruno que a levava e a trazia da parte de cima da casa para a de baixo. Minhas limitações eram infinitas, mas mesmo assim eu estava extremamente feliz.
Quando deu a hora para sairmos de casa, Bruno arrumou o carrinho da Sophie no carro, a cadeirinha ele já tinha colocado. Eu arrumei a bolsa dela, agora nós já utilizávamos a que a gente tinha comprado para ela, e fomos para o hospital.
Ao chegar lá, todos que nos conheciam vinham até nos saber que bebê era aquela e quando falávamos que era nossa filha alguns ficavam felizes, mas outros faziam cara feia e se afastavam educadamente. Ninguém foi agressivo, todo mundo nos respeitou. Mas estava claro quem não aceitava/entendia. Muitos ali nos respeitaram somente pelo fato do Bruno ser um dos chefes mais renomados e com o currículo enormemente grande. Nós não estávamos nem aí para o motivo, se estavam nos respeitando, então estava tudo certo.
- Ei! Eu ia hoje na casa de vocês visitar o mais novo membro da família. – Igor disse quando nos encontramos no corredor
- Nós fizemos um lanche outro dia, por que não fostes? – Eu disse
- Eu estava de plantão, a Loh me falou que foi muito bom. Ela me fala muito dessa princesa, eu precisava conhece-la. Posso pega-la um pouquinho?
- Tu sabes pegar um bebê? – Bruno já perguntou logo
- Claro que sei, Bruno! Eu sou médico, lembra? – Ele disse sorrindo
Bruno tirou a Sophie do carrinho e deixou o Igor pega-la um pouquinho, mas ele ficava de olho. Qualquer coisinha ele estava ali para socorrer nossa filha. Ele era super protetor com ela. Igor ficou só um pouquinho com ela no colo, nós precisávamos ir para a minha consulta, mas ele prometeu ir nos visitar em breve. Nós fomos para o consultório do Antônio.
- Bom dia, doutor! – Eu o cumprimentei
- Bom dia, Antoine, Bruno.
- Bom dia, Antônio!
- Opa, quem é essa princesa?
- Nossa filha! – Bruno disse
- Que linda que ela é! Parabéns, papais!
- Obrigado! – Nós dois falamos juntos e todos bobos.
- Antônio, como estão os resultados dos exames?
Na última sessão de quimio eu também havia feito uma bateria de exames para saber como o câncer estava. Antonio queria saber se o tumor tinha reduzido com a quimio ou não.
COMENTÁRIOS DO AUTOR
Oi, meus amores! Desculpem-me por não ter publicado ontem, mas eu dormir de cara no computador trabalhando, vocês acreditam? Que vergonha! Hoje o dia foi cheio e não consegui publicar às 16h, mas amanhã, se Deus quiser, eu irei publicar os dois capítulos nos horários que combinamos, ok?
Beijooo em todos! Obrigado por comentarem, continuem comentando. Eu só não comentei agora por que eu realmente estou mortinho de cansaço.
Até amanhã! Boa noiteeee!!!