Berg – Só falta a liga pra amarrar. Kkkk
Beto – Ta certo, então tu compra que depois eu te de pago.
Berg – precisa não, é um presente meu pra voce.
Antes que ele falasse alguma coisa, eu me antecipei.
Berg – Mano, vou ter que desligar aqui, tou no transito, depois te ligo.
Desliguei o celular e segui meu destino ‘’ comprar as entradas do Vila Mix’’.
Então seria isso? Minha ultima semana ao lado do meu melhor brother?
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O dia passou feito um jato, a noite sai com Lucas, fomos a um motel.
Berg – caralho mo, tu ta só o fogo. (rs)
Lucas – Tu que me acende. Kkk
Berg – Ah é? Então a culpa é minha?
Lucas – Todinha. (rs)
Berg – Então vou da um jeito nisso.
O joguei em cima da cama, e comecei a desabotoar sua camisa.
Lucas – Hey, hey calma garoto, vamos de vagar, primeiro quero acertar os detalhes da nossa viagem.
Berg – Depois mo, temos bastante tempo.
Lucas – Não Berg, não temos bastante tempo. Já quero ir no sábado!
Berg – No sábado?
Lucas – Exato. Algum problema?
Berg – Pra falar a verdade sim, vai ter o ‘’Vila Mix’’ e eu achei que nós pudéssemos ir.
Lucas – E vai ser no sábado?
Berg – sim, no próximo sábado!
Lucas – poxa Berg, se fosse algo mais importante eu ate entenderia, mas pra ir para show?
Berg – Ué. Eu gosto véi.
Lucas – Eu entendo, mas isto tem o ano inteiro.
Berg – Mas é diferente Lucas, eu quero ir com meus amigos.
Lucas – Quando nós tivermos na capital, tua vida vai mudar muito Berg.
Berg – Em que sentido Lucas?
Lucas – Em todos. Meu amor nós vamos recomeçar do zero. Você vai conhecer outras pessoas, vai ser outro mundo, vamos fazer outros programas.
Berg – Mas eu não vou me separar dos meus amigos, nem da minha família, nem vou mudar meu jeito de ser mano.
Lucas – e eu não estou pedindo isso, gosto de você do jeito que é.
Berg – Então por que as coisas têm que mudar?
Lucas – Mo, me entende, você vai pra outra faculdade, vai pra outra cidade, vai começar a conviver com meus amigos. O normal é que você se adapte a isso.
Lucas tinha razão, só não sei se eu conseguiria me adaptar.
Berg – ta mo vamos discutir por isso não.
Lucas – Não mo, não vamos discutir por problemas pequenos.
Berg – E nem precisa, já que vamos de carro, podemos ir após o show.
Lucas – Quem falou que vamos de carro?
Berg – Eu que imaginei. Você não veio de carro?
Lucas – Eu não!
Berg – E aquele carro que você anda?
Lucas – Eu aluguei pra ficar rodando aqui na cidade. Nós vamos de avião.
Berg - Humm.
Lucas – por isso quero logo agendar a data. já que você vai para esse ‘’tal ‘’ show no sábado, podemos viajar no domingo. O que tu achas?
Berg – pode ser na segunda?
Lucas – Por que segunda mo?
Berg – No domingo quero ir à missa com minha família. Por favor, mo?
Lucas – Pode ser mo, não consigo dizer não a você. (rs)
Berg – E eu não consigo resistir a teu sorriso.
Lucas – então não resista.
Lucas me beijou, e eu não tinha duvidas que estava apaixonado por ele, iria me adaptar a uma nova vida por ele, afinal quem não faria isso por alguém que ama?
XX
Na quarta feira pela manha eu fui à faculdade, mas fiquei mais tempo fora que dentro da sala. Fui na coordenação resolver sobre minha transferência, mas a secretaria do coordenador do meu curso disse que não era fácil assim, disse que eu teria que ver se haveria vaga no para o mesmo período que eu estava no campus da capital.
Berg – Puta merda, ainda mais essa ( falei para mim mesmo)
De repente o Beto chegou por trás de mim.
Beto – ta aprontando ae mano?
Me assustei e inventei uma desculpa qualquer.
Berg – Ah vim ver a possibilidade de trancar algumas disciplinas.
Beto – E pra que isso?
Berg – Tou pensando em arrumar um trampo, preciso ganhar uma grana.
Beto – Eu concordo que tu viva sem grana, mas não vou deixar voce fazer essa loucura não, vai atrasar todo mano.
Berg – Pois é mano, a principio é apenas uma ideia.
Beto – Ideia de girino. (Beto falou isso bagunçando meu cabelo)
Você já teve a impressão de estar tentando fazer algo e não ter certeza do que você realmente esta fazendo?
XX
Quando a noite chegou eu resolvi fazer uma ligação, tinha que resolver isso antes de partir.
Cecilia – Berg?
Berg – Oi Cecilia, tudo bem?
Cecilia – tudo, melhor agora. Hehe
Berg – Que bom, que bom... é... Cecilia eu queria ter uma conversa com você.
Cecilia – claro Berg. É sobre o que estou pensando?
Berg – e o que você esta pensando?
Cecilia – É sobre nós dois Berg?
Berg – Sim Cecilia, precisamos ter uma conversa definitiva. acho que eu te devo uma explicação.
Cecilia – Também acho Berg. Quando voce quer conversar?
Berg – Agora, se voce tiver disponível, pode ser agora mesmo?
Cecilia – Na minha casa ou na sua?
Berg – Que tal um lugar neutro? Ta afim de comer uma comida mexicana?
Cecilia – adoro Berg.
Berg – Então se arruma e daqui a 50 minutos eu passo ae.
Cecilia – Ta bem Berg te espero ansiosa.
Essa seria uma das conversas mais difíceis, eu iria falar pra Cecilia toda a verdade, não podia continuar a iludindo.
Tomei meu banho, me arrumei, pedi o carro a meu pai e segui para apanhar Cecilia em casa.
XX
Cecilia – Oi Berg, você ta lindo!
Berg – São seus olhos (rs) e voce ta linda também!
Cecilia – Obrigada!
Berg – por nada! Então vamos?
Cecilia- Sim!! (Cecilia respondeu com empolgação)
XX
Berg – E ae, o que vai querer?
Cecilia – Tudo, ‘’Nachos’’, ‘’tacos’’, ‘’burritos’’, ‘’guacamole’’. Só pra começar. (Rs)
Berg _ Eita. Kkk, da conta?
Rimos e fizemos os pedidos e eu resolvi antecipar o assunto, queria logo saber a reação dela.
Berg – Cecilia, o que eu queria falar contigo é bem delicado e eu queria que você me ouvisse com atenção, não peço nem que você me entenda, mas eu preciso falar isso com você.
Cecilia – ta me assustando Berg.
Berg – Não vou te enrolar. Cecilia, você é uma menina linda, maravilhosa, sempre tão gentil e meiga comigo.
Cecilia – Mas não faço seu tipo, é isso?
Berg – Por favor, deixa eu concluir.
Cecilia – ok.
Berg – Como eu dizia, você é perfeita, tem tudo o que um homem quer, mas entre nós dois não pode rolar nada Cecilia, nem namoro serio, nem um fica na balada.
Cecilia – eu não entendo, você me cobre de elogios e depois diz que não quer nada comigo. Então eu devo ter algum defeito muito grande.
Berg – O defeito não esta em você, esta em mim.
Cecilia – Como assim em você?
Berg – eu sou gay.
Cecilia – Oi?
Berg – Pois é, eu sempre gostei de homem, mas nunca quis admitir, desculpa não ter sido honesto com você, eu fui sacana esse tempo todo. Me perdoa.
Cecília ficou um tempo muda, suponho que digerindo aquela informação.
Cecilia – Mas Berg, nós transamos.
Berg – Sim, você me atrae, mas somente isso.
Cecilia – então você não é totalmente gay, você sente desejos por mim.
Berg – Não. Você entendeu errado, eu quero dizer que eu consigo sentir atração por você, atração física, nada além disso.
Cecilia – Então, não signifou nada pra voce?
Berg – Significou muito, foi muito bom o tempo que ficamos, mas não conseguiríamos ser felizes juntos, iria sempre faltar algo pra mim e pra ti.
Cecilia – Eu não sei o que falar...
Berg – fala que voce me perdoa, fala que voce não vai me desprezar por causa disso, fala que a nossa amizade não será abalada.
Cecilia – Isso é difícil Berg, eu te amo!
Berg – Eu também, mas é um amor de amigo, amor de irmão.
Cecilia – Alguém mais sabe?
Berg – Sim.
Cecilia – Quem?
Berg – Apenas o Beto e agora você.
Cecilia – Poxa, o Beto sabia e não me falou nada e eu fiquei esse tempo todo fazendo papel de besta.
Berg – Não foi papel de besta Cecilia. Tenta me entender, eu tava com medo de contar isso pra mais alguém.
Cecilia – Devia ter confiado em mim.
Berg – Mas isso não é um segredinho besta, isso é a minha vida. Eu já imaginava que você fosse reagir assim. Eu resolvi contar, mesmo tarde, porque eu quero que voce siga o seu caminho, que voce seja feliz, não quero que voce fique pressa a mim.
Cecilia – me da um tempo pra pensar nisso tudo?
Berg – Pode ser ate domingo?
Cecilia – Por que ate domingo?
Berg – Eu tou embora da cidade, Cecilia?
Cecilia – Para com brincadeira besta, Berg!
Berg – Não é brincadeira, eu tou indo embora para capital.
Cecilia – E a faculdade?
Berg – Vou transferir.
Cecilia – E os teus pais?
Berg – Bem, ainda vou conversar com eles.
Cecilia – E nossa amizade?
Berg – Vai continuar firme e forte como sempre foi.
Cecilia ficou pensativa
Cecilia – Berg...
Berg – Oi bebe.
Cecilia – Eu te amo tanto, não queria que voce fosse.
Berg – Não é nada definitivo, por ser que eu volte. Tou precisando viver vida nova, e tem mais, eu sempre vou aparecer para perturbar vocês.
Uma lagrima escorreu dos olhos de Cecilia.
Berg – Posso te pedir um favor?
Cecilia – Todos.
Berg – Não conta pra ninguém ainda, você é a primeira pessoa que eu tou contando.
Cecilia – E quando você vai?
Berg – Provavelmente na segunda feira.
Cecilia não segurou e as lagrimas começaram a rolar.
Berg – Para Cecilia, esta me fazendo chorar.
Cecilia – Eu não consigo, desculpa Berg, eu não consigo.
Peguei um lenço de papel e comecei a enxugar as lagrimas de Cecilia, aquela garota não merecia chorar, não mesmo.
Nossa comida chegou, o clima havia ficado pesado, por mais que tentássemos fingir que estava tudo bem, era como se fosse um jantar de despedida.
XX
Deixei a Cecilia em casa, desci do carro e abri a porta para ela.
Cecilia – Hummm, que cavalheiro.
Fiz sinal de reverencia, peguei em sua mao e dei um beijo leve. Cecilia me abraçou e eu falei baixinho em seu ouvido.
Berg – Obrigado por tudo.
Cecilia – eu que agradeço por tudo. Você me fez muito feliz.
Berg – Você ta sendo gentil, nós dois sabemos que eu não consegui te fazer feliz.
Cecilia – é impossível conviver com você e não ser feliz.
Mais uma vez as lagrimas insistiam em cair.
Berg – eu já vou Cecilia, minha cueca ta começando a molhar.
Cecilia – Bobo. Kkkk
Me despedi e segui pra minha casa.
XX
Fui tirando a roupa, queria tomar um banho bem demorado, queria lavar meu corpo, minha alma, meus pensamentos. Tinham algumas chamadas no celular que eu retornaria assim que saísse do banho.
XX
Na manha seguinte.
Uma ligação do Beto
Beto – Mano, o que ta acontecendo que tu não ta querendo mais estudar?
Berg – Tou meio febrio Beto. ( menti )
Beto – Entao tou indo pra ir.
Berg – Precisa não, minha mãe já me medicou em casa, agora tou repousando, acho que essa semana eu não vou mais.
Beto – Não importa, vou pra ir do mesmo jeito.
Berg – Não precisa se preocupar mano.
Beto – já disse que vou pra ir porra, deixa de ser teimoso.
Berg – Beleza Beto, tou te esperando então.
Na realidade eu estava na casa do Lucas. Inventei uma desculpa e acelerei pra casa.
XX
Quando Beto chegou aqui em casa, eu estava na cama embrulhado e vendo filmes na tv. Ele entrou no quarto e já foi logo passando a mão pela minha testa.
Berg – Virou enfermeiro agora foi?
Beto – Só quero saber como ta a febre.
Berg – ela ta bem, quem ta mal sou eu.
Beto – Voce ta mal, mas a língua ta afiada neh!?
Berg – Sempre. Hehe
Beto – afasta pra la e me empresta um pouco do cobertor.( Beto deitou na cama e ficou bem próximo a mim)
Beto – Que filme mais pode mano. Cade o controle?
Berg – Sei la véi, procura aqui por baixo da coberta.
Beto entrou embaixo da coberta literalmente e começou a fazer cocegas em mim.
Berg – hahahahahaha. Para porra, faz não (risos) para caraleo (risos) eu vou peidar, faz isso não porra.
Quando Beto finalmente parou de fazer cocegas, eu tinha ficado todo vermelho e suado.
Beto – pronto, agora voce vai aprender a respeitar o papai aqui. (rs)
Berg – Porra Beto, me machucou cara.
Beto – Deixa de frescura porra, nunca vi ninguém machucas com cocegas.
Berg – Ah não?
Beto – Não.
Agora foi minha vez de fazer cocegas no Beto, eu apliquei uma chave de coxa nele, que tentou se desviar, mas foi inútil. (porra, aquele cara ia me fazer falta demais).
XX
A semana transcorreu tranquilo. ( academia, casa, casa do Lucas, casa do Beto, academia, motel com o Lucas) Eu havia entrado em contato com o campus da capital e infelizmente teria que esperar o ano acabar e só poderia começar la no próximo ano, eu fiquei puto, mas estava decidido, eu ia me atrasar um pouquinho na faculdade, é como o Lucas dizia ‘’seria pouco tempo’’.
XX
Sábado pela manha eu acordei cedao, queria aproveitar que a família estava toda em casa e queria comunicar minha viagem.
Durante o café, seria um bom momento.
Berg – Bernardo passa a manteiga?
Bernardo – vem pegar.
Mãe – Passe a manteiga para o seu irmão Bernardo.
Berg – ÓI tomou um esculacho, agora passa a manteiga.
Bernardo passou a manteiga fazendo careta. (aqueles momentos com o Bernardo iriam me fazer falta).
Berg – Pessoal, eu queria fazer um comunicado.
Pai – Qual comunicado, filho.
Berg – Eu tou indo passar um tempo na capital. Investir nos meus estudos.
Mãe – Mas nem pensar nisso Gutemberg.
Pai – Calma Renata deixa o Berg terminar de falar.
Berg – Mãe, é só um tempo, quero estudar, e fazer uns cursos na minha área ( menti, eu ia falar pra minha família ou real motivo de minha viagem )
Mãe – Eu não concordo, você pode fazer esses cursos aqui na cidade mesmo.
Pai – De onde tirou essa ideia, Berg?
Berg – Foi conversando com o Lucas, filho do Se Edgar, ele disse que la na capital, tudo é mais fácil e ele concordou em me ajudar.
Pai – O Edgar não comentou nada comigo.
Berg – Não sei se ele ta sabendo pai, mas de qualquer forma não fala nada pra ele, deixa o Lucas falar.
Pai – E você pensa em ir quando?
Berg – Segunda feira.
Meu pai se engasgou com a torrada.
Pai – Depois de amanha?
Berg – Isso.
Mãe – Continuo sem concordar.
Bernardo – Se o Berg for eu quero ir também.
Mãe – Não vai nem um dos dois.
Pai – Não é assim Renata, além do que o Gutemberg já esta um Homem, não vai morar pro resto da vida embaixo das suas asas.
Mãe – Mas o Berg ainda é uma criança.
Berg – Sou não mãe, faz tempo que eu cresci, por favor, confia em mim. E se eu quebrar a cara eu volto.
Mãe – Este é o problema, você quebrar a cara.
Berg – Me de um voto e confiança, é como o papai falou, uma hora eu ia ter que sair de dentro de casa, e eu não estou indo pra longe.
Pai – Berg, você sabe que eu te amo muito meu filho, você vai fazer muita falta, mas você esta se transformando em um homem, e todo homem quer ter seu lugarzinho, sua privacidade e eu te dou total apoio, agora eu tenho uma duvida: Como você vai sobreviver sem trabalhar? Com a pensão que eu lhe dou não da pra você se manter lá na capital.
Berg – O filho do sr Edgar vai conseguir um trabalho pra mim.
Mãe – E o trabalho não vai atrapalhar seus estudos meu filho?
Berg – Não tem como eu saber agora mãe, só quando eu chegar la.
Mãe – Não sei não...
Berg – Eu já tou com a passagem comprada.
Pai – Com qual dinheiro?
Berg – Peguei emprestado, quando eu receber minha mesada, eu pago.
A conversa foi praticamente isto, por incrível que pareça foi menos triste do que a conversa com a Cecilia.
XX
Sábado de ‘’Vila Mix’’ começaria no sábado e teminaria no domingo. hehe
XX
O carro do Gustavo Buzinou ( Hoje ele seria o amigo da galera) chegando lá já estavam dentro do carro, O Beto e o Kadu a Cecilia não iria. Cumprimentei todo mundo.
Berg – Tira o pé Guga.
Gustavo – Tu ta bebo já?
Berg – Tou querendo ficar, voce pode colaborar acelerando essa bagaça? filho da puta!
O beto me deu um tapa na nuca.
Beto – respeita a puta da mãe dos outros, rapaz. (ele laçou meu pescoço e começou a me cobrir de cascudos).
Berg – Para porra, ta bagunçando meu penteado.
Kadu – Sai dai fresquin (rs)
Berg – Senta aqui na rola do fresquin.
Todos rimos
Berg – hoje eu não quero torre, eu quero barril.
Gustavo – Só foba.kkk
Berg – respeita a autoridade. (rs)
Tava foda demais, só duplas boas, algumas eu não curtia, mas eu estava tão bêbado que não estava nem ae pra o cu de ninguém. ( eu ainda não havia comunicado que eu iria embora)
XX
Na manha de domingo, estávamos voltando, antes do festival acabar, as duplas boas já haviam se apresentado. Resolvemos ir pra casa do Beto, era o único que morava sozinho.
XX
O kadu já foi logo ligando o wifi do beto e colocando umas musicas, acho que a festa iria continuar.
Gustavo – eu vou dormir.
Berg – Não po, pera ae, quero conversar com vocês.
Gustavo – Conversa outra hora mano, tou cansadão.
Berg – É importante Guga, tem que ser agora.
Beto – Quem vai morrer?
Berg – Senta a porra da bunda ae vei.
Beto – sim senhor.
Nós todos sentamos no sofá da casa do Beto, estávamos bêbados, mas estávamos conscientes.
Berg – É o seguinte...
Minha língua travou.
Kadu – Que foi po?
Berg – Calma porra, minha voz sumiu.
Beto – é o álcool fazendo efeito.
Todos rimos.
Berg – É o seguinte, tou indo embora.
Kadu – Ficou suado foi? Fala logo.
Berg – falei po, tou indo embora.
Beto – Ta doido, embora como assim.
Berg – tou indo embora da cidade mano, tou com passagem comprada já, amanha eu vou pra capital.
Beto – Tu ta de putaria com minha cara?
Kadu – Com nossa cara!
Berg – Vou tentar vida nova galera.
Beto – O que tu vai fazer na capital, cara?
Berg – Já falei Beto, vou tentar vida nova.
Beto – por que isso agora? Cansou da vida que leva aqui? Cansou dos teus amigos?
Berg – Não é nada disso...
Kadu – Por que tu só ta falando isso agora?
Berg – Eu não gosto de despedidas, queria aproveitar que iriamos estar bêbados pra não ter choro.
Gustavo – Mas eu não tou bêbado. Vou ter que beber também.
Beto – Ainda não tou acreditando.
Berg – Mas é verdade, e vamos parar com esse clima. Ninguém morreu aqui não. É festa galera.
Beto – Porra de festa, mané festa, voce estragou a festa cara.
Eu nada falava.
Beto – Voce fudeu com a festa, voce fudeu com a nossa amizade.
Eu continuava calado, não tinha o que falar, não sabia o que falar.
Gustavo – Betão cara, pega leve cara.
Beto – como pegar leve Guga? Se fosse por motivo de doença, ou um emprego, mas eu sei bem qual é o motivo.
Berg – e qual é o motivo Beto? Fala porra: qual é o motivo?
Beto – vocês me deem licença, mas pra mim a festa acabou. Podem ficar à vontade, mas eu vou para o meu quarto.
Beto subiu as escadas e eu fui junto, assim que ele entrou tentou trancar a porta, mas eu fui mais rápido, entrei, tranquei a porta, e já fui o abraçando.
Berg – Ei mano, nada vai mudar porra.
Beto – como não caralho? Voce vai pra capital por causa daquele mane, diz na minha cara que não é, diz porra.
Berg - ...
Beto – fala Berg, diz que não é.
Berg – eu tou indo atrás da minha felicidade.
Beto – Tou ligado, aqui você tava infeliz, neh!?
Berg – Claro que não mano, mas é diferente.
Beto – diferente como mano?
Berg – se coloca no meu lugar: se sua mina fosse embora, e voce tivesse a chance de acompanha-la, voce não iria? Não menti vei: iria ou não?
Beto – Entre minha mina, e a nossa amizade, de olhos vendados eu escolheria nossa amizade com certeza.
Aquilo foi um tiro em mim.
Beto – Mas você tem razão, se é sua felicidade corra atrás, que eu vou correr atrás da minha.
Berg – O que tu quer dizer com isso mano?
Beto – que você merece ser feliz.
Berg – eu vou voltar mano, a nossa amizade vai continuar, pode passar dez anos, a única coisa que vai mudar é que vamos estar velhos, mas aqui dentro (apontei pra o meu coração) eu ainda ou ser o mesmo.
Beto começou a chorar, eu o dei um abraço, de inicio ele não quis aceitar, mas como eu sou insistente ele acabou cedendo.
Berg – Eu vou nessa. Você pode me levar amanha para o aeroporto?
Beto – Não! Não posso. Amanha eu tenho compromisso.
Berg – Mas meu voo é de madrugada mano.
Beto – ainda vou ta no compromisso.
Berg – ta bom, agente vai se falando. (beto não respondeu nada, foi ate a janela de vidro, abriu e ficou de costa pra mim, seu olhar focava o horizonte)
Eu sai do quarto e me despedi de Kadu e Gustavo, foi bem mais fácil do que como foi com o Beto. O Gustavo aceitou me levar ao aeroporto.
XX
Aquele domingo estava diferente dos outros, estava escuro, nublado, triste, sem cor. Não parecia domingo, o Lucas me ligou confirmando se minhas coisas já estavam todas prontas, eu iria levar poucas coisas, nada que tivesse que fazer frete, minha moto iria ficar, moveis do quarto, computador de mesa também iria ficar. A tardinha eu fui à missa com a família, nossa ultima missa juntos. Na volta paramos para tomar sorvete.
Berg – Mas não esta nem calor, mãe.
Pai – meu filho, por favor, não percebe que sua mãe quer aproveitar esses últimos momentos?
Berg – Desculpa.
Durante o sorvete eu não conseguia ouvir nada, o Bernardo me melou com cobertura de chocolate e eu nem disse nada. A todo tempo eu via o Beto na minha frente, sorrindo e tomando sorvete, falando merda(rs). As lagrimas quiseram cair.
Berg – E ae família, vambora?
Todos concordaram e fomos para casa.
Durante a segunda eu me despedi dos vizinhos. Atualmente não eram meus melhores amigos, mas durante minha infância eles foram meus amigos de ‘’brincadeiras’’, e como eram brincadeiras boas. Eu fui criado brincando na rua. Nada dessas brincadeiras de hoje em dia, em que as crianças não saem da frente do computador ou vídeo game, eu fui criado brincando na lama, areia, soltando pipa, jogando bola, pega-pega e muitas outras brincadeiras inesquecíveis na minha memoria.
Finalmente chegou a hora, me despedi da família em casa mesmo, não queria que eles fossem ao aeroporto, não aguentava mais chorar, o Guga chegou, coloquei minha mala no bagageiros e entrei no banco do carona.
Berg – E os outros Guga?
Guga – Não sei da noticias mano.
Berg – Hum.
Iria mesmo ser assim?
Chegamos ao aeroporto e o Lucas já estava la.
Berg – cade o Sr Edgar?
Lucas – Deve estar em casa.
Berg – Não foi ele que te troxe?
Lucas – Nada, não quis que ele viesse, não tem porque ele estar aqui.
Berg – Ok. O Gustavo voce já conhece neh!?
Gustavo e Lucas se cumprimentaram, mas não trocaram muitas palavras.
Quando já estávamos na vila do check-up meu ouvi alguém me chamando.
Berg – Kadu?
Que porra era essa, o Kadu estava com o corpo todo melado de sangue.
Kadu – Berg, velho, aconteceu uma desgraça!
Berg – O que aconteceu po?
Kadu – Não consigo explicar mano, mas você precisa vim comigo.
Lucas olhou pra mim com a cara fechada.
Lucas – Berg, sem condição de você sair daqui.
Berg – Kadu, o que aconteceu po?
Kadu – Foi o Beto mano, foi o Beto.
Berg – O que aconteceu com o Beto? fala mano, tu ta me deixando nervoso.
Kadu estava desesperado e eu também, a essa hora o Gustavo já não estava mais no aeroporto.
Kadu – Voce ainda quer ver o Beto vivo? Se voce quer, então vem comigo, caso contrario, pode seguir tua viagem. ( Kadu virou as costas e foi saindo)
Berg – Kadu, me espera, me espera porra. ( eu tropecei por cima da minha bagagem e cai com a cara no chão, mas não estava nem ae, algumas pessoas ficaram rindo, eu queria que todas elas fossem tomar no cu).
Lucas – Berg, Berg, tu não pode ir mano. Nosso voo vai já sair.
Berg – vai na frente po, depois eu vou.
Lucas – Nada disso, tu vai agora.
Berg – Não vou não, ta doido? Já falei que depois eu vou.
Lucas me olhou com cara de espanto. ( Lucas não era uma pessoa má, mas a vida o transformou em uma pessoa um pouco dura).
Corri pelo aeroporto arrastando minha mala e consegui alcançar o Kadu já no aerorpo.
Berg – Kaduuuuuu, espera, joguei minha mala no banco de trás, entrei no banco do carona.
Kadu deu partida no carro, acelerado.
Berg – Agora me conta, o que aconteceu com o Beto?
Kadu apenas chorava.
XX
Achei que Kadu fosse me levar ao hospital central, mas ele me levou direto pra casa do Beto, ainda com o carro em movimento, eu abri a porta, sai cambaleando, me pus em pé e corri, entrei com tudo na casa do Beto.
Berg – Beto que tu tem cara? Fala comigo porra, fala comigo.
Beto – eu tou bem mano.
Berg – cade o sangue?
O Gustavo veio da direção da cozinha.
Gustavo – Não tem sangue nenhum não mano.
Berg – Como não? O Kadu ta todo melado de sangue.
Gustavo – Aquilo é sangue de carne de boi.
Berg – ta de putaria com minha cara?
Nessa hora o Kadu que estava dentro da casa de Beto se aproximou de mim.
Kadu – É sangue de carne sim, sente aqui o cheiro.
Berg – Quero sentir porra nenhuma não mano, quero saber o que esta acontecendo.
Beto – Voces podem deixar eu trocar uma ideia a sós com o Berg?
Gustavo e kadu concordaram e se retiraram da sala.
Berg – então Beto, o que ta acontecendo?
Beto – Eu não sabia o que fazer pra te impedir de partir, essa foi a única ideia que eu tive.
Berg – Não acredito véi.
Beto – Eu sei, eu fui imaturo, você poderia ter morrido do...
Berg – Sangue de carne de boi? De onde vocês tiraram essa ideia?
Nos rimos ( eu não estava com raiva, eu queria um pretexto pra ficar aqui na cidade)
Beto – Eu falei pra os caras que voce não ria diferenciar, voce é muito burro.
Berg – respeita (rs) eu diferencio sim, mas fiquei nervoso.kkk
Beto – Berg.
Berg – hum
Beto – eu não sou gay, mas eu não conseguiria viver longe de você.
Berg – Isso chama- se amizade vei.
Beto – é bem mais que amizade, eu me sinto bem ao teu lado, me divirto, me sinto protegido, me sinto seguro.
Caralho, mas era do mesmo jeito que eu me sentir quando estava ao lado do Beto.
Beto – eu não prometo substituir o Lucas, mas eu prometo te ajudar a esquecer aquele mane.
Berg – Como?
Beto – sei la, você tem alguma ideia?
Berg – tenho varias.
Beto – Me diz uma.
Eu fui em direção ao Beto, tava sentindo a quentura da boca dele, o cheiro forte de bebida, mas antes que pudesse acontecer alguma coisa Kadu e Gustavo apareceram na sala.
Gustavo – E ae, as bonecas já terminaram de conversar?
Berg – já, tamos de boa. Vamo beber la na frente e ver o dia raia?
Kadu – vamo poder fazer isso todas as noites agora.
Berg – como assim?
Kadu – Não contou pra ele Betao?
Beto – Não deu tempo.
Berg – O que é que ta pegando?
Kadu – posso falar Betão?
Beto – Va em frente.
Kadu – Berg, é o seguinte: O Beto nos convidou pra vir morar aqui com ele, eu você e o Guga.
Berg – Porra, isso é serio Beto?
Beto – Se vocês toparem.
Berg – Eu tou dentro.
Gustavo – então fechou. Vai ser tipo aqueles republicas de macho, ela casa so vai ter cheiro de buceta.
Eu comecei a rir e olhei pro Beto. Ele deu uma risada sacana e piscou pra mim.
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A vida é feita de surpresas, todos os dias somos surpreendidos,
Algumas surpresas são boas, outras nem tanto,
Mas fazem parte da vida, isso que é legal da vida, são essas surpresas.
As vezes deixamos de viver, brigamos por tudo, xingamos por qualque
motivo, fazemos confusão por coisas tao banais.
A consequência é que perdemos o melhor da vida. Sejamos mais tolerantes, mais
amáveis. Quando precisar brigar ‘’sorria’’, quando precisar agredir ‘’der uma flor’’
quando precisar sacanear ‘’grite ao vento’’ ele leva toda a sua revolta.
Ame muito o seu próximo, tudo o que vai volta dobrado...
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O dia amanheceu tao lindo, eu durmo e acordo sorrindo!!
Um dia continua...