EGEU - 7º Episódio

Um conto erótico de Lord D.
Categoria: Homossexual
Contém 2071 palavras
Data: 21/01/2016 11:46:56
Última revisão: 21/01/2016 11:47:21
Assuntos: Homossexual, Gay, Romance

7.

- Atenção alunos – a senhora Benedita, diretora da escola, dava início a um comunicado. –, como sabem é tradição da escola realizar um acampamento no feriado do 7 de setembro, para o terceiro ano do Ensino Médio.

Alguns alunos gritaram, comemorando. Esse acampamento era sempre uma da esperada.

- Muito bem, muito bem – a diretora fazia um gesto com as mãos, pedindo silêncio. – Este ano, nosso destino é a Fazenda Brida. Para aqueles que não sabem, essa fazenda possui a maior reserva de mata nativa da região. É famosa pela intensa quantidade de cachoeiras e trilhas para caminhada. Ou seja, será uma experiência inesquecível.

Os alunos ficaram eufóricos, pois a maioria conhecia a fama da beleza natural dessa fazenda.

- Teremos uma novidade no acampamento desse ano – a diretora continuou a falar. – Contaremos com o auxílio de alguns ex-alunos que se prontificaram em voluntariar nessa viagem. Tivemos muitos problemas com alunos indisciplinados, que burlaram as regras estabelecidas – Benedita olhou para Pedro Miguel. – Então, como você se recusam a se comportarem como gente, só nos resta tratarmos vocês como rebanho. É isso mesmo. Os voluntários vão rebanhar vocês.

Muitos risos.

- Bem, no final da manhã, passaremos mais detalhes para vocês, e aproveitaremos para apresentar os ex-alunos que se prontificaram em ser voluntários. Alguma pergunta?

- Podemos levar algum convidado? – perguntou uma moça loira.

Todos começaram a vaiá-la, tirando sarro com a cara dela pela pergunta.

- Não, Priscila – respondeu a diretora. – Não vamos assumir responsabilidade sobre ninguém que não faça parte da escola ou não seja convidado oficial. Mas alguma pergunta.

Ninguém se manifestou.

- Ótimo! – ela bateu as palmas. – Todos para sala de aula. Bip-bip.

Todo o terceiro ano comentava sobre a iminente viagem. Estavam ansioso, planejando o que fariam, e já imaginando que provas realizariam na gincana, que acontecia durante o passeio.

Quando entraram na sala de aula, Christian puxou William para conversar, mesmo um pouco renitente, o amigo não recusou.

- Escuta, William, vamos parar com essas nossas discussões – pediu Christian. – A gente passa agora a maior parte do tempo brigando. Me sinto mal com tudo isso.

- Eu também não gosto disso – disse William, meio envergonhado. – Mas é que, você vem com suas insinuações sobre a sexualidade do Érico, e...

- Olha, se isso te conforta, eu não falo mais sobre os desenhos ou qualquer outra coisas que se refira a esse assunto. – Mas quero dizer mais uma coisa, antes de encerrar esse assunto. Se o Érico for gay...

- Ele não é!

- SE, ele for – Christian aumentou a modulação da voz. – Você deve entender que isso só dirá respeito a um aspecto da identidade dele: o sexual. No resto, nada é diferente. São coisas que as pessoas criam ou fantasiam.

- Eu entendi, Christian – afirmou William. – Mas, sinceramente, acho mesmo que devemos encerrar esse assunto, se não queremos mais discutir. Eu, por exemplo, estou convencido que o melhor é não perguntar mais nada para o Érico, sobre aqueles malditos desenhos.

- Então, vocês não conversaram sobre nada?

- O que quer dizer?

- Nada! – Christian percebeu que a tal a conversa não acontecera.

Os dois ficaram em silêncio. Christian estava se controlando para não falar demais. William se mostrava como uma barreira intransponível. Talvez isso fosse um sinal, um sinal de que Christian não deveria prosseguir por esse caminho, a que fora convidado a trilhar por Érico. William era muito importante para ele, mesmo tendo pesado a veracidade dessa amizade nos últimos dias. O que Christian mais temia, era que chegasse o momento em que tivesse que escolher entre William e Érico. Só havia desvios para esse caminho tão certo: William mudar sua concepção ou ele, Christian, não se apaixonar por Érico, e por fim nessa história tão precoce.

- E como ficou a história da encapuzado? – perguntou William. – Nunca mais conversamos, então eu não sei se você já solucionou esse enigma. Era o Pedro Miguel, mesmo?

- Ah! Bom... eu cometi alguns equívocos com essa história, e sofri muito em consequência deles – Christian não olhava nos olhos de William. – Então... eu enterrei esse assunto.

- Hã. Eu já entendi – William fez uma cara desconfiada.

- Entendeu o quê? – Christian arregalou os olhos, engolindo em seco.

- Você não quer contar – respondei William. – Tudo bem, eu te respeito.

- Não é que eu não queira me abrir com você, William, é só que...

- Tudo bem, Christian, não precisa falar – William lhe deu alívio – Vamos para a sala?

- Claro – assentiu Christian. – Estou muito empolgado com essa viagem. Sempre tive muita vontade de conhecer a reserva florestal da fazenda Brida. Acho que a dona Benedita estava certa, quando disse que essa viagem seria inesquecível.

Após o final da última aula, a diretora chamou todos os alunos no pátio, para passar mais informações sobre o passeio.

- Atenção a todos, para a apresentação dos nossos voluntários – disse em voz alta, a diretora. – Enviamos convites para os alunos com um histórico de seriedade e responsabilidade, felizmente conseguimos preencher as quatro vagas para os voluntários, com fila de espera. Temos certeza que fizemos ótimas escolhas.

A diretora pausou, para o desespero do alunos.

- Fernanda Lima de Sá, Juliano Cardoso Pereira, Paloma Dutra Costa e... – à medida que Benedita lia, os voluntários se aproximavam da mesma, recebendo as palmas calorosas da plateia. – Érico dos Santos Menezes.

Sim. Um dos voluntários que prestariam assistência à escola, durante a viagem, era o Érico irmão de William. Christian não conseguiu esconder o contentamento. Quando o Érico viu seu admirado, deu um sorrisinho e uma piscadela discreta. Christian se encheu de si.

- Então é isso...? – uma voz sussurrou no ouvido de Christian. – Uma revanche?

Pedro Miguel estava atrás de Christian, falando discretamente.

- Do que você está falando? – Christian não entendeu as interrogações do outro.

- Não achou que eu acreditei que o nosso encontro no restaurante, foi mera coincidência – explicou Pedro Miguel.

- Eu não estou acreditando nisso.

- Eu e o meu pai almoçamos todos os dias naquele restaurante – disse Pedro Miguel. – Não achei que você fosse ser capaz de uma coisa dessas, sair com um cara só pra me...

- Não termine esse absurdo! – Christian virou a cabeça de lado. – Não se superestime tanto. Você não tanto, Pedro Miguel. Acha mesmo que eu perderia meu tempo com esse tipo de joguinho. Realmente você não sabe nada ao meu respeito. E nem precisa dar o trabalho de saber, pois há quem já faz isso, como muita maestria, “encapuzado”.

- Todas as inscrições deverão ser feitas até amanhã, na secretaria. Precisamos calcular os custos e preparar os arranjos para a nossa viagem. É só – Benedita encerrou o comunicado.

De longe, Érico fez um sinal para Christian, de que queria se encontrar com ele mais tarde, e que ligaria para combinarem. O outro, Christian, apenas assentiu com a cabeça de forma discreta.

- O sacana do Érico não me disse nada sobre ser voluntário no acampamento do 7 de setembro – William comentou com Christian, na hora da saída.

- Talvez quisesse fazer alguma surpresa – disse Christian, com vontade de rir.

- É, pode ser – William mordeu o lábio. – Mas já pensou como vai ser chato ter esse cara no nosso pé. Não vamos poder aprontar como no ano passado. Lembra quando a gente escondeu as calcinhas das meninas.

- Lembro – Christian na verdade lembrava de ter escondido uma cueca de Pedro Miguel, que ele guardou durante muito tempo debaixo do seu travesseiro, até que Teresa encontrou colocou para lavar. – Quem sabe o Érico torne as coisas mais divertidas.

- Você pode estar brincando, Christian – William riu. – Nós vamos ter um tratamento militar.

- Se você está dizendo, quem sou eu pra questionar.

Érico havia se candidato ao voluntariado às escondidas. Christian ria em seu ínterim. O que aquele maluquinho deveria estar aprontando? Ele se perguntava.

A noite, Christian e Érico marcaram de se encontrar para comerem uma pizza em uma lanchonete e depois estender para um passeio de moto. Érico o levou para um morro muito conhecido, de onde podia se ver as luzes da cidade, além da melhor visão da lua. Era um lugar muito frequentado por casais, principalmente no final de semana. Felizmente apenas um carro estava estacionado no lugar. Érico parou a moto bem próximo da ribanceira e ficou abraçado por trás de Christian, admirando o céu estrelado.

- Estamos evoluindo – Érico cheirou o pescoço de Christian – Você já me deixa de abraçar dessa forma.

- É porque eu estou com frio, e você é bastante quente – Christian riu.

- Então, se fosse um dia calor, não estaríamos assim?

- Provavelmente não – Christian riu baixinho.

- Você é cruel – Érico beijou o pescoço do outro. – Ainda não esqueci do nosso beijo.

- Sério? Quase não senti o gosto da sua boca – disse Christian, bem provocativo.

- Isso é um proposta, uma sugestão – Érico o virou de uma vez, deixando suas testas coladas.

- O que você acha? – Christian tocou os seus lábios suavemente, nos de Érico.

Era um beijo suave, macio, sem presa, buscando as formas e dos delineamentos da boca um do outro. Érico queria muito mais do que Christian estava lhe dando, mas não quis se afobar, deixando o outro fazer o que quisesse da sua boca. O beijo de Christian era deliciosamente aveludado, e essa lentidão provocativa, incendiava mais ainda Érico, que o apertava contra o seu peito.

- Esse é um dos meus beijos – disse Christian. – Me mostra o seu.

- Quer mesmo saber? – Érico deslizava os seus lábios pela bochecha de Christian, tocando a ponta da sua língua no lóbulo da orelha dele.

- Por favor – Christian sussurrou.

Érico deu uma risadinha safada, chapando sua boca na de Christian. Ele o beijava com tanta intensidade, que não dava nem pra respirar. É como se Érico quisesse sugar a seiva dos lábios de Christian de uma só vez.

- Nossa! – Christian tomou fôlego. – Eu fiquei até tonto – ele encostou a cabeça no ombro de Érico, se inebriando com o cheiro envolvente do “Meu Egeu”.

- Eu me perco nessa boquinha quente e macia – Érico beijou mais uma vez Christian. – Você tem o gosto do céu.

- Gosto do céu? – Christian riu. – O que isso significa.

- Minha mãe dizia, que quando eu era pequeno, sempre que provava uma coisa muito gostosa, dizia que tinha gosto do céu. E isso faz todo sentido, pois é comum as pessoas mencionarem o céu quando buscam uma referência de algo extremamente bom.

- Esse meu namorado está se saindo um exímio poeta. – Christian mordeu o pescoço de Érico.

- Namorado?! – Érico arregalou os olhos.

- Bom... porque não? – Christian riu. – Você é bom demais para ser um simples ficante. E acho que há dei importância de mais para essa minha desilusão amorosa. Quero gastar o meu tempo com aquilo que me faz feliz. Você me faz feliz. Você tem o gosto do céu.

- Eu te amo! – Érico encheu Christian de beijinhos por todo o rosto.

- Eu sei! – Christian afirmou. – Sabe, quando vejo o seu número no visor do meu celular, ficou tenso, nervoso, minhas mãos suam, meu estômago revira.

- O que acha que isso significa? – perguntou Érico se esconder a felicidade.

- Acho que estou me apaixonando por você – Christian pendurou seus braços no pescoço de Érico. E eu enxergo isso como uma faca de dois gumes.

- Por quê?

- Existe uma pessoa na outra ponta dessa história: William. – Christian ficou triste. – Eu não me sinto bem enganando ele. Quero as coisas claras, sem cortinas tampando a verdade. Se a gente quer tentar algo sério, é bom que comece sem entraves.

- Você tem razão – concordou Christian. – Eu tentei falar com ele hoje, mas o William fugiu, desconversou, foi evasivo. Acho que ele teme o que eu tenho a dizer.

- Eu não tenho a menor dúvida quanto a isso.

- Vamos fazer o seguinte – Érico pausou um instante antes de continuar. – Depois do acampamento eu vou abrir o jogo com ele. Não quero estragar a viagem de vocês.

- Tudo bem – Christian aceitou. – Depois do acampamento e nenhum segundo a mais.

- Tá certo, tá certo – Érico aproveitou mais um pouquinho a boca do outro.

- E falando em acampamento, eu adorei a surpresa. Ficar com você um final de semana inteiro, vai ser bom demais.

- Só não esqueça senhor Christian, que eu serei seu monitor e você terá que me obedecer sem reservas – Érico falou como um militar. – E a primeira ordem é que você não desgrude sua boca da minha.

Mais beijos devoradores.

- Algo me diz, que esse acampamento nos reserva muitas coisas – Christian encarava as estrelas.

- Eu também sinto isso – apoiou Érico. – Mas enquanto ele não chega, que tal você me falar mais um pouco sobre essa história de namorado dando ênfase aos benefícios a que eu tenho direito.

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