EGEU - 11º Episódio

Um conto erótico de Lord D.
Categoria: Homossexual
Contém 1948 palavras
Data: 21/01/2016 12:06:40
Última revisão: 21/01/2016 12:08:52
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

11.

- Diretora, eu já procurei em toda a casa pelos três, eles não estão aqui – informou um dos alunos que dividia o quarto com Christian.

- Aonde eles se enfiaram? – a diretora estava preocupada. – O Érico é um monitor, eu esperava um pouco mais de responsabilidade da parte dele.

- Será que aconteceu alguma coisa grave? – perguntou o aluno informante.

- Vamos torcer para que tudo seja apenas desobediência adolescente. – Benedita respirou fundo. A chuva já havia cedido.

Mal a diretora fechou a boca, William entrou todo ensopado na casa.

- William dos Santos Menezes, aonde você estava?! – a diretora bradou.

- A pior coisa que eu fiz, foi ter vindo nessa viajem – William estava desolado. Os olhos vermelhos revelavam que havia chorado muito.

- Por Deus, o que houve? – Benedita tentou segurar nos ombros de William, mas ele se esquivou e subiu para o quarto cuspindo fogo.

- Onde está o Érico e o Christian? – Benedita ainda perguntou.

- Espero que no inferno! – William respondeu no alto de sua grosseria, deixando todos a sua volta assustados.

Meia hora depois, Érico e Christian entraram as gargalhadas na casa, mas não encontraram caras tão alegres quanto as suas.

- Eu exijo uma explicação para isso – Benedita alisava o cabelo com a mão. – Onde diabos vocês se meteram.

- Diretora, eu posso explicar... – tentou Érico.

- Não, Érico – a diretora estendeu a mão em sinal de “pare”. – Eu confiei em você. Achei que fosse responsável, mas...

- A culpa foi toda minha – Christian interviu. – Eu agi irresponsavelmente, indo para o rio naquele temporal. O Érico tentou me impedir, mas aí eu não obedeci às suas instruções, e acabamos os dois no preso na floresta, aguardando o temporal amainar.

- Saiba que isso vai resultar em uma punição e em um comunicado ao seus pais, rapazinho – a diretora pôs o indicado me riste, na direção de Christian.

- Eu banco as consequências – Christian respondeu de cabeça abaixada.

- Ótimo! – a diretora arrumou a blusa. – Agora vão tirar essas roupas e tomar o banho quente. Não quero ninguém resfriado aqui.

- Sim, senhora diretora – Christian e Érico falaram em coro.

- E, Érico – a diretora ainda chamou a atenção do rapaz. – Diga o William que ele também não vai se livrar de uma punição, e talvez até mais grave pelo modo desrespeitoso com que falou comigo.

- O que o William ele fez? – Érico ficou curioso.

- Ora, que pergunta mais idiota! – a diretora estava impaciente. – William não estava com vocês?

- Não! – Christian e Érico se olharam desconfiados.

- Bom, ele chegou totalmente ensopado e profundamente irritado com alguma coisa.

- Eu vou falar com ele – Érico subiu juntamente com Christian.

- Acho bom mesmo – a diretora disse por fim.

William estava deitado na cama, coberto com um lençol dos pés a cabeça. Érico e Christian entraram no quarto um pouco cautelosos.

- William? – Chamou Érico.

- Estou com dor de cabeça, não quero ser incomodado – ele respondeu rispidamente sem descobrir o rosto.

- Tudo bem. Quando quiser conversar é só falar, tá bom? – Érico tocou na perna de William e saiu do quarto junto com Christian.

Sozinho, William começou a socar a cama com o punho e a se espernear feito um garoto birrento e mimado.

A chuva voltara a castigar novamente. O tempo estava fechado, parecia até noite. Como a gincana tinha furado mesmo, os alunos se reuniram na sala principal, para conversarem bobagem, namorarem – sob os olhos dos professores e da diretora -, tocarem e cantarem. Havia um violão e muitos candidatos ao canto.

- Bom, agora é minha vez – Pedro Miguel tomou o violão de uma menina ruiva.

- Por favor, Pedro Miguel, não me diga que você vai cantar. – a ruiva estava incrédula.

- Sim. Por que não? – ele afinava as cordas.

- Nunca o vimos cantar – disse uma voz rouca. – Tenho o medo do que pode vir.

- Relaxa! – Pedro Miguel riu para Christian que descia com Erico. – Ou vocês podem usar um tampão de ouvidos.

Todos riram, menos Érico. Ele e Christian se sentaram um lugar de frente para Pedro Miguel, pois era o único disponível. Pedro Miguel deslizava os dedos no violão com os olhos fixos em Christian, que dividia o olhar entre este e o seu namorado.

- Bom, espero que ganhe mais um fã, além do meu chuveiro – declarou Pedro Miguel.

“Não quero imitar Deus ou coisa assim.

Só quero encontrar o que é melhor em mim.

“Ser mais do que alguém que sai num jornal.

Mais do que um rosto num comercial.

E não é fácil viver assim.

“Se eu quiser chorar, não ter que fingir.

Sei que posso errar, que é humano se ferir.

“Parece absurdo, mas tente aceitar

Que os heróis também podem sangrar.

Posso estar confuso, mas vou me lembrar

Que os heróis também podem sonhar.

E não é fácil viver assim.

“Seja como for agora eu sei.

Que o meu papel não é ser herói no céu.

É na Terra, que eu vou viver.

“Eu não sei voar,

Isso é ilusão,

Ninguém pode andar com os pés fora do chão.

“Sou só mais alguém querendo encontrar

A minha própria estrada pra trilhar.

Apenas alguém querendo encontrar

A minha própria forma de amar.

“Sou só mais alguém querendo encontrar

A minha própria estrada pra trilhar.

Apenas alguém querendo encontrar,

Não é fácil,

E não é fácil viver

Viver assim.”.

Todos ficaram estupefatos com a voz de Pedro Miguel. Ele cantava muito bem e com muito sentimento, algo que não agradou nenhum pouco Érico. Durante cada estrofe, Pedro Miguel não desgrudou os olhos de Christian. Ele não disfarçou nenhum por segundo que aquilo que cantava, na verdade declarava para o outro. Seu coração dizia através da música tudo que ele não conseguia falar pessoalmente. Mas, o mais importante era o que dizia os olhos de Pedro Miguel. Ele estava disposto a tomar uma decisão. Christian sabia e Érico também.

Meio sem jeito, Christian levantou e foi até a cozinha à procura de água e de ar. Necessitava com urgência dos dois. Mas mal ele virou o copo na boca, Érico surgiu na cozinha. E sem rodeios ele perguntou diretamente:

- Você pode me explicar o que palhaçada é essa – Érico apontou em direção à sala. – O que há entre você e esse Pedro Miguel?

- Nada! – Christian se engasgou com água. – Mas porquê?

- Por quê? – Érico pôs as mãos na cintura. – Por que pra mim está claro que aquela música foi pra você. Olha, Christian, a última coisa que eu quero é bancar o chato controlador, ou te impedir de se relacionar com seus amigos, mas eu acho que eu devo saber exatamente com quem lido.

- Eu não entendi? – Christian se escorou em uma mesa.

- Tá! Vamos ver se eu consigo ser claro – Érico umedeceu os lábios com saliva. – Depois do que a gente viveu hoje, eu não quero nenhum segredo entre nós. Por isso, me responda com toda sua sinceridade: quem é esse Pedro Miguel?

- O Pedro Miguel? É simplesmente o cara mais popular e desejado da escola – alguém respondeu, e não fora Christian.

William surgiu de repente na cozinha, com um sorriso de contentamento.

- Fora isso – o irmão de Érico continuou. – Ele é o grande amor da vida do Christian. Meu amigo é apaixonado por ele desde o primeiro ano. Eu até já ajudei o Christian em alguns planos para conquistar o Pedro Miguel. E parece que todo esforço dele valeu apena. Christian, depois das “brincadeirinhas” de vocês dois no rio, a noite juntinhos na cama essa música dedicada, não tenho dúvida de que o Pedro Miguel está a fim de você. Christian, você venceu! Acho que você desvendou a charada.

- Charada? – Érico indagou rapidamente. Sua cabeça estava explodindo com tudo que ouvia.

- É. Um encapuzado misterioso salvou o Christian de um tarado em uma boate – William não ia parar. – Christian sonhou, desejou, suplicou que fosse Pedro Miguel. E tenho certeza que ele não se decepcionou. Eu acho que existe um sentimento muito forte entre os dois. É. Um nasceu para o outro, e tenho pena de quem tentar se meter nessa história.

- Por que você está fazendo isso?!Você não tinha o direito de abrir a minha vida pessoal, dessa forma! – a vontade de Christian era quebrar a cara de William.

- Ah, Christian, relaxa, o Érico não é nenhum estranho e muito menos preconceituoso – disse William. – Eu sei que vocês não têm a mesma intimidade que a gente, mas o Érico não vai contar pra ninguém.

Érico olhou para Christian totalmente estático com tudo que seu irmão despejara.

- William está falando a verdade? – perguntou Érico.

- Érico, não é bem...

- O William está falando a verdade?! – Érico insistiu.

Christian engoliu em seco, respirando fundo, escolhendo as palavras, que pareciam fugir-lhe, assustadas como ele.

- Sim – ele disse com dificuldade.

- Então você estava brincando o tempo todo comigo – Érico queria bater em Christian. – Como você pode?

- Érico, não é bem assim – Christian tentou segurá-lo mais foi empurrado. – O William está distorcendo as coisas.

- Você ama ele? – Érico apontou para a sala.

Christian não respondeu.

- Era ele que você queria que estivesse debaixo do capuz, não era? Ele é a sua decepção amorosa não superada. Meu Deus, tudo faz sentido.

- O que aconteceu entre mim e o Pedro Miguel está no passado – Christian disse sem convicção.

- Não está – Érico rebateu. – Se estivesse você teria contado tudo pra mim, e não ter me feito de idiota.

- Por que você fez isso, William – Christian tentou socar cara do outro, mas Érico o segurou. – Seu desgraçado!

- Não ouse me culpar! – William estava venenoso – Achou que eu não desconfiaria do segredinho sujo de vocês dois? Você era como um irmão para mim. Mas não hesitou em me trair dessa forma nojenta.

- Te trair? – Christian tentava se soltar de Érico. – Você é que fingia que não se importava em ter um amigo gay. Dizia que não tinha preconceitos.

- E eu não tenho! Mas por que o meu irmão? Por que você não procurou a rola de outro macho?!

- Seu infeliz – Christian se soltou de Érico e deu um soco em William.

- O que tá acontecendo aqui – Pedro Miguel apareceu na cozinha.

- Só estava faltando você mesmo – Érico deixou Christian se pegar com seu irmão e avançou para cima de Pedro Miguel.

Pronto! A guerra estava completa. Era pancadaria para todos os lados. Érico e Pedro Miguel rolavam por toda cozinha, trocando socos em uma briga bem equilibrada. Diferente de Christian e William, onde esse último levou uma grande surra com poucos revides.

- PAREM COM ISSO JÁ!!! – Benedita usou até a última nota de suas cordas vocais.

Professores e alunos separam os touros com muita dificuldade. A cozinha estava destruída, e os lutadores descabelados e sangrando.

- O que deu em vocês? – Bendita olhava para os quatro. – Se comportando como se fossem cães selvagens. Isso é inadmissível.

A plateia estava chocada com a cena.

- Foi esse filho da puta do irmão do William, que me atacou primeiro. Sem motivos – se defendeu Pedro Miguel.

- Cala a sua boca! Você sabe muito bem porque eu fiz isso – Érico tentava se soltar.

- CHEGA!!! – Benedita estava cansada. – Acabou a viajem! Fim da história. Mas fiquem certos de que esse episódio terá consequências drásticas. E quanto a você Érico, a escola não pode fazer em nada em reposta a esse comportamento. Mais saiba, que estou profundamente decepcionada com você. Quero que todos arrumem suas coisas. Vamos partir para casa o quanto antes. Nunca pensei que teria que passar por isso na minha idade.

Choro, tristeza, decepção, rompimento, mas nenhuma palavra foi dita depois disso. Cada um se recolheu à sua própria solidão e tentou atirar no esquecimento o que acontecera. Trabalho em vão.

A escola fez o seu regresso. Christian, Érico, William e Pedro Miguel, seguiram para suas casas, em cada parada e nada disseram uns aos outros. Tudo estava despedaçado. Haveria conserto? Quem sabe?

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