12.
Érico não sabia como começar. Ele se limitava a encarar William que, com a cabeça enterrada nas mãos, soluçava sem parar, espasmando seu abdômen na cadência do choramingo.
- Eu ia te contar – Érico começou, entrelaçando os dedos das mãos. Os dois estavam no quarto que dividiam, cada um em sua cama.
- Ia mesmo? Quando? – Willian indagou, ainda sem olhara para o irmão. – Qual é?
- Eu estava esperando o momento certo. – Érico engoliu em seco. – Eu reconheço a minha parcela de culpa. Eu deveria ter conversado com você sobre a minha sexualidade já há muito tempo.
- Poupe-me dos seu do pretérito-imperfeito – William levantou os olhos. – Você e aquilo viado traidor do Christian, se divertiam nas minhas costas sem nem um tipo de culpa.
- Culpa? Por que eu sentiria culpa?
- Por mentir pra mim!
- Nós não mentimos pra você – Érico se defendeu. – Apenas omitimos o fato.
- Não mentiram? – William se levantou. – Então você come o meu melhor amigo, e na minha frente fingem que são apenas amigos, e acha que isso não é uma mentira? É melhor a gente por fim nessa conversa porque ela não vai nos levar a nada.
- Agora você vai me ouvir! – Érico sentou o na cama. – Não queria saber tudo? Pois bem.
- Não quero mais! – William se levantou.
- Ah, quer sim! – Érico o empurrou de volta para a cama. – Depois que eu falar, então você faz o que achar melhor.
William ficou bufando como o touro valente que acabara de ser preso. Érico arrumou os cabelos e voltou a sentar em sua cama, respirando fundo antes de começar o seu relato.
- Já faz muito tempo que eu descobri que era gay. Nossos pais ainda não tinham morrido. A primeira pessoa que soube, foi a tia Laura, pois era quem eu mais confiava, e sabia que me entendera. Ela me ajudou dirimir todas as minhas dúvidas, e, principalmente, a contar para os nossos pais. Essa foi a pior fase da minha vida, mas também a mais libertadora.
- Acho que sei quando isso aconteceu – disse William. – Houve um período em que você brigava com muita constância, principalmente com o papai. Lembro-me que a tia Laura foi inúmeras vezes à nossa casa te pegar, quando suas discussões com o papai estavam mais intensas. Então era isso.
- Exatamente – Érico estava emocionado. – Com o tempo, eles começaram a aprender a conviver com ideia de ter um filho gay. Quando o papai havia se conformado de vez, ele me pediu que não contasse a você, até que fosse maduro o suficiente para entender. Eu obedeci seu pedido. De lá pra cá, principalmente depois que eles morreram, eu tive pouquíssimos casos que eu poderia chamar de relacionamentos sérios. Encontrei caras bacanas, mas nada eu pudesse definir como amor. Até quando eu conheci o Christian.
- Vocês estão juntos desde que o Christian passou a frequentar nossa casa? – quis saber William.
- É claro que não! – Érico se sentiu ofendido. – Naquela época o Christian era uma criança para mim. Eu esperei que ele ganhasse mais idade, e durante esse tempo, o meu sentimento por ele só aumentou. Quando soube que ele era gay, eu decidi que não deixaria escapar de mim. E só depois de conquistá-lo, é que tudo aconteceu.
- Você não pode ser gay, Érico – William voltou a chorar.
- William, eu não entendo – Érico saiu de sua cama e passou para o do irmão, envolvendo o ombro do mesmo com o seu braço. – O fato do Christian ser gay nunca foi um problema para você.
- Mas é diferente...
- No quê? Eu não entendo.
- Você sabe como os gays são tratados. Conhece as humilhações que eles sofrem – William estava com a cabeça encostada no ombro do irmão. – Você é tudo que eu tenho! Sempre me senti protegido ao seu lado. O que me fez não ter medo com a ausência de nossos pais, foi ter a certeza de que o meu irmaozão sempre estaria comigo.
- Mas eu sempre estive e sempre estarei – Érico o consolava. – O fato de eu ser gay, não diminui em nada o que eu sou pra você. Eu entendo que pra você ter um irmão hétero soa mais segurança. Mas é só uma impressão falsa. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
- E como vai ser? Você e o Christian vão casar? Adotar um filho e viverem juntos para sempre? – William não queria ser deixado para trás.
- Isso é muito pouco provável – Érico tirou o braço de em torno do irmão. – Ele não me ama. É o Pedro Miguel! Sempre foi ele! Acho que ele até tentou gostar de mim, mas o amor pelo outro foi forte demais para ser sufocado por um substituto.
- Vocês vão terminar? – William esperava ouvir um “sim” bem redondo.
- Eu não sei, William – Érico passou a mão nos olhos. – Só sei que eu amo o Christian.
- Pois eu o odeio!
- Você odeia o fato de ter um irmão gay – disse Érico. – Mas mesmo que não seja o Christian, vai ser outro. O que eu tinha com ele pode até ter acabado, mas a minha sexualidade não sofreu nada. O Christian não foi uma aventura ou uma curiosidade de um hétero mal resolvido. Eu sou gay. E nada, nem ninguém vai mudar isso. É bom que você se acostume com essa ideia. Eu te amo William, mas não vou me reprimir por conta disso.
William saiu do quarto sem dizer nada. Érico não tentou impedi-lo, pois não havia mais o que falar. As coisas estavam devidamente esclarecidas, todavia, o irmão de William se sentia totalmente sem norte. A imagem de Christian era única coisa que sua mente conseguia se concentrar. Um sentimento de culpa começava a crescer a dentro dele. Érico então resolveu ligar para Christian. Nem sabia o direito o que dizer, mas precisava ouvir a voz do outro com urgência.
Christian estava deitado no seu quarto, encarando o teto enquanto lágrimas quentes escorriam de seus olhos já irritados. Ouvira um grande sermão de Teresa por conta da briga depois do acontecido no acampamento. Teresa fora bastante dura, mas as suas palavras já não podiam ferir Christian mais do que ele já estava. O rompimento com o Érico e a confusão dos seus sentimentos em relação a Pedro Miguel, já fora demais para ele.
“If” do “Bread” (https://www.youtube.com/watch?v=WBcVebmt1Mk&hd=1) tocava baixinho no seu celular, quando Érico ligou. A música foi alternada pelo toque de chamada. Christian viu o nome de Érico no visor, mas não tinha certeza se queria atende-lo. Havia muito o que dizer, era fato. Contudo, a raiva que estava sentindo de William e a decepção por Érico não ter lhe dado chance de defesa, alimentavam seu orgulho. Mas Talvez, Christian pensou, não atender confirmaria as acusações do outro. O melhor mesmo era pôr fim em todos os assuntos não acabados
- O que você quer? – Christian atendeu bem seco.
- Tudo bem com você? – a voz de Érico era de uma humildade canina.
- Está ótimo! Estou até pensando em dar uma festa para comemorar o fato de ter sido tratado como uma vadia pela pessoa que diz que em ama. – Christian falou no alto de sua ironia. – Você só pode estar brincando.
- Eu entendo a sua raiva – Érico soltou um suspiro fundo. – Eu agi como um estúpido e te disse coisas que você não merecia ouvir. Mas você também tem que reconhecer que devia ter me contado sobre o Pedro Miguel.
- Você acha?
- Não estou dizendo que isso justifica o que eu fiz. Mas, sim. Eu acho.
- Érico, você já passou pra pensar que pode ter acontecido algo que eu sinta vergonha de contar, ou que me fere todas as vezes que eu lembro?
- Eu não estou entendo...
- Porque não quer entender – a voz de Christian tremulava um pouco. – Você sabia...
Christian respirou um pouco, antes de dar prosseguimento ao seu desabafo:
- Você sempre soube que eu havia passado por uma decepção amorosa – Christian completou a frase. – Eu fui honesto com você.
- Mas e ele? O Pedro Miguel sempre esteve de conversinha com você, fazendo brincadeirinhas...
- Porque ele é assim! – respondeu Christian. – Não posso mudá-lo. Só que eu respondo por mim. Há uma grande discrepância entre o seu amor e sua confiança por mim. E dessa forma Érico, receio que não encontraremos um caminho em comum.
- Está terminando comigo? – perguntou Érico um pouco assustado.
- Achei que você já tivesse feito isso.
- Não. Não, não! – a voz de Érico era urgente. – Não quero perder você. Eu preciso de você.
- Eu não sei se temos futuro – disse Christian. – Não posso iniciar uma guerra com o William.
- Então não vale a pena lutar por nosso relacionamento?
- Essa não é questão – declarou Christian. – Imagina que inferno vai ser, ter o William como o nosso inimigo. Talvez seja um preço alto demais que você, principalmente, tenha que pagar. Não quero ser responsável pelo fim do relacionamento de vocês. Ele só tem a você.
-William vai ter que entender – Érico falou com convicção. – Preciso só de mais uma chance. Christian, por favor...
Christian ficou em silêncio, com os sentimentos divididos.
- Pelo menos uma conversa – implorou Érico.
- E não estamos tendo uma?
- Mas tem que ser pessoalmente – disse Érico.
- Se não for para eu ouvir acusações, eu aceito. – impôs Christian.
- Claro! Eu prometo que vou te ouvir até o fim – Érico falou animado. – E não vou insistir naquilo que você não quiser falar. Vai ser do sei jeito.
- Aonde a gente vai se encontrar? – perguntou Christian.
- Bom, eu pensei em darmos um pulo em Paraíso – disse Érico.
- Um pulo? Não acha que Paraíso é longe demais para uma conversa?
- É que eu quero te levar em um lugar. – explicou Érico.
- Não acho que os meus pais vão me deixar ir para outra cidade, principalmente depois da minha briga com o William – Christian falou fazendo Érico ri.
- Você bate forte em, anjo azul – disse Érico. – William está com o olho roxo.
- Minha vontade era ter socado a tua cara – Christian não estava bem no clima da comicidade.
- Então? Você aceita viajar? – Érico insistiu.
- Já disse que os meus pais não vão deixar – respondeu Christian.
- Mas... e se eles permitissem, você iria?
- Talvez – Christian se fez de difícil.
- Nada de talvez. Sim ou não?
- É. Eu iria – Christian falou pausadamente, como se aquilo não fizesse a menor diferença.
- Certo! Falo com você daqui a pouco – Érico desligou, deixando Christian um pouco encucado.
Vinte minutos depois, o celular tocou novamente. Era Érico mais uma vez. Agora Christian atendeu sem demora.
- Desligando o celular na minha cara, não é bom começo para quem quer conversar.
- Foi por uma boa causa. – Érico não escondia seu contentamento. – Acabei de falar com sua a mãe e a convenci de deixar que você viaje comigo.
- Sério? – Christian ficou surpreso. – Quero saber a fórmula depois dessa proeza.
- Se você for um bom garoto, talvez eu te fale – Érico tentava de todas as formas recuperar a relação.
- Tem certeza que isso é uma boa ideia? – Christian falou com um pouco de tristeza.
- Acho que é a melhor – respondeu Érico. – Depois disso, talvez tomemos a melhor decisão.
- Está certo! – afirmou Christian. – Que horas você me pega?
- Daqui a meia hora – respondeu Érico. – Vai ser uma viagem relâmpago, então não precisa levar muita coisa.
- Entendi. Então nos vemos daqui a pouco. Tchau!
- Com certeza. Tchau! – Érico desligou depois de estalar um beijo.
Christian atirou o celular para o lado, e se jogou na cama fechando os olhos. Antes dele ruminar a conversa que acabara de ter com Érico, Teresa bateu na porta do quarto do rapaz.
- Pode entrar – Christian permitiu.
- Podemos falar um instante? – a mãe de Christian se sentou na borda da cama.
- Claro, mãe – Christian se sentou também.
- Eu quero saber o que está acontecendo! – Teresa exigiu saber.
- Mãe... não está acontecendo na...
- Absolutamente, tudo! – Teresa cortou a desculpa esfarrapada do filho.
Christian soltou o ar dos pulmões de uma vez, antes de começar a desembuchar sua história enrolada. Não tinha certeza se Teresa compreenderia, mas já que ela exigia saber, ele não via problemas em contar tudo, mesmo porque, desde que assumiu sua homossexualidade, Christian contava tudo para ela.
- Uau! – Teresa arregalou os olhos, batendo com as mãos nos joelhos. – Estou tonta com essa história.
A reação da mãe preocupou um pouco Christian, pois ela não demonstrava se a sua surpresa era uma coisa negativa. Por via da dúvidas, ele se preparava para ouvir uma dura repreensão.
- E então? O que a senhora tem a dizer sobre o que lhe contei? – Christian perguntou com a apreensão.
- Bom... eu estou muito chateada por você ter demorado esse tempo todo para me contar.
- Eu sei... – Christian baixou a cabeça. – O meu silêncio causou muita confusão nesses últimos dias
- Pois é – Teresa pôs a mão no ombro do filho. – Por outro lado, estou muito triste por você. O que esse Pedro Miguel fez na sua primeira vez, foi horrível. Não sei como você ainda o perdoou.
- Acho, que ele também não saiu ileso naquela tarde. – afirmou Christian. – Ele está muito confuso, mãe. E acho que o pai dele é o maior responsável por essa personalidade instável que o Pedro Miguel desenvolveu.
- OK! – Teresa não quis discutir as questões psicológicas envolvidas na história do Pedro Miguel. – Mas, minha maior surpresa foi saber que o Érico é gay. Sinto inveja de você por eu não ter tido um encapuzado na minha adolescência.
- Não sei se isso é motivo de causar, inveja – Christian balançou a cabeça. – A história do encapuzado virou a minha vida de cabeça para baixo.
- O chato é a intolerância do William. – observou Teresa. – Poxa, filho, vocês sempre foram tão amigos. Ele sempre demonstrou não se importar com a sua sexualidade. De repente isso.
- Ele sempre demonstrou não se importar com a minha sexualidade, até saber que o irmão gosta de mim e que estávamos juntos. – corrigiu Christian.
- Mas, e aí? Você ama o Érico? – quis saber sua mãe.
- Acho que sim – respondeu Christian se jogando na cama, e apoiando a cabeça nos braços cruzados.
- E o Pedro Migue? Você ainda sente algo por ele.
- O pior é que sinto, mãe – Christian esfregou os olhos. – Faz muito tempo que eu gosto dele, e apesar de tudo, não consigo nutrir raiva por ele. Já até tentei, mas não consigo. Sabe, quando estou com o Pedro Miguel, me sinto atraído por uma força magnética, por uma tempestade. É como se ele me devastasse e fosse uma atraente onda, que eu quisesse que me arrastasse. Com o Érico, eu me sinto seguro, tranquilo, em paz. É como se todos os meus fantasmas fossem espantados pela sua presença. Quero estar nos seus braços, planejar, conversar, sentir o seu cheiro. Enquanto um me causa urgência, ou outro me faz querer que o tempo pare.
- Isso é que é dualidade!
- É exatamente assim que eu me sinto: totalmente dividido.
Christian respirava fundo, com a boca semiaberta, tentando harmonizar todos esses sentimentos que se opunham entre si.
- Acho melhor se arrumar, pois o Érico deve estar quase apontando por aqui – declarou Teresa. – E é importante que você saiba, que para todos os efeitos Christian ainda está de castigo. Não acho que seu pai esteja pronto para digerir toda essa história.
- Como o Érico conseguiu? Quero dizer: o que ele fez pra te convencer em permitir que eu viajasse com ele para Paraíso?
- Ele me disse o motivo – respondeu Teresa. – Não tinha como dizer não, depois do que ele me falou.
- E o que é? – Christian levantou de uma vez da cama.
- Ele me fez jurar que não contaria para você – Teresa se levantou e foi para o armário do filho, escolher uma roupa.
- Ah, mãe, qual é? – Christian foi atrás dela. – Me conta logo. Não vai ficar de segredinho com o Érico, vai? Poxa a senhora é minha mãe.
- Sei que o meu silêncio não vai traumatiza você – disse Teresa. – E longe de mim querer estragar uma surpresa dessas. Agora anda, vai tomar um banho que eu vou deixar sua roupa separa em cima da cama.
Christian obedeceu, resmungando a caminho do banheiro. Uma coisa era certa, se uma mãe-coruja como Teresa ficou entusiasmada com a surpresa a ponto de revogar o castigo do filho, é porque era uma coisa muita boa.
Quando Christian saiu do banheiro, sua mãe não estava mais no quarto. Em sua cama, havia uma mochila prepara e a roupa que ele ia usar, estendida. Teresa havia escolhido uma calça azul caneta e um casaco estilo militar cinza e uma camiseta de um verde bem claro. Ainda havia um par de botas cano médio, que Christian adorava, deixada próxima à cama.
- Hum! – ele riu, se agradando da escolha.
Revirou bolsa e deu uma gargalhada quando encontrou um pacote de camisinhas.
- Só você mesmo para pensar nisso, dona Teresa – ele guardou as camisinhas novamente. Fora elas, objetos de higiene pessoal, toalha e uma muda roupa.
Christian enxugou-se e se vestiu rapidamente. Quando terminava de pentear os cabelos, sua mãe gritou dizendo que Érico já estava à sua espera. Christian responde que já estava descendo, mas antes de fazê-lo, uma luz clareou sua mente. Ele se lembrar de repente, de algo que havia comprado e guardado. Parado na soleira da porta, estava em dúvida se devia fazer o que a sua mente queria que ele fizesse.
- Vai, que a gente se acerta... – ele tentava se convencer de que devia fazer. – Mas vai que a gente se acerta e fica parecendo que eu estava doido para que a gente se acertasse. O que eu faço?
- Christian? – Teresa insistia.
- Só um minuto – ele mordeu o dedo sendo corroído pela dúvida. – Eu vou arriscar.
Christian correu até a sua cama, levantou o colchão e retirou uma embalagem fininha de debaixo. Arrancou as botas rapidamente e desceu as calças. Rindo do ridículo que estaria sujeito, ele fez antes de que se arrependesse.
- Vamos? – Christian chamou Érico, assim que chegou na sala.
- Claro! – Érico se levantou do sofá.
Ele estava vestido em uma calça jeans com pouca lavagem, uma camisa xadrez com tonalidades vermelhas, sobre uma camiseta branca.
- Não se esqueça, Érico, quero o Christian a noite em casa – ordenou Teresa.
- Pode deixar – Érico abraçou a mãe do outro. – Devolvo-o inteirinho à noite.
- Ótimo! – Teresa estava satisfeita. – E você mocinho – ela se voltou para Christian –, juízo.
- Tá, mãe – Christian foi esmagado pelo abraço de Teresa. – Me dá pelo menos uma pista dessa surpresa – Christian sussurrou no ouvido da mãe.
- Sem chance – Teresa largou o filho e deu um tapa na bunda dele, o empurrando em direção à porta, onde Érico já esperava.
Teresa ficou na porta de casa, observando o carro, que Érico havia tomado emprestado para a viajem, sair. Érico não escondia o contentamento, e Christian tentava ocultar que estava inebriado pelo Meu Egeu impregnado na pele do outro.
- Nem um beijinho? – pediu Érico, quando eles pararam no sinal vermelho.
Christian deu um rápido e insosso beijo na bochecha do outro, fixando seus olhos para frente. Ele queria rir, mas mordia o lábio repreendendo o sorriso.
- Certo! – saiu, depois do sinal abrir. Ele estava até gostando daquela situação de reconquista.
Os dois viajaram por cerca de duas horas e meia, fazendo apenas duas paradas. Conversavam sobre tudo, menos sobre o acampamento e o destino do relacionamento deles. Érico até preferia assim. Talvez devessem voltar para o início, e tentar não cometer os mesmos erros. Pelo menos ele sabia que Christian não estava tão com ele, pois ria de suas piadas, apesar de nunca perder a oportunidade de lhe dar umas alfinetadas. Era um jogo, Érico percebeu. Ele iria jogar e ganhar.
Paraíso era uma cidade maior do que a dos dois viajantes. Mas apesar de seu tamanho, havia muita natureza. E possuía uma floresta urbana. Eles passaram pela imensa Universidade Atena. Christian e todos os jovens da cidade sonhavam em estudar nela. Ele ficou encantado com a estrutura externa, imaginando como seria por dentro. Atena era uma universidade particular de grande renome e prestígio. Suas bolsas eram disputadas a tiros.
O carro de Érico subiu por uma ladeira bem inclinada e só parou quando chegou no topo. Era uma rua bem tranquila, apenas com residências. As casas não eram de luxo, mas bem construídas. Érico desceu em frente a um portão verde, levemente descascado. Abriu-o, voltou para o seu carro e entrou na propriedade. Havia uma casa amarela com detalhes em laranja. Era de um tamanho médio e possuía um alpendre bem espaçoso.
- Que lugar é esse? – perguntou Christian.
Érico parou o carro em frente à casa, desceu e abriu a porta de Christian, antes de responder:
- Essa é a minha casa.
- Sua casa? – Christian ficou surpreso.
- Meus pais começaram a construir esse imóvel, pensando o meu futuro e do William – os dois caminhavam em direção a residência. – Eu terminei a construção. Pretendo vir morar aqui, ainda esse ano. Quero fazer faculdade e tudo mais. Paraíso tem muitas oportunidades.
- Poxa! Isso é um máximo – os olhos de Christian brilhavam.
Eles entraram na casa e Érico foi apresentou cada cômodo do imóvel, até chegarem no quarto. Era a única parte da casa que já estava mobiliada: uma cama de casal, um guarda-roupa e um criado-mudo.
- Você vem aqui com frequência? – perguntou Christian.
- Sim – Érico respondeu. – E não vejo a hora de me mudar de uma vez.
- Por quê? Você não gosta de viver com a sua tia.
- Eu amo a tia Laura, e agradeço por tudo que ele fez por mim e pelo William, mas quero tomar conta da minha vida, sabe. Eu abandonei muitos sonhos depois que os meus pais morreram, mas agora quero retomar tudo.
- O William já veio aqui? – Christian ficou de costas, caminhando pelo quarto espaçoso.
- Não. Na verdade, eu queria fazer uma surpresa pra ele. Queria mostrar apenas quando estivesse pronto.
- E por que ainda não fez isso? – Christian continuava de costas para Érico.
Érico se aproximou de mansinho e agarrou Christian por trás de uma vez, chocando seu peito contra as costas do outro. A rala barba de Érico roçava na nuca de Christian, provocando-lhe arrepios.
- Érico, nós estamos separados – disse Christian com uma voz manhosa, sendo dominado pelo o outro.
- Quem disse? – Érico o virou de frente e chapou sua boca na dele, devorando-a em um beijo urgente, sugador, arrancando todo o fôlego e o equilíbrio de Christian.
- Não era melhor a gente conversar, primeiro? – Christian desgrudou sua boca da de Érico.
- A ordem dos fatores não altera o produto – Érico voltou a beijá-lo.
- Não é bem assim que a coisa funciona – Christian o empurrou de leve.
- Não vejo problema nenhum nesse funcionamento – Érico o agarrou novamente, esmagando os seus peitos enquanto voltava para o beijo selvagem.
- As coisas não podem ser resolvidas com um simples beijo – Christian parou o beijo novamente, mas sua boca ainda roçava na de Érico.
- É claro que não – Érico deslizava o seu nariz no pescoço de Christian. – Mas isso não impede que a gente comece a se entender dessa forma.
Érico colou sua testa na de Christian e o encarou profundamente, deixando seus lábios levemente encostados.
- Jura que vai confiar em mim? – Christian estava disposto a recomeçar.
- Pela a minha vida, eu juro – disse Érico. – Mesmo que as evidências digam o contrário eu vou dar prioridade ao que você tiver para me dizer.
- Acredito em você – Christian o beijou com suavidade, chupando o lábio inferior de Érico e o queixo deste ao mesmo tempo.
Érico não aguentou mais ficar só nos beijos e empurrou Christian na cama, subindo em cima dele sem perder tempo. Sentado nas pernas de Christian, Érico arrancou a parte de cima de suas roupas e as de Christian. Este último deslizava as pontas dos dedos pelo peito e pela barriga de Érico, o fazendo gemer só com o toque.
- Preciso senti-lo, Christian – Érico desceu da cama, desabotoando a sua calça e a arrancando junto com a cueca. – Estou explodindo de tesão só em vê-lo jogado na minha cama.
- Então vem, tigrão – Christian desabotoou sua calça, mas não a desceu. – Me mostra a sua potência.
- Não devia dizer isso – Érico estava suando.
- Por quê? Você não é macho suficiente para ir além do que já me mostrou? – o peito de Christian inflava e esvaziava rapidamente.
- É você que pode não aguentar o além – Érico arrancou as botas de Christian, depois de atirar os seus sapatos e suas roupas para o lado.
- Estou pagando pra ver – Christian deslizou seu pé no peito suado do namorado. – Quero ver do que é capaz.
O pau de Érico vibrava de dão duro que estava, babava horrores. Ele puxou as pernas da calça de Christian de uma vez, jogando do a em direção à suas roupas.
- NOSSA! – os olhos de Érico brilharam ao ver Christian usando uma jockstrap branca, com detalhes em azul. – Safadinho.
O clima quente entre os dois, espantou toda e qualquer eventual vergonha que Christian pensava que sentiria.
Érico deslizou sua mão pela barriga do namorado, descendo-a até o seu pau, onde fez um carinho gostoso que quase matou Christian.
- Calma, calma, moleque – Érico se inclinou para dar um beijo na barriga de Christian. – Essa é a sobremesa, agora eu quero o prato principal. – ele virou Christian de uma vez de bruços, dando um tapa firme na sua bunda exposta pela jockstrap.
- Ahhhh... – Christian deu uma gemidinha, olhando para trás.
- Você é incomparável Christian – Érico roçava seu pau na bunda de Christian, deslizando suas bolas por toda extensão da mesma.
- Vai, logo, não me maltrata desse jeito – Christian exigia ser penetrado.
- Por que está com pressa? – Érico começou a beijar a bunda de Christian, a invadindo com sua língua muito úmida.
- Não aguento mais esperar! – Christian gritava de tesão, sentindo o calor da língua de Érico no seu cu.
- Quer mesmo que eu te coma? Tem certeza que quer sentir meu pau inteiro dentro desse rabo delicioso.
- Quero... – Christian rebolava na língua de Érico, louco para ser invadido pelo cacete do seu homem.
- Então pede... – Érico continuava chupava o cu de Christian sem dó agora, dando curtos intervalos para suas falas.
- Me come!
- Quem? Quero ouvir você pedindo. – Érico chupou dois dedos e introduziu em Christian, preparando sua entrada já bem lubrificada.
- Me come, Érico. Me come agora! – Christian exigiu.
- Nem vou deixar pedir uma terceira vez – Érico encapou seu pau com uma camisinha em tempo recorde, e enfiou seu cacete até o talo, de uma vez, em Christian.
- AHHHHHHHHH!!! Isso – Christian estava completamente cravado, como uma presa lançada por um caçador experiente.
Érico o puxou pelos ombros, fazendo Christian ficar de quatro na cama com as pernas bem afastadas. Érico retirou alguns centímetros de seu pau e enfiou novamente, dando mais um tapa na bunda de Christian. Ele segurou firma no elástico do cós da jockstrap e deu uma estocada com força, fazendo Christian estremecer.
- Quer toda a minha potência? Então terá – Érico segurou nos ombros de Christian e começou um vai-e-vem rápido, estalando sua pélvis na bunda de Christian. Ele estava fora do mundo, concentrado só em cada estocada funda que dava no outro. Érico era um bate-estaca humano.
- EU... QUERO... TUDO... DE... VOCÊ!!! – Christian nem conseguia abrir os olhos.
- Terá tudo meu amor – Érico remexia o quadril, fazendo seu pau revirar em Christian, massageando a próstata do mesmo.
- Eu vou morrer... – Christian sorria. Seu fôlego era cortado em milésimos de segundo.
A cama rangia nos mesmo ritmo da surra que a bunda de Christian levava. O rapaz estava totalmente sem equilíbrio. Seus olhos lacrimejavam, mas não eram de dor. Longe disso. Ele estava vibrando, quase desmaiando, de puro êxtase. O corpo de uma era a extensão do outro. O prazer era um círculo, sem início e sem fim. Um fluxo constante e selvagem, como a corrente de um rio em um temporal.
Érico estava tão louco que rasgou a jockstrap sem perceber. Ele sentia que um vulcão estava prestes a entrar em erupção, o devastando até os ossos. Sugando até a última gota refinada de prazer do seu âmago.
- Christian... – Érico ergueu o tronco do seu namorado, ficando os dois de joelhos. – Eu te amo, mais do que amei ou vou amar alguém. Érico o beijava quase sem força.
- Sou seu – Christian rebolava vigorosamente sentindo seu pau explodir em jatos de esperma. – Inteiramente...AHHHHHHHHHH!
- AHHHHHHHHHHHH! – Érico gozou tanto que achou que expelir sangue de seu pênis.
Os dois desmoronaram sobre a cama encharcada de suor e esperma, e ficaram totalmente grudados. Cada centímetro de suas peles estava ultrassensível. Nem fala, nem riso, só algumas lágrimas e uma respiração quase terminal anteciparam o seu sono.