13.
Quando Christian acordou, já estava na primeira metade da tarde. Ele se espreguiçou e estendeu o braço à procura de Érico, mas não o encontrou na cama. Christian ouviu o chuveiro ligado e levantou para se juntar ao seu amor no banho.
- Oi – ele abriu a porta do box do banheiro, vendo Érico coberto de espuma.
- Oi, meu amor – Érico sorriu para ele. – Quer tomar banho comigo?
- É exatamente essa a minha ideia. – Christian, que estava pelado, entrou na água fria do chuveiro.
- Deixa que eu te lavo – Érico pegou o shampoo, colocou uma boa quantidade em sua mão e passou na cabeça de Christian, massageando-a com delicadeza.
O toque de Érico provocava descargas elétricas em Christian. Às vezes ele se segurava na parede do banheiro para não cair. Aquele ato simples era muito prazeroso.
Érico pegou o sabonete líquido e lambuzou Christian inteiramente. Lavando a bunda e o pênis do namorado com uma delicadeza materna. Eles não diziam nada, apenas curtiam o banho, principalmente Christian. E, obviamente, suas excitações substituíam muito bem qualquer fala que por ventura quisesse ser proferida. A água provocava uma leve ardência no ânus de Christian, facilmente ignorada.
Enquanto enxaguava os cabelos de Christian, Érico recitou um fragmento de poema no ouvido dele:
“No teu cabelo negro brilham estrelas cadentes, arredias.
Para onde irão elas tão cedo, resolutas?
Vem, deixa eu lavá-lo, aqui nesta bacia amassada e brilhante como a lua.”.
- Gosta da Elizabeth Bishop? – Christian perguntou, magnetizado pela voz de Érico sussurrando em seu ouvido.
- Sim. Ela fala do amor nas coisas mais simples, como um banho com shampoo – disse Érico. – Eu não quero encarar nosso relacionamento pautado na curiosidade do “onde vai dar”. Eu vejo um futuro para nos Christian. Quero ficar com você. Já pensou em morar comigo aqui, fazermos faculdade, trabalharmos, constituirmos uma família, hein?
- Isso é um noivado? – perguntou Christian, enquanto seu namorado enxaguava seu corpo lentamente.
- É exatamente isso – afirmou Érico. Ele deslizava seus dedos pelos braços de Christian. Este estava de costas para ele, enquanto recebia esse banho especial.
Christian se lembrou da surpresa que Teresa havia mencionado. Morar em Paraíso com Érico, era realmente uma grande surpresa. Que felicidade seria estudar na faculdade que queria e estar perto do seu amor. Porém...
- Mas essa casa é também do William – Christian observou, ficando um pouco triste. – Não creio que ele vá abençoar o nosso casamento e simplesmente morar conosco numa boa.
- Ele vai ter que aprende a conviver com o nosso amor.
- Ou, me colocar pra fora a pontapés – Christian forçou um riso. – Já disse que eu não quero ser uma barreira entre vocês.
- Não vou abrir mão de você por causa do meu irmão – sentenciou Érico, balançando Christian numa espécie de dança lenta. – E se ele exigir isso de mim, então estará sendo um egoísta que não se importa com a minha felicidade. Não. Ele não vai nos impedir.
- O que eu queria mesmo, era resgatar a nossa amizade – confessou Christian. – Eu gosto muito do William. Ele foi o meu melhor amigo e ficaria muito feliz se voltasse a ser.
- Talvez seja só uma questão de tempo. Vamos deixar que ele se acostume com a ideia. Tenho certeza que o William também tem um carinho muito especial por você. Quanto ao Pedro Miguel.
- O que tem ele? – Christian virou o rosto para Érico.
- Ah, eu não consigo não vê-lo como um concorrente. Não me leva a mal, mas ele foi o seu primeiro amor.
- Eu sempre desejei o Pedro Miguel – disse Christian. – Tudo que o William disse sobre o tempo em que passei nutrindo um sentimento por ele é verdade.
Érico encostou seu queixo na cabeça de Christian, e em silêncio, lhe dava total atenção.
- Em uma das tardes em que estivemos estudando história, matéria que ele tem dificuldade, o Pedro Miguel expôs todos os seus sentimentos e falou subliminarmente sobre sua sexualidade reprimida. Eu achei que ele sentia o mesmo amor que eu tinha por ele. Fiquei tão emocionado, tão envolvido com sua sensibilidade, que permiti que fôssemos além.
Érico estava com o semblante sério, mas não irritado com Christian. Ele continuava a abraçá-lo por trás e lhe dar carinho.
- Quando terminou, e eu estava no clímax da minha felicidade, esperando que ele me dissesse palavras doces. Aguardando provar mais uma vez de sua sensibilidade e de seus sentimentos. Pedro Miguel simplesmente me mandou embora, pois o pai estava prestes a chegar. Eu tinha acabado de perder a minha virgindade. – Christian forçou um riso. – Acho... acho que eu não preciso dizer como me senti naquela tarde.
Érico o abraçou mais forte. Sentia raiva de Pedro Miguel pelo que fez com Christian, e raiva de si mesmo por não ter sido ele o primeiro homem de Christian.
- Mas, depois que eu conheci você, um sentimento diferente começou a nascer dentro de mim – declarou Christian. – Com você Érico, eu tenho a certeza de que embora minha primeira transa tenha sido com ele, eu fiz amor pela primeira vez com você.
Christian foi virado com delicadeza por Érico, e encostado na parede do banheiro lentamente. Érico desligou o chuveiro, e o beijou. Os lábios molhados e suculentos conferiam um beijo delicioso.
- Faltou a sobremesa – Érico falou baixinho, beijando o peito de Christian e descendo pela barriga até a virilha.
Christian estendeu os braços na parede, na forma de cruz, se entregando totalmente a boca grande e quente de Érico. O namorado de Christian engoliu o pau do mesmo, chupando na diagonal em uma sequência quase sem interrupções. Christian batia a cabeça na parede, por conta das contrações involuntárias de seu corpo.
- Seu pau tem um sabor afrodisíaco, meu amor – Érico segurava com firmeza o mastro de Christian, alternando as chupadas com rápidas masturbações.
- Érico. Ahhhhh, meu Deus – ele chupava os dedos, mordia os lábios, bagunçava os cabelos, engolia em seco, gemia alto, seu corpo era seu pau na boca de Érico.
Só em ver Érico ajoelhado na sua frente, completamente nu e sugando sua rola com um desejo incontrolável, já era combustível suficiente para fazê-lo explodir.
- ÉRICO! ÉRICO... AHHHHHHHHHHHHHHH!!! – Christian ejaculou na boca do seu amor, convulsionando o peito e chorando como se tivesse sentido uma dor lancinante, quando na verdade ele estava afundado em um prazer denso, grosso, devastador.
Christian compreendia a natureza da sexualidade mais fundo do que pensou compreender um dia. Ele sabia que uma mulher jamais proporcionaria a ele algo como aquilo que estava vivendo com Érico. A intensidade de dois machos, a loucura de dois apaixonados, a entrega doa amor recíproco, tudo isso ultrapassava todas as barreiras e limites do entendimento. O corpo, na sua exploração máxima, não cabia em si mesmo. Era o que os dois sentiam. Eles não cabiam em si mesmos e buscavam no outro a extensão para despejar o transbordo.
Depois de beber até a última gota do néctar de se namorado, Érico se ergueu, fazendo o caminho inverso no corpo de Christian até chegar a sua boca, ali ele o fez provar de seu próprio gosto em um beijo suave e lento.
- Está com fome? – perguntou Érico, após o banho. Os dois estavam de roupão, sentados na cama.
- Muito – respondeu Christian dando um beijo em seu namorado.
- Bom, eu vou ter que sair pra comprar comida, pois aqui ainda não tenho nada na cozinha, nem panela.
- Tudo bem! – Christian se levantou e retirou a roupa de cama, enquanto Érico pegava outra no armário.
- Ah, e desculpa pela sua cuequinha deliciosa – Érico riu, vendo a jockstrap rasgada.
- Foi bom assim, pois eu não quero que a minha mãe veja isso – Christian riu.
- Hum... mas pode ter certeza que vou comprar uma coleção pra você – disse Érico.
Eles caíram na gargalhada, enquanto cobria a cama com lençóis limpos. Érico se vestiu e saiu para comprar algo para eles comerem, enquanto Christian arrumava suas coisas e se livrava da jockstrap destruída. Teresa havia colocado uma muda de roupa na mochila que prepara, mas Christian preferiu ficar só com o roupão, pois estava muito quente.
Érico não demorou voltar. Ele chegou carregado de muitas de sacolas, todas exalando um cheiro muito bom de churrasco.
- Trouxe sorvete de sobremesa, mas vamos ter que comer rápido, pois não tenho geladeira. – informou ele.
- Sem problemas, pois com a fome que eu estou, acho que não levo quinze minutos para devorar tudo.
Foram para cozinha e sentaram à bancada de mármore em dois três banquinhos que haviam lá. A comida foi devorada rapidamente, sem intervalo entre a refeição e a sobremesa. Christian e Érico não podiam desejar nada melhor naquela tarde, estavam satisfeitos de todas as formas.
Após o almoço tardio, voltaram para o quarto para um rápido descanso, já triste pela proximidade do regresso.
- O que você quer fazer agora? – perguntou Érico, que tinha Christian deitado em seu peito.
- Ah, ficar aqui está bom demais – Christian acariciava o peito do namorado.
- Queria que isso tudo fosse uma bolha, para que a gente nunca mais pudesse sair – Érico acariciava os cabelos de Christian. – Não consigo pensar em nada além de nós, quando estou com você. Sinto saudades suas, antes mesmo de terminamos o nosso último beijo. Quer ser meu pra sempre?
- Quero – respondeu Christian.
Érico enfiou a mão no bolso da sua calça e retirou um saquinho de veludo. Dentro haviam duas alianças grossas de ouro amarelo.
- Estava esperando o momento certo para te entregar – Érico colocou na mão direita de Christian uma das alianças.
- São lindas – Christian recebeu a outra e colocou na mão direita de Érico. – Você é incrível. – Érico foi alvejado de beijos.
- Nossa aliança de compromisso – observou Érico juntando sua mão a de Christian. – Agora pertencemos um ao outro.
- Nunca pensei que pudesse existir tanta felicidade assim – Christian beijou a mão do namorado. – Estou tão feliz de estar com você.
- Eu também – retribuiu Érico. – Você é tão lindo, Christian.
- Ah, cala boca – Christian deu um soco de leve no peito de Érico.
- Ei? Não é assim que se agradece um elogio. – disse Érico.
Christian ficou um pouco sem graça.
- Obrigado – ele agradeceu o elogio.
- Nas nossas alianças, eu mandei gravar o nome “EGEU” – declarou Érico.
- O nome do seu perfume? – Christian olhou para ele com estranheza. – Por quê?
- Vou te contar um segredo – Érico se levantou da cama, foi até a sua bolsa e pegou um embrulho quadrado, um caderno de desenhos e um lápis.
- O que é? – Christian se sentou na cama.
- Você sabe o que é um acróstico, eu suponho – disse Érico se sentando ao lado de Christian.
- Sim eu sei, mas o que tem a ver com o nome do seu perfume gravado nas nossas alianças?
- EGEU é um acróstico – respondeu Érico, escrevendo me letras garrafais em uma folha em branco do caderno de desenhos.
Eterno, Generoso, Especial, Único: E.G.E.U.
- Foi a minha mãe quem criou o acróstico – explicou Érico. – Ela disse que quando eu percebesse esses quatro elementos no sentimento que nutrisse por alguém, então eu teria encontrado o meu amor. E exatamente assim que me sinto. Quero estar com você pela eternidade, você me faz querer ser melhor, generoso; nem preciso dizer o quanto é especial e único. Você é o meu EGEU, Christian, e o Meu Egeu é seu.
Érico entregou o embrulho para Christian. Era um vidro de perfume parecido com o de Érico, só que o liquido era lilás. Estava escrito no frasco: Meu Egeu Christian.
- Você fez um perfume para mim? – Christian estava boquiaberto.
- Minha mãe havia começado a fórmula e eu conclui com a ajuda de uma perfumista amiga dela. Estou correndo o risco de você não gostar, mas quero arriscar. Espero que seja sincero, por favor.
Christian borrifou um pouco do perfume na mão e levou ao nariz.
- E então? – Érico estava apreensivo.
- Érico, é maravilhoso – Christian cheirava com intensidade sua mão perfumada. Ele sentiu o mesmo, quando cheirou o Meu Egeu de Érico.
- Ah, que bom que você gostou – Érico o beijou profundamente.
Uma surpresa? Christian estava tendo várias surpresas durante aquela viajem. Uma superava a outra. Com certeza Teresa não sabia de todas, Christian pensou com satisfação lembrando-se que a mãe não lhe adiantara nada.
Depois de um dia incrível, eles tiveram que voltar para casa. Christian quase chora ai ter que deixar aquela casa, onde ele já sentia como se fosse um lar.
- Voltaremos mais vezes, eu prometo – disse Érico, quando eles entraram no carro. – E espero que um dia, seja pra ficar.
- Estarei pronto, quando isso acontecer.
Os dois se beijaram e foram embora.
A viajem para casa seguiu tranquila. Eles sentiam que o relacionamento estava mais forte do que antes.
Quando o carro de Érico parou em frente à casa de Christian, já estava anoitecendo. Eles namoraram um pouco antes de se despedirem, já sentindo muita saudade.
- Boa noite meu amor – Érico lhe deu um último beijo.
- Boa noite, meu lindo – Christian saiu do carro.
Ele parecia estar voando. Christian entrou em casa com um sorriso bobo, querendo gritar, cantar, dizer para o mundo que estava apaixonado por um homem maravilhoso.
- Nem vou perguntar como foi a viajem, só essa sua cara já diz tudo – Teresa apareceu na sala comendo uma fruta.
- Foi incrível, mãe – Christian mostrou a aliança no dedo.
- Filho! – Teresa ficou surpresa. – Achei que a surpresa era só a casa que ele quer que vocês morem juntos.
- Tem muitas coisas que você não sabe – Christian riu. – Mas pode ficar tranquila que eu não sou malvado como a senhora. Então vou lhe contar tudo.
- Eu quero saber sim, mas antes, preciso te dizer algo – Teresa se sentou no sofá, puxando o filho junto com ela.
- Fala, mãe – Christian ficou preocupada.
- O Pedro Miguel veio aqui em casa, mais cedo – disse Teresa.
- O que ele queria? – perguntou Christian.
- Bom... ele veio atrás de você – respondeu Teresa. – Eu estava preparada para dizer muitas coisas para ele, mas quando vi o seu estado fiquei penalizada.
- O que ele tinha? O pai dele havia o espancado?
- Não fisicamente, pelo menos – Teresa umedeceu os lábios. – Ele estava transtornado e disse que precisava falar muito com você.
- Eu acho que eu devo vê-lo – Christian se levantou.
- Depois que eu vi a desolação dele, tenho que concordar com você. – Teresa se levantou também. – Preste atenção, eu tenho que pegar seu pai e sua irmã na academia, então eu te deixo de lá e te pego na volta. Vocês terão uns dez minutos. Christian, por favor, seja sensato. Eu estou apoiando isso, porque realmente fiquei preocupada com o Pedro Miguel, principalmente depois do que você me disse sobre o pai dele, mas cuidado para não confundir seus sentimentos.
- Certo – concordou Christian. – Depois eu converso com o Érico, não quero esconder nada dele depois que a gente se acertou.
- Que bom, que pensa assim – Teresa ficou aliviada. – Vamos!
Teresa fez conforme havia dito. Deixou Christian na casa de Pedro Miguel e foi pegar seu marido e filha. Christian tocou a campainha, e Pedro Miguel veio atender.
- Christian! – ele o abraçou forte. Estava desolado. Parecia ter chorado muito. – Que bom que você veio.
- Fiquei preocupado – Christian desfez o abraço e entrou na casa.
- Vamos para o meu quarto, o meu pai só vai chegar mais tarde – Pedro Miguel praticamente arrastou Christian.
No quarto, ele fechou a porta e disse de uma vez:
- Vou me assumir para o meu pai – Pedro Miguel não parecia nenhum pouco bem.
- Pedro Miguel, eu acho que isso deve ser pensado com mais calma – Christian estava preocupada – O seu pai... Não acho que ele vá aceitar.
- Eu não aguento mais, Christian! – Pedro Miguel começou a chorar. – Vou explodir se não fizer isso.
- Seu pai pode...
- Me matar? – Pedro Miguel se aproximou. – Não parece ser uma ideia tão ruim, mas antes disse preciso sentir você mais uma vez – Pedro Miguel surpreendeu Christian com um beijo, prendendo-o pela cintura