Eu sempre quis viver uma loucura. Mas quando pensamos em loucura, damos um prazo limite para ela. Nunca, em nossa insanidade, existe a possibilidade da brincadeira se tornar real. É mais segura deixa-la apenas no devaneio, onde podemos fantasiar sem medo de ser julgados, a nível de um fetiche incompreendido revelado, além de permanecermos na segurança do silêncio anonimato do coração desejoso, daquilo que é impronunciávela caneta? Guilherme você ouviu o que eu disse?
- Hã? – eu direcionei minha atenção para Maurício, voltando do meu transe. Minha sempre me apelidava de “Guilherme, o sonhador”, por conta desses momentos constantes em que eu saio de mim mesmo, mas nos últimos dias estava demais. Acho que estava passando por algum desses momentos cruciais na vida em que você repensa tudo.
- Eu perguntei se você pode me emprestar uma caneta? – Maurício estava com a mão estendida para mim.
- Ah, claro! – eu respondi rápido, tentando disfarçar minha distração. – Toma! – coloquei uma caneta preta em sua mão.
- Obrigado! – Maurício agradeceu. – E vê se acorda. O professor já te encarou umas dez vezes.
Não que a aula de Química dos Alimentos estivesse chata. Eu adoro o meu curso, Química Industrial. Mas é que, depois de uma sexta-feira pesada naquela loja cafona de roupas, sendo salivado por aquele gerente chato, resmungão e que tem um bafo horrível, nem o Homem de Ferro aguentaria; minha vida chata e seu eterno ciclo estressante.
Essa sem dúvida foi a pior fase da minha vida. Eu tinha um namorado doce, fofo, atencioso, romântico, mas que não me fazia... Não me fazia... estremecer. Me sentia culpado por pensar essas coisas. Eu deveria agradecer por ter Maurício. Ele era perfeito! Apesar de quase nunca me fazer sentir prazer de verdade quando transávamos (eu imitava os gemidos, as vezes). Não poderia ser diferente, dois passivos fingindo que são versáteis, alimentando uma expectativa falsa de que o espírito de um macho viril e ativo, emergisse durante nossas demoradas massagens recíprocas, antes do finalmente, que sempre era um infelizmente. Não tinha como dar certo. Com o tempo, só um bom sexo oral não é suficiente, pelo menos para mim, eu precisava de um macho na minha cama.
Eu e Maurício, em todos os departamentos nos completávamos, mas na cama...
No intervalo dos meus pensamentos, eu olhei para o lado, sem um foco direto, meu olhos encontraram os do Breno. Senti um frio correr pela minha espinha. Quem é Breno? Bom... Ele aquele cara que você tem dúvida de que lado pertence: treva ou luz. Tem bastante tatuagem no corpo, cada uma mais sexy que a outra. Usa o cabelo bem curtinho, quase raspado. Um porte militar, mas uma cara de moleque levado. Mau, para ser mais preciso. Ele sempre mexeu comigo, desde o primeiro dia de faculdade, rolou até um ciuminho da parte de Maurício, coisa pequena, mas aconteceu, e eu até gostei, achando que isso poderia incendiar a nossa relação, mas só foi uma faísca passageira. É o problema do depósito de expectativas em outra pessoa.
Breno me encarou profundamente, e não recuou, mesmo vendo que eu o tinha flagrado. Seus olhos negros eram penetrantes. Me despiam. Perfuravam-me. Faziam com que eu me sentisse uma presa prestes a ser atacada por uma pantera, mais negra que a noite em breu.
- Próxima aula, quero um relatório do conteúdo. É só! – o professor encerrou a última a aula da noite. E eu me senti muito aliviado, pois não estava rendendo nada ali.
Os alunos saíram desesperadamente, como se estivessem brincado de “quem sair por último é a mulher do padre”. Eu e Maurício sempre éramos os últimos a deixar a sala.
- Você quer ir para a minha casa hoje, Guilherme? – Maurício me perguntou.
- Ah, amor, desculpa, eu estou muito cansado – fiz uma cara de exausto. Na verdade essa era quase sempre a minha cara.
- Gui, hoje é sexta, amanhã não tem aula e é sua folga do trabalho que eu sei – Maurício sabia argumentar. Porra! O cara até contou os dias para saber quando seria a minha folga.
- Olha, amanhã de manhã eu vou para a sua casa e a gente aproveita o dia livre – eu propus. – O que quero agora é dormir na minha cama, sozinho.
- Sei muito bem por que está dizendo isso! Foi por causa daquilo, não foi? Eu tentei, tá! – Maurício saiu com raiva, sem me dar tempo para dizer nada. Não que eu quisesse.
O pau do cara amoleceu bem na minha hora de ser dominado por uma macho tesudo. Piada! Comi ele a noite inteira, mas na hora da minha vez, ele broxou. Fiquei puto mesmo. Disse para o Maurício que tinha esquecido e que era bobagem, mas na verdade o episódio era um fantasma que ora me fazia rir até doer a barriga, ora me fazia ficar com raiva da bichinha do meu namorado. Tá, ele é fofo, eu sei, mas têm horas que eu não quero um poodle e sim um pit bull.
Saí da faculdade e fui para o ponto de ônibus. Não tinha ninguém e a circulação de transeuntes e veículos era quase inexistente. Me senti um pouco receoso de ficar esperando ali sozinho, mas não tinha escolha. Já que o desgraçado do Maurício tinha ido embora e me deixara a pé.
- Nada vai me acontecer – eu murmurei em pensamento, sem saber que aquele era o dia do contra.
Mesmo repetindo o mantra de que “nada ia acontecer de ruim comigo”, de nada adiantou. O universo parecia estar caducando, e por isso entendeu errado.
- Passa a bolsa! – um cara surgiu do inferno na minha frente. Não sei de que buraco ele surgiu, mas não estava para conversa mole.
Era um dos muitos viciados que perambulavam pelas vielas da minha cidade. Estava armado com um punhal e tremia muito. Era um cadáver vivo, pronto para me rasgar ao meio se não obtivesse dinheiro para alimentar o seu vício.
- Passa logo essa bolsa, viado, ou vou fazer um desenho nessa tua carinha de princesa. – ele estava com o punhal em riste, pronto para me atacar.
Entreguei a minha bolsa para ele com notebook, celular e um pouco de dinheiro. O desgraçado ainda me golpeou com o punhal antes de fugir, ferindo o meu peito superficialmente. Fui imediatamente ao chão, me curvando ao meio. Logo uma pequena mancha de sangue começou a se formar na minha camisa, crescendo com rapidez. Um ódio fulminante começou a me corroer por dentro, nem tanto pelas perdas materiais, mas pela situação que poderia ter sido evitada, se a passiva do meu namorado não tivesse dado um faniquito diante da verdade de seu péssimo desempenho sexual. Por um lado o meu ódio foi bom, pois amenizou a dor que eu estava sentindo. O medo a havia a piorado muito, pois eu tinha certeza que estava ferido profundamente.
Ainda no chão, ouvi o barulho de motor de moto se aproximando. Fiquei assustado, com medo de ter meu infortúnio elevado ao quadrado. Contudo, o susto esvaiu minhas forças o suficiente para me impedir de me levantar rápido. O farol da moto ofuscou minha visão, durante alguns segundos, até que a luz e o motor foram desligados, e alguém desceu, caminhando ao meu encontro.
- Breno?! – reconheci o motoqueiro. Mas não sabia bem o que estava sentindo diante daquela presença surpreendente.
- Você está bem, cara? – ele me estendeu a mão, me ajudando a levantar.
- Acho, que vou sobreviver – levantei, sentindo o meu peito arder.
- Essa cidade está muito perigosa. Ainda mais se você banca o idiota, e fica andando sozinho por aí, a essa hora. – Ele disse com um tom um pouco ríspido.
- Você me chamou de idiota? – eu perguntei um pouco irritado, me levantando do chão.
- Chamei! – ele subiu na moto. – E vou te dar uma bofetada, se você não subir nessa moto rápido.
Estranho. Apesar de ter sido ofendido, eu o obedeci.
- Sua casa é muito longe daqui, e já está muito tarde, então acho melhor irmos para a minha, que fica só três quarteirões daqui.
- Se não for incomodar, eu aceito... E obrigado! – disse meio gago, e surpreso por ele saber que a minha a casa era longe dali. Como descobriu isso?
- Haverá o momento de agradecer, não se preocupe – ele arrancou com a moto com toda velocidade, me fazendo agarrar na sua cintura, por um impulso de segurança do meu corpo.
Apesar do contato com o meu peito em suas costas me provocar desconforto, eu não queria desgrudar dele, principalmente porque ele se ajeitou na moto, de forma que eu pudesse me segurar nele com mais firmeza. Sinal de que não estava incomodado em ter um homem agarrado ao seu corpo.
Infelizmente a viajem durou muito pouco. Eu poderia ter aguentado horas a fio sentindo seu perfume delicioso e sendo aquecido pelo seu corpo, que transferia bastante calor para mim, mesmo sem o consentimento de seu dono.
Breno pilotou a moto até o estacionamento do prédio, onde ficava seu apartamento. Descemos, ele perguntou se eu estava bem para caminhar sem apoio. É claro que eu estava, afinal o corte foi no peito, mas devo confessar que fiquei tentado a fraquejar das pernas, por conta do sangramento que ensopava a minha camisa, e simular uma convalescência, ou anemia, só para ser levado por ele, quem sabe até carregado. Mas não.
- Eu estou bem... – eu disse pondo a mão no meu peito.
- Não seria melhor eu te levar para o hospital? – Breno perguntou um pouco preocupado. – Talvez precise de uns pontos. Você está encharcado de sangue.
- Não acredito ser necessário – eu respondi, fazendo cara de dor. Estava ardendo mesmo. – Quanto ao sangue, meu corpo exagera na dosagem. Eu só muito sangrável.
- Tá! Então vamos subir, e cuidar desse ferimento. – ele me conduziu.
Pegamos o elevador e fomos até o terceiro andar, onde Breno morava. O apartamento dele até que era arrumadinho, diferente do que eu julgava ser. Eu suspeitava que não tinha sido ele que tinha pensando na disposição dos móveis e na decoração do ambiente, tinha um aconchego típico do que uma mãe faria.
- Tira a camisa, que eu vou pegar o meu kit de pequenos socorros. – Breno disse, enquanto foi até o banheiro, acho.
Desabotoei a minha camisa branca, que estava com a fronte carmim, e pude finalmente avaliar o ferimento. Não tinha sido profundo, mas tinha sido extenso. E na minha pele branca, ganhou uma aparência mais horrível do que deveria ser de fato.
- Uau! Isso tá feio – ele voltou com uma pequena maleta. – Vou limpara primeiro.
- Eu posso fazer isso – eu me ofereci, quando na verdade queria ser cuidado por ele.
- Eu faço! – ele decretou meio autoritário, com se aquela tarefa fosse importante demais para dividir com outra pessoa, mesmo sendo essa pessoa a parte interessada. – senta no balcão – Breno me indicou o balcão que compunha sua cozinha americana. Fiz isso, e ele me surpreendeu com sua atitude.
Sem nenhum pudor, Breno abriu as minhas pernas, e ficou entre elas, analisando o ferimento, como atenção de um especialista no assunto, enquanto revirava a maleta, que ele apoiou na minha coxa. A sensação de tê-lo quase dentro de mim, foi indescritível e para aumentar a tensão, ele tirou a camisa, alegando estar com calor. Mas era uma noite fria. Era uma cena linda: os dois sem camisa, naquela posição. Houve até gemidos da minha parte. Verdadeiros dessa vez. Não! Ele não estava me comendo. Estava passando água oxigenada, para limpar o ferimento. Oh, dorzinha aguda.
- Não se mexe Gui! – Breno reclamava enquanto cuidava do meu peito, ao passo que eu me retorcia, ao toque do algodão embebido de água oxigenada.
- Isso queima Breno! – e meu justifiquei.
- Já estou terminando – ele finalizou a limpeza e fez um curativo, digno de enfermagem profissional.
Depois de concluir o trabalho, Breno ficou me encarando profundamente, da mesma forma como fazia na faculdade, só que dessa vez estávamos muito perto, ouvindo a respiração um do outro, acompanhando cada inflar e esvaziar do peito. E Breno tinha um peitoral lindo. Durinho, e com as auréolas bem rosadas. Um casamento perfeito com suas tatuagens, que se concentrava principalmente nos braços, e que somada a falha na sua sobrancelha esquerda, deixada de propósito, o deixava ainda mais com a cara de bravo.
- O quê? – perguntei, em resposta ao seu olhar negro perfurante.
- Você parece ainda está tenso – Breno respondeu, pondo a mão sobre o meu peito esquerdo, e sentindo o meu coração.
Sua mão quente contra a minha pele, me fez arrepiar completamente, pondo em riste os bicos dos meus peitos, e um colega lá embaixo, que há muito tempo não sabia o que era excitação instantânea.
- Ele ficou todo arrepiadinho! – Breno riu da minha cara, preservando sua mão sobre o meu peito.
- Deixa de ser bobo – eu tirei sua mão do meu peito, pois mesmo gostando do contato, não podia deixar ele perceber nada, que eu pudesse me arrepender depois.
- Você tem cócegas? – Breno me perguntou. E que pergunta mais sem noção.
- Não! Claro que não! – eu menti.
- Tem sim! – Breno disse maliciosamente – Eu só preciso descobrir onde. Ele apertou a minha coxa, na lateral, mais para o lado do bumbum, me fazendo arrepiar até os cabelos que ainda estavam por nascer.
Nessa hora eu pulei da bancada, me safei daquela situação, indo sentar no sofá. Estava muito constrangido, e desconfiado de que Breno queria me submeter a algum desses testes de heterossexualidade. Não estava pronto para ter alguém como ele sabendo dos meus segredos, e correr o risco de ser revelado para a minha sala inteira. Seria chato ter de ser vítima de olhares de desprezo. Esse era o meu grande problema em me assumir abertamente como gay. Eu não suporto ser visto como inferior, coitadinho, ou algo do gênero.
- Que foi? Vai dizer que ficou chateado? Só foi brincadeira cabeça – Breno veio sentar ao meu lado, tentando se justificar. Era desnecessário. Eu estava cauteloso e não com raiva.
- Está tudo bem – eu forcei um riso. – Depois de ter sido resgatado por você, eu não posso reclamar
- Pois é, falando nisso, eu fiquei surpreso de você estar sozinho naquela rua. Você e o Maurício não andam sempre juntos? – Breno falou a última frase com uma leve insinuação, pelo menos foi o que eu senti.
- Bom, nós tivemos uma discussão, mais cedo, e ele acabou indo embora e me deixando.
- Discussão? – Breno indagou. Nessa hora eu olhei para baixo, e mirei nas suas coxas. Elas simplesmente explodiam dentro do jeans apertado e surrado. O cara era gostoso, de nome e sobrenome.
- Briga de colegas – eu disse, tentando amenizar ao efeito da palavra “discussão”, para que não parecesse que se referia a uma discussão de relação.
- Tô ligado. – Breno disse, levantando-se. – Tá com fome?
- Na verdade eu estou? Saí do trabalho direto para a faculdade, e não tive de tempo nem para um sanduíche.
- Ótimo! Pedi pizza assim que saí da faculdade. Já deve estar chegando.
Mal ele terminou de falar e o porteiro interfonou, pedindo autorização para deixar subir. Pouco tempo depois a campainha tocou, e Breno foi receber a pizza. Comemos em silêncio a pizza, bem regada a Fanta laranja. Depois, ele limpou e tudo, e foi pegar um pijama para mim. Eu agradeci, pois adoro dormir bem confortável.
- Você não tem que ligar para ninguém, para avisar que vai dormir aqui? – Breno me perguntou.
- Eu moro sozinho – informei. – Agora que você falou já tinha me esquecido que perdi meu celular e meu notebook. Nossa, eu tinha tanta coisa importante em ambos, sem falar na perda material. Tanto que eu economizei para os dois.
- Não adianta se lamentar agora, trate de descansar – Breno disse. – Vamos assistir um pouco de tevê no quarto.
Ele saiu e eu o segui até o seu quarto. Era bem quarto de garoto mesmo. Havia muitos objetos ligados ao esporte espalhado pelos cantos e pôsteres de bandas de rock colados pelas paredes. O mais legal era o do Scorpions.
- Deita aí – ele apontou para sua cama de casal. Inicialmente, eu apenas sentei.
Breno arrancou sua calça e ficou apenas de cueca. Fui embasbacado por um par de coxas e uma bunda bem trabalhada pelo esporte. Maurício que me perdoasse, mas aquilo sim era um homem, um macho.
Por impulso de forças ocultas, eu também arranquei a minha calça, e fique só de cueca, deixando o pijama que ele me emprestara, de lado. De repente o quarto parecia que estava começando a esquentar.
Breno se jogou na cama, e me puxou para trás, fazendo com que eu me deitasse ao mesmo tempo que ele. Durantes alguns segundos, ficamos os dois, apenas nos admirando. Eu estava longe de ter um corpo e essência afrodisíaca que ele, mas não me envergonhava de ficar de cueca na frente de ninguém, até porque as minhas pernas eram o meu orgulho.
- Você não vai ligar a tevê? – eu perguntei, tentando quebrar o silêncio. Mas na verdade, minha mente só estava concentrada em mensurar como uma cadeia de eventos me levou a estar só de cueca, deitado na mesma cama com Breno, estando este trajando a mesma quantidade de roupas que eu. Se tivesse encontrado uma cartomante na manhã daquele dia, me dizendo que o mesmo terminaria dessa forma, eu teria chamado a polícia para prender a charlatã. Isso, é porque eu nem imaginava que aquela noite estava longe de acabar.
- Na verdade a tevê foi uma desculpa para te trazer até aqui – Breno disse no maior descaramento.
- Não entendi – mas eu queria entender.
- Sua paciência pode ser ilimitada, mais ainda sim ela não fará com que o Maurício seja o homem que você quer. É ridículo ver ele ao seu lado. Ele deve fazer você passar muito frio e ter muito sono.
Sentei na cama novamente, atônito com aquela conversa. Como o Breno sabia sobre mim e o Maurício, e tão intimamente. Nós nunca demos bandeira, e apesar de eu ter um fetiche enorme com banheiros de escola, nunca tive de coragem de tentar nada do gênero. Como estão?
- Vocês são discretos, sim, se é isso que você está pesando. – Breno se sentou na cama também. – Mas sabe o tal do gaydar. Ele existe mesmo e funciona.
- E-e-e-e-e-e-e-eu.
- Você fica lindo gaguejando – Breno disso, rindo do meu total bloqueio. Não conseguia dizer nada.
Me cabeça queimava mais do que meu peito, quando o ferimento foi higienizado pela água oxigenada.
- Ah, eu já esperei demais! – Breno disse, chapando a minha boca com um beijo voraz. Senti como seu a minha alma estivesse sendo sugada completamente, por sua boca. Estava sem forças, e já totalmente à mercê de seus lábios experientes, e deliciosos.
- O que foi isso? – eu perguntei, desgrudando, como muito esforço, a boca dele da minha.
- Isso foi um beijo – ele disse com os olhos inflamados de desejo – Agora, isso – ele puxou sua cueca, fazendo com que sua rola, dura em pedra, saltasse da peça íntima – é um homem nu, doido para te possuir.
- Breno... – eu fiquei em choque com aquilo tudo.
- Nem vem tentar acionar sua consciência. Não é hora de ser fiel, até porque o Maurício não é homem para você.
Pulei da cama, antes que fizesse o que o meu corpo exigia de mim. Pulou quase ao mesmo tempo, me empurrando com o seu corpo nu, como se me desafiasse a recusá-lo.
- Desde o dia em que eu te vi entrar naquela sala de aula, eu decidi que você seria meu. Todinho meu, em vez de ser desperdiçado pelo Mauricinho. O destino me pôs naquela rua hoje, e eu não podia deixar essa oportunidade passar de jeito nenhum – Breno me agarrou pela cintura com uma mão, e atolou a outra na minha bunda, me puxando para junto do seu corpo.
Era demais para mim. Meu corpo se recusava a se desgrudar dele, e minha razão já não tinha mais domínio nenhum sobre minhas capacidades locomotivas.
- Não faz isso... – eu implorei, sentindo ele roçar a barba, ainda em sombreamento, roçar o meu pescoço. – Não faz isso.
- Faço! – ele disse, como um menino marrento.
- Você está me tentando, a uma coisa errada. – eu tentei me afastar, mas já estava no limiar da parede oposta à cama. Breno deslizava os seus lábios sobre os meus, mas não beijava, fazendo com que eu ficasse desesperado por senti-lo novamente.
- Eu estou cansando... – tentei me justificar.
- Ótimo! – ele disse – Assim não vai ter forças para não querer.
Sem esperar um próximo argumento, Breno me beijou novamente, só que agora com mais calma, e foi descendo seus lábios pelo meu pescoço, e parando em dos meus peitos, logo acima do ferimento, onde lambeu, me fazendo gemer muito alto. Eu estava na ponta dos pés, e muito arrepiado. Era delirante, era febril, selvagem, voraz.
Breno continuou, descendo sua língua, interrompendo apenas para não pular pelo curativo. Ele parou na minha barriga, e lambeu mais, alternando com mordidas. Logo em seguida, puxou a minha cueca para baixo com as duas mãos. Foi tão forte, que estriou o tecido, fazendo um barulho que antecipa o rasgão. Meu pau, muito duro, bateu no seu rosto, e sem prelúdio, ele engoliu completamente. Começou então a melhor chupada que eu já tinha recebido na minha vida. Foi impossível eu não dar um grito. Parecia que eu ia morrer de tanta descarga elétrica que o corpo desprendi. Breno agarrou a minha bunda, e me movimentou em um vai-e-vem, sincronizando a entrada e a saída do meu pau de sua boca, enquanto fodia meu cuzinho, pouquíssimo penetrado, com seu dedo anelar. Era tanto prazer misturado, tantas sensações, que eu gozei até a minha alma em poucos segundos.
- Breno! BRENO!!!! – eu ejaculei, me tremendo por inteiro, e tendo espasmos na barriga, de tanta sensibilidade que ele havia explorado no meu pau com sua boca quente e aveludada.
- Goza, meu amor, quero sentir todo o seu gosto – ele disse, lambendo todo o meu leito. Minhas mãos tomavam o seu cabelo, por rédeas.
Meus olhos, lacrimejados, não acreditavam na cena que captava: aquele homem maravilhoso, de joelhos na minha frente, buscando o suprassumo da minha rola, e dando um prazer vesuviano, que explodia em sua boca.
- Não acabou, não! – Breno se levantou, quando eu quase sentei no chão, por conta das pernas bambas. – Esse bundão, vai ser a sobremesa.
Ele me girou com força, me encostou na parede, metendo sua vara babada, sem dó, no meu cuzinho, já um pouco alargado pelo seu dedo, que me abria, enquanto ele me sugava. Confesso que a enfiada me fez, ficar tonto. Era um macho que me cravava, como caçador que trespassa sua presa como um lança grossa e impiedosa.
- Diz que eu sou teu homem? – ele sussurrou no meu ouvido, me curvando para trás para me beijar, e deixando minha bunda bem empinada, para que ele esse fartasse.
- Você é meu homem – eu disse, provocando um sorriso no seu rosto. Parecia que ele tinha recebido um prêmio por aquela declaração.
- E eu só seu – Breno disse, remexendo o quadril muito. Eu tinha a impressão que seu pau se contorcia dentro de mim como uma manivela.
Era muito bom. A forma como ele me pegou, e seu jeito marrento de decidir as coisas, pensando no seu prazer, tanto quanto no meu. O Maurício? Depois eu ia pensar nisso.
Breno mandou ver, me comeu com tanta vontade, que suspeitei que ele havia acumulado muito desejo por mim. Estávamos quase a derrubar a parede. Eu nem tinha mais forças para me apoiar. Ele vinha metendo até o talo, e quase tirando tudo. Seu ventre estalava na minha bunda, tão alto quanto os tapas que ele me dava.
- Rebola esse rabo delicioso, Guizinho? – ele me pedia, me segurando pelo cabelo e pelo ombro, e mandando lenha.
Eu rebolava e gemia muito. Não tinha mais dor incômoda, tudo era bom demais. Eu só não gritava, porque minha voz estava entrecortada demais, com a voracidade das estocagens que Breno me dava. Eram tantas por segundo, que acho que em milésimos o seu cacete entrava e saía de mim. Estávamos tão suados, que não havia mais atrito em nossos corpos, eles se deslizavam, assim como pau dele para dentro de mim. Ele gozou a primeira, e insistiu pela segunda, e só se conteve com a terceira. Sua porra escorria pelas minhas pernas, colando nossos corpos, numa sensação pegajosa, que não me causava nem de longe nojo. Eu gozei mais uma vez, e depois disso, Breno e me arrastou para cama, e caímos os dois juntos, como ele ainda cravado em mim.
- Foi... Bom? – ele perguntou muito ofegante, rindo, beijando as minhas costas e ainda rebolando, como se quisesse despejar em mim, ainda a saideira de seu leite.
- O melhor... dos... melhores – eu disse já quase apagando. Estava acabado, mais profundamente satisfeito, como nunca havia estado antes.
Ficamos deitados, juntinhos, durante mais ou menos uma meia-hora, ouvindo a respiração, um do outro, ir lentamente se acalmando. Quando eu já estava quase dormindo, senti Breno e me puxar da cama, e me levar para o banheiro. Meu sono só se esvaiu, quando senti a água do chuveiro cair sobre nós, enquanto ele passava sabonete em mim, dedicando especial atenção para a minha bunda. Não dissemos nada durante o banho, apenas ficamos namorando sobre descer da água, intercalando nossos beijos com risos. Eu ainda estava incrédulo com tudo que tinha acontecido. Meu medo era de acordar. Mas se fosse sonho, queria aproveitar mais um pouquinho.
Depois do banho, finalmente pus o pijama que o Breno me dera, e fui para a cama, dormir o sono mais gostoso de todos, mas antes de cair como pedra, Breno ainda foi fazer um chocolate quente, para nós dois, e outro curativo no peito. Ficamos conversando um pouquinho. Gostei de ouvir dele, sobre as muitas noites que não conseguiu dormir, excitadíssimo, pensando em mim. Ele também me obrigou a falar do péssimo desempenho do Maurício na cama, acho que só para se sentir mais macho. Não que ele não fosse resolvido como gay. Sim ele se aceitava perfeitamente como gay, não era enrustido, ou o ativão metido a hétero, Mas adorava que eu dissesse que ele era o meu homem, e que não tinha páreo. Confesso, que me dava pena do Maurício, e minha consciência apelava para a infidelidade que eu havia cometido. Mas não estava arrependido, mas sem saber que rumo tomar, e com muito medo do Breno ser apenas o comedor, que descarta a embalagem depois que já se satisfez.
- Não sei o que fazer? – eu disse no meio da nossa conversa, dando um sinal de que eu precisava ouvir algo sólido da parte dele, mesmo com a precocidade da nossa relação.
- Você vai fazer o seguinte: primeiro, vai terminar com o seu namorado, ou eu vou fazer isso. Segundo, você nunca mais vai sair da minha vida. – Breno me disse, me dando um beijo bem gostoso e calmo, aliás, o primeiro calmo, da parte dele – E terceiro, vamos dormir de conchinha, como manda o figurino daquele amor bem clichê, e deliciosamente cafona.
Só pude responde com um sorriso enorme, e me aninhar em seu peito. No final, valeu apena ficar sem o meu notebook, celular e até ter sido ferido. A compensação foi infinitamente maior.
Breno desligou o abajur, que iluminava, solitariamente o quarto, àquela altura, e me abraçou forte, deixando nossos corpos bem juntinhos.
FIM.