1ª PARTE
CAPÍTULO 6
OS MENTIROSOSGabriel já havia acordado, mas continuava de olhos fechados, ele sabia que já não era manhã, tinha uma enorme sede, abriu os olhos ao ouvir que Jorge tentava sair da cama sorrateiramente, sua primeira visão foi a bunda grande e semi peluda de Jorge se encaminhando vagarosamente ao banheiro, com seus esforços falhos de não o acordar, dava passos inquietantes.
Gabriel achou graça daquele cuidado todo, achava charmoso, riu e sentou na cama, nu, sobre o lençol e as memórias, que ainda tontas e fora de ordem. Na tentativa de se lembrar da noite anterior, se espalhava com graça nos momentos e sentimentos sobre o que tinha acontecido exatamente algumas hora atrás.
- Bunda linda – Disse baixinho, para ele mesmo.
Conforme as memórias começavam a sincronizar, ele sorria pensando nas coisas que tinha feito, sorria de vergonha e relembrava arrependido de não ter feito mais, parou confuso pensando no que havia achado da idade de Jorge e soube que teria mudado de ideia depois de sua performance, ele deveria ser mais novo do que pensava.
“Que energia, que sincronia, que pau!”
E deitou novamente olhando para o teto branco e encardido.
Quando ouviu o barulho da torneira da pia sendo ligada, Gabriel gritou:
- Bom dia! – Rindo instantaneamente
- Oh... Bom dia! – Gritou Jorge do banheiro - ...te acordei!?
- Não! Eu já... eu já estava acordado – disse Gabriel encarando um pedaço de papel no chão que não se lembrava de onde poderia ter saído –
- Que bom... - Gritou jorge do banheiro.
- Você quer comer “mais’’ - Fez uma longa pausa proposital - ...alguma coisa? – Gritou Gabriel com um certo riso em sua voz, retomando conhecimento que era preciso se esforçar para ter uma conversa com Jorge.
Jorge achou graça da habilidade de Gabriel com as palavras. Riu, se olhando no minúsculo espelho do banheiro, e soltou:
- Não! ...eu já estou indo embora...
Apesar de estar aliviado por ouvir isso, já que não seria necessário dar desculpas para dispensar alguém, Gabriel se sentiu triste sabendo que não teria uma segunda rodada do que aconteceu aquela noite, mas a tristeza sumiu rapidamente quando ele olhou para o lado e viu uma cueca azul marinho embaixo da fronha e sabia que não era sua. Gabriel pegou, admirou o tamanho e cheirou, apertando com as duas mãos contra o seu nariz e gritou rindo:
- Tá procurando alguma coisa?
- Sim... Na verdade estou procurando uma cueca... – disse Jorge distraído. - Você viu?
Gabriel agora estava feliz com a certeza de que veria aquela bunda mais uma vez.
- É uma azul? - Perguntou.
- Sim! - Respondeu Jorge.
- Grande? - Continuou Gabriel.
- É...
- Não vi não!
Quando Jorge notou que Gabriel estava mentindo, abriu a porta e notou que ele estava vestindo agora a sua cueca.
- Vai ter que vir pegar... – Disse Gabriel em um tom desafiador, mordendo parte de seu volumoso lábio inferior.
Jorge estava com sua calça jeans semi colocada, com todos os seus pelos do peito de fora, ele riu e se aproximou de Gabriel. Quando Jorge atravessou o feixe de luz que era jorrado pela janela, Gabriel pode observar que Jorge era mais velho que imaginava sim, era forte, mas as rugas não mentiriam, e ficou confuso por lembrar de sua força, notou que isso o agradava e se sentia satisfeito. Jorge exibia uma cara séria, e por um lapso de segundo Gabriel achou que estava em encrenca, mas Jorge o derrubara na cama de novo e com todo o seu peso, se apoiou sobre Gabriel retirando sua cueca dele e afastando uma perna da outra com suas enormes coxas grossas, sugerindo ali um segundo ato.
Os dois se beijaram novamente enquanto Jorge segurava os pulsos de Gabriel e os colocava juntos com uma mão só acima da cabeça, as mãos de Jorge eram enormes e conseguiam juntar os dois pulsos finos de Gabriel sem fazer esforço algum, Jorge aprendeu a se divertir com os lábios carnudos de Gabriel que dava sua aprovação. Com a outra mão, Jorge apertava com força a nádega direita de Gabriel que era negra, enorme e volumosa, o contraste dos dois à luz do dia era poética. Jorge começou a passar a barba malfeita no pescoço de Gabriel que emitia gemidos altos enquanto oferecia cada vez mais seu pescoço para ser mordido, chupado e lambido, Jorge fazia tudo isso e à medida que os gemidos de Gabriel ficavam mais altos, Jorge arranjava os movimentos que simulavam uma transa e deixava Gabriel cada vez mais excitado.
Jorge então desgrudou seu corpo do dele e virou Gabriel numa violência que até Gabriel perceber o que tinha acontecido, Jorge já tinha colocado a camisinha. Gabriel então tinha um lado do rosto estampado na fronha que antes escondia a cueca e recebia impulsos que o fazia gemer, se mexer e babar, querer mais, Gabriel sentia prazer naquela dor que Jorge o proporcionava, e antes de perceber, a dor já havia sumido e em seu lugar havia só prazer, sentia-se como se o grosso e grande membro de Jorge fizesse agora parte do seu corpo e queria permanecer naquela posição durante a tarde toda. O barulho das coxas de Jorge contra a bunda de Gabriel era alto, as investidas tão intensas e rápidas, que agora Gabriel conseguia sentir nas suas costas os pingos de suor que escorriam pelo rosto de Jorge e gotejavam em suas costas, foi então que Gabriel se apoiou em seu cotovelo e depois nas palmas das mãos com dificuldade para virar o rosto em noventa graus como se quem pedisse um beijo, Jorge cedeu e não só o beijou, como dessa vez apoiou todo o peso do seu corpo sobre o de Gabriel e agora numa surpresa infinitamente agradável, Gabriel sabia que tinha Jorge por inteiro dentro de si e sentia a respiração ofegante dele em sua nuca.
Os dois ficaram naquele movimento até que a cama se inundar do suor dos dois e Gabriel decidir trocar, pegou as mãos de Jorge que antes puxavam suas coxas pra si e fez ele segurá-las, enquanto Gabriel se posicionava para sentar confortavelmente sobre, ali agora com mais liberdade de movimentação, Gabriel fez todos os movimentos que soubera até aquele dia, e mais alto que seus gemidos somente os de Jorge, que não se importava com as acrobacias que Gabriel fazia em cima dele, pelo contrário gostava, sem se desconectar, Gabriel então deu meia volta e dessa vez numa posição que havia contato visual, começaram a dar mais ritmo ao ato, enquanto Jorge acariciava e apertava os mamilos de Gabriel que levantava a cabeça, abria e fechava a boca pedindo para que ele continuasse, o movimento era tão vivo que Jorge não gemia, agora urrava o que apenas incitava o prazer de Gabriel. Jorge então se levantou com Gabriel no colo e o colou contra a parede grossa do apartamento fazendo Gabriel gritar prazerosamente enquanto se apoiava nos ombros musculosos de Jorge o beijava demasiadamente, misturando suor, saliva e mordidas, até que não aguentando mais Gabriel anunciou a chegada ao orgasmo, dez segundos depois ambos estavam no mesmo lugar, deitados, acabados, cansados e dormindo novamente.
Horas haviam se passado.
Gabriel abriu os olhos lentamente conforme o vento que entrava pela janela, se equilibrando com o som de sua respiração. Ouviu um barulho e atrás dele estava Jorge roncando baixinho. Levantou-se ainda nu e se dirigiu até a cozinha para pegar um pouco de água. Pensava que se houvesse um sexo daqueles todos os dias, reclamaria bem menos da vida. Quando voltou para o quarto para observar Jorge e tentar adivinhar sua idade novamente, percebeu que ele já estava acordado e dessa vez havia colocado a cueca azul antes da calça.
- Vai de verdade agora? – Perguntou Gabriel vendo o último pedaço da bunda de Jorge que ainda faltava ser coberto pelo jeans azul.
- Tá me tocando? – Indagou Jorge com um sorriso bobo na cara – Que foi, não gostou? – Dessa vez de frente para Gabriel exibindo seu corpo peludo, grisalho e forte.
- Gostar? – Gabriel se perdeu vergonhosamente na sua fala quando viu o físico de Jorge novamente e vestindo uma muda de roupa...– Ham...
- Eu preciso ir... – Disse Jorge colocando sua camisa para a tristeza de Gabriel. – Gostei das suas tatuagens – Gabriel possuía um âncora enorme em seu peito com a palavras “Invictus” e uma coruja de asas abertas em suas costas. – Doeu?
- Sim... – Gabriel respondeu prestando atenção no que Jorge dissera pela primeira vez – Mas é uma dor boa, sabe?
- Acho que sim... – Disse Jorge atravessando Gabriel e se dirigindo a porta.
- Já que eu não te verei mais... eu... posso te fazer umas perguntas? - Perguntou Gabriel com a caneca na mão.
- Vai perguntar minha idade? – Perguntou Jorge sorrindo.
- Não! – Gabriel respondeu automaticamente – Quer dizer, talvez... – Contrariando o que tinha acabado de dizer...
- Eu tenho...
- Não, não me diz, - Interrompeu Gabriel – Eu não quero saber – Só me diz uma coisa... Quem é Mike!?
A expressão de Jorge tinha mudado drasticamente enquanto olhava para Gabriel como se ele esperasse algum complemento para se provar que tinha entendido errado. Gabriel teria se arrependido da pergunta, mas estava convencido de que seria a última vez que veria aquele homem, então precisava perguntar.
- Por que a pergunta? – Perguntou Jorge num tom muito sério, mas tentando parecer normal.
- Ontem quando estávamos transando... Você me chamou de Mike umas duas vezes... - Gabriel percebeu o silêncio de Jorge e começou a repensar na sua pergunta - Ai... Olha, desculpa se eu... Eu só queria saber se.... Ele é seu ex? Ou algo do tipo?
- Ele.... Definitivamente era algo do tipo, mas... Ele se foi! - Disse Jorge engolindo uma quantidade considerável de saliva e encarando o chão como se memórias invadissem seu cérebro e o tivesse deixado em transe.
Gabriel sentiu um constrangimento que nunca tinha sentido antes, abriria mão do sexo que tinha acabado de ter para voltar ao tempo e ter decidido não perguntar isso.
- Me desculpa de novo, eu não quis parecer...
- Tudo bem, só tem uma coisa que eu não entendo...
Gabriel se surpreendeu com a reposta e automaticamente perguntou: - O quê? – Como se estivesse disposto a responder qualquer coisa depois de sua horrível gafe.
- Porque você acha que não nos veremos novamente? - Perguntou Jorge escarando Gabriel sério.
Gabriel ficou mudo.
- Eu estou na cidade, você está na cidade, eu não estou indo a lugar algum, você está?
Gabriel poderia ter dito que sim, que iria embora amanhã, que iria para outro país dali alguns meses, que nunca mais o veria, que moraria em um outro continente para sempre, mas ao invés disso Gabriel respondeu:
- Não.
- Ótimo! – Jorge tirou uma caneta do seu casaco de couro marrom e escreveu seu número ali no antebraço de Gabriel, lhe deu um selinho de despedida, disse “tchau” e foi embora, deixando Gabriel sozinho com sua mentira e o braço rabiscado naquele apartamento.