1ª PARTE
CAPÍTULO 7
JORGE, ELAINE E MIKEHavia se passado dois dias desde que Jorge chegara em casa acidentado e a ternura que Mike sentia por Jorge estava cada vez mais difícil de contrafazer, o medo de Mike era que Jorge descobrisse e o colocasse para fora novamente. Mas a atração era tanta, que o clima no ar era perceptível quase concreto. Parte dele argumentava se Jorge já desconfiava, mas os ataques racionais que ele continha o fazia voltar a si e pensar que tudo não passava de besteira.
“Eu só quero o bem do Senhor Jorge, mas que Deus permita que essa perna nunca cure.”
Mike se flagrou com esse pensamento mais de cinco vezes aquele dia.
Era proposital a passagem sem camisa pela frente dele várias vezes por dia, mas tudo o que conseguira foi:
“Você vai acabar pegando um resfriado descamisado assim”
Desistiu.
“Estou dando murro em ponta de facas, Senhor Jorge não é gay e eu estou perdendo meu tempo aqui.”
Essa linha de razão passou pela cabeça dele finalmente, mas o desejo, de um toque que seja, permanecia sempre com ele e a solução disso não viria acompanhado da razão, muito pelo contrário. Ele sabia que era perigoso sair de casa pela noite, também não seria estúpido o suficiente de tentar escapar de casa, foi então que decidiu na maior das inocências pedir a Jorge um favor.
Jorge estava sentado com um pé sobre a mesa no centro da sala, fazendo as palavras cruzadas no jornal do dia e usando óculos de grau extremamente gigante, sua bengala estava no chão, Aurélio havia trazido para ele na noite anterior.
- Jorge... – Se aproximou Mike.
Jorge resmungou como se fosse capaz de ouvir o que Mike tinha a dizer sem necessariamente tirar os olhos do jornal.
- Eu queria que você me levasse numa festaque festa? – Jorge ainda não olhava para Mike.
- Uma festa aí ... centro da cidade... Vai ser semana que vem... e é claro se você já estiver se sentindo bem e poder dirigir...
- Ah, você quer que eu te leve de carro... – E tinha descoberto a palavra que estava caçando na sua memória, é claro que nove letras para “amor não correspondido” era platônico, no que mais ele estava pensando? Com a atenção completamente em Mike agora, ele tentou repetir o que tinha absorvido da informação. - Você quer que eu te leve numa festa, é isso? – Disse o encarando por de cima de duas lentes grossas - Eu pensei que você não tivesse amigos.
- E eu não tenho... – Disse Mike sem jeito.
- Então o que você vai fazer numa festa sem amigos? – Jorge ainda não conseguia entender o que Mike estava tentando dizer ou simplesmente o que ele queria.
- É que não é uma festa para encontrar amigos... é o tipo de festa para se fazer amigos...
Um silêncio pairou no ar e Jorge finalmente entendeu a situação que estava enfrentando, se ele tivesse pensado mais um pouco ele notaria que aquela cena na sala poderia ser facilmente confundida com a cena de um filho tentando enrolar o pai, mas que motivos seriam dados para contrariar o que Mike pedira? É claro que ele queria dizer não, mas a pergunta a seguir não havia resposta. Talvez houvesse, mas estava fora de cogitação responder.
- Não.
- Por quê? – Perguntou Mike como se já estivesse com essa pergunta engatilhada na garganta.
- Porque eu já fui nesse lugar que eu sei que você está pensando em ir e já apreendi muitos jovens com tudo quanto é droga lá, você sabe que eu não posso te proibir de ir... mas... eu não quero você lá.
Mike não poderia ter se sentindo mais feliz com uma resposta tão negativa, o que ela mais almejava era uma resposta positiva que acabasse com suas esperanças, mas isso não chegou a ele. Mike fingiu irritação e correu para o quarto de hóspedes e tomou cuidado para não bater à porta.
Talvez Jorge teria ido atrás dele se sua perna não estivesse no estado em que se encontrava, mas ir atrás dele significava ter que lidar com ele mesmo, ter que lidar com o que sentia e com o que não queria sentir, era a história toda de Tom novamente. Ele estava conformado com o eterno não. Essa admissão desnecessária o assombrava todos os dias, ele se auto condenara com a solidão.
Por algum motivo cuja causa se perdeu de uns anos para cá, Jorge tinha adotado a concepção de que ser feliz seria uma traição à memória de Elaine, a tristeza era motivo de orgulho, um fardo a ser carregado pelo resto da vida, estava tão zangado com Deus que não queria agradecê-lo por nada.
Talvez fosse o vinho de hoje cedo, mas uma pequena luz de auto piedade se acendeu dentro dele, ele levantou a bengala que Aurélio deixara ali e caminhou até o quarto que Mike estava para dizer, ele não sabia o que, mas queria dizer alguma coisa. Engoliria o orgulho para a noite não terminar assim.
A bengala era pesada, fazia um barulho alto no assoalho oco, se Mike estivesse acordado, com certeza saberia que Jorge estava se aproximando. Rodou a maçaneta, a luz estava acesa, um alívio.
Jorge viu a figura de Mike deitada, as costas brancas como o leite encaravam a porta, o corpo dele era tão branco que se sua visão fosse um pouco mais embaçada, ele teria dificuldade para dizer onde começava o lençol e acabava o corpo de Mike.
Jorge se aproximou da beirada da cama e sentou próximo a Mike, como se estivesse preparado para dar um discurso mesmo não sabendo por onde começar, se sentia desconfortável com aquela situação, mas era o maduro da casa, algo devia ser dito.
- Olha Mike – Começou.
Mike virou lentamente seu rosto para olhar para Jorge, calmamente se arrumou na cama e sentou. A imagem que Jorge encarava era quase angelical, não fosse a malícia pairando no ar, aquela cena seria religiosa.
“Meu Deus, como ele é lindo”
Jorge torceu para que tivesse omente penasado e não dito, mas a reação de Mike o provara errado.
Jorge não podia explicar o emudecimento repentino, era como se as palavras não existissem mais. Viu Mike se aproximar calmamente e sentiu a gravidade falhar, as batidas de seu coração eram tambores que serviam de trilha sonora para aquele momento mudo.
Ambos pensaram emudecidos a mesma coisa. Mike agiu como se estivesse fazendo a coisa mais normal do mundo ao colocar a mão direita no lado esquerdo do rosto de Jorge, que hipnotizado, permanecia olhando para o seu rosto.
Mike o beijou.
Mike ignorou toda a possibilidade do que poderia acontecer a partir dali, se fora o autor de um ato estúpido ou corajoso saberia dali a alguns instantes, talvez ele fosse os dois, talvez fosse nenhum dos dois, a falta de opções era motivo de saudades agora. Ele já estava entrando em desespero, seu coração decidira marcar presença ali também. Para ele, aquela cena já durava uns treze segundos ou mais e a falta de movimentos pela parte de Jorge fez com que Mike tivesse a sensação que estava tocando os lábios em algum objeto feito de madeira. Foi quando abriu os olhos e viu os olhos de Jorge fechando, e sentiu os lábios dele se mexendo. Pela primeira vez na vida Mike estava sendo beijado.
Jorge se sentiu como se estivesse pulado de um precipício.
Não havia mais volta.
Mesmo não sabendo bem ao certo se ele queria voltar, acharia útil ter essa opção, mas se voltasse ao tempo talvez houvesse beijado Mike ainda antes. Ele não estava assumindo que aquele foi o momento certo, na verdade Jorge não estava assumindo nada, ele estava é sumindo. A quanto tempo não sabia o que era beijar? Mais tempo que todos os anos de Mike. Parar de beijar seria enfrentar as consequências de seus atos e ele não queria. Fugir da responsabilidade não era algo típico de Jorge, mas dessa vez ele queria fugir dele mesmo. Ele sentiu a respiração de Mike ficar mais afobada, não tinha certeza, mas aquele deveria ser o primeiro beijo dele, o que fez lembrar do seu primeiro beijo. Pensava em como se sentira, nas mãos suadas, no coração acelerado, no espiar com os olhos semiabertos, na ereção não planejada, nas bochechas rosadas. A bengala caiu no chão proocando um barulho enorme. “Meu Deus Elaine!” Foi quando Jorge sentiu o gosto da língua de Mike que finalmente o beijo parou e como uma pia se desentupindo os dois se desgrudaram.
Jorge se levantou num falso pulo e se esforçando para se manter em pé, ainda não havia decidido para onde olhava, mas estava acontecendo tudo o que ele não queria, o silêncio, a falta do que dizer e um lugar para olhar. Ele colocou as mãos na cintura, ato que fazia sempre quando tinha que tomar uma decisão difícil.
Ele sabia que era impossível dizer, mas era como se os olhos de Mike de repente estivessem mais azuis do que o normal naquele momento. Ele tinha consciência de que teria dificuldade para se abaixar e pegar a bengala, e também sabia que o primeiro instinto de Mike seria ajuda-lo, ele preferiu não lidar com isso, ele queria lidar com absolutamente nada. Seu cérebro deu o comando para ele sair e bater a porta, mas ele fez justamente o contrário, num movimento brusco deu mais um beijo em Mike, que até agora pensava que nada o faria mais feliz que o primeiro beijo, mas estava errado, o segundo foi ainda melhor, pois não teria sido um acidente, o proposital era mais gostoso.
Agora sim, se recuperando, Jorge se retirou mancando do recinto e deixou Mike sem ar e sem saber ao certo o que fazer, o resto de sua saliva na boca dele, acompanhada do coração que Mike sentiu bater no pescoço.
Jorge saiu de casa, pegou o carro e com dificuldade saiu par dirigir com destino a lugar algum a não ser ideias malucas e a possibilidade de aquilo tudo ser um sonho. Depois dos primeiros metros ele já havia esquecido a dor em seu pé, a confusão de seus pensamentos amorteceria qualquer outro desconforto que viria a sentir.
Agora já fazia duas horas, alguns quilômetros e vários semáforos que dirigia, Jorge chegou a várias conclusões no seu caminho e havia desistido de todas elas, se tivesse feito as pazes com Deus, provavelmente teria brigado com ele hoje novamente, não tinha ninguém para culpar exceto a si mesmo, metros adiante repensava: “Mas que culpa? ”. Ele se perguntava e ele se respondia, respostas sempre secas e negativas, “Estava fugindo de quem afinal? Se a caça e o caçador estavam ali naquele carro”. A corrida era inútil, insana e exaustiva. Jorge sorriu, chorou e também caiu na gargalhada naquele carro.
Várias vezes teve a impressão de ter visto Elaine na rua, olhou duas vezes, três, “é ela? ”, esse tipo de autoquestionamento era a prova fiel de que Jorge não estava nada bem. Seu psicológico estava comprometido, qualquer decisão que ele tomasse viria acompanhado de um arrependimento, ele pensava ser muito velho para mudar de filosofia.
Era madrugada, Jorge estava perto do centro e não havia movimento na rua. Ele parou no meio do nada, se estivesse no mesmo lugar em uma hora diferente, seria vítima de xingos e talvez um acidente, mas àquela hora era dele e não havia ninguém.
- Desculpa Elaine – Suspirou Jorge dizendo para si mesmo, e ao olhar para o banco ao lado, pode senti-la segurando sua mão e apertando, da maneira que ele o fazia, e de repente eles estavam de volta ao hospital, Jorge pode ver ali aquelas bochechas lindas e olhos azuis, pentelha, curiosa, linda. Ele riu e ela acenou.
Jorge deu meia volta e voltou para casa.
Assim que saiu do carro se lembrou da dor do pé, mancou até a porta, a luz continuava acesa. Haviam três portas agora, a do quarto em que Mike estava deitado, a do ateliê de Elaine, e a do seu quarto. Já lidara com os dois o suficiente aquela noite, abriu a porta do seu quarto então e sem acender a luz caminhou em direção a sua cama e como uma pedra afunda no mar, Jorge tirou a camisa, a calça e afundou em seu colchão, respirando fundo e colocando com dificuldade o pé machucado em cima da cama, esperava que a dor do seu pé fosse o único problema que teria que lidar nos próximos dias, mas foi no momento que se distraiu que sentiu uma mão repousar sobre o seu peito.
Ele tinha acabado de descobrir que tinha companhia e que não era alucinação de Elaine.
Para sua surpresa, Mike estava ali do seu lado, deitado o esperando. Havia tanta coisa a se dizer e tanta coisa a não se dizer que Jorge não conseguiu, mas se segurar, e mais uma vez se permitiu ser beijado, e estava beijando também, se entregando aos poucos, e quando se viu já estava colocando as mãos contra o rosto liso de Mike e sentindo seu coração junto ao dele.
Mike subiu em Jorge sem desprender sua boca da língua dele e apoiando ambos os pulsos no seu peito forte e peludo. Começou então a deser cheirando cada centímetro daquele peito cinza que possuía uma fragrância natural, cheiro de madeira, e deliciosa. Conforme foi passando do umbigo, Mike notou a presença de algo grande que tentava saltar a todo custo de sua cueca e que de repente fez a cama parecer menor.
Ali naquela cueca branca forçada se escondia algo grande, que fez Mike rir antes de preencher sua boca com aquilo. O gemido e o suspiro alto de Jorge foi a primeira vez que ele se fez ouvir desde que descobriu Mike ali no quarto, a respiração de Jorge ficava mais ofegante conforme Mike continuava fazer o que acabara de descobrir que fazia tão bem e para Mike o gosto daquilo era maravilhoso, parecia pele mas com uma excitabilidade tão grande que o fazia se sentir poderoso e era tão grande que ele poderia segurar com as duas mãos que ainda lhe sobraria espaço para metade de mais uma, podia sentir as veias grossas pulsando e passando de um lado ao outro com a ponta dos dedos e fazia também com que as extremidades se encharcassem de saliva fazendo com que Jorge agarrasse os lençóis e tentasse em vão segurar os suspiros. Aos poucos Mike descobria o que fazia Jorge se mexer mais e continuava fazendo depois disso, sentiu a mão direita de Jorge se apoiar em sua cabeça, o direcionando e o mostrando qual a velocidade e a profundidade que queria, Mike o deixou ser guiado pela mão pesada de Jorge que agora olhava para seu rosto que de olho fechado continuava aos poucos fazer Mike engolir um pedaço cada vez maior do seu membro, a visão era escura, mas Mike adorou imaginar Jorge daquele ponto de vista, seus olhos estavam fechados como se algo extremamente bom estivesse doendo.
Os olhos de Mike que por sua vez ficavam marejados cada vez que era forçado e colocar tamanha coisa em sua boca, agora escorriam de lágrimas, forçou a saída de sua boca dali, tossindo e cuspindo uma grande quantidade de saliva, Jorge tirou a mão rapidamente como se estivesse assustado ao pensar que estivesse machucando Mike, mas rapidamente mudou de ideia, quando ouviu Mike respirando fundo e colocando a mesma quantidade em sua boca novamente, fora a primeira vez que Mike sabia que Jorge estava de olhos abertos naquela transa, então fez questão de mostrar para ele sua aprovação com a cabeça e com a boca.
Dado certo momento naquela posição, Mike decidira dar uma atenção especial ao acompanhante do membro de Jorge que como um poste permanecia ali ereto e enrijecido, como se fosse capaz de causar sérias dores a alguém que o subestimasse. Mike então ensopou de saliva a região inferior de Jorge e aumentou o movimento e o campo em que colocava sua língua, o masturbando com a mão direita, percebeu então outra mão de Jorge perto de sua orelha, aquela pele ali tinha um gosto diferente da extremidade do pênis de Jorge e era algo igualmente bom, Mike sentiu em sua língua mais de um pelo de Jorge, pouco se importou e engoliu, o tesão e o calor eram tão tensos que só de estar ali naquela posição com o Jorge, Mike sentiu uma dor profunda perto de seu umbigo, extremamente boa, mas queria que parasse, ele segurou a respiração perto do seu pênis que só agora reparara que também estava enrijecido e sentiu ali uma porção de líquido leitoso e morno.
Jorge percebeu que Mike tinha parado bruscamente o ritmo, ergueu a cabeça para ver o que tinha acontecido:
- Você tá bem? – Perguntou Jorge com uma voz cansada de quem havia acabado de correr uma maratona.
- Eu gozei – Disse Mike, ainda assustado com o que tinha acabado de descobrir.
Com seu pênis lentamente ficando flácido, Mike voltou com a boca na cabeça do pênis de Jorge que agora por outro ponto de vista, percebeu quão rosada e lisa era, Jorge agora estava se masturbando, querendo compartilhar da exaustão de Mike e fazia isso puxando violentamente seu saco e agarrando seu membro de uma forma que quase o machucara, Mike vira e se fascinara pelos mamilos grandes e volumoso de Jorge, se concentrou naquela parte, e ouvindo a proximidade dos espasmos e suspiros sabia que ele também estava perto de chegar ao turgescência, talvez fosse muito tarde para pedir permissão de alguma coisa ali, sentiu uma independência traiçoeira e rapidamente se movimentou para colher os resultados de seu trabalho, esperando com a boca aberta o líquido grosso que Jorge tinha a oferecer. Jorge se surpreendeu com o movimento de Mike, mas ficara mais excitado. Os jorros de sêmen saíram numa velocidade incrível e Mike já havia aparelhado com a boca, Jorge urrava de satisfação, quase gritando e Mike agarrou Jorge como se aquilo para ele fosse fonte de energia e alimento, sentiu os próximos jorros na sua língua e engolia diretamente, foram necessários cinco ou seis goles grandes para dar conta de que nada transbordasse. Um gosto diferente e absolutamente bom tomava conta da língua de Mike, quase amargo e muito denso, estaria disposto a repetir ou absorver se contivesse mais. Beijou e lambeu o líquido que ainda escorria e teve certeza de que não desperdiçou uma gota.
Cansado ele se posicionou entre os braços fortes de Jorge e num suspiro aliviado disse baixinho:
- Boa noite Jorge.
Em que Jorge respondeu:
- Boa noite Mike.