“Às vezes as pessoas não têm noção das promessas que estão fazendo no momento em que as fazem.”( A Culpa é das Estrelasbom dia a você meu amigo e minha amiga colinense, quem vos fala é seu amigo de todas as manhãs Carlos Mesa, diretamente da Rádio Colina FM, chegando agora na nossa programação o momento sertanejo, 7horas e 10minutos...- começou a falar o rádio relógio a pilha ao lado da minha cama, e em seguida canta Paula Fernandes Pra você...
Acordo com meu cabelo totalmente desarrumado e os olhos ainda embaçados, visto apenas o chinelo costumeiro e saio pela casa apenas de cueca, mais uma vez me esquecendo do visitante que dormia em minha sala...
Ao abrir a porta do meu quarto me deparo com aquele ronco forte... Me assusto.. Quem seria o invasor folgado dormindo no meu sofá? Pego a vassoura e me aproximo silenciosamente, até que pronto para dar uma cabada naquele folgado, vejo se tratar do Mathias, e voltei a lembrar-me da noite anterior...
Cutuco ele com o cabo da vassoura, que resmunga algo do tipo:
- Para Cláudia, qual é... hoje é sábado..
- Que mané Claudia garoto... Sai... Para de babar no meu sofá- grito com ele...
Ele pula meio assustado, ficando em pé em minha frente.. Meio desengonçado e perdido...
Não tenho como não observar que ele está só de cuecas também, e o pior, com uma super ereção!!
- O senhor faça o favor de esconder essa indecência seu Mathias... Não sou obrigado!!- digo virando de costas... eu realmente não gostava muito dele.
Prontamente ele pega a almofada e esconde a ereção.
-Prontinho Rafael... Pode virar agora!!
-Rafa...? ( puts, é verdade, foi esse o nome que dei a ele ontem) pensei. ( Na verdade apenas queria que ele parasse de me chamar de pequeno, donzela ou algo do tipo, mas nem eu sei porque menti... a presença dele me deixava nervoso )...
Ele ficou me observando olhar pro nada todo esse tempo em que eu pensava, até que reparo que ele estava cobrindo a ereção com minha almofada...
- Ai que nojo!! Pelo amor...Coitada da minha almofada!! O senhor é um pervertido sabia?
- Qualé... Vai fazer a santa agora? – disse ele rindo da minha cara mais uma vez.
Bem, é verdade... eu estava fazendo a puritana... aliás a mais de dois anos eu não sabia o que era um homem, e para falar a real, eu nem queria saber... lembrei da promessa que fiz a mim mesmo...
- Você está na minha casa seu Mathias!! Me respeite...- emburrei.
- Me divirto ainda mais quando você fica nervosinha...- disse rindo..
- Sai da minha casa... Agora... VAI- gritei com ele, correndo atrás dele com uma vassoura...
Ele ria descaradamente, até que abre a porta e olha o estrago que a chuva fez no quintal e em sua casa... A expressão dele mudou na hora, e ele sentou desolado na porta da minha casa... apenas pôs a mão na cabeça...
- Puta Merda!! O que vou fazer agora?
Confesso que fiquei com um pouco de dó daquele marmanjo.... Sentei-me ao lado dele, encostei a cabeça no seu ombro..
- EU... EU Sinto muito.- disse por fim.
Ele nada disse...até que quebrou o silencio.
- Perdi tudo o que me restava... Não tenho mais nada, o pouco que eu tinha na vida se perdeu nessa chuva...Sai de casa porque precisava recomeçar, e por fim realmente terei que começar doRecomeçar? Como assim?
- Bem, eu era casado e ... essa não é uma boa hora pra falar disso...
- A tal Cláudia?- perguntei.
Ele apenas assentiu... Eu não quis insistir no assunto, pois vi que isso deixava-o mais triste ainda.E não sei porque cargas dágua ...
- Olha Mathias... Voce... Pode ficar aqui em casa por uns dias okay?- Não acredito que eu estava falando aquilo...
- É sério?- disse ele
- Sim, mas que fique claro que é até você dar um jeito nessa edícula e que é sobre as minhas regras entendeu?
- Okay... Tudo menos procurar o meu tio Julio... Aquele velho me irrita...
Acabei rindo, porque pelo menos nisso concordávamos...
Me levantei e fui passar um café fresquinho para nós...Ainda estávamos de cueca, e por incrível que pareça não sentia um pingo de vergonha de estar assim na frente dele... Talvez ´porque quando eu estava com Breno, ficávamos assim o dia todo em casa...
Dei uma xicara de café bem forte e quente pra ele...
- Obrigado viu... Obrigado mesmo... Nem sei como te agradecer pelo que está fazendo por mim Rafael.- ele disse.
- FELIPE- o corrigi.
- Não, eu me chamo Mathias!!- ele disse..
- Não estou falando você, seu bobo... Felipe sou eu!! Não me chamo Rafael, e também não me pergunte porque te disse que me chamava assim...
Ele me olhou confuso, mas logo tomou o café e comeu torradas...
- Bem eu não posso ficar vestido assim e minhas roupas estão todas ensopadas... Será que podia me emprestar algo pra vestir? – perguntou.
- Só nos seus sonhos né Mathias... Olha bem pro meu tamanho e olha o seu!!
Os dois caímos no riso.
-É verdade...
Acabei indo trocar minha roupa enquanto ele foi ate a casa dele e pegou um shots de tectel daqueles que seca rápido e uma camiseta de tecido bem fino...
Passei num amaciante e centrifuguei. O shorts saiu sequíssimo, e a camiseta terminei de secar no ferro de passar.
Decidimos então sair, e ao abrir o portao, nos deparamos com uma cena muito triste... A cidade toda estava descoberta e as ruas destruídas...
Eu o abracei, e pela primeira vez em anos, me senti protegido...
Logo um carro com megafone passava na cidade marcando uma reunião na praça, onde todos os moradores foram, e o prefeito nos disse para nos ajudarmos mutuamente e trabalharmos juntos para a festa anual da primavera Blumentanzfest (Baile das Flores), festa tipicamente germânica e que reúne mais de vinte grupos de dança típica das mais diversas regiões do Estado, trazendo ao município grande número de visitantes inclusive de outros países latino-americanos, onde conseguiríamos arrendar fundos e reconstruir a escolinha e os locais mais necessitados...E assim fizemos...
Eu e Mathias se aproximamos durante todos os preparativos para essa festa... E no dia que a festa aconteceu, muitas surpresas vieram juntas....