Escrito em Azul - capítulo 15

Um conto erótico de Gatinha 007
Categoria: Homossexual
Contém 1148 palavras
Data: 27/01/2016 01:14:29

(Livra-nos do mal)

Já notaram o quanto o amor pode ser desleal? Primeiro ele nos hipnotiza, nos envolve aos poucos e quando nos damos conta, ele já se instalou como um cunhado folgado e cara de pau, que por mais que se mande embora ele vai ficando, ficando e ficando, até que torne morador absoluto. Foi esse tipo de vírus que se apoderou de Anna-Lú e Carol, e você deve estar se perguntando: Quando será que elas deixarão de ser tão cabeça-dura para se entregarem de vez a essa paixão? Sinto desponta-los queridos leitores, mas talvez não seja hoje, ou talvez seja, bem o certo é quem sabe, mas não se desesperem, pois como diria William Shakespeare "O curso do verdadeiro amor jamais foi tranquilo"... Então voltemos as nossas heroínas.

Carol pediu uns dias de licença da Agência e passaram-se três semanas desde o último encontro entre ela e Anna-Lú. No hospital particular para o qual Alicia foi transferida, Carol encontrou Miguel andando de um lado para o outro.

Olá – disse Carol, fazendo Miguel parar.

Oi, Carol que bom que chegou, porque ainda não ligastes a droga desse celular?! – perguntou aflito.

No mesmo instante Carol ficou apreensiva e seus pensamentos se encheram de terror ao achar que poderia ter acontecido algo com Alicia.

O que houve com a Alicia Miguel?? – falou agarrando-o pela gola da camisa polo.

Calma Carol! Não é isso, a Alicia está bem – segurando-a pelos pulsos – Sente-se, por favor! – continuou Miguel apontando para uma das cadeiras do corredor.

Se não é nada com a Alicia o que é tão grave?! – perguntou Carol já sentada e espargindo seu porte elegante de sempre.

É a Maggie!

Como assim a Maggie?! – alarmou-se Carol e sua voz subiu algumas oitavas só de ouvir aquele nome.

Ela está vindo pra aqui, na verdade ela deve estar chegando ao aeroporto, já que ela veio de jatinho!

Mas, mas.... – a voz de Carol falhou – o que ela disse?

Você a conhece meu bem o mesmo jeito “amigável” de sempre. “Onde está a Carolina?” “Vou aterrissar daqui a alguns momentos e estou indo direto ao hospital, avise-a! Fui Clara?” - imitou os trejeitos de falar - não tive reflexos nem pra responder... Você sabe como a Maggie sempre me deu medo.

E quem não tem?! Eu sei exatamente do que está falando sinto calafrios só de pensar - disse ela, passando as mãos pelos cabelos loiros - que droga, você que a avisou??

Claro que não!! - exclamou Miguel - Eu tenho amor a minha vida!

Tudo bem, eu sei foi uma pergunta absurda, enfim não há nada que eu possa fazer o jeito é enfrenta-la, imagina quando ela souber que a Alicia tem uma namorada!

Quero nem pensar, sabes que ela vai descontar em você não é meu bem? - Anna-Lú assentiu e Miguel continuou - Pois bem, prepare seu espírito porque a Flávia está aí com a Alicia.

Bom eu vou ver a Alicia e falar com o médico me avisa quando ela chegar - falou Anna-Lú.

O quê?? Vais me deixar aqui pra esperar a Maggie? Sem nenhum colete a prova de balas ou quem sabe umas barricadas que sirvam de trincheiras?? - exclamou Miguel.

Não seja fresco, não combina com você...eu vou e volto. Prometo! - falou dando um leve tapinha no ombro esquerdo de Miguel.

Era incrível como a relação entre Alicia e Carol melhorara nas últimas semanas, era como se estivessem recuperando o tempo que perderam com inúmeras discussões, Alicia já não sentia a repulsa que nutriu por muito tempo e Carol já aceitava que a filha tivesse uma namorada. Vinte minutos mais tarde ela conversava animadamente com Flávia e Alicia no quarto quando a porta escancarou-se de uma só vez...era ela e Carol simplesmente congelou.

Viúva, Maggie Álvares Vandré - alta, de cabelos castanhos claríssimos, apesar do peso da idade ainda esbanjava a beleza e a delicadeza de quando fora modelo. E estava ainda mais bonita do quê a última vez em que Carol a vira, seu nariz delicadamente reto era perfeito, olhos azul-celestes os cabelos arrumados em um elegantíssimo coque, a maquiagem nem se fala de tão perfeita e ela jamais admitiria ter feito qualquer intervenção cirúrgica. A mãe de Carol era assim, imponente e altiva, e por mais que Carol a amasse jamais conseguira aproximar-se dela. A senhora Maggie Vandré nem se deu ao trabalho de cumprimentar Carol ou Flávia e caminhou até a cabeceira de Alicia e lá postou-se ereta como sempre.

Olá minha pequena, como você está?? - perguntou diretamente para Alicia.

Oi Maggie, eu estou cada dia melhor e vou poder sair hoje deste lugar, já não aguentava mais olhar para essas paredes brancas e azuis.

Oh, eu posso imaginar minha querida... - a senhora Vandré iria continuar, mas foi interrompida por Carol.

Detesto interromper, mas já interrompendo. Olá pra você também mamãe! - falou Carol.

Tantos anos e você continua a mesma filha desrespeitosa de sempre - disse com desdém.

Só porque eu a chamei de mamãe?? Ora Maggie, é incrível como o tempo passa e algumas coisas nunca mudam, não é mesmo?!

Custa-me, porém devo concordar com sua colocação. Você como um ótimo exemplo disto continua a querer desafiar-me. Estás vendo, sempre achei que Artur fosse um completo idiota, mas deixar a Alicia com você é ser duplamente imbecil.

Ora Maggie...eu sou a mãe de Alicia, nada mais normal. E eu não preciso desafiá-la - respondeu cautelosamente.

Você não teria mesmo chance... Mas, enfim vim para levar Alicia para casa comigo - falou olhando diretamente para Carol.

Alicia se alarmou no mesmo instante em que a frase foi terminada e repetiu "não" e "por favor" silenciosamente para Carol, que por sua vez estremeceu internamente com a ordem imposta pela mãe, mas juntou todo fio de coragem que ainda tinha e respondeu da maneira mais firme que conseguia.

De forma nenhuma Maggie, Alicia é minha filha, minha responsabilidade e portanto, irá para casa comigo.

A senhora Vandré ficou um pouco impressionada com reação tão imediata da filha, porém nem por isso deixou-se abalar e tocou-lha onde mais doía.

Engraçado você falar sobre isso Carolina - disse com desprezo - pensei que uma pessoa como você desconhecesse o significado de palavras como filha ou responsabilidade, pra quem abandonou a filha por tantos anos me parece um caráter um tanto quanto bipolar, não acha??

Carolina quase desabou com aquelas palavras e Flávia que estava bem ao lado de Carol percebendo sua fragilidade segurou sua mão apertando suavemente, Carol então, inspirou profundamente e sufocando toda a dor que sentia tentou responder a altura.

Que bom que você acha assim Maggie, podemos concluir então que não somos tão diferentes assim não é mamãe?? Em matéria de abandono minha escola foi você! Alicia irá comigo para nossa casa e está decidido, e acho que essa visita já terminou, passar bem Maggie - concluiu mostrando a saída.

Agora a senhora Vandré ficou perplexa com a resposta desconcertante da filha e saiu sem se despedir.

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Comentários

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Eita que as coisas esquentaram! Muito bom amor!

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