João Marco deu entrada na Emergência do Hospital Samaritano exatamente as 18:25 h de uma noite sem lua. O estado dele era considerado preocupante por conta do desmaio que ainda o acometia e assim que as portas do lugar fecharam, Guilermo Junior sentou num banco de espera sentindo sua cabeça explodir.
Quase uma duas horas e meia haviam passado quando seu celular vibrou...
_ Alô...
_ Meu querido me diz o que posso fazer por você e o João... Sua secretária Solange ligou e não me disse coisa com coisa. Liguei milhões de vezes pra você e pra ele e nada de ninguém me atender... O que tá acontecendo Guilermo? Foram essas as primeiras palavras de SS assim que ele atendeu a ligação.
_ Olá minha querida. Eu tô com medo, SS. Nesse exato momento estou num hospital da periferia a espera de alguma notícia do João... Ele foi brutalmente espancado por um cara que morreu e eu estou completamente perdido... Ele me ligou e falou que tava correndo perigo e precisava da minha ajuda... E eu não pude chegar a tempo de nada... A voz de Guilermo falhou e ele chorou de puro desespero.
_ Me diz onde fica esse Hospital que vou encontrar com você agora mesmo. E tenta ser forte meu querido. Vai dar tudo certo. O Freitas vai me levar... Alguns minutos depois a ligação foi encerrada.
Guilermo não ficou sozinho por muito tempo pois Sonia a Patricia Arraes adentraram as dependências do lugar como duas malucas ao se dirigirem até a recepção.
_ Boa noite jovem... João Marco Lacerda Silva deu entrada nesse Hospital por volta das 18:30 h. Tem como você confirmar essa informação?
_ A Senhora é alguém da família do rapaz? E olhou para a chic Patricia Arraes com cara de poucos amigos.
_ Na verdade vou ser a sogra dele pois ele tá noivo da minha filha... E cutucou três vezes as costelas da prima Sonia Arraes que finalmente se manifestou...
_ Isso mesmo, moça. Por favor me diz se meu noivo tá aqui... Por favor.
_ Sinceramente a informação procede, o rapaz que procuram deu entrada na emergência por volta das 18:25 h e neste exato momento tá passando por uma cirurgia reparadora. Agora a cirurgia só esta sendo realizada porque o companheiro dele assinou o termo de autorização. E isso é um tanto entranho, não acham?
As duas se olharam abismadas e Patricia disse...
_ Onde posso encontrar esse tal companheiro do meu futuro genro, querida? E sustentou o olhar de deboche da recepcionista do Hospital Samaritano.
_ Sigam por este corredor e dobrem a direita no final dele. Lá há uma sala de espera e acredito que o rival da sua filha estará lá, querida.
_ Obrigada pela informação, fofa...
_ Estarei por aqui caso vocês precisem de mais informações, linda.
Patricia entrelaçou os dedos da mão na mão da prima Sonia e as duas caíram na gargalhada enquanto seguiam pelo corredor...
_ Patricia, que babado forte. O João Marco tem um companheiro e nós nunca soubemos disso. Quem será o caso dele?
_ Sonia, eu não faço a menor ideia. Concordo que saber disso dessa forma é um babado forte... Só que eu tô mesmo é aflita pelo João Marco.
As duas finalmente dobraram na direção indicada pela recepcionista e poucos passos a frente encontraram um jovem com a cabeça baixa e o rosto coberto pelas mão. Sonia cutucou Patricia e indicou o cara bem vestido que lá se encontrava. As duas então se aproximaram e Guilermo levantou a cabeça pra saber quem estava chegando.
_ Gui, que surpresa te encontrar aqui... Falou Patricia.
_ Olá Patricia. Então você soube o que aconteceu com o João Marco? E os dois se cumprimentaram com um abraço e Gui lhe deu um beijo no rosto sendo retribuído pela amiga.
_ Infelizmente fomos contatados pela própria Polícia porque o carro que ele tava dirigindo era da empresa. O que na verdade aconteceu, Gui? Que loucura é essa de espancamento, morte e ele como o centro de tudo isso? E todos voltaram a sentar.
_ Sei o mesmo que você, minha cara. Nós falamos logo após o coquetel acabar e ele garantiu que nos encontraríamos por volta das 20:00 h. Aí pouco tempo depois dele sair da minha sala, ele volta a me ligar me pedindo ajuda e a partir daí eu só fui voltar a encontrá-lo numa ambulância vindo pra cá.
_ A moça da recepção me disse que o companheiro dele foi quem autorizou a cirurgia a que ele tá sendo submetido nesse exato momento...
_ Isso mesmo Patricia. Eu tive que assinar um monte de documentos para que ele pudesse ser operado. Me disseram que tivemos sorte porque um dos maiores cirurgiões plásticos do Estado veio fazer várias cirurgias reparadoras por conta de um projeto e eu fiz questão de falar com ele pessoalmente para que o João ficasse sob seus cuidados.
_ Então você e o João...???
_ Isso mesmo, Patricia. Eu amo aquele cara que agora esta numa das salas desse hospital lutando pela vida dele. Eu tô desesperado por não poder estar por perto. Eu sinto, Patricia que ele precisa de mim e tá pensando em mim... Deus como eu tô com medo.
_ Calma Gui. O João é um rapaz maravilhoso e esse tipo de provação parece ser comum para pessoas que lutam sempre e conseguem vitórias impressionantes. Fico feliz por vocês serem uma dupla, na verdade um casal... Nunca duvide que tudo vai dar certo e rapidinho ele voltará pra gente.
_ Obrigado pelas palavras, Patricia. Obrigado também pelo apoio. Quem sejam a mais pura verdade tuas palavras.
Quase uma hora depois de falar com a querida Sandra Silva, a mesma apontou na sala de recepção do Hospital e após falar com a jovem recepcionista correu ao encontro do seu querido Guilermo. Ele a viu e por alguma razão a emoção foi maior do que qualquer coisa que pudesse ser dita. Gui a abraçou e não teve vergonha de chorar um choro sentido que estava preso em seu peito. SS o acariciou e após fazê-lo sentar o manteve em seu peito por um longo tempo. Sonia e a prima Patricia os olhavam com ternura e emoção. Ali não havia uma relação de babá ou uma mera empregada. Ali havia amor de mãe e carência de filho.
Outras duas horas passaram e assim que Guilermo viu o cirurgião plástico renomado que falara com ele antes da cirurgia ser realizada levantou rapidamente e apertou a mão do homem ...
_ Tenho excelentes notícias. O jovem João Marco agora esta bem. Ele teve a mandíbula direita quebrada e também o nariz. A violência que esse rapaz sofreu foi no mínimo perversa. Duas costelas foram quebradas e perfuraram o pulmão direito. O princípio de hemorragia foi logo estancado e graças a Deus tudo esta bem agora. Antes da cirurgia começar ele acordou do provável desmaio que havia sofrido e perguntou por alguém que ele chama de Nego.
Guilermo ficou vermelho com a fala do médico e disse meio tímido...
_ Eu sou o Nego a quem ele se referiu, Doutor. Somos um casal há pouco tempo e se tudo der certo o seremos pra sempre.
_ Que seja assim então, rapaz. Ele será levado pro quarto dentro de mais alguns minutos e será bom se alguém puder ficar com ele.
_ Quanto a isso, o senhor nem precisa se preocupar.Falou Patricia Arraes.
_ Pelo visto o rapaz é querido... falou o Médico já se despedindo de todos.
_ O senhor nem imagina o quanto... respondeu SS.
Antes de também se despedir dos amigos Patricia falou com Gui...
_ Não acho que seja bom ligar a essa hora da noite, quase madrugada, para a família dele Gui. Eu vou até a casa dos pais dele pessoalmente pela manhã e darei a notícia de forma mais amenizada. O João Marco sempre foi muito reservado sobre sua vida privada e acredito que os pais nada saibam sobre ele, entende? Até lá você terá algum tempo para se preparar para um provável embate, caso haja algum meu querido.
_ Mais uma vez Patricia, obrigado. Você quer que meu motorista te acompanhe durante sua volta?
_ Não Gui, não há a menor necessidade disso. Rapidinho chegaremos em casa. Até breve meu querido e agora vá lá pro seu amado. Boa noite. Até logo Sandra.
Sandra falou com as duas e logo em seguida acompanhou juntamente com Gui a maca que conduzia João Marco até o quarto em que ficaria. Ele finalmente foi instalado na cama do pequeno apartamento em que ficaria hospitalizado até que Guilermo conseguisse a sua transferência para uma Clínica Particular e carinhosamente foi beijado na mão direita pelo amado.
Após alguns minutos Sandra Silva foi pra casa a pedido de Guilermo e ele atendeu finalmente a ligação tão esperada do Dr. Francisco Porto.
_ Boa noite Dr. Porto.
_ Boa noite Guilermo.
_ O que o senhor conseguiu apurar dessa loucura toda?
_ Pelas investigações iniciais, o crime tá sendo visto como passional onde o jovem João Marco, a vítima e a assassina fazem ou faziam parte de um triângulo amoroso. A principal testemunha, Maria Deusa do Carmo Vale, vizinha do casal em questão afirmou perante o delegado indicado para o caso que o jovem que foi espancado que ela nunca tinha visto na vida falou algo sobre estar sofrendo nas mãos do seu vizinho e que precisava da ajuda da esposa do mesmo para dar um fim ao seu sofrimento. Outras testemunhas oculares disseram no calor da ocorrência que a senhora Maria Alice sofri maus tratos do marido há tempo e que a mesma ficou bastante penalizada pelo que o rapaz lhe contou. Ela agiu sob forte emoção, disso não há dúvidas.
_ E como fica a situação do João Marco nisso tudo Dr. Porto?
_ Ele não pode ser apontado como co-autor do assassinato. Na verdade ele poderá ser uma testemunha na defesa da mulher do Policial.
_ Quero que o senhor a represente. Pra mim esta claro que tanto ela como o meu amado sofreram nas mãos desse desgraçado que foi morto.
_ Tomarei todas as providências com relação a isso. E como esta o jovem João marco?
_ Agora ele esta bem melhor, obrigado. E Dr. Porto muito obrigado por ter vindo a minha procura. Se meu pai confiou no senhor há um tempo atrás eu quero fazer o mesmo no tempo presente. Posso contar com sua presença no início da tarde em meu escritório?
_ Com certeza, Guilermo. Passarei toda a manhã cuidando desse caso da D. Maria Alice e por volta das 14:00 h espero estar livre pra poder atender ao senhor.
_ Que assim seja então, Dr. Porto. Bom descanso e até logo mais.
Guilermo pegou a cadeira de plástico que estava no canto da parede e trouxe pra perto da cama. Sentou e segurou a mão do amado que estava livre. João Marco dormia serenamente e Gui por um longo tempo apenas o olhava com toda a ternura do mundo.
Durante a madrugada as enfermeiras vieram trocar o soro e ministrar a medicação por várias vezes e no início da manhã após voltar da cantina do lugar onde tomou um café forte e delicioso, Guilermo foi saudado por João que falou debilmente...
_ Você... Veio... Nego. E lentamente ele levantou a mão livre.
Gui a segurou, a beijou e disse...
_ E virei sempre que você chamar, Amor.
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Meus queridos amigos o papo pode até não acontecer mas é uma obrigação postar pelo menos o conto. Muito obrigado pelo carinho de sempre e que todos tenham uma excelente quinta-feira. Beijo do Nando Mota.