Caminhei apressada. Trombando em quase todo mundo. As calçadas estavam cheias de gente naquela hora. Pudera, já eram quase às 18h. Ouvia meu celular tocar dentro da bolsa, mas não pensava em pegá-lo. Queria distância de tudo e de todos. Quase todos, na verdade.
Só peguei meu celular quando cheguei no carro. Digitei rápido e enviei pra ele: “é hoje”. Eu já dirigia para casa quando ele respondeu: “O que é hoje?”. Com certa destreza e sem qualquer medo das consequências respondi enquanto dirigia. Disse-lhe que hoje era o dia daquilo que ele sempre me pediu e eu nunca tive coragem de fazer.
Ri de canto imaginando sua cara enquanto lia minha mensagem eu quanto ele estaria surpreso. Também contava de cabeça o tempo que fazia que não nos víamos. Me surpreendi quando me dei conta que faziam pouco mais de dois anos desde a última vez que havíamos nos encontrado. Dois anos é tempo suficiente para mudar muita coisa. Será que ele estava como? Será que ele estaria casado já? Milhões de perguntas, as quais eu não tinha resposta de nenhuma, bagunçavam minha cabeça.
A bem da verdade, as respostas àquelas perguntas não importavam. A notícia que eu recebera a pouco mudava tudo na minha vida e a partir daquele momento nada além do que minhas satisfações pessoais importavam. Eu não tinha mais medo de nada, eu não tinha mais medo de viver.
“Onde?”. Ele respondeu. Meu coração já acelerado insistia em acelerar ainda mais. Parecia explodir dentro do peito. Respondi que seria no meu apartamento, aquele, o mesmo de sempre, e que ele estivesse lá às 20 horas. Eu já estacionava o carro na garagem quando recebi uma nova mensagem dele: “Posso te ligar?”. “Não pode”, respondi. “Esteja no meu apto, às 20h”.
Eu sabia que ele era pontual. Irritantemente pontual, às vezes, e que por isso chegaria no horário imposto por mim. Lá estava eu em frente ao espelho. Eu acho que nunca estive tão bonita. Arrumo o cabelo, me olho de perfil, de costas... é, eu tenho certeza que eu nunca estive tão bonita.
Poucas horas antes eu recebera a notícia de que a leucemia que eu portava havia avançado. Mais do que isso, estava em estágio tão avançado que eu não resistiria por muito tempo sem um transplante. Não quis falar com ninguém, não queria ficar tendo que explicar tudo aquilo de novo. Eu só queria relaxar.
Sexo era meu escape. Uns bebem, outros choram. Eu dava. E dava com gosto, com tesão, com paixão. Eu pecava com orgulho. E pecaria muito naquela noite com um velho conhecido.
Era oito horas e dois minutos quando o interfone soou. Era ele. Eu, já tomada banho, vestia uma saia preta e blusa branca. Para agilizar estava sem roupa de baixo já. Quando ele chegou ao meu andar encontrou a porta do meu apartamento já entreaberta. Senti de longe seu perfume, ele sempre foi cheiroso. Eu o esperava na sala com seu vinho preferido. Há tempos perdi as contas de quantos Merlot daqueles havíamos dividido.
A cara que ele fez quando me viu demonstrava o misto de seus sentimentos. Ele estava confuso, não entendia o porquê daquela mensagem àquela hora. Estava feliz também em ver que eu continuava gostosa, ou mais, de quando estávamos juntos. Seus olhos percorriam meu corpo de cima a baixo e falavam que também tinham dúvidas como as minhas.
- Oi Ana, ele disse. Respondi com um olá educado estendendo o braço para alcançar-lhe uma taça de vinho. Pensei em brindar, mas não sabia a que. Ele meio que adivinhando juntou sua taça na minha e disse:
- À vida!
Cheirou o vinho e deu o primeiro gole curto. Sorriu ao perceber o vinho que tomara.
- Sabe Ana, nunca mais tomei esse vinho. Nunca, nada, nem um gole.
- Trocou de preferência, imagino. - Brinquei com ele.
- Não, apenas guardei o momento. Sempre quis bebê-lo de novo, e eu sabia que um dia iria. E contigo.
Eu não queria e muito menos tinha tempo para falação. Não respondi, virei as costas, virei a taça e tomei tudo em um gole. Larguei-a na mesa e fui em direção ao meu quarto. O caminho ele sabia decor.
Frente a frente no quarto, chegamos o mais perto desde então. Nos beijamos. Quente e delicadamente. Sem pressa. Sua mão no meu pescoço livre. Minhas mãos tirando sua camisa. Nossos corpos juntos de novo naquela cama. Nos conhecíamos, foram 6 anos aprendendo sobre o outro.
Os beijos não cessaram, nem mesmo enquanto nos despíamos. Ele, nas preliminares, era sistemático. Não era ruim, veja bem, pelo contrário. Nunca ninguém me fez gozar como ele fazia. Seu corpo sobre o meu, sua boca ia descendo. Arrepiava-me os seios com sua boca enquanto suas mãos passeavam por mim. Seguia descendo, beijava minhas coxas, começava por cima e avançava para a parte interna. Eu me arrepiava toda.
Senti sua respiração. Sua boca chegara ao destino. Movia-se como se me beijasse minha boca. Começava pelas beiradas. Beijava e lambia. Delicado, mas com fome. Deixava eu me acostumar com sua presença. Ele compreendia meus movimentos. Sua língua chegava ao meu clitóris e se eu me demonstrasse arisca ele não insistia e recuava.
Eu sempre amei a língua dele, era poderosa. Ele sabia disso. Quando se afastou um pouco de mim eu já sabia o que era pra fazer. Deitou-se com as costas na cama e eu montei em sua língua. Como nos velhos tempos, suas mãos agarravam minha bunda e eu me derretia na sua boca. Tinha que me apoiar na cabeceira da cama para não cair.
Assim, desse jeito, eu enlouquecia. Meu corpo ficava livre para se movimentar na sua língua, enquanto ele me chupava com maestria. Eu tinha saudades daquilo. O sexo entre nós sempre foi algo superior, meu corpo parecia andar em nuvens toda a vez, toda a santa vez. Não demorou para eu gozar. Meus gemidos avisaram que estava na hora, meus quadris rebeldes movimentavam-se por conta própria. Gozei muito antes das minhas pernas não me sustentarem mais. Caí ao seu lado, ofegante e arrepiada. Qualquer contato com meu clitóris ali naquele momento me faria infartar, sem dúvida.
Ao seu lado vi sua cara lambuzada. Como em tantas outras vezes acompanhando seu sorriso. Ele adorava me fazer gozar. Excelente é assim, ele te faz gozar e está aí do seu lado, sorrindo e de pau duro.
Enquanto eu me recuperava me fazia carinho, entendia que eu precisava daquele momento. Recuperada e completamente encharcada de tesão voltei para sobre seu corpo e entre beijos e carícias, seu pau foi deslizando para dentro de mim. Ergui meu corpo permanecendo sentada sobre o dele. Rebolei naquele delícia de pau, subi e desci arrancando-lhe gemidos e batimentos acelerados enquanto suas mãos se revezavam por todas as partes onde elas alcançavam.
Pelo braço ele me puxou pra junto dele e com desenvoltura me colocou deitada na cama e abraçado em mim me comia. Não falávamos, não havia diálogo. Não importava o porquê estávamos ali, mas importava sim que estivéssemos.
Socou firme e forte. Eu sabia que estava prestes a ter o seu orgasmo também. O primeiro era sempre breve e farto. Mexia meu quadril e com as pernas eu o puxava ainda mais para dentro de mim. Até ele tirar tudo e, praticamente, me dar um banho de porra. Era tanta que escorria pela barriga e pelas pernas.
Como antes era, estendeu o braço abrindo a gaveta na cômoda à esquerda da cama e pegou um lenço para me limpar. No meu apartamento pouca coisa havia sido mudada, então era como se ele nunca tivesse saído dali.
Seu pau permanecia em riste. Sabia que havia mais para acontecer. Na mesma gaveta do lenço havia lubrificante, entreguei em suas mãos como quem entrega um alvará de autorização. Não precisei falar nada, sabíamos tudo. Sua boca voltou a atenção à minha buceta, o tarado ia me fazer gozar de novo. Enquanto com seus dedos trabalhava em outro ponto. Anal era um pedido antigo dele. Nunca cedi, sempre tive medo, fui boba eu sei. Mas hoje não mais.
Senti ele já me invadir por trás enquanto novamente lambuzava-se a boca entre minhas pernas. Eu só sabia – e conseguia – gemer. Gozei mais uma vez, mais uma vez na sua boca. Ele então me colocou de quatro, a preferida dele, dizia que aquela era a imagem da perfeição. Sempre exagerado. Lubrificou um pouco mais. Eu, de costas, apenas senti a cabeça pressionar um pouco. Entrou me rasgando, mas resisti. Ali ficamos por um tempo, acostumando com a nova situação.
Aos poucos e com movimentos leves comecei a sentir prazer. Suas mãos me seguravam com firmeza pela cintura. Eu sentia tesão.Eu sentia desejo.
- Me fode! Fode meu cu! Põe essa rola toda dentro de mim!
Nunca fui do tipo que falava coisas do tipo, mas quem era eu agora afinal? Eu não era mais a mesma. Seu pau entrava e saía com voracidade. Estava sendo devorada por aquele que melhor o sabia fazer. Recebi tapas na bunda, fui chamada de linda, de gostosa, mas eu queria mais. Eu gemia tão alto que tenho certeza que os vizinhos mais próximos me ouviram, não que eu me importasse, isso agora até me excitava.
O apartamento era tomado pelos sons de nossos corpos se chocando, meus gemidos ecoavam e nossa respiração parecia sincronizada. Ele me comia como que se soubesse que seria a última vez. A despedida. Socava aquele pau delicioso no qual tanto já gozei. Me pegava pela cintura, me pegava pelo cabelo.
Ali, de quatro, me entreguei completamente como nunca havia me entregue. Saciei um desejo, acalmei algumas angústias e gozei, gozei muito. Puta que pariu, como gozei!
Ele deitado de costas para a cama e eu com a cabeça sobre seu peito.
- Ana, eu tenho coisas para contar. - Ele disse, quase que em tom de desabafo.
- Eu também, eu também...
- Estou morando no Rio. Eu casei.. - Meus olhos quiseram iniciar um choro. - E você, o que tem para contar?
- Nada, não tenho nada.