Fiquei parado por segundos a fio, estático, vendo aquela cena, em silêncio e o encarando de forma frenética, enquanto que ele não conseguia nem ao menos fazer o mesmo, pois estava de cabeça baixa e chorando compassadamente. Meu sorriso que estava em minha face sumiu vagarosamente ao vê-lo parado em minha porta. Várias perguntas e insinuações me vieram a cabeça naquele momento: "Como o porque dele estar ali?" "E como ele chegou até aqui?" "Como ele sabia onde eu estava?" "Quem o contou?" "Com que dinheiro viajou?" "Porque estava chorando?". Tudo isso e muito mais vinham e iam em minha cabeça procurando uma solução. Encarava-o firmemente e eu só conseguia ouvi-lo chorar, fazendo aquele barulhinho de estar puchando o catarro do nariz haha. Era uma cena de dar dó...
Passaram-se alguns minutos e nada dele se pronunciar e enquanto ele estava nesse momento de fragilidade, o observei. Lucas estava mais másculo, corpo grande, forte, loiro e um corte de cabelo perfeito, olhos ainda claros, mas vermelho por tanto chorar e roupas bonitas e caras, coisa que ele sempre possuiu. Como observei seus olhos? Simples, enquanto fazia uma análise dele, ele me flagrou. E ao encarar-me tímido, se fez pronunciar:
Lucas: Eu posso entrar? - perguntou.
Eu: .....
Lucas: Sei que está sendo estranho me ver aqui depois de tanto tempo... - interrompi.
Eu: Estranho mesmo!
Lucas: Entro ou não? Assim, posso explicar o motivo disso tudo, ou pelo menos tentar... - encarou-me.
Eu:Hãn! Entre! - falei dando passagem para sua entrada.
Lucas passou por mim vagarosamente e consigo vinha uma mala e uma mochila. "Será que ele está pensando em ficar no meu ap? Tomara que não" ou "Será que ele chegou agora de viagem e veio direto me encontrar?". Ele caminhou até onde se encontrava minha humilde e espaçosa sala e parou, olhou ao redor e sorriu satisfeito. Fechei a porta e me encaminhei em sua direção, chegando próximo onde estava, ele me olhou fixamente e em seus olhos um brilho fascinante se mostrava, era como se ele estivesse vendo a lua, brilhosa e extremamente linda. Um olhar que transparecia felicidade e amor. AMOR??
Lucas: Meu bem! - ao ouvir isso, lembrei-me do passado - eu... - olhou-me e começou novamente, percebendo meu desconforto ao "apelido" - Gabriel eu tive grandes problemas com a divulgação daquele vídeo, me perdoe por favor, eu não sabia que as consequências seriam tão grandes! - avançou sobre mim e segurou-me as mãos - Após minha mãe saber do ocorrido, ela surtou, me chingou, deu sermão, e outras coisas, mas o pior foi meu pai, quando ele chegou em casa, mamãe contou tudo a ele, que em seguida subiu ao meu quarto e começou a me bater e chingar, dizendo que eu era um fracasso de ser humano e que não merecia um filho assim...
Enquanto falava, seus olhos deixavam cair pequenas gotas d'água, e vendo seu estado, desvincilhei-me de suas mãos e fui a cozinha pegar um pouco de água para ver se ajudava. Ainda estava inerte com toda a situação, por isso não o tinha mandado embora. Lucas tomou a água em um gole e continuou:
Lucas: ....assim que meu pai saiu do meu quarto, fiquei sozinho sentindo dores em todo o meu corpo e mesmo estando neste estado, tomei um banho e arrumei todas as minhas coisas nessas malas que trouxe pra cá. Fuji de madrugada de casa, dormi na rodoviária e com um dinheiro que tinha guardado fui pra casa de meu primo, ele mora sozinho e sempre foi como um irmão pra mim, contava tudo pra ele até mesmo meus segredos mais íntimos. - nessa parte ele olhou pra mim e sorriu - Quando cheguei em sua casa, foi um interrogatório grande da parte dele, ao qual respondi todas as perguntas que ele queria saber. Ele me abrigou e me deixou protegido de todos, me levava à escola no tempo em que você estava internado no hospital e num desses dias lembro que vi você e seus pais, não conseguia parar de te olhar, coisa que você não fez o mesmo. - sorriu amargo e continuou - Sei que vacilei muito contigo e me arrependo, tentei te procurar e levei um balde de água fria, fui atrás de notícias suas à alguns meses atrás, para dizer a verdade, mas seus vizinhos disseram-me que tu tinha viajado e não sabiam pra onde e nem se voltava... - abaixou a cabeça.
Que história mais estranha. Não sei se devo perdoa-lo ou não, ou se devo acreditar no que fala. Mas sinto sinceridade em suas palavras, coisa que nunca senti no passado, somente uma vez senti-a. Mas foi uma armação...
Lucas: Mesmo você tendo viajado, fui outra vez em sua casa e tive pela primeira vez coragem para falar com seus pais, depois de tudo que aconteceu. Bati na porta algumas vezes e nada deles virem abri-la, então quando já estava quase desistindo, eles abriram-a. Me deixaram entrar e me ouviram desde o início, contei tudo a eles e ficou decido de eu vir pra cá, com eles bancando a viagem, mas só consegui aceitar o pedido agora, pois estava a espera do término das aulas!. - suspirou - Você deve estar pensando porque eles pagariam uma viagem pra mim vir atrás do filho deles né? Mas eu não tenho como responder essa pergunta com palavras, mas sim com gestos....
Nesse momento Lucas começa a se aproximar de mim, fiquei nervoso e comecei a suar frio. Caí no sofá sentado e ele aproveitando a deixa, sentou ao lado e avançou. Sua respiração estava forte, a minha também e quando nossos lábios iam se fundir, a campainha toca e nos tira daquele transe. Eu iria beijar ele mesmo? Porque ele estava fazendo isso?
Levantei-me as pressas e me recompus até a porta, deixando Lucas estático no sofá. Abri a porta e fui agarrado por braços grandes e fortes, chamando a atenção de quem já se encontrava na casa, olhei surpreso para a pessoa a minha frente e sorri largamente, Dawi estava sorrindo safadamente enquanto vinha em meu encontro, beijando-me o rosto e pousando sua cabeça em meu pescoço, aspirando suavemente meu perfume. Após o abraço, olhei para trás e peguei Lucas fuzilando mortalmente Dawi, aquilo me deixou desconfiado e inquieto. Será?. Dei passagem a Dawi que até o momento não tinha visto Lucas e o deixei entrar, ele entrou e parou encarando Lucas. Pelo jeito aquela seria uma grande noite....
Puchei Dawi até a sala e apresentei Lucas a ele. Os dois se comprimentaram, mas Lucas em momento algum deixou de fuzilar o outro e amarrar a cara. Dawi não se intimidou.
Dawi: Prazer cara! Gabriel nunca me falou de você. - disse debochado.
Lucas: Prazer! - olhou para mim - Ele não falou de mim, pois faz um tempinho que não nos viamos! - sorriu cínico.
Dawi: Entendi.
Vocês devem estar se perguntado como Dawi está conversando normalmente com Lucas né? A resposta é fácil, Dawi fazia um curso linguístico para aprender o português do Brasil. O curso ajudou muito ele e hoje ele fala quase fluentemente a língua, só barra algumas palavras haha.
O silêncio pairou sobre o local e como já estava a noite, pedi uma pizza e chamei os dois para me acompanharem. Enquanto ela não chegava, conversamos coisas banais, até certo momento...
Dawi: O que fez você Lucas cair em nosso berço? - perguntou curioso.
Lucas: Vim atrás de uma pessoa especial que a um tempo atrás perdi por ser um babaca.. - olhou disfarçadamente a minha direção, mas foi flagrado.
Lucas: Mas me diga, como você fala português num país de língua inglesa? - perguntou curioso a Dawi.
Dawi: Faço um curso de línguas e resolvi aprender o português do Brasil, língua difícil de se aprender, mas nesses 2 anos já consigo falar fluente. Pretendo abrir negócios em seu país!
Lucas: Entendo e agradeço! - sorriu.
A pizza chegou e jantamos calmamente, Dawi e eu conversamos o jantar inteiro, enquanto que Lucas observava nossa "sintonia". Os assuntos eram os mais clássicos possíveis, desde festas, amigos, estudos, até roupas e acessórios. Dawi era hétero convicto, até tentou ficar comigo, mas depois de beija-lo, disse-me que a coisa dele era mesmo mulher. Depois disso, não tentamos mais nada e nossa amizade se fortaleceu ainda mais. Em certo ponto da noite, após o jantar, Dawi vendo que Lucas estava desconfortável e irritado com sua presença, se despediu e foi embora.
Lucas: Até que enfim! Mas quem é esse cara? - perguntou.
Eu: Ele é meu amigo e não devo satisfação nenhuma da minha vida para você! - olhei-o - Aliás, onde pensa que irá passar a noite?
Lucas: Pensei que poderia passar por aqui... - disse bem sem graça.
Eu: Pensou errado!
Lucas: So por hoje, amanhã procuro um lugar pra ir! Não conheço nada por aqui..
Eu: Tá legal, mas só por hoje!
Naquela noite nada de importante aconteceu. A semana e o mês se passou normalmente, Lucas ainda encontrava-se hospedado em minha casa, mas já buscava se manter financeiramente. Dawi e ele se tornaram amigos, assim que pedi a Lucas para dar uma chance ao ruivo.
Certa noite, após passar o dia inteiro com Dawi no shopping atrás de uma roupa para ele sair com uma menina, encontrei Lucas aprontando o jantar, a mesa já estava posta e o cheiro que vinha da cozinha era de se lamber os beiços. Assim que me viu veio em minha direção e segurando meu rosto, beijou-me desprevinido.
Eu: O que está fazendo? - perguntei após sair daquele beijo gostoso.
Ele não disse nada, correu até a cozinha, pegou a comida que ainda faltava ser posta a mesa e voltou a mim, pegou em minhas mãos e disse:
Lucas: Biel, meu bem, posso te chamar assim né? - acenei positivo - Sei que nos "conhecemos" a pouco tempo, mas não consigo esconder isso mais!. Eu sempre te amei, sei que fui imaturo, mas isso so ocorreu porque eu estava inseguro e com medo do que poderia acontecer no futuro, quando minha família e amigos descobrissem - abaixou a cabeça e logo depois a levantou com os olhos molhados -, mas com tudo que aconteceu aquele dia, percebi a burrada que me meti e o estrago que fiz em nossa "relação". - sorriu e aioelhou-se em minha frente - Caso não aceite meu pedido, sei que pelo menos eu tentei. Me perdoe meu amor, mas você ACEITA NAMORAR COMIGO? SER PRA SEMPRE O ÚNICO HOMEM DA MINHA VIDA? - pausa - Pois não pretendo ter outro!
Essa declaração me pegou de surpresa, sentimentos que foram esquecidos voltaram com toda força, mas ainda tinha medo de acabar me decepcionando. Ele esperava uma resposta minha e eu não sabia qual dar.
Lucas: E então, aceita ou não namorar comigo? - disse esperançoso.
Sem dar uma resposta de verdade, sai correndo pela perta o deixando chamar pelo meu nome. O seu grito era dedesesperove antes de pisar no elevador o sinto me pegar pelos braços e dizer:
Lucas: Já te perdi uma vez! Não quero perder outra! Me dá uma chance? - lágrimas escorriam de seus lindos olhos e isso acabou mechendo comigo.
Ficamos em silêncio, pensei em tudo que passei por causa dele, o amor reprimido, a dor de ser humilhado e espancado, o seu olhar inigmático, entre outras coisas. Tudo isso me fez chegar a uma conclusão, a de que o coração não escolhe nada com razão, ele apenas ama! E assim decidi dar uma chance..
Levantei sua cabeça, pousei as mãos em seu rosto, me aproximei do mesmo e lambi suas lágrimas o fazendo sorrir lindamente, após esse gesto, colei meus lábios ao seus e deixei que nossos corações tocassem uma melodia. E vendo-o daquele jeito tão frágil, tive a certeza de que nunca tinha-o deixado de amar. Aquele loiro Shrek, foi e sempre será meu único e grande amor!
Eu: Eu aceito! - sussurei em seu ouvido.
Voltamos ao Ap e lá jantamos, uma comida diferente com gostinho e uma pitada de amor.
______________________________________________________________________________________
sol123: Que bom que estás gostando! Isso me motiva muito :)
Vi-nícius...: Sim, toda quinta! Não posso publicar todos os dias por falta de tempo para escrita, ando muito ocupado e preocupado haha. Espero que continue gostando, abraço.
gatinho02: Obrigado por responder, não entendi muito o que você quis dizer no e-mail, mas só por ter lido me agrada muito! Abraço.
AleSobreu: Obrigado, espero continuar o agradando! Abraço.
Anjo Apaixonado: Obrigado, espero que goste da continuação! Abraço.
BDSP: Também gosto, mas esse conto não é necessariamente em base na escola, é um pequeno relato de uma história que teve um rompimento, creio eu haha! Abraço.
Grazy S2: Que bom que gostasse, espero que agrade pra ti a continuação! Abraço.
Helloo: Obrigado, espero que continue o agradando! Abraço.
LC..pereira: Obrigado, espero agrada-lo com a continuação! Abraço.
Tazmania: Obrigado, eu queria ter postado nos primeiros segundos do ano, mas o Facebook não deixou haha! Abraço.
TRenattoZ: Obrigado! Haha o conto não terá muito isso, mas seria muito bom e cômico se houvesse! Abraço.
Geomateus: Haha tudo tem uma explicação! Abraço.
Luk Bittencourt: Promete mesmo? Promessa é divida sabia, não sumirei creio eu! Abraço.
Espero que gostem do capítulo, não sei se cumprirei meu trato de postar o ultimo capítulo na quinta que vem! Estou muito preocupado com escolha de faculdade e tal e ainda busca de trabalho! Isso ta me enchendo, então será talvez meu último conto na casa, só estarei por aqui pra ler! Abraços...