– Capítulo 07 –
Enfim, a primeira vez.
- Miguel, abra essa porta imediatamente – o pastor batia nervoso.
- O que eu faço? – Conrado sussurrou.
- Não sei! Você é que é o dono das ideias mirabolantes, “alpinista” – ironizou Miguel.
- Miguel, você está me ouvindo? – insistia o pastor.
- Estou indo pai – Miguel fingiu um bocejo. – Ai meu Deus, ele vai nos matar – falou baixinho.
- Vai! Pode abrir – disse Conrado se levantando rápido.
- E você? – Miguel perguntou nervoso.
- Eu sou o herói da história – sorriu Conrado. – Os heróis sempre se safam. Agora vai. Miguel pegou a chave no criado mudo, e quase não consegue encaixar na fechadura, suas mãos estavam muito trêmulas. Era muita adrenalina.
Quando ele deu uma pequena passagem de abertura, o pastor quase o derrubou, invadindo o quarto subitamente.
- Pra que isso pai? – Miguel sentia sua barriga doer muito.
- Eu ouvi alguma coisa cair no chão, e em seguida vozes – disse o pastor ascendendo à luz do quarto.
- Deveria ser eu falando enquanto sonhava – tentou explicar Miguel.
- A menos que você seja um manipulador de ventríloquos dos bons, tenho certeza que eram duas pessoas conversando.
- E o senhor está vendo alguém no quarto além de mim? – o coração de Miguel parou. Ele olhava para todos os cantos tentando avistar uma sombra de Conrado, mas ele tinha evaporado.
O pastor Oliveira começou a fazer uma vasculha pelo quarto, olhando debaixo da cama, no guarda-roupa, no banheiro, mas não encontrou absolutamente nada.
- O senhor não procurou no criado-mudo – Miguel deu-se ao luxo de ser irônico, depois do alívio por seu pai não ter encontrado o invasor de quartos.
- Olha o respeito moleque – o pastor Oliveira se recompunha da maratona de caça.
- Será que eu posso voltar a dormir, na certeza de que não terei uma batida no meio da madrugada? – Miguel sentou-se na cama.
- Tudo que estou fazendo é para o seu bem Miguel – o pastor deslizou as costas da mão direita na testa. – Deus é testemunha de que tenho me esforçado o máximo para trazê-lo novamente para o caminho da retidão.
- Boa noite – Miguel levantou-se em direção a porta. O pastor suspirou e caminhou lentamente para a saída.
- Deixe a porta aberta – exigiu ele. – Que Deus ilumine vossas faculdades de raciocínio. Miguel trancou a porta à chave novamente, desconsiderando a ordem de seu pai.
Onde raios se enfiara Conrado? Bem, seja onde for a toca do lobo, era um bom esconderijo, pensava Miguel, correndo os olhos detidamente por toda a extensão do cômodo. Um golpe de vento abriu uma das folhas da janela. A brisa fresca inundou o quarto com o cheiro orvalhoso da madrugada. Miguel caminhou para fechar janela, na certeza de que Conrado havia ido embora. Quando tocou a vidraça, levou um susto ao se deparar com uma cesta despencando na pequena área da sacada.
- Mas o que isso? – Miguel arregalou os olhos com a cena inusitada: Conrado descia do telhado. – Meu Deus eu só posso está ficando doido mesmo.
- Ufa! Essa foi por pouco – Conrado pegou cesta e entrou no quarto novamente, sendo acompanhado pelos olhos de mel arregalados de seu namorado. – Nossa ralei o joelho na subida. – Conrado se atirou na cama.
- Oh, meu Deus, eu tenho um doido na minha vida – Miguel estava extasiado.
- Que nada! – Conrado fez sinal com a mão, chamando Miguel para deitar ao seu lado.
- Que cesta essa Conrado? – Miguel apontou.
- Trouxe pizza e morangos com cobertura de chocolate branco – Conrado pulou da cama, indo remexer na sexta. – Beleza! Ainda está morna. Encontrei uma pizzaria 24 horas.
- Conrado, são duas e quinze da madrugada – Miguel olhou para o seu relógio de parede.
- Sério? Que coincidência!
- Por quê?
- Sempre tive vontade de fazer um piquenique ás duas e quinze da madrugada – Conrado agarrou Miguel de uma vez e caiu sobre ele em cima da cama de solteiro deste, que se tornava uma lata de sardinha para os dois. Os beijos eram intensos. Conrado, por cima, esfregava seu corpo sobre o de Miguel, simulando uma transa. Os membros de ambos se envolviam em um atrito muito excitante. Quando Conrado fez menção de tirar a camisa, Miguel o empurrou de leve.
- Tá doido! – ele sussurrou.
- Tô de pau duro – disse Conrado com a voz rouca. – Ah, Miguel, eu quero você.
- Conrado, estamos na minha casa, com meu pai quase ao lado. – explicou Miguel.
- A gente faz bem quietinho – Conrado estava perfeitamente encaixado entre as pernas de Miguel, que estavam involuntariamente abertas.
- Conrado, por favor – Miguel falou mansamente. – Aqui não.
- Então a aonde? Quando?
- Que tal a gente comer a pizza e os morangos?
- O que eu quero de verdade está bem aqui perto de mim.
- Conrado, já pensou se meu pai entra aqui novamente?
- Por que você não diz logo que não quer ficar comigo? – Conrado levantou de uma vez e sentou-se no chão de costas pra cama. Estava com uma cara amarrada.
Miguel respirou fundo e levantou-se também. Ele retirou duas velas aromáticas e um caixa de fósforos do seu criado-mudo, ascendeu as duas e colocou próximas de onde Conrado estava.
- O que você está fazendo? – perguntou o filho de Luciano, ainda irritado e muito, mais muito excitado.
Miguel pegou a cesta e a colocou de frente para Conrado, sentando-se ao mesmo tempo.
- Um piquenique a luz de velas – ele deu um sorriso doce.
- Perdi a fome! – Conrado cruzou os braços, desviando o olhar.
- Você fica tão lindo quando está todo emburrado – Miguel falava com a voz carinhosa, de quando se quer agradar uma criança pirracenta.
- Poxa Miguel eu tô subindo nas paredes por você, meu pau está aqui duraço, não aguento mais ficar só na masturbação.
- Você tinha mulher todas as noites, não era?
- Sim – Conrado respondeu precipitadamente. – Mas não comi nem uma buceta depois que a gente tá junto.
Miguel remexeu os olhos mostrando desconforto com o palavreado.
- Quero dizer, eu não fiquei com mais ninguém – Conrado tentou usar palavras menos grosseiras.
- Eu acredito em você – Miguel segurou a mão dele. – A pizza esfriou. Acho que vamos ficar só com os morangos.
Conrado encarava Miguel com os olhos de gato pidão, quando fica tentando agradar o dono com aqueles olhos redondos e iluminados.
Miguel retirou um morango da cesta e levou até a boca do outro, que mordeu com timidez. Conrado mastigava sem vontade, com os olhos fixos nos de Miguel.
- Um beijinho para melhorar essa cara – Miguel tocou seus lábios nos do outro, movimentando com maciez e suavidade. – Paciência meu amor.
- O que você disse? – Conrado alegrou o semblante. Miguel sorriu extremamente corado diante da declaração.
- Amor... Exagerei não é? – o filho do pastor ia levantar, mas Conrado deteve.
- Estava com tanta vontade de ouvir isso, de dizer isso, mas não tinha coragem – Conrado o puxou para o seu colo, afastando a cesta para o lado.
- Eu também tive medo – Miguel estava sentado de frente para Conrado, com as pernas envolvidas no seu tronco e os braços no seu pescoço. – Não de verbalizar uma declaração de amor, mas de aceitá-la dentro de mim, sem culpa, sem remorso. Eu confesso que no início, eu me sentia mal, todas as vezes que nos beijávamos, mas não conseguia te deixar. Logo, as negativas desse sentimento se tornaram tentativas frustradas. Eu te amo Conrado Lima Jadão, e me sinto tão bem em dizer isso com toda pureza e sinceridade.
Conrado sentiu os olhos arderem, diante daquela declaração linda. Por um instante, sentiu um pouco de remorso por ter exigido uma relação íntima com Miguel, sendo que isso deveria ocorrer tão naturalmente, respeitando o tempo de ambas as partes.
- Eu também te amo muito meu cordeirinho – Conrado beijou-o, sentindo o gosto salgado das lágrimas dos dois se misturando. – Era o amor que estava faltando na minha vida. Eu tive pais maravilhosos, amigos preciosos e perdi tudo, mas agora a vida me deu você, meu herói.
Miguel pegou seus pingentes e encaixou as asas. Ficaram num namoro calmo, cheio de carinhos e toques suaves. A luz das velas produzia as sombras de dois homens que desejavam estarem unidos, pelo sentimento mais sublime. Pela primeira vez depois da morte da mãe, Conrado estava tranquilo.
Quando a noite virou dia, Miguel acordou atordoado. Estava dormindo na sua cama, mas não lembrava como havia chegado nela. Procurou Conrado, mas não encontrou.
- Isso tudo foi um sonho? Mas pareceu tão real – Miguel disse para si.
Ao desenrolar o cobertor do seu corpo, encontrou um bilhete colocado por dentro do seu shortinho.
“Foi a melhor noite da minha vida, apesar do piquenique da madrugada ter furado (risos). Nunca pensei que fosse capaz de sentir essa avalanche de coisas incríveis por
uma pessoa. É Surreal tudo isso. Eu te amo meu Miguelzinho, e vou esperar o tempo que for até você estar preparado.”
P.S.
“Dei uma apertadinha de leve na sua bundinha branca”.
- Safado! – Miguel sorriu indo guardar o escrito em uma caixinha de madeira, protegida por cadeado, que estava em uma das gavetas de seu guarda-roupa.
Quando desceu para tomar café, Miguel encontrou outro bilhete fixado na porta da geladeira por um imã.
“Fomos evangelizar no campo agrícola, só voltamos à noite”. P.S.
„Más companhias estragam os bons costumes‟ (1 Cor. 15:33)
- Bem pastor Oliveira – Miguel pegou o papel amassou e jogou no lixo.
Depois do desjejum, sem os olhos acusadores do pastor, ele foi para o Hospital Jadão, encontrando o carro de Conrado parado no ponto combinado.
- Como passou a noite? – perguntou o filho de Luciano com o sorrisinho de canto de boca. Ele usava uma jaqueta de couro ecológico azul sobre uma camiseta rosa, jeans, bota e uns óculos escuros bem charmosos.
- Tudo na mais perfeita normalidade – respondeu Miguel chocando rapidamente seus lábios contra os de Conrado. – Vamos meu lobo da madrugada.
Conrado uivou.
- Você que manda cordeirinho – ele arrancou com o carro.
As crianças estavam adorando o clima descontraído proporcionado por Miguel e Conrado. Luciano continuava observando seu filho às escondidas, encantado com tanta mudança. A relação com ele ainda não era a que desejava, mas só o fato de tê-lo agora tão perto, aprendendo a dar valor às coisas da vida, responsável, amoroso com as crianças e com Miguel, lhe bastava por hora.
Conrado era um rapaz formidável antes de Clarice morrer. Tão doce, gentil, amável. Isso tudo estava sendo resgatado aos poucos. Era quase o retorno do filho pródigo. E como no relato bíblico, era motivo para comemorar.
Já no carro de Conrado, deixando o hospital, Miguel o convidou para ir para sua casa almoçar.
- Quer que eu peça ao pastor sua mão em namoro cordeirinho?
- Se você quiser que ele sirva o cordeirinho aqui, assado na brasa, como prato principal
– Miguel sorriu. – Não consigo nem imaginar que tipo de reação ele vai ter. Mas não vai ser hoje. Ele e minha madrasta estão fora e só voltam á noite. Casa livre.
Conrado ficou um tempo em silêncio, como se lembrasse de alguma coisa.
- O que foi Conrado?
- A gente pode ir para casa da sua prima antes? – perguntou Conrado.
- Pra casa da Chris? E o que iremos fazer lá?
- Cordeirinho curioso.
- Tudo bem – Miguel concordou.
Conrado sorriu mudando o trajeto para a casa de Christiane.
Chegando a casa da prima, Miguel estava muito intrigado com o pedido de Conrado, mas não perguntou nada, nem durante nem no fim da viajem.
- Que surpresa maravilhosa! – gritou Christiane ao ver os dois parados à sua porta. – Miguel por que não avisou que traria seu namorado aqui?
- Menos Christiane – Miguel a beijou.
- Oi Chris – Conrado a cumprimentou. – Desculpe-me pela invasão. E prazer em conhecê-la pessoalmente.
- Que isso lindo! – É uma honra ter dois gostosos desses na minha humilde residência.
– disse Christiane. – E o prazer é todo meu em conhecê-lo.
Christiane os convidou para almoçar e, antes que Miguel respondesse alguma coisa, Conrado já se sentou pegando um prato e enchendo.
- Não liga Chris, ainda estou tentando adestrar – os três sorriram.
O almoço ocorreu bem alegre. Christiane de cara já se deu bem com Conrado. Dois safados!
- Bem, eu não vim aqui só rangar tua comida Chris – Conrado retirou uma caixinha de veludo do bolso. – Queria pedir a mão do Miguel em namoro.
- Que palhaçada é essa – Miguel caiu na gargalhada. – Eu não acredito que você tá me pedindo em namoro para Chris.
- Ela é a única parenta sua que conheço, e que não iria me matar diante desse pedido – esclareceu Conrado.
- Olha, por mim ele todo seu. Pode comer gostoso – soltou Christiane.
- Não tenha dúvida – afirmou Conrado.
- Se era pra ser romântico não está funcionando – Miguel balançou a cabeça em negativa, com tanto descaramento.
Conrado tirou duas alianças de ouro envelhecido, com os seus nomes gravados em letras bem visíveis. Trocaram as joias e ficaram em beijinhos tímidos, com Christiane insistindo para que dessem um amasso de verdade. Após o almoço, os dois foram para casa de Miguel, e descansaram um pouquinho.
- Topa um piquenique no parque? – propôs Miguel no início da tarde. – Não é uma hora muito apropriada, mas vai está quase vazio, então a gente pode namorar.
- Pedido aceito – Conrado bateu continência. – Acho que o doutor Luciano Jadão, vai ficar sem o seu assistente essa tarde.
- Será que ele vai ficar chateado?
- Se ele ficar, eu direi que a culpa foi toda sua – Conrado soltou.
- Ei!
- Relaxa cordeirinho – Conrado o beijou. – Vou ligar para ele.
Como o nome de Miguel fora mencionado, Luciano liberou Conrado do trabalho. Obviamente seu filho não explicou os pormenores de sua ausência.
Miguel preparou uma cesta de piquenique bem cheia, e partiu para o parque municipal junto com seu namorado. Eles levaram uma câmera, e se fotografaram em várias cenas românticas. Miguel tinha muita habilidade com fotografia.
A comida gostosa era acompanhada de beijos cheios de amor e paixão. O dia foi lindo por inteiro. Os dois estavam na primavera do amor.
A semana seguiu perfeitamente bem. Miguel se encontrava com Conrado às escondidas e era coberto de presentes, que tinha que esconder dos olhos do pastor, assim como sua aliança.
O trabalho voluntário e o trabalho remunerado de Conrado eram feitos com muito zelo. Luciano estava muito satisfeito. Ele e seu filho já tinham um começo de uma relação amorosa, nada de muito nítido, mas um começo promissor.
Contudo, para o desespero de Conrado, os três dias de congresso que Miguel teria que participar, haviam chegado. Por mais que o filho de Luciano implorasse para ele não ir, Miguel não queria dar mais margem para a desconfiança do pastor, que cuidava de cada gesto seu.
Na quinta feira, véspera da viajem, Miguel e Conrado montaram outro piquenique com mais fotos e muito, muito amor. Miguel adorava contemplar as suas fotografias ao lado do namorado. Relembrar cada momento, enquanto ainda não o tinha todas as noites em sua cama.
- Não quero sair um minuto do seu lado Miguelzinho – dizia Paula, sentada ao lado do filho do pastor no ônibus que os levava para a cidade serrana que aconteceria o evento religioso.
Miguel passou a viagem em silêncio. Com o coração apertado, lembrando-se da cara de Conrado, vendo-o sair. O grupo havia saído na quinta à noite.
Paula era uma matraca. Miguel até suspeitava que ela tivesse duas línguas e tentáculos de polvo. A garota não respirava para falar e era muito pegajosa.
Na sexta de manhã, os jovens foram para um estádio de futebol, onde ocorreria o congresso. Havia milhares de pessoas espalhadas por todas as arquibancadas. Pastores iam e voltavam do púlpito, apresentando seus discursos. Pelo menos ele não tinha seu pai enchendo o saco, estava livre disso.
Uma bandinha gospel local, fez a abertura do evento. Miguel não dava atenção a nada, só pensava em Conrado. Sentia-se arrependido de ter vindo para o congresso. Não era o lugar onde ele queria estar.
Miguel estava de olhos fechados no meio de uma oração, proferida por uma pastora, quando sentiu vontade de abrir os olhos, e virou-se para o início da arquibancada, ao longe, e não acreditou no que viu: Conrado procurando-o na multidão. Enquanto todos permaneciam de olhos fechados. Os olhos do filho do pastor encontraram os do filho de Luciano, e os dois ficaram rindo um pra o outro. Os corações se reconheciam, batendo em ritmo acelerado.
Miguel estava surpreso e extremamente feliz. Nem pensou duas vezes, e saiu descendo a arquibancada com rapidez e sutileza deixando Paula para trás, de olhos fechados concentradíssima em sua oração. O filho do pastor praticamente corria, se espremendo entre as pessoas. Quando atingiu o corredor, disparou ao mesmo tempo em que Conrado também vinha, desesperado ao seu encontro. Os dois se chocaram em um abraço rápido e saíram dali antes que alguém os visse. Miguel, que já conhecia todas as dependências do estádio, arrastou Conrado para um dos banheiros.
- O que deu em você? – Miguel o beijava, mordia, o abraçava como se dependesse da presença dele para viver.
- Eu disse que não posso ficar mais longe de você nem por um instante – Conrado retribuía com muita intensidade.
- Você é maluco Conrado Lima Jadão – Miguel ofegava na sua boca. – E eu sou um idiota de ter vindo pra cá e te deixado.
- Eu vim sequestrar você – sorriu Conrado. – Bem, a ideia inicial era um sequestro, mas pelo jeito a vítima está mais do que disposta a se entregar, então configura uma fuga agora.
- E para onde a gente vai? – perguntou Miguel pendurado no pescoço do outro.
- Isso é surpresa!– Conrado fez uma cara maliciosa.
- Apesar de estar com medo do que você vai aprontar, não tem como dizer não. – sorriu Miguel.
- Eu estou muito feliz, não tenha dúvida disso, mas, você vai ter coragem mesmo de contrariar o pastor?
- Se ficar me relembrando o quão insana será essa minha atitude, vou desistir da fuga – falou Miguel, colando sua testa na de Conrado.
- Fiquei mudo – ele beijou Miguel sem movimentos, apenas pressionando seus lábios. – Eu estou com meu carro lá fora.
- Então me espera lá, e cuidado pra não ser visto por ninguém da minha igreja – Miguel ainda deu um beijo nele, e saiu correndo do banheiro.
Estavam entoando um hino de louvor, era o tempo que Miguel tinha para pegar sua mala. O corredor que levava para o guarda-volumes estava cheio, pois outras igrejas, atrasadas, ainda chegavam. Miguel enfiou a mão no bolso e retirou a combinação da etiqueta que recebera do atendente, quando depositara sua bagagem.
- Eu queria retirar minha mala – ele pediu apoiando os cotovelos sobre o balcão.
- Para que irmãozinho? – perguntou um senhor careca, que atendia ao lado de dois rapazes.
- Tenho que pegar algo importante – disse Miguel muito nervoso.
- Identificação – pediu o velho, meio desconfiado.
Miguel entregou a etiqueta com o número. O velho revirou por alguns instantes, até que puxou uma mala azul marinho grande de rodinhas. Miguel recebeu e fingiu estar procurando uma coisa, enquanto o homem não tirava os olhos dele.
- Por favor, eu quero ver minha mala, esqueci meus documentos dentro dela – pediu uma senhora para o atendente, tomando sua atenção por alguns minutos.
Miguel, percebendo que ninguém olhava, saiu rápido arrastando sua mala na direção da saída. Chocava-se com as pessoas, pois fazia o caminho inverso.
No portão principal, o motorista do ônibus conversava com o pastor responsável pelo grupo de jovens da igreja de Miguel. O filho do pastor respirou fundo, olhou para frente e caminhou com tranquilidade, se esquivando por trás das pessoas que circulavam.
- Consegui! – ele gritou mentalmente, depois de ter cruzado a saída.
Seus olhos percorriam todo estacionamento. Naquele aglomerado de ônibus, ele avistou Conrado escorado no seu carro.
- Miguelzinho! – alguém gritou atrás dele.
Miguel virou-se lentamente, perdendo o sorriso da face quando avistou Paula no portão, encarando ele com raiva. Sem responder, o filho do pastor voltou-se para Conrado e disparou numa corrida desesperada arrastando sua mala.
- Miguelzinho volte aqui agora! – Paula se esgoelava. – Seu pai vai saber de tudo Miguel!
Conrado vendo-o vindo em sua direção apressou-se em ligar o carro. Paula corria para detê-los. Miguel jogou a mala no banco de trás e entrando num pulo, se jogou no banco do carona. Os dois ainda se beijaram, envolvidos pela sensação da adrenalina. Mas, antes que Paula chegasse mais perto do carro, Conrado acelerou e saiu cortando pneus. Pelo retrovisor, Miguel se deliciava com a garota chata se esperneando lá atrás.
- Quebrar as regras... – ele arfava. – É muito bom.
- Acho que estou corrompendo meu cordeirinho – os dois gargalharam.
O carro seguiu pela estrada estadual. O asfalto era o único construto artificial. Eles estavam cercados por paisagens de tirar o fôlego. Muitas árvores, serras e pedras gigantescas cobertas por musgo. O vento soprava o refresco do campo. Miguel olhava pela janela do carro encantado, não apenas com o panorama natural, mas com tudo que tinha acontecido em sua vida em tão pouco tempo. Era como se estivesse descobrindo o mundo. Tudo era novo, tudo era emocionante. Esteve tanto tempo nas sombras, preso por visões curtas e distorcidas das coisas. Os grilhões eram partidos um por um, logo ele teria sua carta de alforria. Estar ali com Conrado lhe dava a certeza de que era aquilo que queria. Sentia coragem para enfrentar quem quer que fosse; em nome do amor deles.
Após uma hora de viajem, o carro enveredou por uma estrada de terra batida.
- Ansioso? – perguntou Conrado.
- Muito – Miguel não conseguia desfazer o sorriso, estava em estado constante de alegria.
O carro aproximou-se de um portão de madeira, onde havia escrito: Sítio São Miguel. Miguel ficou muito surpreso com a coincidência dos nomes.
- Minha mãe acreditava muito no arcanjo Miguel – Conrado explicou vendo a cara de surpresa do outro. – Ela morreria de inveja de mim, se soubesse que eu tenho um
arcanjo Miguel só pra mim. – Conrado desceu para abrir o portão e dar passagem para o carro.
- É muita coincidência! – disse Miguel, enquanto Conrado voltava para o carro depois de abrir o portão.
- Você acha?
- Sim.
- Que nada! – disse Conrado parando o carro em frente a uma casa amarela de madeira, muito charmosa, cercada por um alpendre espaçoso e uma pequena escadinha de pedras bem polidas na entrada. – O amor não é feito de coincidências, e sim da experiência única de descobrir que o outro sempre esteve perto, apenas não enxergávamos os sinais dado pela vida.
- Roubou essa frase de qual autor? – sorriu Miguel.
- Eu sou um poeta, não te falei? – Conrado desceu do carro, dando a volta para abrir a porta de Miguel.
- Alpinista, poeta, o que mais você é? – perguntou Miguel.
- Irrevogavelmente apaixonado por você – Conrado o pegou no colo subitamente, beijando o carinhosamente.
- Será que pode me colocar no chão – Miguel falou bem próximo da boca do outro.
- Ah, tem certeza cordeirinho? Eu podia ficar com você assim pra sempre.
- Quando seus braços começassem a dar cãibra o romance acabava logo, logo. Conrado sorriu o pondo no chão.
- Vai pegando as coisas no porta-malas, que eu vou abrir a casa – Conrado jogou a chave para Miguel.
- Positivo chefe – Miguel virou-se, levando um tapa firme na bunda.
- Não resisti – Conrado mordeu os lábios vendo a falsa indignação de Miguel.
Enquanto um abria a casa, o outro remexia numa porção de sacolas dentro do porta- malas.
- Estou começando a acreditar que isso aqui é um sequestro mesmo – Miguel tirou uma bolsa enorme de acampamento.
- Por que amor? – Conrado descia os degraus de pedra, indo ajudar seu companheiro.
- Você trouxe mantimentos para um mês, seu alpinista-poeta-louco-exagerado-que eu amo tanto – Miguel riu.
- Ah, eu pensei, “se ele resolver fugir e eu tiver que prendê-lo, então vou precisar de muita guarnição” – Conrado o agarrou por trás, encostado seu queixo no ombro de Miguel.
- Vamos levar essas coisas pra dentro logo, meu sequestrador. – os dois deram um beijo rápido.
Os dois retiravam sacolas e sacolas de dentro do carro, parecia que não tinha fim, até um pequeno botijão de gás, Conrado havia trazido. Tudo era colocado perto da soleira da porta para depois serem levadas para dentro, por fim, Conrado pegou a mala de Miguel.
- Bem minha vida, essa aqui será nossa casa por esse fim de semana, espero que possamos brincar muito de papai e mamãe – Conrado estava mais provocativo do que nunca.
Miguel apenas sorriu corado com o comentário, como se quisesse assentir apenas com um gesto sem ter quer dizer nada.
A casa não era muito grande, mas muito aconchegante. A mobília estava muito conservada, parecia que o imóvel recebia cuidados periodicamente.
- É linda, Conrado – Miguel corria os olhos do chão ao teto.
- Passei as melhores férias da minha vida aqui – Conrado olhava para tudo com nostalgia. – Meu pai comprou essa propriedade e deu de presente para minha mãe no seu aniversário. Quando soube que o seu congresso seria aqui perto, então não tive dúvida de que tinha que te trazer pra cá.
- Mesmo correndo o risco de eu recusar?
- Como a ideia inicial era um sequestro, eu não estava levando em conta sua vontade cordeirinho. – sorriu Conrado.
- Estou muito feliz por estarmos aqui, sozinhos – Miguel o abraçou, mas antes dos lábios se tocarem ele se afastou. – Chega de moleza, vamos fazer uma limpezinha básica. Apesar de estar bem cuidada, precisa de um reforçozinho.
- Quinzenalmente uma equipe de limpeza vem cuidar do sítio. – disse Conrado. – Eu quero que isso aqui fique bem preservado.
- Muito bem! – concordou Miguel. – Agora pega o material de limpeza e vamos dar uma geral.
Limparam os móveis, a tapeçaria, trocaram a roupa de cama, cortinas, toalha de mesa, abriram todas as portas e janelas para o arejamento, enfim, a casa ganhou vida.
- Ufa! – Conrado se jogou no sofá ao lado de Miguel. – Você leva jeito pra serviço doméstico.
- Anos e anos limpando a igreja e participando de acampamentos no meio do mato, tinham que servir para alguma coisa. – Miguel o beijou. – Vai tomar banho que eu vou preparar nosso almoço.
Miguel ligou o botijão no fogão, e pôs suas panelas para ferverem. Assim que Conrado saiu do banheiro, ele pediu para ele cuidar da comida enquanto era vez dele tomar banho. Os dois almoçaram, conversando animadamente. Conrado comia feito um cativo de guerra recém-liberto. Ao fim do almoço cuidaram da louça e foram para o quarto terminar de organizar as coisas.
- Parece que estou vivendo um sonho – disse Miguel, sentando-se em uma poltrona, enquanto Conrado dobrava umas camisas.
- O melhor de tudo isso, é que é real. Estamos aqui, eu e você, apenas. – Conrado desenhou um coração no ar e soprou em direção a Miguel, que recebeu com as mãos guardando no seu peito. – Mas estou um pouco preocupado com o pastor.
- Não fique – disse Miguel com firmeza. Seus olhos estavam com um brilho diferente. – Aqui, com você, eu não quero pensar em nada lá fora. Como você disse, somos “eu e você, apenas”.
Os dois ficaram se olhando em silêncio, pois existem coisas que palavra nenhuma pode expressar. Os olhos falam a língua da alma. Só se sente tais coisas. É metafísico!
Miguel se levantou e foi até sua mala, abriu e retirou um envelope enorme de dentro do bolso traseiro.
- Toma! – ele entregou para Conrado.
Conrado sentou-se na cama e abriu rapidamente, retirando um maço de fotografias dos dois.
- Eu revelei todas as nossas últimas fotos – Miguel falava enquanto acariciava seu próprio queixo. Conrado as olhava encantando.
- Miguel, elas estão lindas! – ele sorria. – Você já cogitou a carreira de fotografo? Tem muito talento. Eu vi o seu trabalho no anuário do hospital, estavam muito bem feitas, aquelas fotos.
Miguel estava em silêncio, encarando o outro, que estava concentrado nas fotos.
- Você tem uma habilidade incrível de capturar o sentimento e a naturalidade das cenas. Eu sei que eu sou gostoso pra caralho e isso deve facilitar pra você. Mas... – Conrado riu.
- Conrado?
- Fala meu amor – Conrado respondeu sem olhar pra ele, estava detido pelas fotografias.
- Eu estou pronto – disse Miguel sério, depois de um minuto de silêncio.
- Pronto? – Conrado largou as fotos e o encarou.
- Eu quero ser seu.
Conrado largou as camisas em cima da cama, respirou fundo antes dizer:
- Você sabe que uma vez lá, não tem volta não é?
- Eu não quero voltar – disse Miguel. – Faz amor comigo Conrado?
Conrado puxou Miguel delicadamente pela mão. Os dois corações já estavam a mil, apenas com o toque. Os olhos estudavam-se, cuidando de cada movimento. Ele levou sua mão ao rosto de Miguel acariciando devagar. Miguel fechou os olhos e deixou-se ser tomado por aquela onda de energia, que descarregava em seu corpo, fazendo-o ficar todo arrepiado.
- Eu te amo – disse Conrado beijando Miguel com movimentos longos e sugadores.
Os dois ficaram envolvidos no gosto um do outro, com toda liberdade de se tocarem. Miguel acariciava o peito rígido do outro, descendo a mão até sua barriga, os dedos iam contornando cada gominho que trincava o abdômen de Conrado. Este deslizava suas mãos pelas costas de Miguel, acariciando sua bunda com vontade e firmeza. Conrado descolou as bocas por um momento e começou a desabotoar os botões da camisa branca que Miguel usava, este estava paralisado, completamente entregue ao desejo do outro e ao seu.
Conrado retirou toda a camisa de Miguel e depois puxou a sua por cima da cabeça, de uma vez. Os beijos exploravam agora o pescoço, peito e barriga desnudos. Miguel arranhava Conrado lentamente, enquanto o último beijava e mordia seus mamilos, deslizando a língua por toda a extensão do peito. Miguel sentia contrações na barriga. Ele nunca imaginou que era possível sentir todas aquelas sensações.
Os dois caíram sobre cama, intensificando mais ainda os beijos. Conrado levantou-se e retirou a bermuda que usava, ficando só de cueca boxer vermelha. Desabotoou a calça de Miguel, puxando-a completamente, ele estava com uma boxer azul. Conrado veio pra cima de Miguel, ficando entre suas pernas. Começou a beijar sua barriga, alternando com lambidas que subiam de volta a boca do outro. Miguel deslizou sua mão pelo abdômen de Conrado, encontrando seu membro a ponto de explodir e babando horrores, ele apertou com força o fazendo gemer alto. Miguel empurrou Conrado para o lado e assumiu o controle, ficando por cima dele. Seus lábios carnudos se fartaram no corpo
malhado de Conrado. Ele deslizava a língua por cada músculo trabalhado pela academia. Jamais sentira coisa igual em toda sua vida. Meio receoso, Miguel começou a descer sua boca, sentindo que estava fazendo a coisa certa, pois a cada movimento Conrado gemia mais. Quando alcançou o cós da cueca, não se conteve e mordeu de leve o mastro de Conrado, sentindo o cheiro de sexo tomar conta de todos os seus sentidos.
- Ahhhhhhhh! – Conrado quase sobe ao teto. – Faz isso cordeirinho. Ahhhhh. Por favor, me chupa! – Conrado se contorcia.
Miguel baixou a cueca do outro, libertando a píton branco-rosada, que estava a ponto de dar um bote. Ele tocou os lábios timidamente. Nunca imaginou fazer aquilo, talvez a ideia até lhe causasse nojo fora do contexto, mas naquele momento, era como se seu corpo agisse por conta própria, movido por um instinto.
A boca de Miguel foi se apoderando de cada centímetro daquele mastro. Conrado gemia muito alto, segurando com firmeza os cabelos de seu amado, controlando o oral.
- Essa sua boca vai me matar. Ahhhhhhhhhh! – ele falava entre gemidos frenéticos. Conrado, num movimento preciso, girou Miguel, ficando emSem pudor algum, ele também engoliu o membro do outro, fazendo-o estremecer de prazer. Os dois ficaram se deliciando, um com gosto do outro, mas Conrado era mais ousado e queria provar mais de Miguel. Sua língua seguiu o caminho do períneo até encontrar a bunda de Miguel alcançando com precisão à entradinha deste, onde ele se fartou a vontade, iniciando um beijo Grego e fazendo Miguel delirar. O tempo era uma mera vaidade do desejo.
Depois de lubrificar bem Miguel com sua língua, Conrado parou oral antes que os dois gozassem, então pegou um preservativo numa bolsa jogada perto da cama e deslizou o produto embalado pela perna de Miguel, cego de desejo por aquele corpo nu ali, todo para ele.
- Tem certeza? – Conrado estava com a voz rouca, e suando muito.
- Absoluta – Miguel sorriu também coberto de suor. – Promete ser carinhoso Conrado?
- Sempre – ele sussurrou.
Conrado abriu o preservativo e vestiu o seu membro. Ajoelhou-se na cama, afastando as pernas de Miguel e as pousando em seu peito, enquanto se encaixava no mesmo. Conrado acomodou-se bem e posicionou seu pau na entrada do cu de Miguel. Ele começou a forçar a entrada, com um pouco de dificuldade, mas persistente.
Miguel mordia o lábio, sentindo a dor da penetração rompendo sua virgindade.
- Nossa! – Miguel apertava com força a fronha da cama.
- Não pensa na dor – Conrado parou quando a cabeça do pau passou. – Pensa apenas em como estamos tão juntos, tão unidos de corpo e alma meu amor.
Miguel sorriu. Apesar de sentir, no momento, uma dor que parecia rachar sua coluna ao meio, ele estava muito feliz, a sensação de ter seu amado dentro dele, literalmente, era incomparável.
Conrado parou a penetração e começou a beijá-lo, até seu corpo acostumar-se com o feliz invasor. Fazia carinhos, alisava suas coxas com firmeza. Não demorou muito, Miguel começou puxá-lo ao seu encontro, logo este entendeu o sinal verde, e foi penetrando lentamente até encostar seu ventre na bunda de Miguel. Este aumentava os gemidos a cada centímetro penetrado. A dor e o prazer eram separados por uma linha tênue.
- Ahhhhhhhhh... Delícia! – Conrado gemeu alto junto com Miguel, com os corpos num encaixe mais perfeito que as pirâmides egípcias.
Um vai-e-vem lento começou. Cada célula dos dois estava sintonizada naqueles movimentos, que se intensificavam pouco a pouco. Os gemidos e o barulho do choque do ventre de Conrado contra a bunda de Miguel povoavam o quarto,
Os suores dos dois se misturavam, enquanto seus corpos se contorciam em movimentos frenéticos. Conrado metia cada vez mais fundo, mordendo os lábios e se enchendo de mais vontade ao ver Miguel delirando no seu pau.
- O Paraiso... Deve ser... Apertadinho... Macio... E quente... – Conrado sorria ofegante acelerando mais ainda as estocadas.
Miguel deslizou suas pernas pelas costas molhadas de suor de Conrado que reluziam, enlaçando sua cintura e puxando-o para bem perto. Os dois se beijavam enquanto os corpos chegavam ao clímax do prazer. Miguel alisava a bunda de Conrado, arranhando a cada enfiada funda que este lhe dava. Estavam entrando em erupção. Os músculos e os tendões contraídos ao máximo. Os gemidos eram guturais. A carne fervia e tremia explodindo de prazer...
- AHHHHHHHHH!!! – gritaram juntos, gozando ao mesmo tempo.
Os corpos estavam trêmulos, em choque. Enquanto os jatos de esperma eram expelidos violentamente. Eles estavam sensíveis à flor da pele.
Conrado desabou sobre Miguel, ofegando na sua nuca.
- Eu te amo... – Conrado desfalecia.
- Eu mais ainda... – Miguel quase não falava.
A exaustão os nocauteou com um sono pesado. Estavam sob o êxtase da satisfação, dormindo com seus corpos colados pelo suor, esperma e muito amor. O filho do pastor e o filho de Luciano selavam sua união.