De voltas estou \o/ kkk
Bem, quero agradecer mais uma vez a todos em geral pelos elogios e também pelas criticas construtivas. Vi que algumas pessoas acharam o texto anterior enorme (concordo), por isso não pude terminar a história nesse capítulo, decidi esticar essa temporada em pelo menos mais dois episódios. É, vão me aturar por um pouco mais do que previsto rsrs.
Meu e-mail: Fipesouza1@gmail.com
Obs: Não irei responder a todos individualmente hoje, mas no próximo prometo que irei. Palavra rsrs.
Só pra finalizar: FELIZ ANO NOVO A TODOS (atrasado rsrs)
BOA LEITURA!!!
LOUCO AMOR – metido a machão pegador 30
Anteriormente:
De acordo com Caio estávamos quase chegando. Caique ainda ia a nossa frente, mas de repente ele começou a diminuir gradativamente a velocidade até parar. Do carro vejo o momento em que ele tira o capacete e então inclina a cabeça no painel da moto, Fagner desce da mesma e faz sinal para que nos aproximemos.
O que será que tinha acontecido?
Continuação:
Narrado por Fagner:
– Está tudo bem? – perguntei assim que percebo a gradativa redução na velocidade.
– Não, eu não consigo Fagner – ele responde.
– Não consegue o quê? – perguntei confuso.
– Encarar meu pai depois de tudo que aconteceu – disse por fim parando. Ele tirou o capacete e apoiou a cabeça no painel da moto.
Rapidamente desci da mesma e também tirei o capacete, olhei para trás e vi Lucas no carro fazendo uma expressão que perguntava “o que aconteceu?”.
Fiz sinal para que se aproximassem, pois eu não sabia ao certo o que fazer.
Voltei a olhar para ele que ainda estava na mesma posição, coloquei minha mão nas suas costas e aproximei minha boca do seu ouvido e então perguntei:
– O que está sentindo?
– O que tá acontecendo? – Caio pergunta nos interrompendo.
Típico.
– Ele disse...
– Ei mano, o que foi? Tá passando mal – Pergunta me ignorando totalmente, além de me empurrar pra longe de Caique pra abrir espaço logo em seguida.
Idiota.
Lucas e Laura chegam logo em seguida e param um a cada lado meu.
Caique levanta a cabeça revelando as lágrimas que começavam a cair e explica:
– Eu não consigo encara-lo, não depois do que aconteceu.
– Sente raiva ou rancor de nosso pai? – Caio pergunta.
Caique por sua vez nega rapidamente com a cabeça enquanto limpa as lágrimas com a mão direita.
– Não, eu não sinto nada disso. Eu sinto medo da reação dele.
– Você sentia medo de minha reação?
– Muito – admite – mas com você, sei lá, foi diferente... Não sei de onde surgiu esse medo.
– Está vendo todas essas pessoas aqui ao seu redor? – Caio pergunta apontado para Lucas, Laura e eu que estávamos logo atrás dele com olhares apreensivos. Ele confirma com a cabeça – elas estão aqui por um motivo em comum. Te apoiar. Você terá a gente, principalmente a mim, seu irmão se nada acontecer como esperava.
Caique chora um pouco mais antes de abraçar o irmão com força, meio desajeitado, pois estava em cima da moto que foi ao chão por falta de equilíbrio pouco depois, ele por sua vez pulou antes, saindo em leso. A tristeza nesse momento teve que sair por alguns minutos de cena para poder dá lugar a boas risadas. Caique meio que triste e sorrindo ao mesmo tempo foi levantar a moto com a ajuda do irmão.
Estava muito mal só pelo simples fato dele está mal, queria ter sido o primeiro a ajuda-lo, mas não deu. Achei melhor deixar Caio exercer seu papel de irmão preocupado, mas agora era a minha vez. Assim que eles levantaram a moto, me aproximei dele e lhe abracei forte, ele retribuiu.
– Vai ficar tudo bem – digo no pé do ouvido.
Foi meio bosta e clichê o que acabara de falar, mas o que eu podia dizer?
– Se você continuar do meu lado, claro que vai – disse saindo do abraço, sorriu pra mim, retribui e por fim limpei uma lágrima que caia dos olhos dele.
– Vai ficar bem Ca? – pergunta Laura.
– Sim, sim – disse desviando o olhar de mim. Me afasto um pouco para o lado ao perceber todos olhando nosso momento love – Não precisam se preocupar, estou bem e vamos lá – disse gesticulando. Todos riram.
Esse era o Caique que eu conhecia. Esse era o Caique que eu quero ver. Bem e feliz.
Narrado por Lucas:
Com tudo resolvido voltei feliz da vida para o carro juntinho com meu namorado morrendo de orgulho pelo que tinha feito: ajudado o irmão, sempre presei e achei bonita a união de uma família, as palavras que ele havia dito foram lindas e bem pensadas.
Com isso seguimos viagem até a fazenda dos pais de Caio sem mais nenhum imprevisto, graças a Deus.
Dois minutos após e já estávamos adentrando a fazenda agora por uma estrada calçada que se abria em um circulo em meio a uma vasta paisagem de um verde intenso que levava até próxima ao casarão que era enorme tanto em largura como em altura, sua fisionomia remetia muito aos que somos costumados a ver em novela de época, de cor branca, janelas emolduradas em madeiras pintadas de azul e um vasto telhado a perder de vista. Atrás da mesma era possível ver uma grande floresta fechada até onde a vista conseguia alcançar, de ambos os lados a alguns quilômetros era possível ver pessoas trabalhando em colheitas tanto de frutas como verduras e legumes.
Abobado com o tamanho do lugar, do casarão e com a linda paisagem ao redor desci do carro.
– Pensei que tua família era bem de vida, mas não pensei que era tanto assim – comentei me aproximando dele do outro lado do carro.
Ele sorriu e quando foi falar alguma coisa, Laura vinda de trás da gente comenta:
– Genteee, que mansão é essa. Se deu bem em Lucas.
Tanto eu como Caio caímos na risada até Caique e Fagner se aproximarem.
– Alguém me conta a piada? Estou precisando – disse visivelmente apreensivo.
Caio se aproxima, coloca a mão no ombro dele e diz com um olhar sério:
– Estamos aqui! Não há o que ter medo.
Caique confirma com a cabeça.
– Quando foi que nossos pais ficaram tão ricos?
Quando Caique ainda morava com os pais, eles não aparentavam ter uma boa vida como aparentavam hoje, e nem moravam no campo e sim em uma casinha na cidade que Caio me prometeu mostrar na volta. Desde que ele saiu muita coisa mudou, então muita coisa para ele era novidade.
– É uma longa história.
– Caiooooooo.
Alguém grita de longe, todos nós nos viramos para a fonte da voz e vimos um garotinho que aparentava ter mais ou menos cinco anos correndo em direção a Caio com os braços abertos, Caio assim que o vê dá dois passos a frente e então o pega nos braços, sorrindo suspende o garoto acima de si e quando retorna lhe beija forte na bochecha.
Quem será que era? – me perguntei morrendo de curiosidade.
– Quem é? – Fagner me pergunta chegando mais perto.
– Gente, esse daqui é o filho de dona Cleusa que trabalha na cozinha – Caio diz respondendo a pergunta de Fagner.
– Como é o nome desse menino bonito? – pergunto me aproximando dele que na mesma hora me dá as costas e se encolhe nos braços de Caio com vergonha.
– Ele está tímido – me explica Caio – em breve ele se enturma. O nome dele é Vinicius.
– Tudo bem – digo massageando brevemente a costa do garotinho antes de dá dois passos pra trás.
– Cadê sua mãe, campeão? – Caio pergunta ao menino que aponta para a direção em que veio.
Olhamos e vimos uma senhora de mais ou menos trinta anos de idade se aproximando, era baixinha, branca e tinha os cabelos que pareciam longos presos em um coque.
– Caio, que surpresa boa – ela diz já perto de nós – seus pais vão amar lhe rever e pelo visto não vai ser só eles, não é Vinicius? – ela quis tira-lo dos braços de Caio nesse momento, mas o menino não quis. Caio sorriu.
– Oi dona Cleusa, muito bom está aqui também. Meus pais estão em casa?
– Estão sim.
– Bem, deixa eu lhe apresentar esse povo aqui. Esse daqui é Lucas, Laura, Caique... E Fagner.
Por um segundo achei que ele fosse esquecer de Fagner propositalmente. Noto que não só Fagner ficou desconfortável com isso, mas todos nós. Reviro os olhos em reprovação a atitude de Caio.
– Oiii – cumprimentamos quase que em uníssono.
– Oi – ela responde com um sorriso simpático no rosto – se precisarem de mim, podem me encontrar na cozinha – ela diz por fim.
Demos obrigado e novamente ela tenta tirar Vinicius dos braços de Caio que resiste novamente. Caio brinca com ele de avião por pouquíssimo tempo e então conversa com o menino:
– Bem, eu vou ter que deixar você com sua mãe agora, mas depois prometo que vamos brincar muito. Tudo bem?
O menino assente com os olhinhos inocente para Caio.
– Então bate aqui Garotão!?
Caio abre a mão na direção dele para que ele batesse, ele bate, sorri e então vai para os braços da mãe.
Nunca pensei que Caio gostasse tanto assim de crianças e ainda mais que as crianças gostassem dele. A forma em que Vinicius correu afobado para os braços de Caio assim que o viu, a forma que se encolheu tímido nos braços dele quando me aproximei e a forma que se agarrou aos braços dele não querendo soltar mesmo quando a mãe o chamou, era como se ele visse em Caio a figura de um pai.
Se por um lado aquilo me deixou feliz, por outro me deixou triste e pensativo.
Se ele gosta de crianças, provavelmente quer ser pai, até que ele vai ser em breve, mas não vai ser comigo...
– Dá tchau a eles Vinicius – dona Cleuza pede, mas ele nem quer papo, ela sorri e comenta: – tímido.
Demos tchau aos dois e então começamos a caminhar em direção ao casarão.
– Não sabia que gostava de crianças – comento.
– Ah, não parece né, mas eu gosto sim – responde com um sorriso no rosto.
Tentando disfarçar um pouco do que sentia, apenas digo “Hum” em resposta.
– O que foi? – Ele pergunta imediatamente me olhando como se dissesse “Desembucha logo”.
Era incrível como ele me conhecia bem em tão pouco tempo de relacionamento.
– Nada – digo fazendo cara de desentendido.
Ao parar na pequena escadaria que levava a porta de entrada, ele conclui:
– Depois que a poeira baixar vai me contar.
Nem tento argumentar, apenas assinto com a esperança que ele esquecesse.
– Bem, é agora ou nunca – Caio comenta olhando para o irmão que olha pra entrada pensativo.
– Vamos entrar todos nós? – Laura indaga.
– Por favor – Caique responde – Ok, vamos deixar de drama e entrar de uma vez – finaliza sorrindo.
Mesmo ao dizer isso ninguém se movimenta, até porque todos esperavam que ele desse o primeiro passo que só acontece alguns segundos após.
O lado de dentro era ainda mais bonito que a fachada, só a sala era o tamanho de toda minha casa – literalmente. A casa era repleta de moveis bonitos e antigos que pareciam ser caros – muito caros. Poderia afirmar que não só eu, mas todos nós, exceto Caio, ficamos com certo receio de dá mais algum passo para frente e então esbarrar em algo que valesse mais do que nossos próprios rins.
A imagem era a seguinte: Eu, Fagner, Caique e Laura em fileira, todos a poucos centímetros a frente da porta de entrada enquanto Caio continuava a andar distraído à frente até perceber que nós não o acompanhávamos, em parte pelo medo e em parte pelo processo de bestificação que sofremos ao ver o tamanho daquela sala. Ele se virou pra falar algo, mas teve a atenção voltada a um tilintar que vinha de uma entrada a nossa esquerda, uma mulher, a mãe de Caio se colocou a nossa vista ao passar pela entrada, ela tinha nas mãos uma xicara e mexia o liquido com uma colher. Estava distraída ali.
– Cleusa me falou que você estava...
Mas ela para de falar no momento em que olha para nossa direção e ver Caique, fico totalmente tenso na hora e prendo por meio segundo a respiração. Ela olhar pra ele com um olhar inexpressivo, como se mentalmente negasse que o fato do filho está bem ali na sua frente fosse fruto de sua imaginação. Olho para Caique e o vejo totalmente estático e assim como eu tenso, ele abria a boca vez outra querendo falar algo, mas a voz não saia. O mundo a minha volta havia parado, e parecia só está eu, ele e sua mãe naquela enorme sala.
Eu havia me colocado no lugar dele naquele momento, estava com medo do que fosse acontecer em seguida.
Um baque surdo de algo quebrando invade o meu mundinho e me faz voltar a realidade, olho pra ela e vejo que a xicara que estava em sua mão jazia ao chão estraçalhada, um liquido preto que parecia ser café se espalhava rapidamente pela sala.
– Mãe... – Caique fala pela primeira vez com a voz tremula.
Ela leva a mão a boca e parece segurar o choro.
– Oh meu filho – diz começando a caminhar em nossa direção, precisamente na direção de Caique. Ambos abrem os braços e se abraçam forte em seguida. Eu, Caio, Fagner e Laura nós entreolhávamos e sorriamos com lágrimas de emoção nos olhos.
– Me desculpa filho... Me desculpa por tudo – ela dizia deixando as lágrimas rolarem.
– Sim, eu desculpo minha mãe... Senti tanta saudade...
Me imaginei naquela cena um dia. Procurava não lembrar muito de minha mãe para não ficar pra baixo, mas vez ou outra era inevitável, como agora. Sentia muito a falta dela e por isso imaginava todas as noites antes de dormir ela me aceitando como eu era e me abraçando calorosamente.
Mas enquanto isso não acontecia, eu me contentava em ficar feliz pelo meu amigo, meu cunhado.
– O que está acontecendo aqui? – uma voz firme perguntou fazendo a atenção de todos se voltarem para onde a xicara estava quebrada, para onde estava o dono da voz, para o pai de Caique.
– Pai... – Caique disse com o rosto banhando em lagrimas tendo sua mãe ao seu lado no mesmo estado.
Ao ouvi essa palavra, sua cara dura se suaviza estrondosamente.
– Caique?
– É ele pai – Caio fala. Ele estava bem mais próximo dele que nós.
Ao ouvir essa confirmação sua feição fica meio que numa linha tênue entre a suave expressão e uma expressão de raiva. Não sei se isso era possível, mas foi o que consegui ver em seus olhos. A verdade era que ele estava confuso.
Sua mulher se adianta antes que ele faça ou fale algo impensado:
– Amor, ouve o que o nosso filho tem a dizer, eu sei que você está com saudades, porque não o abraça? Ele está bem aqui.
Ele olha pra mim, depois pra Laura e em seguida para todos que estavam ali presentes e então diz:
– Meu escritório... Agora.
E então se vira e segue em frente meio cambaleante até uma porta no fundo do cômodo. Caique e a mãe vão logo em seguida.
– Bem, isso foi tenso. – Laura comenta.
– Concordo. – Fagner diz.
Caio se aproxima de min e então preocupados, eu, Fagner e Laura perguntamos em uníssono:
– Ele vai ficar bem?
Nós entreolhamos no mesmo instante e nós permitimos soltar uma risada nervosa de canto de boca.
– Sim, ele vai. Conheço meu pai. Acho que vai dá tudo certo – ele responde por fim nós passando confiança – podem se sentar – diz apontando os sofás logo a frente.
Fagner e Laura vão sem argumentar.
Um pouco a sós ele me olha e diz:
– Quero te mostrar uma coisa.
Nem espera pela minha resposta e então sai quase que me arrastando por onde seus pais haviam vindo.
– Pra onde vamos?
– Espera – diz colocando a mão no meu peito para que eu parasse. Ignorando assim minha pergunta.
Estávamos em uma espécie de corredor largo, a nossa frente estava a cozinha que parecia está vazia. Ele coloca apenas a cabeça para dentro e olha para os dois lados.
– Não tem ninguém. Vem – diz me puxando pela mão para dentro de um cômodo que eu não havia notado até então ao nosso lado. Olhei ao redor desconfiado enquanto ele fechava a porta e ligava a luz. Estávamos em uma dispensa do tamanho do meu quarto repleto de alimentos.
Ri e brinquei quando ele se aproximou:
– Não vou fazer sexo aqui se isso é algum fetiche louco seu.
Ele segura em minha cintura e sorrindo me traz para mais próximo de seu corpo.
– Só quero namorar um pouco – diz aproximando seus lábios do meu – mas o impeço colocando minha mão entre nossas bocas.
– Não deveríamos está lá na sala?
Ele suspira e então fala:
– Meu irmão vai ficar bem amor, confia em mim – afirmo meio hesitante com a cabeça – Só quero te curtir um pouco – diz e então vem me beijar novamente, dessa vez eu não resisti e me entreguei.
Ainda levemente colado lábios com lábios ele se justifica: – Estava louco pra te beijar, não poderia passar nem mais um minuto sem.
– Nem eu – confesso seguido de um selinho demorado.
– Quero te amar até depois do fim da minha vida.
– Já te disse que eu te amo? – digo todo bobo.
Ele sorri.
– Também te amo. Muito, muito, muito...
Mais e mais beijos foi o que aconteceu a seguir até a maçaneta da porta girar fazendo um barulho, por instinto paramos de nós beijar e olhamos assustados um para o outro. Se não for nossos amigos estamos fritos, a porta começava a se abrir quando ele me puxou para trás até que ficássemos colado na parede que ficava ao lado da porta que se abriu de vez e estacionou próxima ao meu braço, uma mulher passou direto a frente sem olhar para os lados e se pôs a olhar alguns enlatados.
Era dona Cleusa.
– Sai – sussurrou Caio me dizendo o que fazer.
Respirei fundo e sai de fininho pela porta e sem olhar para trás andei desconfiado até a sala onde só estava Laura.
Caique chegou logo em seguida esbarrando em mim. Nós olhamos e não pudemos segurar o riso.
– Você é Louco – digo batendo de leve em seu ombro – quase fomos pegos, acredita Laura?
Mas ela não responde, seus pés balançam muito enquanto sua unha se fazia presente entre seus dentes. Ela estava nervosa.
– Laura? – Caio a chama.
Dessa vez ela escuta e nos olha.
– Ah oi.
– O que você tem? – pergunto.
– A mãe de Ca, chamou Fagner lá dentro quase agora.
– Mas por quê?
– Ela disse que era só pra conversar, que não era pra gente se preocupar.
– Parece que você não está levando muito a sério a parte do “não se preocupar” – Caio comenta – se ele quisesse fazer algo, ele não o tinha chamado para uma conversa.
Narrado por Fagner:
Entro na sala com o coração na mão.
A frente avisto Caique sentado em uma cadeira de frente para seu pai que exalava poder pelo modo que sentava em sua cadeira toda confortável. Ele me dava certo medo. Confesso.
Caique ainda sentado se virou pra mim e balançou a cabeça positivamente, um sinal claro para que eu me aproximasse.
– Vamos, sente-se rapaz – diz o pai de Caique fazendo meu nervosismo triplicar.
– Pode ir – me aconselhou a mãe de Caique parada próxima a porta atrás de mim.
Vamos lá Fagner, não seja covarde – disse mentalmente a mim mesmo.
Seguro firme a alça do suporte do meu cilindro de oxigênio e então faço o que ele pediu.
Antes de se iniciar qualquer dialogo, sinto a mão de Caique sobre a minha, o olho por meio segundo e o vejo sorrindo de leve, mas infelizmente minhas feições travam por causa do nervosismo e não consigo retribuir o sorriso.
– Como é o seu nome filho? – Ele pergunta.
Volto minha atenção a ele e então respondo:
– Caique.
– Caique? – ele pergunta confuso.
– Ah não... Não, me chamo Fagner... Meu nome é Fagner.
Droga, meu nervosismo estava acabando com meu raciocínio.
– Fica calmo – Caique aconselha.
– Meu nome é Joaquin filho, fiquei sabendo que infelizmente você e meu filho estão ficando...
– Porque infelizmente? – perguntei.
Ele se inclinou um pouco mais sobre a mesa me olhando fundo e então disparou:
– Você acha que é um sonho de um pai ter um filho gay? Não, claro que não, queria ter uma nora gata e vários netos, de preferencia do meu sangue, por isso o infelizmente.
Depois disso a sala ficou em um silencio ensurdecedor por longos segundos até seu Joaquim tomar a frente.
– Não posso mudar o que meu filho é, minha arrogância e meu preconceito que ainda preservo, só que de maneira moderada, no passado me fez perder um dos bens mais preciosos de minha família, meu filho. Por vários anos senti saudades dele só que meu ego sempre vencia e acabei por não procura-lo. Estou feliz por tê-lo junto a min novamente, se a opção dele é fica com outro homem que seja, só não quero ver os dois agarrados e se beijando por ai. Fui claro?
– Sim senhor – respondemos em uma só voz.
Nossa postura era de duas crianças que estavam levando bronca do pai.
– Seja bem vindo a família – ele diz estendendo a mão para que eu a apertasse. Com a mão levemente tremula aperto sua mão áspera e pela primeira vez o vejo forçando um sorriso.
– Mate minha curiosidade, por favor?!
Até já sabia o que ele iria perguntar, a final é o que todos perguntam.
– Sim?
– Por que usa isso? – diz fazendo um gesto com o dedo indicador sobre seu nariz, onde em mim se encontrava a cânula que transportava o oxigênio até meus doentes pulmões.
– Tenho câncer de pulmão senhor, isso me ajuda a respirar. – explico.
– Tem cura?
– Tem sim senhor.
– Vai morrer não né – ele pergunta me pegando de surpresa.
– Pai... – Caique repreende.
– Todos nós morremos um dia senhor – respondo.
– É verdade, boa resposta. Mas me permita fazer outra pergunta, sim?
– Se for outra como essa, dispenso – era o que eu queria dizer, mas não fui tão ousado. A contragosto digo: – Sim.
– É contagioso?
– Joaquim! – dessa vez foi sua esposa que o repreende. Olho para Caique e o vejo nervoso, seu rosto estava vermelho e tinha quase certeza que ele iria falar algo que poderia estragar tudo e o pior que seria por minha causa, então passo a sua frente e respondo com a maior naturalidade que conseguir reunir na voz:
– Não senhor, essa...
– Eu sou estou brincando rapaz, eu não sou tão ignorante assim – diz me interrompendo no exato momento eu iria lhe explicar o que eu tinha – Estão vendo, não precisam se exaltar – diz dessa vez olhando para sua esposa e para Caique que agora estava menos vermelho.
Depois disso conversamos pouco.
Ao sair do escritório tanto eu como Caique nós recostamos na parede e suspiramos forte, totalmente aliviados, havia apenas o espaço da porta entre mim e ele.
Nós entreolhamos e sorrimos satisfeitos. Havia dado tudo certo.
Narrado por Lucas:
Por aqueles sorrisos dados de forma aliviada por Caique e Fagner soube naquele momento que havia dado tudo certo. Me aproximei dos dois sorrindo.
– E aí, como foi lá?
– Ele disse que sentiu saudades, na maneira rude dele de dizer isso, claro. E o mais importante foi que ele disse que me aceitava como eu sou.
– Eu também meu filho – disse sua mãe saindo do escritório. Seus olhos se encheram de lágrimas e então se abraçaram.
Caio se aproximou e então complementou o abraço, tomei a inciativa e me juntei a comemoração, depois vieram Fagner e Laura.
Nem podia acreditar que tinha dado certo, nem conseguia descrever o tamanho da felicidade em ver meu cunhado feliz.
Nós separamos assim que seu Joaquin saiu do escritório, ele nós olhou por meio segundo – ele tinha uma postura que dava medo em qualquer um – e então comunicou:
– Eu vou cuidar de alguns assuntos e quando voltar quero todos sentados a mesa para um almoço em família.
Deu um leve beijo na esposa e seguiu em frente até desaparecer porta a fora.
– Tinha me esquecido o quanto a postura dele me dava medo – Caique comenta fazendo todos rirem.
Ficamos na sala conversando com a dona Estela (minha sogra) que a proposito era bem mais legal e sensata que seu Joaquin. Caique e Fagner estavam sentados de mãos dadas e riam a toda hora ao lado de dona Estela, confesso que me bateu uma certa inveja da postura de namorado de ambos. Caio estava sentado do meu lado, porém não demonstrava ser mais que um bom amigo.
Mas eu entendia a situação e sabia que não era a hora ainda de nos assumimos.
Pontualmente ao meio-dia o almoço estava a mesa, na verdade um banquete pra um batalhão inteiro estava ali na minha frente, cada refeição com uma cara melhor que a outra, já estava salivando enquanto montava o meu prato.
Caio estava do meu lado direito seguido de Laura, ao meu lado esquerdo, na ponta da mesa estava a minha sogra e na outra estava o meu sogro sinistro e por fim do outro lado de forma comportada estava Caique e Fagner.
– Bem, apesar de nunca ter sonhado em ter um filho gay, estou feliz por minha família está completa novamente. – falou seu Joaquim tendo a atenção de todos voltada para ele – Peço que todos fechem os olhos agora para agradecerem – fizemos o que ele mandou – Obrigado senhor por mais uma refeição que coloca em nossa mesa, obrigado também por minha família está reunida novamente. Amém.
– Amém – dissemos todos em seguida.
– Vamos atacar agora – ele disse sorrindo. Coisa rara alias.
– Vinicius... – Caio exclamou de repente. Olhei na direção em que ele olhava e vi o garotinho nós olhando – Vem cá garotão, vem?!
Ele caminhou tímido em nossa direção, porém teve seu braço segurado por sua mãe que apareceu correndo.
– Vinicius, não pode ficar aqui. Me desculpem, me distrai dois segundos e ele já tinha sumido.
– Deixa ele vim dona Cleusa. – Caio insiste.
– Ele vai atrapalhar Caio. – ela argumenta.
– Pode deixar Cleusa – diz seu Joaquim sentado de costas para ambos – é bom que assim ele aprende a ser pai. Quero muitos netos correndo por essa casa ainda.
Aquela expectativa que ele colocou em Caio me fez engolir em seco.
Cleusa se deu por vencida e então soltou o menino, que correu para os braços de Caio que por sua vez o sentou em seu colo.
Pensativo com o que seu Joaquim falou e pelo motivo de Caio gostar tanto de criança comecei a comer.
Caio ao meu lado hora se servia, hora servia ao menino.
– Porque sua namorada não veio Caio? – Seu Joaquim perguntou rompendo o silencio.
Caio que se concentrava em alimentar o menino voltou sua atenção ao pai e meio sem saber o que responder, disse:
– Nos terminamos pai.
– Por quê? Ela parecia ser tão legal, seria uma mulher ideal pra você e uma mulher ideal para ser a mãe dos seus filhos.
Abaixei a cabeça naquele momento e fingi me concentrar na sopa a minha frente. Fiquei sem reação, um misto de medo e impaciência me tomou naquele momento.
– Questões pessoais pai – Caio se limitou a dizer.
– aaah entendi. Tem alguém sobrando aqui né?
Hãn? – pensei voltando a olhar curioso pra ele.
– Como assim? – Caio indagou.
– Vocês estão em cinco né. Ali já tem um par – disse apontando para o outro lado da mesa onde estavam Caique e Fagner. – Quanto tempo você conhece o meu filho? – ele perguntou fixo em alguém, do meu lado da mesa, olhei também e vi a quem se referia.
– Eu? – Laura perguntou confusa.
– Sim filha – ele respondeu sorrindo.
Velho fdp, era eu que ele estava insinuando que estava sobrando – penso com certa raiva, porém me arrependo logo em seguida. Ele ainda era o pai da pessoa que eu amava.
Ela olhou de um lado a outro como se implorasse socorro de alguém. Caique por sua vez tomou a frente:
– Ninguém está sobrando aqui pai, viemos todos como amigos.
– E não somos namorados como o senhor deve está pensando – Caio fala de forma direta.
Sorrio de canto de boca.
Seu Joaquim por sua vez ainda estava com um sorriso malicioso que já estava me irritando no rosto. Com certeza ele teria falado mais algo se não fosse sua esposa que mudou de assunto propositalmente pra evitar mais desconfortos.
– E aí filho (Caique), onde você mora lá na cidade grande?
Agradeci aos céus o novo rumo da conversa, mas ainda sim me sentia muito desconfortável e só conseguia pensar no momento que aquilo acabaria...
Se eu soubesse o que ainda iria acontecer naquele dia iria ter preferido ficar o dia todo ali sentado ouvindo seu Joaquim falar.
Continua...