Cdc
Me lembro como se tivesse acabado de acontecer, me lembro de cada detalhe daquela manhã e de tudo que aconteceu.
Eram 05:30 A.M, eu havia acabado de acordar pra poder ir para o trabalho. Mesmo não estando disposto a sair da cama, com muita relutância eu me dei por vencido e fui tomar um banho de água bem quente na tentativa de me despertar completamente. Consegui.
Me sequei com a toalha, dando sequência escovei meus dentes sem roupa mesmo, afinal roupas não seriam necessárias para tal coisa. Depois dessa higienização fui me vestir pra sair de casa, vesti as primeiras peças que encontrei, uma calça jeans, uma camisa azul marinho (amo azul), calcei minha bota MacBoot (na época ainda não era "modinha"), e passei meu melhor perfume: Coffee. Fiquei em frente ao meu espelho por alguns instantes admirando aquilo que me tornei com o tempo. Eu estava alto, bronzeado, com uma barba num estilo cavanhaque, cabelos raspados nas laterais e "grande" em cima bem penteado e com muito gel fixador pra aguentar o dia corrido.
Agora sim, estava pronto pra sair de casa e mostrar minha cara nas ruas de Goiânia com meu olhar mais provocante que penetraria até o pior coração amargurado.
Até porquê sempre fui de provocar. O olhar de desejo das pessoas à quem eu me insinuava me dava prazer. Mesmo sem sentir nenhuma atração eu provocava, somente para me sentir bem e ter um pouco de felicidade.
Pode parecer que não, mas... nem sempre fui assim.
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Meu nome é Carlos, para poder entender a história preciso voltar aos meus 12 anos, quando eu ainda era uma criança descobrindo o mundo, no início da adolescência (fase do cão) com todos aqueles estereótipos ao redor.
Vou me descrever naquela época agora, a descrição da atualidade vem depois.
Eu era gordo (e daí, foda-se), talvez fosse obeso, sei lá. Tinha espinhas pelo rosto desde os 10 anos, foi difícil me livrar disso. Estudava no 6° Ano, ainda era ensino fundamental. Cabelos ondulados e cheios, quase lisos, ou não. Olhos castanho escuro. Uma bunda desse tamanho pqp.
Pois bem, nessa época eu tive algumas paixonites. A primeira foi por uma menina (eca 😖), o nome dela é Thalita, eu ficava mega louco querendo dar um beijo nela, mesmo tendo receio de beijar alguém, digamos que eu tinha certo nojo de pensar na quantidade de saliva e bactérias que seriam trocadas. Pra minha sorte nunca rolou nada entre nós, ficamos na amizade. 1° Porque ela é puta, 2° Porque ela é interesseira e 3° Ela é mulher e tem um órgão genital não muito atraente pra mim (pra não dizer outra coisa).
Nesse mesmo ano tive minhas primeiras atrações por homens. Eu sentia uma coisa estranha no meu ser por um carinha da minha sala, mas nem fazia idéia que era tesão, nessa época eu era muito inocente, hoje não mais.
Como esse ano foi conturbado, tive um amigo, Vinicius que insistiu em me dizer que não era gay, mas no fundo não adiantava negar, ela era afeminado e ficava na cara seu desejo por mim.
Nunca senti nada por ele.
Até que um dia saindo da escola, um menino moreno, beeem gordo que até parecia um leitãozinho (sem ofensas), quis brigar comigo por conversar com o Vinícius. Achei aquilo o máximo.
Ele disse pra eu me afastar do Vinícius pra não me dar porrada.
Em contrapartida o Vinícius disse:
- Da fruta que você não gosta eu chupo até o caroço!
Agora pense numa pessoa que ficou 😱... Nunca imaginei ouvir aquilo dele, foi surpreendente.
Alguns meses depois ele teve que se mudar e foi embora, eu como não gostava dele e não queria magoar ninguém, dei graças a Deus por isso.
Nada de importante aconteceu depois disso, e minha vida voltou a ser monótona, mas tão monótona que ficou vazia. Comecei a me afastar das pessoas, evitava todas que tentavam se aproximar de mim, acho que eu tinha medo delas. Em casa nunca deixei transparecer nada. Eu era infeliz com a vida, infeliz com o mundo, odiava a tudo e a todos sem motivo algum. Esse sentimento só aumentava, até que atingiu o ápice.
Foi quando eu quis me matar.
Mas não passaram de tentativas, várias tentativas sem sucesso algum.
- Nem pra morrer eu presto, eu sou um inútil mesmo! Deus me leva.
Mas Ele nunca me levou, Ele foi mais um pra minha lista negra.
Quando cheguei no fundo do poço, e percebi que o último passo era me deitar e esperar a morte, foi o que fiz, me deitei. De quebra aproveitei minha Internet pra embelezar minha minha depressão e pesquisei no Google: "histórias de amor gay", encontrei muitos resultados, um deles foi o conto "Um anjo em minha vida" na Casa dos Contos Eróticos, do autor Eduardo Wlliam, e eu me apaixonei perdidamente pela história de amor dele e do Renato. Ele já postava a muito tempo, mesmo assim fui acompanhando a história. Aproveitei minhas férias escolares pra ler, assim fiquei 1 semana trancado no quarto, só saía pra tomar água e banho. Por consequência fiquei esse tempo todo sem comer. Não dormia direito nem sentia vontade de fazer mais nada depois que a história acabou. Continuei sem me alimentar.
Resolvi dar a volta por cima. Me inscrevi num curso (nas férias porra?), e na academia pra perder meus quilos á mais. Em 3 mêses perdi 7 quilos e fiquei até bonitinho (gostoso), viciei naquilo, mas parei porque tava difícil arcar com os gastos.
Reconquistei minha confiança.
Em 2014, já bem mais crescido, em uma conversa com minha amiga Ana ela disse uma coisa que deixou minha vida de cabeça pra baixo.
Ana- Carlos, sabe aquele seu amigo Guilherme? Ele é gay?
Carlos- O Guilherme Rodrigues?
Ana- Não, o loirinho.
Carlos- O Gui? Acho que não, porque?
Ana- Ele Tava mandando mensagem pra um amigo meu pedindo pra ficar com ele.
Carlos- Sério? Tem 3 anos que não converso com ele, antes ele namorava uma menina que estudava com a gente...tem certeza que ele é gay?
Ana- Vish, sei lá.
Carlos- Então deixa que eu descubro, depois eu vejo o que faço.
Mas será que o Guilherme, aquele nojento é gay? Tô na dúvida, tenho que fazer alguma coisa pra descobrir.
Encontrá-lo no intervalo foi muito fácil, ele estava sentado com uma antiga amiga nossa no bebedouro da escola.
Hora de colocar meu plano em ação.
Carlos- Oi Gui, oi Letícia.
Gui- Eaí...
Letícia- oiê...
Fui chegando perto dele, cada assunto era motivo pra tocar no corpo dele, até que em um momento eu toquei no seu rosto e fixei meu olhar primeiro em sua boca, depois em seus olhos... Foi mágico.
Carlos- Já tá com barba né, ficou bonito assim.
Nesse momento o maldito sino bateu.
Letícia- Tchau gente, tenho que ir pra sala fazer prova.
Nós dois demos tchau pra ela.
Guilherme- Cara, antes de ir posso te pedir uma coisa?
Carlos- Claro, pode sim.
Guilherme- Me dá um abraço?
Então nós nos abraçamos, em frente a dezenas de pessoas, que não faziam diferença alguma, pois naquele momento eu estava sentindo o melhor abraço que já senti na minha vida, nada mais fazia sentido, o cheiro dele me excitava, sua pele me atraía, seu corpo era minha perdição, seu rosto repousado sobre meu peito era alvo de olhares.
Nem imagino quanto tempo durou aquele abraço, só sei que foi muito bom de sentir. Resumindo: foi memorável. Agora só falta beijar aquele boca linda.
Como assim beijar? Ficou louco, você odeia ele seu idiota.
No fim das aulas, fui embora com a Ana e no caminho me lembrei do ocorrido com o Guilherme. Contei que realmente o Guilherme poderia ser gay, confirmando suas suspeitas.
Ela me perguntou como descobri, e disse a verdade, que eu dei umas investidas bem profissão nele e ele respondeu a tudo.
Ela como sempre loucona disse aquele típico "eu não te disse?"
Depois desse dia, dormir nunca tinha sido tão difícil, sonhava com ele todas as noites... Aquela pouca bunda que ele tinha chamava minha atenção, naquele estilo de roqueiro que ele tinha, me deixava louco, era algo sutil, sem exagero. Quando ele colocava aqueles óculos redondos ( feios pra caramba) ficava ainda mais misterioso e gostoso ao mesmo tempo.
Nos tornamos próximos novamente, e sempre dávamos um abraço. (Ressaltando, eu odiava o Guilherme antes disso acontecer, era capaz de matá-lo)
Pra piorar de novo minha vida que nessas alturas já tinha voltado a ser linda, eu me apaixono pelo meu ex amigo que se tornou inimigo e agora é amigo novamente. Pqp, o que eu fiz da minha vida? Tô perdidamente apaixonado por aquele loiro idiota, lindo, gato, gostoso, ridículo, podre, ignorante, délicia. Mds.
Quer saber? Dane-se, eu vou beijar aquela boca custe o que custar, nem que pra isso eu tenho que roubar um beijo dele.
Foi tudo planejado, no último dia de aula eu iria ficar com ele. Fui paciente e esperei o horário de ir embora, o acompanhei até a praça, até que uma escrota mandada chama meu futuro namorado do outro lado da praça gritando igual uma louca. Caralho, tinha que ser hoje mesmo né.
Como a paciência é uma virtude, eu esperei novamente, só que mais a frente, sentado num ponto de ônibus.
Passaram 30 minutos e ele finalmente apareceu, só que passou do outro lado da avenida, não me viu e passou de mim. Fui atrás dele andando bem rápido, pois existem duas coisas que eu não faço na rua que é correr e gritar, morro de vergonha disso, sou estranho pakas.
Só que pro meu dia ficar lindo, tinham duas piranhas é um macho lá na frente e ele correu até eles, depois foram pra uma rua de terra pra casa não sei de quem.
Que droga, xinguei aos quatro ventos, chorei, berre. Sqn.
Chegay em casa fui para o meu quarto pensar um pouco na minha burrice e infantilidade momentânea. Nem ao menos tinha o número do Guilherme. A solução foi apelar pro Facebook, encontrei aquele ser, enviei uma solicitação que foi aceita mais tarde, conversa vai, conversa vem até que ele me pergunta se eu ficaria com ele. Eu prontamente disse sim.
Mas nem tudo são flores.
Me veio algo na memória, ele mora aqui pertinho de casa 😄😄😄.
Guilherme- Cara vou viajar, semana que vem eu vou embora do Brasil.
Carlos- Nossa, sério? Porque?
Guilherme- Vou morar com a minha mãe na Espanha.
Carlos: Putz, então será que a gente pode se encontrar antes disso?
...