CAPITULO 11: ALEXIA
Seu Gustavo estacionou em frente a minha casa e eu entrei na sua linda Range Rouver Branca.
- Esta animada Alexia?
- Sim. Na verdade, estou muito.
- Que bom. A Julia com certeza ficara feliz.
- Ela sabe que estou indo vê-la?
- Não. Achei melhor fazer uma surpresa.
- Ótimo.
Fomos conversando durando todo o trajéto até a clinica.
Quando eu a vi meu coração parecia que iria sair pela boca. Ela veio até a mim correndo e me beijou... Na frente do pai dela. Que mulher louca! Eu fiquei morrendo de vergonha, minha face queimava como uma labareda. O Senhor Gustavo saiu e nos deixou a sós. Nossa, tinha tantas coisas para serem ditas.
Ela me perguntou porque eu tinha demorado tanto para ir visita-la. Expliquei o que tinha acontecido a ela, contei o que a Fernanda havia feito.
Estávamos conversando quando chegou uma mulher vestida em um jaleco branco. Logo deduzi que era uma médica. Uma mulher de parar o transito, simplesmente uma morena espetacular. Acho que por isso eu fiquei com muito mais ódio quando eu a vi dando em cima da Ju. Vocês tinham que ver a cara de deboche dela quando me perguntou se eu era amiga da Julia. Minha vontade foi voar no pescoço daquela mulherzinha de quinta. Mas eu fiz melhor, muito melhor... Falei que eu era a namorada. O sorriso sumiu do rosto dela na hora... E eu? Eu aplaudia a mim mesma por dentro. Ver a cara dela de tacho não teve preço. Ela ficou tão sem graça que se retirou.
Diversão à parte agora eu teria que me explicar para a Julia. Mas o que dizer a ela? Eu realmente queria que nós fossemos namoradas. Eu estava gostando demais dela. Só não sabia como dizer isso a ela. Respirei fundo e decidi abrir o meu coração.
- Eu gosto de você Julia. Gosto muito. Não era o que eu queria, mas aconteceu e eu quero ficar com você! Não sei se você sente o mesmo que eu, mas se você topar a gente pode tentar fazer dar certo. Eu preciso de você Julia. -- Falei de uma só vez.
- Você precisa de mim? Eu que preciso de você! Até ontem eu era só mais uma viciada, uma pessoa que ninguém dava nada. Mas você me enxergou e apesar de tudo que aconteceu na sua vida você me ajudou, me estendeu a mão. Alexia, eu adoro você. E é óbvio que eu topo tentar.
É isso mesmo? Ela topou? Eu estava extasiada.
Os minutos seguintes foram perfeitos, eu estava flutuando.
Seu Gustavo chegou e anunciou que teríamos que ir embora. Eu não queria ficar longe da Ju. Me despedi com a promessa de voltar o mais breve possível.
Entrei no carro juntamente com o Senhor Gustavo e ele me perguntou:
- Afinal de contas, o que você e minha filha tem?
Olhei pra ele meio sem graça. O que dizer a ele? Era o pai da Julia. Eu nao sabia como ele iria reagir se eu falasse a verdade. Tive que tomar coragem pra falar, afinal, que especie de namorada eu sou?!
- Desculpe-me pela pergunta. Não quis parecer indelicado nem intrometido. Se nao quiser me dizer eu entendo.
- Sem problemas. Na verdade nós estamos namorando. Quero que saiba que eu so quero o bem da Julia. Eu gosto dela de verdade.
- Certo. Eu ja desconfiava. Certamente, você foi a melhor coisa que apareceu em nossas vidas. Pode ter certeza que a relação de vocês tem a minha total aprovação e apoio.
- Obrigada Senhor.
- Por favor Alexia, não me chame de senhor mais, ta ok? Eu nem sou tão velho assim (risos).
Gente meu sogro é uma figura. Ele ficou me contando várias histórias engraçadas.
- PARA! - Gritei no impulso.
Seu Gustavo se assustou com o grito quase perdendo a direção do volante.
- O que foi Alexia?
- Eu preciso ir.
Saltei do carro deixando o Senhor Gustavo totalmente confuso. Agora o meu sogro estava me achando uma louca. Mas eu não podia deixar de ir atrás da Fernanda. Quando eu a vi na rua não hesitei em saltar do carro. Eu iria tirar satisfação com aquela mal caráter.
Quando ela me viu indo em sua direção, me olhou assustada e simplesmente saiu correndo. Da pra acreditar?! Não pensei duas vezes e comecei a correr atrás dela. A filha da mãe parecia uma maratonista. Eu só consegui pegar ela porque ela tropeçou numa pedra e caiu.
Peguei em seu braço com força. Eu não quis nem saber se estava machucando.
- Olá amiga, quanto tempo. -- Falei com ironia.
- Solta o meu braço agora!
- Eu solto se eu quiser. Você vai ter que me esclarecer muitas coisas.
- Não vou te dizer nada! Você não pode me obrigar!
- Ta legal, não posso. Mas você me deve isso! Disse que era a minha amiga e depois me apunhalou pelas costas.
Ela me olhou com culpa. Acho que agora ela iria falar.
- Ta ok Alexia. Saiba que eu não tenho nada contra você, mas a Julia é o amor da minha vida.
Tipo, so eu que fiquei chocada com essa revelação?
- Que amor é esse? Você só maltrata ela.
- Você não sabe como essa mulher já me fez sofrer. Éramos amigas na época de escola, mas eu sempre gostei dela. Suportei ela ficando com vários caras nojentos na minha frente. Ela nunca me deu nenhuma oportunidade. Até que comecei a ficar com a Mariana, uma garota do mesmo ano que nós. Era uma garota bonita e bastante divertida. Porem, um dia fomos a uma festa de aniversário de um amigo nosso. Ela e a Mariana foram ao banheiro, mas a demora delas me incomodou e fui atrás. Passei por um quarto no caminho e as vi deitadas na cama se pegando. Me subiu um ódio tão grande. Foi uma confusão enorme. Depois daquele dia esperei a raiva passar e fui atrás da Julia. Me declarei para aquela desgraçada e ela me rejeitou. Disse que não sentia nada por mim. Você tem noção do que eu sofri?!
Ela falava com raiva. Juro que eu estava começando a ficar com medo.
- O que me confortou mais tarde foi saber que ela tinha se tornado uma viciada. Ninguém queria ela por perto. Ninguém queria nada com ela. Pra ser sincera eu gostei muito de vê-la naquele estado decadente. Assim ela não ficaria comigo mas também não ficaria com mais ninguém.
- Você é louca!
- Você acha?! Tudo estava perfeitamente bem até você aparecer e estragar tudo. Você tinha que se apaixonar logo por ela?
- Você precisa se tratar garota. Isso que você sente não é amor. É doença!
- Vai por mim Alexia, se afasta dela. A Julia pertence a mim.
- Acho que você esta muito enganada. Precisa começar a se informar melhor.
- Do que você esta falando?
- Eu e a Julia estamos na-mo-ran-do.
- Mentira. Eu não acredito em você.
- Ok. Lembra do pai dela? Pergunte pra ele.
Agora foi ela que pegou em meu braço.
- Escuta só uma coisa. A Julia pertence a mim. E se ela não ficar comigo, não ficará com mais ninguém.
Saiu andando em passos largos me deixando com muito medo. Que mulher maluca.
Me recuperei do choque e fui embora. É impressionante como as pessoas conseguem decepcionar as outras. Eu esperava qualquer coisa dela, menos isso.
Não queria ficar sozinha, então fui pra casa do meu avô. Eu precisava de colo. Cheguei na casa de vovô e ele estava falando ao celular.
- Olá, minha neta.
- Oie vô.
- Sabe com quem eu estava falando agora pouco?
- Não faço a mínima ideia.
- Com a Fernanda.
Congelei na hora. O que será que aquela filha de uma égua tinha falado ao meu avô.
- Ela me disse que você está namorando com a Julia.
- Que fofoqueira. Vô eu posso explicar.
Caraca, aquela vadia me ferrou. Que ódio.
- Você não precisa me explicar nada. Eu sempre soube de tudo. Alexia eu não sou bobo.
- Sempre soube?
- Claro. Quando eu falei pra família que eu iria trazer você para cá. Sabe o que eles disseram? Que eu era louco de colocar uma sapatão dentro da minha casa.
- Por isso que eles não vem mais aqui?
- Exatamente. Pra mim não importa se você gosta de homens ou de mulheres. O seu bem estar que importa pra mim. Eu te amo acima de qualquer rótulo. E eu jurei pra mim mesmo que iria fazer por você o que o seu pai nunca fez.
- Vô, eu não sei o que te dizer. Eu te amo!
- Oh minha querida. Eu também te amo.
Ele me puxou para um abraço e me deu um beijo na bochecha.
- Vô, o Senhor não fica com medo e nem vergonha de ser apontado nas ruas ou até mesmo na sua igreja?
- Minha filha, eu não estou nem aí para o que dizem. E se a minha igreja não poder aceitar o jeito que você é. Então, talvez, aquele não seja o melhor lugar para mim está.
Chorei. Fiquei emocionada. Como é bom ter pessoas de bem ao nosso lado. Decidi dormir ali mesmo na casa do meu avô. Fiquei feliz do meu avô ter me compreendido e me acolhido. Porem, eu ainda não estava satisfeita. Então peguei meu celular e mandei uma mensagem para a Fernanda.
" Obrigada por ter me poupado do trabalho de contar ao meu avô. Confesso a você que eu não sabia como contar. Obrigada mesmo. Só lamento que seu plano de me ferrar não tenha dado certo. Bjs"