O Jean era um rapaz inquieto, queria abraçar o mundo e fazer tudo de uma só vez.
Queria falar, pensar e respirar, tudo ao mesmo tempo rsrs.
Um garoto no ápice do amadurecimento, liberando hormônios e desejando as coisas proibidas.
Um rapaz lindo e bastante atraente, ele era outro que morria de ciúmes de mim.
Não aceitava que eu desse atenção para outras pessoas além dele.
Jean: Mano?
Venha ver como estão meus projetos, o que você acha?
Eu peguei alguns de seus desenhos e olhei analiticamente cada um deles e coçando meu queixo respondi!
Eu: Humm, deixa eu dar uma opinião....- Jean esse projeto pré executivo para ser legalizado precisará de uma visão mais ampla do edifício pronto, entendeu?
Se imaginármos que esse edifício estivesse pronto hoje. O que iria faltar aqui?
Eu mesmo respondi.
Nele faltariam áreas de risco, áreas arborizadas, que nôs dias de hoje são extremamente necessárias para o bem estar das pessoas que irão residir nele.
Por isso, precisa de uma estrutura sólida, mas também de um espaço considerável para futuras intervenções.
Entendeu?
Quando terminei de falar, os dois estavam de olhos arregalados e boquiabertos, como se eu estivesse dizendo a coisa mais estranha do mundo.
Foi quando o William riu e me perguntou?
- Henrique, você percebeu o que acabou de fazer?
Eu: Não, o quê?
William: Você acabou de detalhar o projeto todo para o Jean, você não se esqueceu, de, como executar o seu trabalho.
O Jean pegou carona e continuou;
- Mano, você é o melhor professor. Graças a Deus que voltou, eu não aguentava mais as broncas do William rsrs.
Todos nós rimos das palavras do caçula.
Eu não tinha percebido, mas realmente, não tinha esquecido de como era ser um arquiteto.
Fiquei muito feliz em pensar que poderia ocupar a minha cabeça com outras coisas.
O Jean estava trabalhando comigo, apenas para matar o tempo, pra dizer que trabalhava, o negócio dele era publicidade, seu sonho era um dia ser um publicitário rodeado de assistentes.
Apesar de que comigo ele se saia muito bem na execuções dos projetos, claro que eu e William não tirávamos nossos olhos de cima dele.
Mas ele fazia tudo direitinho.
Nós também não tínhamos uma secretaria e, por isso, quando um de nós voltava do almoço o outro ia, logo o Jean saiu para seu intervalo e deixou nós dois sozinhos na sala.
William me olhava com ternura, como se fôssemos mais que amigos.
Me deu um abraço e agradeceu por eu não ter morrido no acidente.
Eu: Do que você está falando William?
Ele: Estou falando que Deus foi misericordioso e te poupou de morrer naquele dia.
Você fez tantas coisas erradas nessa vida Henrique, que ele fez isso para te dar uma outra chance de fazer tudo diferente.
Os olhos dele brilhavam marejados de lágrimas e ele me apertava contra o peito enquanto agradecia.
Eu segurei em seus braços afastando seu corpo do meu e olhando dentro dos seus olhos perguntei;
- William, não vá me dizer que nós....
Ele me interrompeu antes mesmo que eu terminasse.
- Não Henrique, nós não fizemos nada, nunca houve nada entre a gente. Eu não me encaixo no seu perfil, dentre todos que já foram pra cama com você, eu sou o único que não passei por lá.
Ele me fez aquela revelação com a voz tristonha, não me olhou nos olhos e se afastou uns dois passos para atrás.
Eu fiquei surpreso com o semblante dele e perguntei:
- William a quanto tempo somos amigos?
Ele: Desde que eu me entendo por gente, desde que meus pais se mudaram para o bairro que você mora até hoje, quando tínhamos nossos seis ou sete anos.
Era visível a decepção dele quando falava sobre nossa infância e continuou:
- Eu sei que você não se lembra e eu nem posso te cobrar nada Henrique, mas só o fato de você estar vivo, pra mim já é um presente.
Eu: Calma aí William, eu fiz algo errado?
Ele: Não Henrique, você não fez nada de errado, mas eu fiz.
Eu: Como assim cara?
Ele: No dia que sua irmã Sara ia se casar, você ia aproveitar a festa do casamento para pedir a mão da Carol.
Eu: Mas o que você fez William?
Ele: Eu inventei uma desculpa pedindo que ficasse aqui comigo para terminar um projeto, porque naquele dia eu ia me declarar a você. Como uma última tentativa de te mostrar que eu poderia te fazer feliz.
William estava nervoso e demonstrava isso com as palavras e gestos explosivos enquanto falava.
Ele: Seu irmão insistiu que você fosse com o Zé, mas você ficou me ajudando naquele projeto, sem questionar nada. Depois que o Jean saiu eu revelei o real motivo de te segurar aqui.
- Henrique eu acompanho sua vida desde nossa infância. Aprendi com você, apanhei com você, aprontei ao seu lado, ficamos de castigo por diversas vezes, juntos fizemos tudo que podíamos e não podíamos, eu sei de todas as suas escapadas, em várias delas eu te ajudei a enrolar a Carol, você nunca amou aquela menina, queria casar pra tentar algo que ambos sabíamos que não daria certo.
Eu: William nã...
Ele: Me deixa terminar Henrique! Eu guardei meu amor aqui dentro por todos esses anos, mas naquele dia eu botei pra fora toda a minha vida a você, todos os meus sentimentos.
Eu amo você Henrique, amo desde nossos quatorze anos, quando eu percebi que as meninas não me interessavam, quando eu ficava no banheiro por horas me matando na punheta pensando em você. E sabe o que me doía mais?
Eu: Desculpa Henrique.
Ele: Você sempre soube que eu gostava de você, mas nunca me levou a sério, sempre zombou da minha ingenuidade, da minha fidelidade em relação a você. Eu sempre fiz tudo pra te ver sorrir Hick e você nunca me deu um pingo daquele amor, que, distribuía para todos os outros que você conhecia, penso até que você brincava com meus sentimentos.
Eu o interrompi:
- William, se eu fiz isso com você, me desculpe, eu vejo nos seus olhos que está chateado com o que aconteceu, mas eu não sei o que dizer.
Ele: Henrique num ato de desespero inconseqüente meu, eu acabei falando de todas as coisas erradas que você já havia feito.
Não percebemos que a Carol estava ouvindo tudo atrás da porta. Falei de suas traições com garotos de programa, das suas escapadas com a menina da sorveteria e a Carol alí, ouvindo todas as minhas lamúrias.
Fiquei com raiva de tudo que ele me falou, mas continuei ouvindo.
Eu também estava com nojo das palhaçadas que havia feito com meu próprio irmão e não poderia condenar aquele que alí estava para me mostrar o quão imprudente eu era.
Ele: Henrique venha comigo até a sala de reuniões, vou te mostrar algo.
Eu o segui até a sala que ficava mais ao fundo, um espaço razoavelmente grande, uma mesa com doze cadeiras, uma tv e um banheiro grande.
Ele respirou fundo e falou:
- Aqui é nossa sala de reuniões, onde recebemos os nossos clientes, mostramos nossos projetos e as perspectivas de cada um deles.
Eu: Sim, e provavelmente a maioria desses projetos são firmados aqui dentro?
Ele: Sim, os contratos são assinados e fechados aqui, mas sabe para qual finalidade você utilizava essa sala?
Eu: Vou ouvir algo que não vou gostar.
Ele: Você trazia seus amantes nessa sala Henrique. É aqui que você dava suas escapadinhas, suas "furadas", como você mesmo dizia. Essa sala foi palco de muita perversão sua, enquanto eu trabalhava; Você fodia!
Eu: Ta bom William, eu não quero mais saber dessas coisas e se Deus quiser eu não vou nunca mais recobrar minha consciência.
Ele: Me segue até o banheiro.
Eu o segui e ele continuou falando no banheiro!
Tinha um box grande, um espelho enorme do piso até o teto, refletia nossas imagens.
Ele: Olha pra mim Henrique e olha pra você? Me diz uma coisa? Qual o meu defeito? O que eu tenho que fazer pra você me olhar e me notar?
Eu olhando a aflição daquele homem me dizendo aquelas coisas, só podia pedir desculpas por tantas burradas que eu havia cometido.
Ele: Você é lindo Henrique, apesar de todas as coisas que você fazia, eu nunca vi defeito em você e pra mim você sempre será o cara perfeito.
Quando eu fui abrir a boca para pedir desculpas novamente! Ele me segurou firme pelo rosto e me surpreendeu com um beijo.
Um beijo que me tirou do chão.
Eu não relutei, não me afastei, apenas deixei que ele me beijasse, me demonstrasse seu amor e mostrasse a mim mesmo que a Carol não seria feliz ao meu lado, que eu não seria feliz ao lado dela.
Levei meus braços na altura dos seus ombros e segurei em seus cabelos macios que transpassavam por entre meus dedos, eu sentia sua respiração forte, e o desejo exalava alguns quase gemidinhos de prazer que ele fazia em com sua boca na minha.
Enquanto nos beijávamos feito dois loucos.
Ele passou a língua sobre meus lábios molhados de saliva, fazendo com que as minhas pernas tremessem, enquanto eu explorava toda a extensão daqueles ombros, tórax, braços e barriga.
Sentindo o sabor do canto de seus lábios eu escuto a voz do Jean nos repreendendo.
- Era isso que você queria né William?
Você estragou a vida do meu irmão para isso?
Seu viado! Queria dar pro Hick?
E você Henrique não tem vergonha de fazer uma coisa dessas?
Eu vi meu irmão caçula fechar os punhos e vir com tudo pra cima do William, que o segurou sem muito esforço.
Ele gritava alguns palavrões e tentava se soltar dos braços do William.
Eu dei um grito e pedi que ele parasse de fazer tanto escândalo, em seguida pedi ao William que nôs deixassem a sós.
O William saiu da sala e fechou a porta enquanto eu me sentava.
Eu: Vai Jean, me diz porquê de tanta raiva?
Ele: Não ta certo isso Henrique.
Eu: Vamos lá então maninho, me diz o que é certo?
Ele: Logo você saberá mano e tenho certeza que vai se assustar.
Eu: Por que tanto segredo assim Jean? O Gabriel falou a mesma coisa.
Ele: O Gabriel vai saber desse beijo.
Eu: E o que ele tem com a minha vida? O que você tem com a minha vida?
Ele: Mano você não é burro, é só procurar que você vai encontrar todas as respostas que precisa.
Eu: Jean deixa de besteiras e me diz o que está acontecendo?
Ele se levantou da cadeira e andou para bem perto de mim, agora calmo, levou a palma da mão no meu rosto alisando minha face e disse.
- Eu sempre respeitei todas as suas vontades e você sempre soube retribuir.
Ele ligou para o Gabriel na minha frente e pediu que ele fosse buscá-lo enquanto me olhava nos olhos tentando me intimar ou sei lá.
Logo que saiu o William voltou pra conversar comigo, mas eu queria ir pra casa ou qualquer outro lugar que eu pudesse descansar!