- Amor? – Eu entrei no banheiro
- Oi!
- Tá tudo bem?
- Sim! – Eu podia perceber na voz dele que a resposta verdadeira era NÃO
Eu fiquei em silêncio, deixei ele falar. Nós ficamos em total silêncio até ele falar.
- Desculpa...
Eu não respondi nada
- Tu ainda estás aí?
- Sim!
- Desculpa, amor...
- Bruno, não tem nada para eu desculpar.
- Eu fiz o maior teatro lá na frente de todo mundo
- Não vi aquilo como teatro. Eu só vi, pela primeira vez, tu mostrares o que tu realmente estás sentindo com toda essa situação.
- Mas eu não queria... eu não queria demonstrar fraqueza pra ti. Sou eu quem tem que te dar força e não o contrário.
- Amor, não tem essa de um dar a força e o outro ser o coitadinho. Nós vamos enfrentar isso juntos, entendeu? JUNTOS! Nós dois sabemos que não vai ser fácil, agora se tu ficares guardando esses sentimentos só pra ti, eu não sei como nós podemos acabar. Tu viste como o Thiago e eu terminamos, tu viste como ele ficou. Ele deixou a minha doença destruí-lo e destruir o que tínhamos. Eu não quero que isso aconteça conosco. Eu não quero te perder por causa dessa doença estupida. Então, eu te peço, fala comigo, me conta quando tu estiveres angustiado, sofrendo, essa não é a primeira vez que eu te peço isso.
- Tu já tens tanta coisa na cabeça, eu não quero ser mais um problema, é por isso que eu não te falo.
- Bruno, eu luto por ti. Por mim, eu não faria tratamento nenhum, seria um bobo novamente como fui na primeira vez, mas eu te tenho em minha vida e não quero abrir mão disso por nada, não vai ser uma doença dessa que vai estragar nossa felicidade. Então, eu te peço mais uma vez, não guarda esses sentimentos pra ti por que tu vais te matar e vai nos matar aos poucos.
Eu estava sentando em cima do vaso sanitário e ele estava dentro do box de vidro do banheiro. Nosso box era aquele vidro bem escuro, então, não dava para ver nada. Nós ficamos em silêncio, eu só ouvia o barulho da água caindo e escorrendo pelo ralo.
- Desculpa, tá?
- Amor, para de me pedir desculpas! – Eu já estava me irritando com aquilo - Eu já te disse que não tenho porque te desculpar. E sai logo daí!
Ele ainda ficou um pouquinho mais no banho, eu fui para nosso quarto e fiquei esperando por ele lá. Ele saiu do banho e como eu estava deitado, eu não o vi sair de lá, eu só soube quando eu o senti deitar ao meu lado.
- Tu sabes que tu és a pessoa mais importante na minha vida, não sabe? – Ele disse
- Sei, amor! E tu também és a mais importante na minha vida. É por isso que eu quero que tu te abras comigo! – Eu disse virando de frente para ele, nós ficamos face a face
- Eu estou com medo, Antoine!
- Eu também estou, amor! – Ele segurou minha mão
- Tenho medo de te perder, tenho medo de fracassar contigo...
- Tu nunca fracassarias comigo, tu lembras quem me salvou na primeira vez?
- Na primeira vez eu te amava sem saber, agora eu te amo com todas as minhas forças. É difícil te ver sofrer e não poder fazer muita coisa. Nós sabemos o que nos aguarda, eu tenho medo de não aguentar tudo.
- Nós estamos juntos! E permaneceremos juntos até o fim!
- Eu te admiro demais, mesmo sabendo de tudo, eu ainda não te vi fraquejar, não te vi reclamar.
- Eu não vou fazer como da primeira vez, não vou deixar o medo me vencer. Vamos, te arruma e vamos voltar lá para a varanda com os meninos, o Thi e a Loh estão chegando e nós vamos nos divertir com nossos amigos hoje, entendeu?
- Entendi! – Ele disse se levantando da cama
Ele pegou uma roupa de vestir em casa mesmo e nós voltamos para a varanda. Quando nós nos sentamos junto ao Dudu e a Jujuba, a Loh chegou e para a nossa surpresa ela estava acompanhada, muitíssimo bem acompanhada.
- Oi, pessoal! – Ela disse sem graça pois todos nós estávamos olhando para o cara que tinha vindo com ela.
- Loh?
- Oi, amigo!
- Tu... tu não vais apresentar teu amigo?
- Ah, sim! Gente, esse aqui é o Igor, meu namorado.
- Oi? Espera um minuto, eu perdi algum capítulo, gente. Só pode! – Jujuba disse
- Amor, esses são meus amigos: Antoine, Jujuba, Bruno e Dudu. – Ela falava apontando para nós
- Prazer em conhece-los, a Lohana fala muito de vocês.
- Prazer em te conhecer, Igor! – Eu me levantei e fui cumprimentar o cara
- Seja bem-vindo a nossa casa! – Bruno também se levantou
- É um prazer em te conhecer! – Jujuba deu dois beijinhos na bochecha dele
- Ah, você é a famosa Jujuba!
- Famosa? Não me lembro de ser rica, querido! – Todos nós caímos na risada
- Aceitas uma taça de vinho, Igor?
- Ah, sim, obrigado!
- Loh, tu me ajudas? Assim a gente pega pra todo mundo.
- Claro!
- Eu ajudo vocês também!
Nós fomos para dentro de casa e só quando a gente chegou na cozinha a Jujuba soltou a bomba.
- BISHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!! Que homem é esse? De onde tu tiraste esse deus? Eu quero um também! É lindo, cheiroso e aquela voz? Quase tive um orgasmo!
- Menos, né Jujuba? Bem menos! – Loh disse
- Respeito é bom, né maluca? – eu falei
- Desculpa, Loh! Eu falo isso com muito respeito, homem de amigos meus são mulheres pra mim.
- Acho bom! – eu disse
- Mas vocês dois, viu? Vocês tem muita sorte, dois gatos. Não sei quem é mais gato o Pão ou o Igor.
- Tu estás afim de levar na cara mesmo, não é? – Eu disse
- E levar na cara de nós dois!
- Eu hein, violentas vocês, viu? Só estou elogiando!
- HUUUM...
- Não, mas brincadeiras à parte, Loh de onde surgiu o Igor... Não lembro de tu teres falado nada pra gente.
- Bom, na verdade a gente já tá junto há um mês, eu não falei nada pra ninguém até ele me pedir em namoro, na noite em que vocês foram para o barzinho.
- Hum... isso explica tua ausência.
- Pois é, aí hoje nós íamos sair, mas como eu te conheço, Antoine, tu ias fazer um drama sem fim e então eu resolvi vir pra cá e apresenta-lo logo para vocês.
- Fez muito bem!
- Tá, tá, tá... mas de onde vocês se conhecem?
- Da academia!
- Desde quando tu fazes academia? – Eu perguntei
- Há alguns meses.
- Gente, mas eu passo alguns meses fora e vocês aprontam todas, hein?
- Loh, e o Dudu?
- O que que tem ele?
- Tu pensaste em falar primeiro com ele?
- Não, nós ficamos muito bem resolvidos.
- Não sei, não.
- Poxa, Loh, eu acho que era pra ti ter primeiro falado com ele.
- Sério, gente? Eu realmente pensei que não seria problema...
- Bom, tomara que não seja.
Nós pegamos as taças que lavamos enquanto conversávamos, a tábua de frios, que foi rapidamente refeita pela Jujuba, e mais uma garrafa de vinho. Quando nos aproximamos da varanda, eu vi Bruno conversando com Igor e o Dudu estava meio de lado. Nós nos servimos e eu sentei ao lado do Dudu.
- Mano?
- Oi!
- Tu estás bem?
- Tô!
- De verdade?
- De verdade!
- Se quiseres conversar, tu sabes que eu estou aqui, né?
- Unrum! – Ele virou a taça de vinho em um só gole
Já que ele não queria falar nada, eu o deixei quietinho e fui sentar ao lado do Bruno.
- Ah, quer dizer que tu também és médico? – Bruno perguntou
- Sou, sim!
- Tu és especializado em que área?
- Sou dermatologista!
Isso explicava o porquê de ter aquela pele que causava inveja em qualquer um.
- Que legal! Tu trabalhas em que hospital?
- Bom, na verdade eu estou há pouco tempo em Macapá, eu trabalhei durante seis meses no hospital “xxxx”, eu saí de lá recentemente e agora eu vou começar a trabalhar no “XYXYXY”.
- Que massa! Eu trabalho lá, eu sou o chefe da oncologia.
- Olha só, eu vim parar na casa de um dos chefes. – Ele disse rindo
- Pois é, pois é...
Eles ficaram conversando sobre medicina e blábláblá, assuntos que só eles dois conheciam.
- Pelo visto Bruno encontrou um amiguinho. – Jujuba disse
- Verdade!
- Que bom que eles se deram bem – Disse Loh toda contente
- Eu quero um médico também! – Jujuba disse fazendo bico
- Amiga, deixa de ser louca que tu consegues um. – Loh falou sorrindo
- Tu estás me chamando de louca, Lohana?
- SIM! Por que?
- Credo, amiga, eu não sabia que tu pensavas isso de mim!
- Faz favor, né Jujuba? Qualquer um sabe que tu tens alguns/vários parafusos a menos nessa tua cabecinha.
- É verdade, Ju!
Dudu se levantou e entrou em casa. Eu falava com as meninas, mas eu estava de olho nele.
- Gente, e o Thi? – Loh perguntou
- Esse sem vergonha deve ter parado na casa da namoradinha dele.
- Ele está namorando?
- Não, tô brincando. Mas ele está saindo com uma menina aí. Deixa eu ligar pra ele.
Peguei meu celular e liguei pra ele, mas eu coloquei no viva voz.
- Sim, meu filho, tu chegas ainda hoje?
- Tô chegando, foi mal!
- Que história é essa de namorada, Thi?
- Namorada?
- É, o Antoine me disse que tu estás namorando!
- Eu? Tá doido, Antoine?
- Eu não disse que ele estava namorando, sua cabeçuda! Eu disse que ele estava saindo com uma menina.
- Eu não estou nem namorando e nem saindo com ninguém.
- E qual o motivo dessa demora? Tu estás aprontando, Thi!
- Ei, psiu, tu não tens moral pra falar com ele, viu? Thi, é ela quem está namorando e não falou pra gente.
- Como é que é, Lohana?
- Seu bocudo! – Ela me deu um beliscão
- Auuu!!! E te explica agora, Loh!
- Vem logo pra cá, quando tu chegares aqui tu conheces o Igor.
- Hum... Igor é? Se eu não aprovar cancela esse namoro.
- Sim, senhor, papai!
- Parem de papo furado! VEM LOGO PRA CÁ, VIADO! – Jujuba gritou, o vinho já estava subindo
- Tinha que ser! Tô estacionando aí na frente. – Ele encerrou a ligação.
Após alguns minutos ele apareceu na varanda.
- Oi, oi, pessoal! Boa noite! E aí, Bruno? – Ele o cumprimentou
- Tudo bem, Thiago?
- Tudo, sim! Olha só, trouxe esses vinhos.
- Opaaa!! Me dá aqui, deixa eu guardar lá dentro.
Eu estava gostando de vê-los tentando se entender.
- Você, deve ser o Igor, não é?
- Isso mesmo! E você, quem é?
- Thiago, amigo da Lohana e de todo esse povo.
- Pelamor de Deus! – Loh saiu correndo
- Ah, ela tem medo? – Jujuba disse rindo
- Amor, esse é o Thi, lembra que eu te falei dele?
- Ah, sim! Tudo bem? – Igor esticou a mão para o Thi
- Tudo, sim! – Ele apertou a mão do Igor – Olha só, cuida dela, viu? O irmão dela aqui em Macapá sou eu, então, se tu bobeares, vai ser comigo com quem tu vais te entender, ok?
- Eu não pretendo bobear! – Ele disse sorrindo
- Bom, de qualquer forma, tu já estás avisado! – Thi sorria também.
- Esse menino é doido, não é?
- Ele é teu amigo, Ju, tu querias o quê?
- Sem graça!
Se dependesse do olhar da Loh, Thi tinha ficado sem cabeça naquele mesmo instante.
- E aí? – Thi veio até mim
- Seu cachorro! Onde tu estavas? – Nós nos abraçamos
- No mercado! Tu não falaste para eu escolher os vinhos?
- Sim, mas tu não ias demorar tudo isso, né?
- Tu falas isso por que tu não tinhas noção do tamanho das filas que tinha lá no mercado.
- Tu não me compras com esse papo, Thi, não mesmo!
- Tô falando a verdade, rapa!
- Hum... hum...
- Cadê o Dudu?
- Ele está lá dentro, eu acho que ele tá meio chateado.
- Chateado? Contigo?
- Não, não! Com a Loh.
- Ah, entendi!
- Eu vou lá com ele.
- Eu vou contigo!
Nós entramos em casa, e o Dudu estava deitado no sofá.
- Mano? – Eu disse sentando e colocando as pernas dele no meu colo
- Oi!
- Tu não estás bem!
- Tô, sim!
- Dudu, eu te conheço! Tu estás chateado por que a Loh trouxe o Igor aqui, né?
- Não é isso! – Eu percebi que ele já estava meio alto por causa do vinho
- Não? E é o quê então?
- Não sei! Fiquei pensando que talvez a gente poderia ter dado certo, e se a gente tivesse tentado mais uma vez? – O álcool com certeza estava ajudando para ele agir daquela forma.
- Não pensa assim! Não deu certo entre vocês, ok! Foi bom, não foi? Então, bola pra frente! Se não deu certo com ela, tens que ir atrás de alguém que dê certo.
- Eu sei! Mas, eu sempre quis me amarrar à alguém, mas parece que isso é impossível. Eu queria um Bruno ou um Antoine na minha vida, sabia? Claro, numa versão feminina, mas vocês se dão tão bem...
- Dudu, não tenta te comparar conosco. Bruno e eu temos que viver nossa história a partir de agora, tu podes encontrar alguém daqui a pouco, daqui a uns dias, meses, mas tu vais encontrar alguém.
- É Dudu... cara, olha pra mim. Eu também não tenho nada, não tenho ninguém e quando tinha ainda fiz questão de estragar tudo, mas eu estou aqui. Tô correndo atrás, e eu sei que eu também ainda vou encontrar um cara legal.
- Cara? – Eu perguntei – Eu sussurrei para ele
- Depois eu te explico!
- Vem Dudu, vamos lá pra fora.
- Não, mano. Deixa eu ficar aqui!
- Ah, não... Sem deprê, ok? Vamos lá pra fora, há alguns minutos tu estavas todo alegre. Vamos, levanta!
- Ele se encolheu no sofá!
- Eduardo, sem manha!
Ele levantou e se sentou
- Me abraça!
- Ooooo meu Deus, ele só tá carente! – Eu disse abraçando ele
- Tô mesmo!
- Mano, há quanto tempo tu não transas?
- Já tem um tempo!
- Um mês?
- Mais!
- Aaaaah tá explicado! Bora, levanta logo, daí! – Eu dei um tapa na costa dele
Ele levantou e fomos para a varanda. Em pensar que eu estava preocupado com ele e ele só estava carente e bêbado.
- Vocês ficaram bem amigos, né?
- Sim! – Eu disse – Dudu e eu somos mais que amigos. Dudu é meu parceiro para todas as horas, meu irmão, meu confidente.
- E eu?
- Também!
- HuuuCiúmes? – Dudu disse
- É que costumava ser somente eu assim.
- Ah, perdeu, play! Foi fazer merda... perdeu! – Dudu falou e eu dei um chute na canela dele
- Aí, caralho!
- Cala boca!
Nós não falávamos do passado, tínhamos concordado em deixa-lo para trás e recomeçar.
- Ah, e pra ti ficar com mais ciúmes, nós não somos os únicos, ainda tem o primo dele.
- Isso mesmo, ainda tem o Pi.
- Onde as princesas estavam? –Jujuba perguntou quando chegamos à mesa
- E te interessa, mãe Jurema?
- Dudu, já aplicou as paradinhas, hoje? Olha, olha, não vai crescer muito, viu?
- Sua filha...
- Opaaaa! Parou os dois!
- Ele que começou!
- Igor, não liga, eles vivem tentando se matar. Então, se em algum momento ela pular no pescoço dele, ou ele chama-la por apelidos carinhosos, não estranha não, viu?
- Tudo bem! – ele disse rindo
Nós ficamos na varanda até tarde da noite, nós bebemos todo o vinho que o Thi havia trazido, os que o Bruno e o Dudu tinham comprado e mais alguns que tinham em casa. Nos divertimos, rimos bastante, brincamos bastante.
Igor pareceu ser um cara bem legal, Bruno e ele simpatizaram bastante um com o outro ou como dizia a Jujuba: Bruno encontrou um amiguinho. Dudu brincava, mas ele não falava diretamente com o Igor, o que eu achava bem engraçadinho. Já eram 4h da manhã quando todo mundo resolveu ir para as suas casas. Eu fui contra, afinal todo mundo havia bebido e Dudu, Thi e Igor teriam que dirigir, mas eu fui voto vencido e todos foram embora.
Na manhã seguinte, eu teria que ir ao hospital pegar o resultado dos exames, e só de pensar nisso, eu já sentia um frio na barriga. O medo queria aflorar, mas eu tentava controla-lo a todo custo.
COMENTÁRIOS DO AUTOR
Oiiiiiiiiiiiiii!!! Como vocês estão? O que acharam desse capítulo? Não esqueçam de comentar!
Gente, eu quase não consigo publicar hoje novamente. Que dias corridos! Pra vocês terem noção, eu revisei agora esse capítulo, com a cara toda dura com uma mascara de argila. Kkkkkk E ainda estou escrevendo os capítulos de amanhã. SIM, amanhã serão DOIS capítulos para compensar os dias que fiquei sem publicar. Portanto, não me julguem, por que mesmo com a cara dura, eu estou aqui pensando em vocês! Kkkk Amanhã eu irei publicar um capítulo às 16h e outro às 23h, ok?
Beijoooo em todos, e até amanhã!
PS. Eu não comentei hoje, pois estou escrevendo os capítulos de amanhã, mas amanhã eu converso com vocês, ok?