Meus pensamentos foi cortado, pelo meu celular tocando, era o Sr Edgar.
Berg – Oi Sr Edgar!
Do outro da linha – Não é o Edgar não, sou eu... O lucas!
Berg - ...
Lucas – Onde tu ta? Cadê a festa que você disse que ia fazer? Cadê todo mundo?
Berg- Todo mundo eu não sei, eu tou indo pra casa, e a festa já ta pronta véi, é só você curtir a vontade.
Lucas – estou falando serio, estou de brincadeira não.
Berg – E tu achas que eu tou brincando?
Lucas – O pai disse que aconteceu um imprevisto, que imprevisto foi esse de ultima hora?
Berg - Pessoal vei, nada que venha a te interessar.
Tinha uma outra chamada no meu celular, era o Beto, e eu ia atender, a ligação do Lucas não era nada importante (eu tentava pensar assim).
Lucas – E não da pra ti ficar...
Berg – Lucas eu vou ter que desligar aqui vei, outro dia agente se fala. Blza?
Lucas – Espera um pouco...
Desliguei antes que ele concluísse, e atendi a ligação do Beto.
Berg – Fala manin.
Beto – Cade tu macho?
Berg – Tou chegando vei, tou aqui na rua de casa já.
Beto – Blza, tamos na espera.
Berg – ok.
Desliguei o celular, paguei o taxista e entrei em casa. Minha casa não era grande como a do Sr Edgar, mas tinha bastante espaço e era bem arrumada, tinha sido arquitetada pelo sr meu pai.
Entrei, cumprimentei todo mundo e quem eu não queria ver estava ali – Cecilia –
Tentei ficar todo tempo ao lado do Beto
Beto – Que ta pegando?
Berg – Nada não ué, por que?
Beto – Você ta estranho, ta ate sem cor.
Berg – Impressão tua mano, tou normal.
Beto – então da uma risada pra mim.
Mostrei os dentes de cavalo pra ele.
Beto – Fuleiro. Kkkk.
Berg – Beto cara, tou com fome, serve um prato pra mim?
Beto – Vou pensar no teu caso.
Berg – Mas pense rápido, minha barriga ta roncando aqui. Hehe!
Beto – kkk, vou la, e tu me espera aqui que vamos conversar.
Só podia ser coisa do capeta, agora todo mundo querendo conversar comigo?
Berg – Blza betão, prometo não sair daqui.
XX
Beto – Aqui seu prato!
Berg – Valeu macho, eu tava faminto.
Beto – Não há de que. Agora eu vou ti prensar na parede...
Berg – Vish Beto, vamos conversar outra hora mano, não tou legal pra papo serio, quero ficar curtindo aqui com vocês, só isso, poder ser?
Beto – Não cara, não pode ser não. Olha pra você, ta diferente, e ainda quer negar que as coisas estão ruins?
Berg – Ta cara, ta ruim sim, ta tudo uma merda, ta tudo uma cagança, mas eu não quero falar sobre isso, não posso falar sobre isso?
Beto – Eu respeito tua decisão mano, não vou forçar a barra, mas tenta intender que você pode contar comigo.
Berg – Valeu mano, mas quando eu precisar eu falo, blza?
Beto – Blza então.
Beto se levantou da mesa e foi saindo em direção ao outro lado da casa.
Berg – Hey po, ta indo aonde?
Beto – Vou ti deixar pensar ae sozinho, você não precisa de ninguém mesmo, você quer ser o fodão Berg.
Eu não discordei, não podia falar nada, o Beto tava certo, eu queria guardar aqui pra mim, então teria que sofrer sozinho.
XX
O churrasco se desenrolou normalmente, mas eu sentia falta do Beto, ele estava me ignorando, no fundo eu imaginava que o Beto desconfiava de alguma coisa em relação a minha sexualidade, e se ele tivesse uma certeza concreta, como ficaria nossa amizade?
Depois que todos foram embora, eu subi para o quarto, queria tomar um banho, esfriar a cabeça e depois cair na cama e só acordar segunda ,pela manhã, na hora de ir pra faculdade. Tirei aquela roupa da festa da noite anterior ainda, liguei o chuveiro e fiquei ali pensando na vida, na minha vida. Vocês podem ate pensar que eu não me aceito, pois eu me aceito, só que tenho medo de os outros não me aceitarem, já fui apaixonado por outro cara, falei lá atrás, mas eu sofri e estava começando a sofrer novamente, eu não sou fraco, sou muito forte, mas eu não estou mais aguentando, acho que estou mesmo gostando do Lucas, e estou sofrendo por isso, tentando sorrir pra fora, mas aqui dentro ta parecendo uma cachoeira de tanto chorar, meu celular começou a tocar encima da cama, eu sai correndo queria que fosse o Beto, gostava de conversar com o Beto. Era uma chamada do sr Edgar, mas poderia ser o Lucas, achei melhor não atender, só iria me deixar ainda mais na sofrencia. Voltei ao meu banho, pensei muito e decidi que iria conversar com o Beto.
Sai do banho, coloquei uma cueca rasgada e um short bem surrado, era como me sentia bem em casa. Peguei meu celular, fui responder algumas conversas do whats, e uma delas era do Kadu me chamando pra sair.
Berg – Rapaz Kadu, vamos sim, tu passa aqui ou eu vou de moto?
Kadu – Eu passo ae.
Berg – Mas tu quer ir aonde?
Kadu – Pensei no café’s bar, que tu acha?. (café’s bar é um barzinho que tem aqui na minha cidade, la é muito bacana, cada dia da semana é um estilo de musica diferente, e sempre ao vivo, só e caro, mas vale a pena)
Berg – Por mim tudo bem, chamou o restante da galera?
Kadu – Chamei sim, só quem não vai é o Beto.
Berg – Ué, por que não? O Beto nunca da pra tras!
Kadu – também estranhei, acho que ele vai sair com a mina dele.
Berg – Acho que é isso mesmo. ( na realidade esse papo tava estranho, o Beto todos os finais de semana saia com a gente, acho que ele ta desconfiando mesmo que eu gosto de homem, e agora não quer mais falar comigo, nem que sair com a galera, quando eu estiver junto)
Berg – então Kadu, a que horas?
Kadu – as 20 h ta bom pra ti?
Berg – Bom não ta não vei, mas como eu vou de carona, qualquer hora é hora.
Kadu – kkkkk, então as 20 eu passo ae.
Berg – blza
XX
Fiquei olhando para o celular por muito tempo, todo mundo falava comigo, menos o Beto, ele não falava nada, sera que ele estava sem net, fiquei querendo falar, mas tava com medo, pensei muito e resolvi ligar.
Beto – Oi
Berg – Mano?
Beto – Fala
Berg – Blza?
Beto – Tou bem.
Isso não tava normal, resolvi arriscar.
Berg – E ae, vamos sair hoje?
Beto – Tou afim não.
Berg – por que po, hoje é sábado, vamos relaxar.
Beto – Tou relaxando aqui em casa.
Resolvi arriscar mais uma vez.
Berg – Posso ir ae relaxar contigo brother. Hehe!
Beto – Vem.
Esse vem foi seco pra caramba, mas ao menos ele deixou claro que eu poderia ir, troquei de roupa rápido, perguntei se o papai poderia me arrumar o carro, ele não negou, pedi também uma grana, queria passar no supermercado e comprar sorvete e pizza, queria ter um final de tarde tranquilo com o Beto.
Xx
Berg – E ae manooo, blza?
Beto – entra ae.
Berg – Tou entrando e cadê a gata?
Beto – Vai chegar daqui a pouco.
Berg- advinha o eu eu trouxe.
Beto – o que?
Berg – quero que tu advinhe, buceta!
Beto – trouxe buceta?
Berg – trouxe minha rola!
Nós rimos finalmente ele sorriu.
Berg – trouxe sorvete véi, e também mini pizzas.
Beto – Pow, legal, tou com fome da porra.
Berg – E eu também, esquenta la as pizzas que eu vou ver se passando algum filme maneiro para nós assistir.
Beto – ok.
Berg – Tamo com algum problema, mano?
Beto – Eu tou de boa e tu?
Berg – Tu sabe do que eu tou falando.
Beto – seja claro vei.
Berg – tu ta me tratando mal vei, eu fiz alguma coisa de errado.
Beto – é isso que quero saber porra, e tu não quer me contar.
Berg – Mas eu não posso vei
Beto – Tu matou alguém?
Berg – Não!
Beto – Roubou, sequestrou?
Berg – Também não.
Beto – Então por que não pode contar?
Berg – Porque você não vai mais querer falar comigo.
Beto – Não é melhor você contar e eu decidir se quero falar contigo ou não?
Berg – Não da cara, respeita minha decisão.
Beto – Blza, então respeita a minha, vai embora da minha casa cara.
Berg – tu ta me mandando embora véi.
Beto – Isso. Ate você resolver me contar o que ta acontecendo.
Berg – Mas se eu contar, você vai me expulsar da sua casa do mesmo jeito
Beto - É o que?
Berg – Enquanto eu não falar, vamos ficar nessa?
Beto – Isso, você decide.
Berg – Beleza Beto, você quem sabe véi, você quem sabe.
Deixei a pizza e o sorvete encima da mesa na cozinha e me dirigi ate a saída, eu não tava acreditando que estamos brigando por algo tão sem significância.
Beto – Ei Berg, espera.
Berg – Fala mano.
Beto – Tu ainda ta faminto?
Berg – brocado.
Beto – Vamo comer as pizzas?
Berg – Eu quero as pizzas e o teu cu. (rs)
Beto – Então venha, tou preparado. (rimos dessa besteira que eu acabara de falar)
Berg – Posso te dar um abraço mano? por favor.
Beto – claro que pode parça, me desculpe ta te fazendo pressão.
Eu tentei responder, mas não consegui, minha voz falhou, e eu me senti protegido nos braços do Betão. A minha mente não conseguia entender que era possível existir amizade tão bacana entre hetero e gay, acho que o meu maior inimigo era eu mesmo.
XX
Tava tudo muito bom, mas eu tinha que partir da casa de Beto, ainda tinha que me arrumar pra esperar o Kadu.
Berg – E ae mano, não vai mesmo com a gente?
Beto – Hoje não mano, mas semana que vem tem vilamix e vamos estar la com certeza.
Berg – Falando nisso, você já comprou seus ingressos?
Beto – Ainda não e você?
Berg- Também não, tenho que ver se a mãe ou o pai me arrumam essa grana.
Beto – Damos um jeito nisso ae manin, só não podemos ficar de fora.
Berg – Não mesmo.
Dei um aperto na mão do Beto, peguei as chaves do carro de papai, e zarpei caminho de casa.
XX
Estranho, o carro do Sr Edgar ta aqui, a essa hora da noite. Entrei em casa, e Bernardo estava deitado no chão da sala, jogando seus games.
Berg – Ei Bernardo, vem aqui.
Bernardo – O que é? E por que tu ta cochichando assim?
Berg – fala baixo porra, o sr Edgar ta aqui em casa neh!?
Bernardo – sei não.
Berg – Como não sabe Bernardo? Ele deve ter passado aqui pela sala.
Bernardo – Não vi mano, tava no quarto e...
Berg – Ta bom, ta bom, vou pro quarto me arrumar que eu vou já sair, se a mamãe ou papai ou ate mesmo o sr Edgar perguntar por mim, diz que eu tou ocupado, blza?
Não esperei nem Bernardo responder e fui a passos largos para o quarto, quando abri a porta tive uma surpresa, que não sei bem se seria boa ou ruim.
Berg – Mas o que tu ta fazendo aqui no meu quarto?
Continua...
Bem galera, comecei a escrever esse conto ontem, e dei uma acelerada porque estou de folga, durante a semana não conseguirei atualizar o conto diariamente, e muito obrigado a quem esta lendo, curtindo e comentando.