Beto – Eu não sei cara, isso é tudo muito novo, eu não tenho amigos gays.
Berg – Deixa pra la.
Beto – Não, agora termina, quem é esse amigo meu que ta curtindo homem?
Berg – Deixa queto mano.
Beto – Fala po, quem é?
Berg – Sou eu...
Beto deu uma risada tímida.
Beto – Essa bebida tava batizada hen mano!? Ta ate te fazendo dizer que virou viado.
Berg – Eu não tou brincando Beto e eu não virei viado, eu já nasci assim.
Beto – Tu ta me assustando brother.
Berg – Por que te assustando mano?
Beto – Papo esquisito do caralho vou ti fazer um café, isso é excesso de álcool no teu sangue.
Berg – Ah, va tomar no cu cara, sabia que você não iria me aceitar, enfia esse café no teu cu, eu vou me embora.
Já ia saindo da cozinha sentido a porta pra ir pra casa(como eu não sei), porque estava a pé, mas ia cair fora dali.
Beto – Berg, ei, tu vai pra onde cara?
Berg – Pra um hospital cara, talvez você ache que eu sou doente.
Beto – Não é nada disso mano, só não sei o que fazer, você tem noção do que esta me contando?
Berg – Claro que tenho cara, eu tenho guardado isso pra mim há muito tempo. Achei que você fosse a pessoa certa pra desabafar, mas me enganei.
Beto – E eu sou a pessoa certa, mas você me pegou desprevenido, eu não esperava por isso. Nunca passou pela minha cabeça que você fosse virar viado, eu não sei como me comportar com você agora.
Berg – Eu já falei que não virei gay. Eu não escolhi isso véi, eu já nasci assim.
Beto – Como você sabe? Pode ser que seja uma fase, você pode estar confuso mano.
Berg- ...
Beto – Não me olha assim brother.
Beto tentou me abraçar, mas eu não queria abraço, queria que ele me visse como uma pessoal normal, ser gay é ser normal.
Berg – Eu tou indo pra casa Beto, tenho mais nada pra fazer aqui não, fica na boa ae.
Beto – Vai não, fica aqui, vamo ver o dia raiar cara, como nos velhos tempos?
Berg – Você acha que as coisas podem ser como nos velhos tempos?
Beto – Se você evitar me contar detalhes dos teus relacionamentos, acho que sim.
Nós rimos. Eu ria apenas por fora, acho que o Beto também, eu não seria mais o parceiro dele de antes, o parceiro das baladas, o parceiro para pegar a mulherada, azaras nas noitadas, o parceiro do futebol, da academia, das caminhadas. Eu sentia que as coisas iriam mudar, mas eu não podia ter tudo, ou iria viver minha vida, ou me esconder de todo mundo e viver a vida alheia.
Beto – Berg...
Berg – Fala véi.
Beto – então quer dizer que agora eu vou ter acesso ao teu cuzin neh!?(rs)
Coloquei a mão por cima da calça apontando para meu membro.
Berg – E a minha rola também. Kkk
Beto – Tu ainda quer o abraço?
Berg – Voce vai arriscar? Agora eu posso te aliciar, não tenho mais o que esconder mesmo.
Beto – vem ca caralho, me da logo um abraço. E oh, você pode ter virado viado, mas continua sendo meu brother.
Beg – Filho de uma puta, eu já falei que não virei...
Beto começou a rir.
Beto – tou te zuando véi.
Berg – va tomar no cú... kkk
Beto – E ae, como vai ser, petisco ou café?
Berg – Claro que petisco neh vei?!
Beto – beleza mestre, vou fazer um petisco no capricho. Enquanto isso liga o wifi e coloca umas musicas pra gente?
Berg – Que tu quer ouvir?
Beto – Confio no teu gosto.
Liguei o wifi e abarquei Henrique e Juliano, já queria ia aquecendo pra semana do Vila mix.
Beto – Aoooow trem bão. (Beto gritou da cozinha)
Enquanto Beto dava uma de mestre cuca, eu resolvi deitar no sofá da confortável casa dele, fiquei pensando na vida, pensando em tudo o que aconteceu aquela noite, pensando na decisão de abrir mão do Lucas, pensando no que eu acabara de contar ao Beto, pensando em como seria minha vida dali pra frente. Será que eu ia mudar? Ia me aceitar? Ia aceitar os outros? Só o tempo iria responder a essas perguntas.
XX
Beto – Ei porra, acorda.
Berg – Tou acordado...
O pouco tempo que Beto passou na cozinha foi o suficiente pra eu dar uns cochilos no sofá.
Beto – Kkk, com os olhos fechados e babando. (rs) Tu babou meu sofá todo seu caralho!
Berg – Quem?
Beto – Minha rola. (rs) vem, vou te colocar na cama.
Berg – Quero não, quero cachaça.
Beto – Bêbado não tem querer, se apoia no meu ombro.
Fiquei em pé, e apoie meus braços nos ombros do Beto, ele segurou pela minha cintura, e juntos subimos as escadas e adentramos o quarto dele.
Beto – vem, deita.
Berg – e tu?
Beto – Vou deitar também.
Berg – E minha roupa? Não consigo dormir de roupa mano, tira minha roupa.
Beto – Agora eu vi vaca voando! Tu ta é bêbado neh aleijado não porra, para de frescura e tira essa roupa.
Eu ri alto, tava bem consciente, mas tava querendo ser mimado.
Berg – tu é foda mano, a hospitalidade aqui já foi bem melhor, só porque descobriu que eu sou viado ta com medo de tocar em mim.
Eu já estava quase levantando da cama, para trocar a roupa, quando Beto empurrou meu peito, me fazendo cair deitado na cama novamente.
Beto – Deita ae porra, vou te mostrar que as coisas não mudaram, nem vai mudar, eu não tou sendo preconceituoso, agora você sim!
Berg- ...
Continua.
Galera, em relação ao conto anterior gostaria de pedir desculpas, conforme comentaram aqui comenti alguns erros, que dificultaram o entendimento do conto, vou tentar ficar mais atento. Abraco a todos!