Guilherme - então diz que sim. Diz que sim, Felipe.
Com certeza minha resposta seria sim, mas eu estava tão feliz que perdi a voz.
Guilherme me vendo sorrindo feito um abestado, me abraçou e falou no meu ouvido.
Guilherme - Fica comigo pra sempre... Não me abandona outra vez... Me desculpa, me desculpa! ( e começou a chorar).
Como assim não me abandona outra vez? Me desculpa? será que o Guilherme estava bem? (eu pensei).
Felipe - eu fico, claro que eu fico. (falei me aquecendo em seu corpo).
Guilherme - Temos que arrumar o quarto de hospedes a teu gosto.
Felipe - Não se incomoda com isso irmão, ta ótimo do jeito que ta.
Guilherme - Você que sabe, Felipe, mas se quiser mudar qualquer coisa na decoração, é só falar.
Felipe - eu aviso sim.
Guilherme - agora que tal agente falar menos e comer mais? (rs)
Felipe - Aonde eu assino? (perguntei rindo).
Guilherme - senta ae, hoje eu te sirvo.
Felipe - Tou com moral assim irmão?
Guilherme - Só hoje, se acostuma não. (falou ele rindo).
Guilherme serviu nossos pratos e depois sentou a meu lado.
Guilherme - Esta gostando?
Felipe - sim. Tudo muito gostoso.
Guilherme - Receita da minha avó.
Felipe - sério mano? Mas quem fez?
Guilherme - eu mesmo, fui só seguindo a receita, no final ficou essa maravilha ae que tu esta comendo.
Felipe - Poxa, parabéns mano, bom demais!
Guilherme começou a rir. Ria tanto que começou a cuspir bolo.
Felipe - o que eu falei de errado?
Guilherme - porra Felipe, tu acha mesmo que eu sei fazer alguma coisa na cozinha?
Felipe - você falou e eu acreditei ué.
Guilherme - Eu só fiz encher as bexigas, o resto foi minha secretária que providenciou.
Felipe - Tu mentiu pra mim mano? (fiz cara de decepção).
Guilherme - Não foi bem uma mentira, foi só uma mentirinha. ( ele gesticulava com os dedos).
Felipe - porra, eu tinha acreditado em tu mano. (falei colocando o prato na mesa e saindo da cozinha).
Guilherme - ei Felipe, ei, eu estava brincando, não achei que tu fosse ficar chateado.
Eu fingia que não estava ouvindo, ate que o Guilherme me puxou pelo ombro.
Guilherme - desculpa cara, eu não sabia que tu fosse se ofender por uma coisa tão besta.
Felipe - haha. pegadinha do malandro.
Guilherme - como é que é?
Felipe - eu tou zuando irmão, fiquei com raiva de tu não.(falei rindo)
Guilherme - ah é?
Felipe - ahan. (rs)
Guilherme me pegou nos braços e me virou de cabeça para baixo, me levando de volta para a cozinha.
Felipe - Me solta mano, eu vou morrer, meu sangue ta descendo pra cabeça e eu vou morrer. (eu falava gargalhando com ele fazendo cocegas no meu pé).
Guilherme - agora você vai sentir minha fúria.
Felipe - eu me rendo, eu me rendo. kkkk.
Guilherme - você se rende?
Felipe - sim, me rendo.
Guilherme - deixa eu pensar então. Hummm, não, não. Eu irei concluir minha vingança. (falando isso, afundou minha cabeça no bolo).
Eu limpei o bolo dos olhos para poder enxergar e vi Guilherme rachando de rir.
Felipe - agora você vai ver. (enchi a mão com bolo e arremessei)
Guilherme abaixou e o bolo pegou no refrigerador. Enquanto eu pegava mais, Guilherme saiu correndo e se escondeu no quarto.
Felipe- Hey Guilherme, não vale não, abre a porta.
Guilherme - Bem capaz mesmo. (falava ele rindo).
Felipe - Tem problema não, eu vou pela sacada.
Guilherme - até parece hen filhote que tu vai ter coragem!? kkkk!
Felipe - Você duvida? Eu fui criado numa fazenda, uma coisa que eu não tenho é medo de altura.
Guilherme - Pago pra vê.
Eu fiquei em silencio por um tempo.
Guilherme - Felipe?
Eu nem respirava pra não fazer barulho, mas estava todo o tempo ali, ao lado da porta do quarto do Guilherme.
Guilherme - Felipe? (ele voltou a chamar)
Ouvi o trinco da porta sendo aberta e fiquei armado, esperando pelo inimigo. (rs) Assim que o Guilherme colocou a cara pra fora da porta eu metralhei ele de bolo.
Felipe - ahhhhhhh. marcou!kkkk
Guilherme - agora tu me paga. (e saiu correndo atras de mim).
Quando Guilherme me alcançou ja era na cozinha, ficamos arrodeando a mesa, feito gato e rato, ate que Guilherme conseguiu me pegar. Com apenas uma das mãos, Guilherme conseguiu me imobilizar, ficando por cima de mim no chão. Pegou vários brigadeiros com a mão e começou a passar no meu rosto. Eu apenas ria, estava totalmente rendido.
Guilherme - e ae, ainda vai mexer? (perguntou Guilherme, ainda encima de mim).
Felipe - Você que começou.(rs)
Guilherme - não foi isso que perguntei, responda minha pergunta.(falou ele com sua autoridade rotineira).
Felipe - mas foi tu quem começou.
Guilherme - ah moleque teimoso. (Guilherme esticou o braço ate chegar a mesa com o tampão de vidro, e encheu a mão com mais doces).
Felipe - não, não, não, não.... kkkk... eu não me rendo.
Guilherme - e como se fala?
Felipe - eu não vou mais mexer.
Guilherme - eu não vou mais mexer com o senhor. Repete.
Felipe - eu não vou mais mexer com o senhor. (falei tentando não rir).
Guilherme ainda ficou um pouco encima de mim, fazendo desenhos com os dedos em meu rosto, depois me deu a mão e me ajudou a levantar.
Guilherme - A brincadeira ta boa, mas vamos tomar um banho. Ainda quero te levar no shopping hoje.
Felipe - Fazer o que mano?
Guilherme - comprar teu presente.
Felipe - não precisa irmão.
Guilherme - Mas eu quero, caramba. (falou ele meio irritado).
Felipe - então ta.
Eu tomei meu banho primeiro que o Guilherme e ja estava no quarto, vestindo minha roupa. Assim que coloquei minha cueca, ouvi o Guilherme me chamar.
Felipe - Fala Guilherme.
Guilherme - vem aqui no banheiro rapidão. (ele falava embaixo do chuveiro).
Me aproximei do banheiro lentamente e a porta estava entreaberta.
Felipe - O que é Guilherme?
Guilherme - entra aqui, eu não vou te morder.
Fiquei olhando o corpo nu de Guilherme escondido entre o box suado.
Felipe - Oi.
Guilherme - esfrega minhas costas aqui, eu não alcanço.
Minhas pernas tremeram, meu coração parou, minha respiração fadigou, meus olhos brilharam de empolgação.
Primeiro eu joguei sabonete liquido, depois comecei fazendo um movimento subindo e descendo.
Guilherme - mais pra direita.
Felipe - aqui?
Guilherme - mais pra cima.
Felipe - aonde?
Guilherme - ae. Ae ta bom!
esfreguei toda a costa do Guilherme, eu acho que ele conversou muita coisa comigo, mas eu não conseguia ouvir nada. Estava curtindo aquele momento. enquanto eu esfregava atras, Guilherme passava champo no cabelo, e fungava bastante.
Quando a água começou a tirar a espuma das costas de Guilherme, eu pude ver uma tatuagem que eu ainda não havia visto.
Felipe - Guilherme?(falei suspendendo a limpeza em suas costas).
Guilherme - fala. Por que parou?
Felipe - quem é Bruno?
Guilherme - Eu sei la.
Felipe - ta aqui tatuado nas tuas costas o nome dele.
Nessa hora a campainha tocou.
Guilherme - atende la Felipe, vou terminar meu banho e me trocar, já esta ficando tarde.
Felipe - atendo, mas e Bruno, quem é?
Guilherme - depois agente ver isso Felipe, agora vai la atender a campainha.
Eu fui atender a campainha, mas tinha alguma coisa estranha. Será que Guilherme também curtia homem?
xXX
Miguel - fala Felipão.
Felipe - oi Miguel. (falei ainda na porta).
Miguel - Cadê o Guilherme?
Felipe - Ta la no quarto. Entra ae.
Miguel - ja tou dentro. Tem alguma coisa pra comer aqui?
Felipe - comida de panela?
Miguel - isso.
Felipe- sei não, só olhando. (fomos ate a cozinha, mas não tinha comida feita. Apenas os doces).
xXX
Miguel - Já que não tem outra coisa neh!? (falou Miguel esnobando a sobra da ''festinha'').
Guilherme - e ae Felipe, tu ainda ta assim?
Felipe - é que eu vim atender a porta, mas já vou me trocar. (eu estava apenas de toalha).
Fui colocar uma roupa e Guilherme ficou conversando com o Miguel.
xXX
Felipe - tou pronto.
Guilherme - Vou só pegar minha carteira e já vamos.
Felipe - Blza.
Guilherme retornou ao quarto e eu fiquei na cozinha com o Miguel.
xXX
Miguel - Guilherme disse que vocês vão ao shopping.
Felipe - Pois é, ainda não conheço o shopping.
Miguel - Esta subindo de patente hen!? (falou Miguel, brincando com a comida).
Felipe - E isso é ruim?
Miguel - de forma alguma, você merece!
Guilherme - vamos Felipe?
Felipe - bora.
Guilherme - quando tu sair fecha a porta Miguel.
Miguel - pode deixar.
Despedimos-nos de Miguel e saímos do apartamento. Quando eu já estava na portaria eu havia lembrado que tinha uma coisa pra resolver no ape.
Felipe - Guilherme, tu pode me emprestar a chave pra eu voltar no apê?
Guilherme - Que tu esqueceu la?
Felipe - Uma parada minha.
Guilherme - Tóh. vai rápido hen, vou tirando o carro da garagem.
Voltei ate o apartamento e assim que abri a porta fui direto a cozinha.
Miguel - esqueceu alguma coisa? (Miguel perguntou assim que me viu).
Felipe - sim. Tu pode lavar a louça e limpar essa sujeita de bolo aqui da cozinha?
Miguel - Como é que é?
Felipe - pra ti limpar a sujeira antes de sair. O Guilherme me convidou pra morar com ele aqui, e eu não quero sujeira.
Miguel me atirou o pano de prato, e resmungou alguma coisa.
Eu virei as costas e voltei ao encontro do Guilherme.
xXX
Felipe - Isso é enorme irmão.
Guilherme - é sim. Nunca tinha entrado num desses?
Felipe - nunca, mas ja tinha passado aqui em frente uma vez que eu tava engraxando.
Guilherme - agora você veio como cliente. (Guilherme me acertou um tapa nas costas).
Depois de rodar as lojas quase todas, voltamos para casa. Guilherme havia comprado varias roupas pra mim, mas o que eu achei mais estranho foi o fato de ele ter comprado um terno e um sapato social.
xXX
Guilherme - uma hora você vai precisar.
Felipe - acho difícil, nunca uso essas coisas.
Guilherme - Vai por mim: Um dia você vai precisar.
xXX
Chegamos ao apartamento, tomamos um banho e caímos na cama. Mais uma vez eu deitei na mesma cama do Guilherme. Tentei tocar no assunto da tatuagem, mas ele desconversou e acabamos dormindo.
No dia seguinte tomamos um café cedo antes de sairmos para o trabalho.
Guilherme - Felipe, coloca o social pra mim ver.
Felipe - Mas tu ja viu la na loja.
Guilherme - Mas queria que tu saísse usando ele hoje.
Eu gargalhei.
Felipe - Mas não da irmão. Como vou trabalhar em uma oficina com terno?
Guilherme - Não precisa usar la. leva uma outra roupa na mochila, eu tou apenas querendo dar umas voltar contigo de terno.
Felipe - Não mano. Ta quente demais.
Guilherme - Por favor. Faz por mim.
Guilherme fez cara de cachorro morto e eu acabei convencido a ir de terno.
Guilherme - tu ainda tem aquele material pra engraxar?
Felipe - Só não o caixote. Por que?
Guilherme - Estou precisando, mas por enquanto não posso explicar o motivo.
xXX
Felipe - Onde estamos indo?
Guilherme - decima vez que tu pergunta, Felipe.
Felipe - Mas é que tou curioso.
Guilherme - calma, ja estamos chegando.
Não demorou muito e Guilherme estacionou o carro enfrente a empresa onde trabalhava.
Guilherme - Vamos subir?
Felipe - Não mano, não quero entrar aqui.
Guilherme - Por que?
Felipe - Eu fui humilhado demais aqui, tenho uma sensação ruim ate em passar em frente.
Guilherme - Isso já passou e não vai mais acontecer.
Felipe - Passou pra você, mas ainda continua na minha mente.
Guilherme - eu queria só te mostrar as instalações da empresa.
Felipe - Não tenho interesse, desculpa Guilherme, mas é que realmente tenho medo.
Guilherme - hey, eu estou contigo porra, deixa de ser frouxo. (disse ele colocando o dedo polegar e o indicador em meu queixo).
Felipe - Mas eu ainda tenho que ir trabalhar.
Guilherme - Eu te deixo no serviço, você vai se atrasar pouca coisa.
Eu saí do carro e olhei para o alto daquela empresa, me veio a mente o primeiro dia que eu entrei ali.
Guilherme - vamos. (falou Guilherme me acordando do transe).
Entramos na empresa e antes de chegarmos a sala do Guilherme, ele falou com varias pessoas, inclusive o porteiro e o segurança que tiveram participação no meu massacre.
xXX
E ae, o que tu achou? (perguntou Guilherme ja dentro de sua sala).
Felipe - Lindo demais, o Miguel também trabalha aqui?
Guilherme - O Miguel, trabalha um andar abaixo.
Felipe - entendi.
Guilherme - vou pedir alguma coisa pra gente beber. Fica a vontade.
Felipe - Quero não, tou cheião do café ainda.
Guilherme - mas vai beber assim mesmo.
Guilherme discou um número qualquer e solicitou que o segurança Pedrão e o porteiro fossem ate a sala dele, pediu também que fosse providenciado dois sucos de abacaxi e dois canudos.
Eu estava com uma sensação estranha, acho que o Guilherme estava aprontando alguma coisa pra cima de mim. Tentei sair da sala e ele me segurou pelo braço.
Guilherme - Vai aonde?
Felipe - me solta cara, eu quero sair daqui!
Guilherme - por que isso agora?
Felipe - Não sei, mas acho que você ta querendo me humilhar novamente, por isso me fez vir vestido de pinguim.
Guilherme - ah para com isso Felipe. Pedi pra que você viesse com essa roupa porque combina com o momento. Agora senta a bunda ae nessa poltrona e curte o momento.
Nessa hora alguém bateu na porta.
Pedrão - da licença sr Guilherme, o senhor mandou me chamar?
Guilherme - Mandei. entre, e cade o Oswaldo?
Porteiro/Oswaldo - estou aqui chefe. Mandaram eu trazer essa bandeja com sucos para o senhor.
Guilherme foi ate a porta e a trancou na chave.
Guilherme - Pedrão, coloque essa poltrona ao lado da poltrona do meu amigo Felipe.
Pedrão - sim senhor.
Assim que Pedrão cumpriu a ordem, Guilherme sentou a meu lado, e eu não conseguia entender nada.
Guilherme jogou a sacola com meus acessórios de engraxate no chão e ordenou.
Guilherme - quero que você engraxe os sapatos do Felipe, e quero eles brilhando.
Pedrão - O senhor só pode estar tirando onda com minha cara. Nunca que eu vou fazer isso, eu sou segurança, e não engraxate.
Guilherme - Eu ja imaginava, por isso suas contas ja estão batidas, é só passar no rh para assinar e não carece cumprir o aviso.
Eu apenas assistia a tudo aquilo.
Pedrão - O senhor não pode fazer isso comigo, eu preciso desse emprego.
Guilherme - e o meu amigo precisa dos sapatos engraxados pra ontem.
Pedrão - Mas eu não sei engraxar sapatos senhor.
Guilherme - Então pra mim não tem utilidade.
Pedrão - O senhor fala serio sobre as contas?
Guilherme -passe no Rh e confirme.Agora agiliza que eu tou perdendo tempo com você.
Pedrão ficou parado olhando para o Guilherme, sem entender nada.
Guilherme - Vou contar ate cinco, e se você não tiver começado a fazer o que eu mandei, juro que não terei dó de lhe mandar embora.
Pedrão virou as costas e foi em direção a porta.
Guilherme voltou a fazer uma ligação.
Guilherme - Dona Amélia, o Pedro esta se desligando da empresa, quero que você peça para alguém conduzi-lo ate o rh, e prepare as contas dele.
Pedrão se virou com uma agilidade.
Pedrão - eu faço, eu faço, mas por favor não me mande embora.
Guilherme desligou o telefone.
Guilherme - estamos começando a nos entender.
Felipe - Guilherme, não precisa.
Guilherme - deixa essas coisas comigo, Felipe.
Eu apenas concordei.
Pedrão se curvou na minha frente, e começou a fazer o serviço meio que sem jeito.
Guilherme - e tu Oswaldo, ta esperando o que ae parado? Serve esse suco ae pra gente.
Oswaldo - Sim senhor. (respondeu Oswaldo apavorado).
Guilherme - segura a porra desse copo, nossas mãos estão doendo e estamos com sede.
Oswaldo - sim senhor. ( depois da ameaça a Pedrão, Oswaldo não impos resistência alguma, enquanto ele nos servia suco, Pedrão passava graxa nos meus sapatos).
Olhei para o Guilherme e ele estava sorrindo de toda aquela situação, não sei o que foi que me aconteceu, mas aquilo me deu um tesão e fez meu pau subir na mesma hora.
Continua...