No hotel, com Adair

Um conto erótico de Stocker
Categoria: Homossexual
Contém 2378 palavras
Data: 21/02/2016 21:08:54
Última revisão: 19/03/2016 13:43:30

Essa é a continuação do conto “Admirando o calibre de Adair”

***

– A gente se conheceu ontem... Assim, lá naquele restaurante... – eu disse, já desanimando, quando percebi ao telefone que Adair não se lembrava de mim e, portanto, não estava na mesma expectativa que eu.

– Ah, sim, o rapaz do banheiro...! Você não tinha me dito seu nome – ele respondeu, e agora falava com uma voz mais pastosa: – E aí, Flavinho, tudo certo contigo?

“Flavinho?????”, pensei. Nem minha mãe me chamava de Flavinho. Mas tudo bem.

– Tranquilo. Você falou pra que eu ligasse, e...

– Vamos nos ver pra você matar sua curiosidade, então? Quando você pode? Hoje daria? Se for hoje, só depois das cinco. Quer? – retrucou, com as indagações se sucedendo sem que eu tivesse tempo para responder.

Claro que concordei, e dessa vez fiquei maravilhado com o ar despachado daquele homem. Nada de enrolações, delongas e blablabá: foi logo marcando numa esquina próxima a um hotel, deixando claro que o papo ali era de foda mesmo. É certo que o jeito de Adair falar me deixava às vezes embaraçado: ele era tão franco – e, pior ainda, tão espontânea e naturalmente franco – que eu simplesmente ficava sem palavras. O telefonema não foi longo, mas teve uma hora que ele simplesmente disse assim, e sem nenhuma entonação de putaria, nenhuma voz baixa ou risinho sacana:

– Você não viu nada, meu querido. Se gostou dele mole, vai ficar doido quando eu estiver teso, posso te garantir. Aí que tu vai babar de verdade.

Ou então, já no final:

– Olha, leve lubrificante, porque dependendo de como você for pode ser mais difícil de entrar. Mesmo que você seja largo, no início é sempre um pouquinho difícil. Mas fica tranquilo, que eu sei te meter gostoso; não te preocupa não, Flavinho.

Eu, do lado de cá, não sabia o que responder.

– Flavinho, se puder já sai lubrificado de casa, tá entendendo? Dá umas dedadas, pra ir amaciando; vai ficar melhor pra ti, tá certo, meu gostoso?

Ele me deixava sem graça, mas ao mesmo tempo me excitava tremendamente. Mesmo já tendo uma boa quilometragem, minha passividade nunca tinha sido tratada com tamanha sem cerimônia. Só tinha ouvido de um cara coisas mais ou menos assim após alguns encontros ou então em clima de putaria braba mesmo, com aquela entonação cafajeste que alguns fazem para dar mais tesão. Mas Adair não falava assim. Era como dissesse: “Olha, não esquece de levar um guarda-chuva, porque tá ameaçando chover”. Era desse jeito que ele falava!

Desliguei o celular completamente excitado, doido para me masturbar. A sorte de ser passivo, ou pelo menos o tipo de passivo que eu sou, é que os machos não esperam que você goze – ou melhor, que você ejacule. Um macho experiente (e esse me parecia ser o caso de Adair) sabe que não é necessariamente ejaculando que um passivo demonstra a intensidade do seu prazer, mas também por outras formas: os gemidos, as contrações do corpo, os espasmos anais, a respiração, os gemidos e mesmo o orgasmo sem ejaculação. Por isso, não se costuma cobrar que a gente acabe se esporrando todo, como acontece com eles.

Então, nem esquentei a cabeça em “me guardar” para o encontro e voltei a brincar com meu pinto pensando nele, como já fizera desde a véspera. Porque, se é verdade que Adair me desconcertava com aquele jeito de falar, é verdade também que me punha em ponto de bala: o modo como esse homem agia e falava deixava claro, sem qualquer pudor ou clima de devassidão, que ele era um macho que pretendia me comer, e que eu era um homem passivo que estava babando pela pica dele. E, bem... a situação era exatamente essa!

Aqui cabe uma explicação. É o seguinte: embora eu seja totalmente passivo, não pareço. Quero dizer: eu não tenho as características que em geral se imagina que um cara totalmente passivo tenha. Não só eu não sou afeminado como também tenho uma aparência, um gestual, os hábitos, uma postura, enfim, todo um perfil muito masculino. Não, não, não sou metido a machão (isso, sim, é coisa de passivo – mas de passivo encubado, rsrsrs). Mas o fato é que, talvez porque eu tenha sido criado num ambiente muito masculino (somos cinco irmãos, sem nenhuma irmã) ou talvez até porque eu tenha inconscientemente me reprimido justamente por ser gay e passivo, mas o fato é que as pessoas me tomam naturalmente como hétero. E, num ambiente gay, me tomam como um ativo! Pois é.

Só quando estou nu, por perceberem minha displicência quanto a mostrar o pau molinho nem querer chamar a atenção pra ele, é que os outros gays começam a desconfiar que desse mato aqui não sai coelho. Mesmo quando minha passividade fica comprovada – ou seja, mesmo depois de me comerem –, não é raro que reste um certo constrangimento em me tratar como passivo fora da cama. Isso não acontece, por exemplo, com um cara um pouquinho mais afeminado, que é tratado como passivo antes, durante e depois (e, muito frequentemente, num exagero que acho meio ofensivo).

Esse certo escrúpulo dos caras – e sou ciente que se deve a mim mesmo, pela minha própria postura – sempre me deixou um pouco frustrado, mas, ao mesmo tempo, sem muita saída: vou interpretar a bichinha, ficar artificialmente afeminado...? Até já tentei isso umas vezes. Mas, sinceramente, me senti num teatro – e perdi o tesão!

Mas Adair passava por cima disso tudo com uma trivialidade que me confundia, me constrangia e ao mesmo tempo me enfeitiçava. Essa minha postura e nada era a mesma coisa; ele a ignorava sem dó. Parecia ser tudo muito simples e não havia porque ficar com caraminholas: o mundo era composto por homens que querem comer e por homens que querem dar; ele estava de um lado e eu do outro. E esse desleixo me enchia de tesão: entre nosso primeiro encontro no restaurante e a saída de casa para encontrá-lo, eu me masturbei nada menos do que cinco vezes!

Quando entramos no quarto do hotel, ele fechou a porta, me abraçou entrelaçando a minha bunda e direto me deu um beijo, como se fôssemos amantes de longa data. Ao ter aquela língua dentro de mim, aqueles lábios molhados me domando, aquele hálito gostoso inundando a minha boca, eu me senti como se já estivesse sendo penetrado. Seu abraço era forte e, mesmo ele sendo um pouco mais baixo, eu me senti abrigado, cuidado por aquele homem que, com a segurança com que me tomava, parecia muito maior do que eu.

O hotel não tinha luxo algum. Era limpo, organizado, longe de ser uma pocilga, mas sem qualquer sofisticação. Ficava num sobrado antigo e com uma entrada bem discreta. Adair tomou a iniciativa de fazer o pagamento sozinho, na portaria, e encaminhou-me enlaçando-me pela cintura, muito à vontade, conversando num tom um pouco alto da voz (o que eu perceberia, mais tarde, ser normal nele).

A suíte até que era grandinha, com um banheiro simples, mas não havia nem uma antessala nem sauna, hidromassagem, essas coisas. Eu já tinha desconfiado que Adair fosse um duro e, por algumas sutilezas no modo de falar, que tivera uma origem mais humilde. A escolha do hotel confirmava isso. Mas não me importei: já enfrentara quartos cheirando a mofo, banheiros com vazamentos e lençóis remendados. Então, estava tudo certo

Ele estava com a mesma calça surrada da véspera, quando nos conhecemos no banheiro do restaurante, e não usava mesmo cueca – tive certeza disso ao olhar atentamente seus movimentos quando entrava no carro e se sentava no banco do carona. Uma delícia de se ver. Não era um volume assim ostensivo, mas também não era difícil deduzir que aquele jeans desbotado cobria um material de primeira qualidade. No quarto, quando me puxou contra si e me abraçou, pude notá-lo contra a minha coxa. Nem estava ainda duro, mas a grandeza daquele órgão e a maciez do tecido já muito usado me fizeram sentir na pele a potência daquele homem que estava ali para ter prazer com meu corpo – e que me encheria de prazer justamente por isso. Naquele momento, tive a certeza de que o que mais queria era satisfazer aquele macho.

Quando ele tirou aqueles óculos pesadões, puder ver melhor seu rosto. Adair era mulato – ou seja, tinha um forte componente dessa raça maldita que não nos deixa saber bem qual a idade deles, rsrsrs... Ele com certeza tinha mais de quarenta, mas não tinha rugas. A gente via que não era jovem, talvez pela pele, mas também não tinha um aspecto de coroa. Os traços do rosto eram duros, compactos, mas com um quê de risonho. Os cabelos eram encaracolados, muito grossos, e ele era imberbe. Depois eu veria que ele praticamente não tinha pelos no torso e muito poucos nas pernas.

Quando tirou a camisa (mas não as calças, desgraçado!), eu confirmei o que, lá no fundo, suspeitava: Adair tinha um corpo jovial. Ele não apenas não tinha barriga como sua camada de gordura era muito tênue. Ou seja: aquele coroa de cacete grande era, além de tudo, definidinho. Claro, não como um garoto de 20 anos – a cintura não era tão fina, sua silhueta tendia àquele perfil mais “quadrado” que vai se firmando com o fim da juventude, a pele não era tão hidratada –, mas estava com tudo em cima. Se eu fosse macho mesmo, meu pau teria subido na hora.

– Tira a roupa, Flavinho. Deixa eu te ver – ele mandou, afastando-se de mim e sorrindo.

– Cara, como você é gostoso... – eu disse, sem me conter.

– Acho que você também é. Mas só tem como eu saber depois que você ficar peladinho pra mim.

Eu obedeci, sorrindo, mas meu coração batia mais acelerado. Adair foi me rodeando, acariciando meu corpo, observando com atenção a cada vez que eu tirava uma peça. Notei que estava sendo aprovado. Ele apertou forte a minha bunda, sentiu meus bíceps, meus tríceps (não, eu não sou musculoso!), beliscou suavemente um mamilo, percorreu minhas costas com os dedos, acariciou brevemente meu cuzinho, puxou meu saco levemente para trás e o apalpou, sentiu a maciez do meu cabelo. Confesso que gostei desse exame minucioso.

Parou de frente a mim e ficou me observando, até descer o olhar para o meu pinto. Eu corei.

– Eu sei, é meio desproporcional, né... – tentei me desculpar. E não via a hora de ele tirar aquela calça jeans!

– Se fosse maior estragava, meu doce. O problema não é esse.

Fiz um ar interrogativo. Será que ele ia desistir, me mandar embora? Se ao menos ele tivesse deixado eu pegar naquele cacete dele...

– Seu cuzinho está legal, lisinho... O saquinho também, esses ovinhos, tudo maciozinho, gostosinho... Delícia...

Fez uma careta.

– É que isso aí assim peludinho não tem nada a ver.

– Isso o que?

Ele se aproximou e segurou delicadamente meu pinto mole. Apertou. De novo, aumentando a pressão, mas não chegou a doer.

– Isso aqui. Não combina com você. Você é todo lisinho...

Sentou-se na cama.

– Tira isso, vai – me deu uma piscadela.

Fiquei meio tonto. Ele queria que eu tirasse meu pau?????????????

– Olha, eu trouxe isso aqui, já prevendo – disse, pegando na mesa de cabeceira a bolsa de couro com a qual tinha vindo, a tiracolo, que ele chamava de capanga. Êta coisa cafoninha...

Estendeu-me a mão. Havia uma tesoura pequena, um spray de creme de barbear e um barbeador.

– Quando o carinha é mais pra peludo, é até melhor deixar. Mas assim como você, com o corpo liso, fica estranho, feio... Nada a ver... Vai lá no banheiro e tira isso. Fica gostosinho aqui pro Adair, meu doce.

– Mas... Mas você também é liso, até mais do que eu, e... – eu tentei argumentar, ao mesmo tempo em que pegava o material, já que ele estava com a mão estendida.

– Flavinho... Você viu o caralho que eu tenho... Imagina ele todo lisinho, o ridículo que ia ficar. E também... – sorriu. – Eu sou macho, meu docinho. Macho lisinho só se for pra rir... Mas você... Você tem um corpo tão gostoso, todo benfeitinho assim...

Aproximou-se, me fez um cafuné e me deu um selinho.

– Vai lá, Flavinho, resolve isso enquanto eu peço uma bebida pra nós – e deu um tapinha carinhoso no meu rosto.

Foi ao interfone. Buscou, num cartão que estava ao lado, o número da portaria, para ligar e pedir a bebida, dando o caso por resolvido.

Baixei a cabeça, pensativo. Por duas vezes eu já havia me depilado assim totalmente, mas não deixara ninguém ver. Havia gostado do resultado e inclusive me masturbado frente ao espelho do banheiro – e mais de uma vez. Ao me olhar, ao acariciar a suavidade da pele, admitira que aqueles pelos acima do pinto nada tinham a ver comigo. Era verdade mesmo.

Mas, nas duas vezes, me obriguei a ficar semanas sem procurar parceiros, esperando que os pelos crescessem novamente. Eu morri de vergonha! Do jeito que meu pinto é, ficaria até obsceno se eu circulasse com ele todo depilado! Eu ia acabar atraindo uma legião de pedófilos, isso sim! Ou seria como se eu estivesse rebolando e desmunhecando na frente dos machos; como se eu estivesse dando gritinhos para levar rola a qualquer custo! E, agora, esse cara diz pra eu...

Entrei no banheiro, liguei o chuveiro, temperei a água e, enquanto esperava chegar à temperatura ideal, sentei-me no vaso e comecei a cortar os pelos, com a tesoura que ele tinha me dado. Com eles bem baixinhos, fui me enxaguar para que a pele ficasse mais macia, os poros mais abertos, para então me depilar como ele gostava.

***

Este conto teve início com o texto “Admirando o calibre de Adair”.

A história completa se desenrola nos seguintes textos, em ordem cronológica

(Os links para cada um dos textos estão na página do meu perfil de autor, em

http://www.casadoscontos.com.br/perfil/:

1. “Admirando o calibre de Adair”

2. “No hotel, com Adair”. [você está aqui]

3. “O preço para ter Adair”

4. “Guiado por Adair”

5. “O desafio de Adair”

6. “Exposto por Adair”

7. “Sob o teste de Adair”

8. “Entendendo Adair”

9. “Entregue a Adair”

10. “Presença de Adair”

11. “Além de Adair”

12. “Adair, dono de mim”

13. “Um outro Adair”

14. “Marcado por Adair”

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Novamente, cliquei no capítulo e já apareceu que lhe dei nota 5! Estranho isso...

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