Meu caros, que situação a que estou! Primeiramente, me desculpem pela demora, eu tinha conseguido estabelecer um ritmo legal de postagem e esse aqui atrasou. Mas tem justificativa. Dengue. Fiquei Internado por dois dias só tomando soro. E o restante deles estava sem ânimo para nada (aqueles que ja passaram por isso sabem que só queremos cama). Enfim, hoje eu ainda estou ruim, mas me esforcei para escrever mais um capítulo. E desde já peço perdão se eu não conseguir captar a atençao de vocês.
Email: lucasrique10@hotmail.com
Mas não esqueci o beijo. Hoje desejo um decioso e acalorado beijo mão esquerda.
@@@ Conto anterior
Foi quando, para minha sorte, ouvimos um barulho no portão.
— É sua mãe — Disse eu com alívio.
Pedro puxou a mão depressa do meu short e correu e catou suas roupas jogadas no chão. Foi para o banheiro. Lá de dentro ouvi-o dizer:
— Finge que tá jogando, Lucas. Liga o video-game aí.
...
Liguei meu computador e esperei ansioso o carregamento. Quando findado, disse um "ufa" espontâneo. A tela inicial era do Capitão América. Sorri ao vê-la porque gostava dela. Mas deixei logo de lado e cliquei duas vezes rápido no MSN (sim, o antigo MSN). De todos os nomes de contato, parei sobre o do Victor. Ele estava off-line, ainda assim cliquei e abri a janela.
Escrevi:
Olha, me desculpe por tudo, Victor. Eu te magoei muito, e agora de novo. Eu fiquei com o Pedro, hoje. Queria te contar porque te considero um amigo. Não queria te magoar assim. Desculpa.
Fechei tudo e desliguei.
Saí do quarto e fui para a rua. Olhei para os lados. Estava tudo quieto, calmo. Sentei-me encostado no muro.
— Eai, Lucas — Pedro parecia sempre saber quando me encontrar. Se fosse tudo combinado, não sairia tão bem coordenado.
— Eai, Pedro.
Pedro ficou de pé em minha frente, não se sentou. Já não estava com a roupa de mais cedo.
— Vamos terminar aquilo? A gente parou bem na hora boa.
Boa para quem? Para ele?
— Não estou afim, Pedro. Tava ruim.
— Tava ruim nada, tava ótimo. E você gostou, que eu sei.
E de fato eu havia gostado. Ainda assim estava com a cabeça cheia. Por mais que eu gostasse do Pedro e de tudo que fazíamos juntos, ter magoado Victor até sem ele saber estava me consumindo. Era uma sensação terrível.
— Você tá voando, Lucas? Onde você tá?
Eu meio que sacudi a cabeça e voltei ao Pedro:
— Por que você não quis o beijo?
— Você ainda pergunta? Beijo é coisa de viado. E quantas vezes eu tenho que te dizer que eu não sou? Você é burro?
Eu achei que eu era. Até àquele momento eu mesmo já me havia chamado de burro inúmeras vezes. Estava quase me convencendo. Mas por que eu me considerava um? Se é a dúvida de vocês, explico: Eu era burro por que eu permitia ser usado. Eu sabia que o Pedro só queria se satisfazer me usando e eu permitia de bom gosto só para eu mesmo ficar satisfeito, afinal eu gostava do Pedro. Eu tinha conhecimento da "burrice" mas não tinha outra forma de ter meus desejos saciados se não fosse assim. Eu me xingava.
— Mas as outras coisas você faz tudo e não se acha gay? Não está certo isso.
— Cala a boca. Você bate pra mim e chupa. Eu sou homem e você não é.
Fiquei calado. Ele continuou:
— Sua mãe tá em casa? Vamos entrar — Segurou meu braço e puxou meu corpo, querendo me por de pé.
— Não, Pedro, outro dia — Eu estava mesmo aborrecido. Voltei a sentar.
— Mas olha como ele tá — Colocou as mãos sobre as calças contornando o volume, que agora ficara mais salientado ainda.
Eu olhei aquilo e adminirei, de fato. Mas balancei a cabeça negativamente. Pedro então se sentou ao meu lado.
— Você já deu? — Perguntou.
— Não, nunca.
— E não quer me dar?
Nesse ponto eu não estava dividido e nem confuso. Eu já tinha até uma resposta: por enquanto não estava afim. Só isso. Mas não pude deixar de pensar que Pedro e Victor eram duas possibilidades, diferentes, claro. Vejam só. Eu gostava do Pedro mas ele não gostava de mim, só queria me usar. Já quanto ao Victor, ele gostava de mim e eu não correspondia, por outro lado, nunca insinuara que queria me comer, sempre fora só carinhoso.
Mirei o Pedro bem no fundo dos olhos:
— Não quero te dar.
Ele ficou furioso.
— Você é gay ou não é? — Subira um pouco o tom de voz. Também ficara de pé — Curte até chupar e não quer fazer? Para, Lucas.
— Não é isso...
Fui interrompido.
— Você disse que nunca deu. Se é gay tem que dar, ora!
— Mas não por agora. Você só fala coisas assim. Nossa. Isso tem que acontecer com a pessoa certa...
Outra vez interrompido.
— Papo furado. Você gosta do meu pau e pronto. Ele é a pessoa certa. Vamos — Tentou me levantar outra vez.
E enquanto ficávamos laquela, de repente ouvimos uma voz.
— Deixa ele em paz, Pedro, que coisa chata.
Nem vimos quando Victor se aproximou de nós. Se fez de propósito, se dera bem.
Pedro me largou.
— Então tá rolando alguma coisa mesmo entre vocês dois? — Disse Pedro.
Eu continuei sentado. Victor se aproximou. Disse ele:
— Não está rolando nada — Victor olhou para mim e eu senti seu olhar.
— Então por que defende essa bicha? — Abaixei a cabeça, transtornado.
— Não fale assim, muleque, acha que é quem? — Victor se aproximara de Pedro e lhe entregara um olhar de ira.
Mas naquela tarde ninguém brigara. Por sorte a raiva não dominou os corações e Pedro e Victor simplesmente se separaram. A mãe de Pedro o chamara e Victor se sentara perto de mim.
— Eu li sua mensagem, Lucas. Se estou chateado? Um pouco, mas até compreendo. Não posso te obrigar a gostar de mim. Só não entendo por que gosta de um cara que não te respeita.
Essas palavras bateram forte no meu peito. Respirei fundo e tentei processá-la de maneira coerente. Mas não pude. Era difícil entender por que eu gostava do Pedro, mesmo sabendo que ele não gostava de mim. Pensei que fosse pela parte física, e era o mais provável. Aliás, me detive sobre essa possibilidade e achei-a convincente.
— Sinceramente...eu acho chato falar isso com você, eu te acho tão legal e correto, Victor, que fico com vergonha...
— Lucas — começou Victor —, não conseguimos controlar os desejos, os sentimentos são cegos e nos cegam também. É quase impossível perceber quando estamos errados em relação às paixões. Eu não te culpo por gostar do Pedro. Na verdade eu culpo a mim por não ter te sido capaz de chamar a sua atenção antes. Eu fico triste por mim mesmo.
Olhei naquele par de olhos castanhos e vi tamanha sinceridade. Meu peito pulsou diferente. E então eu mesmo me aproximei do Victor e insinuei um beijo. Mas não foi na boca. Meus lábios tocaram aquela bochecha clara e sua pele macia fez formigar minhas mãos. Distanciei o rosto e só fiquei sentindo aquilo.
— Isso foi sincero, Victor, pode acreditar, mas você pode me dar um tempo?
Victor passou as costas da mão no meu rosto e disse:
— Você é tudo que eu mais quero, Lucas, se pra você eu não puder dar um tempo, como posso te merecer?
O resto da tarde passou voando, e naquela noite eu tive um sonho. E nele eu tentava esquecer um pessoa, e num quadro branco eu desenhava outra.