Once in USA - Capítulo 04

Um conto erótico de OnceUpon
Categoria: Homossexual
Contém 2276 palavras
Data: 03/02/2016 02:22:12
Última revisão: 03/02/2016 02:27:48

Capítulo 04

Uma tarde de descobertas

Noel não retornou nos outros dias, não era sempre que ele trabalhava com o meu avô, muitas vezes ele trabalhava em grandes fazendas ou mesmo em comércios vizinhos. Decidi guardar sua cueca como um tesouro, porém no segundo dia acabei lavando a peça escondido e colocando pra secar num canto do meu quarto, ao fim escondi bem no fundo do meu baú.

Os dias que se seguiram na escola foram tensos. No dia em que se seguiu Ben retornou à escola, sua aparência não era das melhores. Um dos olhos estavam com uma marca levemente arroxeada e seu lábio inferior exibia um pequeno corte. O boato era de que ele havia se metido em uma briga de bar ao cantar uma mulher casada. Mas obviamente ele desmentiu tudo para os amigos, afinal ele namorava firme a líder de torcida miss pompom, chefe do clube religioso e rainha do baile dois anos consecutivos, Regina Gilmore. A abelha rainha da nossa escola.

Tiffany se mantinha afastada, mas sempre que nos esbarrávamos pelos corredores trocávamos olhares. Eu sabia que deveria dar o primeiro passo, mas não seria capaz. Não sabia se queria conversar com ela, ela tinha o dom de ver as coisas como elas eram, e eu tinha medo que ela visse as mudanças sutís que se operavam no meu interior e as dissesse pra mim, como aquele dia no campo. Eu não estava pronto para assumir nada isso pra ninguém.

No terceiro dia os Garotos de ouro voltaram a me importunar, no começo do dia apenas esbarraram em mim algumas vezes. Mas ao tempo do intervalo eu cruzei com Ben no corredor, ele olhou direto para mim, eu respirei e mantive a postura e o contato visual. Ele apertou os olhos e parecia mais desafiador que nunca. Guardei os livros e, quando ele não podia mais me ver, corri e me tranquei no banheiro.

Eu respirava de forma disparada, eu sabia que eles estavam me cercando e que planejavam me pegar de novo. Eu sabia que dessa vez eles não me levariam para tomar “banho” de novo. Eu precisava decidir o que fazer. Pedir ajuda a algum professor estava fora de cogitação. Eu me encrencaria muito mais. Os rapazes do time faziam isso há anos nessa escola e os professores estavam cientes disso. O atletismo bancava a escola, bem como as doações das famílias mais ricas da cidade. Incluindo entre elas as das líderes de torcida e da maioria dos jogadores. Eles mandavam. O resto convivia como podia.

O sinal tocou. Esperei o barulho de passos parar e destranquei a porta, corri para a sala de teatro por onde eu pularia a janela e fugiria da escola por hoje. Era uma sala escura e empoeirada. Como não tínhamos grupos de teatro a sala acabou virando meio que um depósito. Passei pelos espelhos e figurinos, um colchão estava caído pelo chão. Cheguei à janela e comecei a tentar levantá-la.

- tsc, tsc. Onde vc vai, novato? – Aquela voz era inconfundível.

Virei sem respirar, tentando não demonstrar medo. Ben estava parado com os braços cruzados à porta. Ele sorriu o seu sorriso torto maquiavélico e entrou, deixando a porta bater às suas costas. Usava uma camisa amarela do time de futebol e seu calção de jogo. Caminhou lentamente em minha direção. Eu engoli em seco, mas encarei olhando em seus olhos.

- Eu... – tomei coragem. Respirei e sorri – Vim tomar um ar. Não estava me sentindo muito bem. Sabe... ultimamente sinto um ar desagradável nessa escola, pareceu sumir uns dias atrás, mas voltou pior que nunca.

Ben sorriu. Mas não sabia o que aquele sorriso significava.

- Imagino que sim. – respondeu pegando uma das madeiras de encenação – Eu cheguei a pensar que você estava fugindo de mim.

Dei um passo em sua direção, confiante e começando a me sentir excitado com aquela situação. – E porquê eu fugiria de você, capitão? Eu não sabia que você estava me caçando.

Ben finalmente pareceu desconsertado por um momento. – Não seja idiota, novato. – Ele veio com fúria ao meu encontro cutucando o meu peito. – Você anda por aí me encarando. Me desafiando. Quem você pensa que é?

Eu acabei tropeçando pra trás. Uma pequena mecha de cabelos caindo nos meus olhos. Sacudi para trás. Cruzei os braços e fiz cara de inocente.

- Não sei do que você está falando, capitão.

- Não seja irônico. Você acha que eu sou tão burro quanto os outros e não percebi o seu jogo?

Virei de costas para ele indo tentar abrir a janela de novo, como se o ignorasse.

- Estou falando com você, novato!

- Oi? Ah sim. Meu plano de dominação mundial. Você descobriu. Acho que você me pegou nessa.

Ele me olhou de cima a baixo. Veio até mim e me sacudiu.

- Não brinque comigo, Guilherme. – Ele chamou meu nome pela primeira vez. Ele sabia o meu nome. Isso me surpreendeu. Ele me olhava com raiva. –Eu sei o que você é. Eu sei o que você tá querendo. – Ele cuspiu as palavras na minha cara me apontando um dedo com cara de nojo.

Engoli em seco, mas retirei forças, de onde não sabia, mas cruzei os braços olhei em seus olhos com um olhar lascivo, mordi o lábio inferior e retruquei.

- Você sabe o que eu sou e veio até esse local escondido me dizer que sabe o que eu quero? ... – Ele pareceu pela primeira vez assustado, abriu mais os olhos. – Sabe, capitão, só me resta uma pergunta.

- Sua bicha! – Ele me empurrou com força, eu rodei e caí para trás, por sorte no colchão que estava ali no chão. Respirei e levantei a cabeça, um segundo peso afundou o colchão dois joelhos um á minha direita e outro à esquerda, Bem estava em cima de mim. Agarrou meus cabelos e me levantou me machucando. Eu comecei a resistir tentando fugir. Ele me deu uma chave de braço em volta do pescoço me prendendo ali. Eu estava vencido. Rendido. Nunca teria chances contra a montanha de músculos que era aquele atleta. Ele poderia fazer de mim o que quisesse. Ele me apertou contra o seu corpo. Senti o volume dos seus peitos contra as minhas costas. Estávamos ambos ajoelhados no colchão. A luz era fraca.

Um os espelhos em frente ao colchão refletiam aquela cena. Eu e ele ali agarrados. Não era nada sexual da parte dele, mas eu me senti absolutamente dominado e aquele toque forte e a sua respiração em meu pescoço me arrepiaram todo o corpo. Eu queria sentir mais do seu corpo. Tentei fugir para forçar uma queda, o que deu certo.

Eu caí com os cotovelos no colchão e Ben me apertava mais forte, agora eu comecei a sentir realmente que ele iria me machucar feio. Olhei pro lado e nos vi ali refletidos, Ben olhou também. Mirando em meus olhos através do espelho.

- Fala qual é, sua bicha, se você tiver colhões? – Ele disse com uma voz decidida porém levemente incerta.

- Qual é o quê? – respondi quase sem ar.

- Eu já sei o que você é e sei o que tá querendo, frutinha, que pergunta que resta? – Bem afrouxou um pouco o golpe para ver se eu teria coragem de responder.

Eu não estava 100% certo de que as coisas aconteceriam como eu planejava, mas olhei no fundo os seus olhos no espelho, apertei seus cotovelos e parrei meus pés entrelaçando nos calcanhares dele, pois ele estava por sobre mim e disse com car de puto – A pergunta é... você vai me dar o que eu quero, capitão?

Nesse momento empinei bem a bunda e encostei finalmente no volume dos meus sonhos. Senti aquele toque roliço nas minhas nádegas e comecei a rebolar sem tirar os olhos dos olhos dele no espelho.

- Vai capitão. Dá pra mim. Me ensina uma lição. – falei sorrindo maliciosamente. A cara de Ben era de puro choque. Mas o resto do seu corpo parecia continuar funcionando, em segundos o seu mastro despontou em pleno crescimento. Eu sentia ele completamente duro roçando na minha bunda. Ben respirava ofegante e mudo. Um segundo depois ele afrouxou completamente a gravata que tinha me dado, mas eu não soltei seus braços continuei apalpando seus músculos. Ele caiu pesado sobre mim. Me encoxando com firmeza.

- Sua bicha! Você tava sonhando com isso né? – Ele dizia com uma voz enraivecida.

- huhum... - eu respondia e continuava rebolando. Queria que ele me comesse ali mesmo. Agarrei os cabelos da nuca dele enquanto ele agarrou a minha cintura com as duas mãos e continuou aquele movimento delicioso. – todo dia. Tava sonhando com o gosto do seu leite. Dá pra mim, capitão.

- Sua puta... – Bem pareceu mudar completamente, ele estava nas minhas mãos. Senti até um leve sorriso na sua voz.

- Ben! - Uma voz masculina chamou do corredor, a menos de três metros da porta que estava encostada.

Ben saltou de cima de mim como um gato que leva um choque. Completamente ofegante e com a cara mais assustada do universo. Uma ereção cavalar.

Por dois segundos ficamos assim. Um olhando pro outro. Eu apontei para o canto.

- A janela. – falei.

Bem correu pulando sobre mim, levantou a janela com uma mão e antes de sair sussurrou – Uma palavra! ... eu juro... você vai se arrepender pra sempre, sua bicha! – Pronto, o Ben enfurecido e maluco havia voltado.

Quando a porta abriu de um rompante, Bem já tinha pulado e, se fosse pra me basear no espanto dos seus olhos eu poderia jurar que ele já poderia estar cruzando a fronteira do México na velocidade em que fugia.

- Que que você tá fazendo aí, novato?

A.J., Nick e Todd entraram. Eu tornei a deitar... DROGA! Pensei comigo. Que droga!

Vinte minutos depois eu estava sendo levado pelos garotos pro lado da escola, onde antes era hasteada a bandeira e agora um mato crescia alto e apenas os maconheiros frequentavam e algumas pessoas que moravam naquela direção ousavam cortar caminho por ali.

Os outros garotos já estavam lá.

- Encontramos o novato cabulando aula. Sabem aonde? – Caçoou A.J.

- Onde? – Uma voz forte chegou por trás de todos completando o time. Ben. Ele olhou duramente pra mim.

- Dormindo no depósito de teatro, brother! - todos explodiram na gargalhada. – Essa porra é doida.

Bem fingiu rir e se manteve de longe. Um dos rapazes veio com uma corda e amarrou meus braços. Eu sabia que se gritasse apanharia ali mesmo. Mas olhei para ben, sem acreditar que ele ainda faria aquilo.

Ele riu pros caras e disse que ia ligar o carro, correndo e me abandonando ali.

Eu estava perdido.

Eles me amarraram e puxaram a corda, no mastro da bandeira e dessa forma meus braços ficaram pra cima. Meus pés foram atados e A.J. pegou um batom vermelho que passou nos meus lábios. Eu estava vencido, não tinha como lutar. Permiti, olhando para o chão quanto mais rápido eles terminassem, mais rápido se cansariam.

- Tá linda, novata. Ulálá – todos riram como hienas. Por fim escreveu “frutinha” na minha testa com o batom e abaixou as minhas calças. Minha cueca era branca. Nick teve a brilhante ideia de pintá-la com o batom e começar a gritar que eu estava menstruada. Os caras riram e um carro chegou rápido. Ben olhou nos meus olhos. Eu todo era ódio. Olhei nos dele respirando intensamente. Se eu fosse Carrie a estranha teria matado todos aos pedaços bem ali.

Eu tinha fingido que não me importava até então, mas agora eu sabia que eu me importava muito. Ben não riu como os outros, mas nada fez, desviou o olhar do meu e gritou.

- Bora galera, ainda temos mais dois novatos pra terminar a lista!

Todos subiram no JIPE de Ben e o carro partiu me deixando ali.

Nunca, em toda a minha vida, eu tinha me sentido tão completamente sozinho. Eu era gay, eu me sentia uma aberração, era isso que eu era e eu finalmente eu sabia que eu sentiria isso para sempre. Solidão e vergonha. Era o que me restava?

- Guilherme? – ouvi um grito ao longe. Meus olhos marejados não me permitiram reconhecer a origem.

- Gui, meu deus, o que fizeram com você? – Era Tiffany. Ela olhou pra mim balançando a cabeça negativamente. Tocou meu rosto com suavidade e me surpreendeu quando tirou um canivete do bolso traseiro que girou no ar abrindo. Cortou as cordas e me soltou.

Eu não disse uma palavra. Ela me abraçou e disse – vai ficar tudo bem.

Eu não tinha ninguém. E então eu percebi o quanto eu sempre tinha afastado todos de mim, sem permitir me abrir pra ninguém. Nem eu mesmo me permitia assumir quem eu era.

- Eu sou gay. – Abaixei os ombros e a cabeça e admiti numa voz fraca.

Tiffany sorriu e me abraçou de novo. – Eu sei, gui, eu sei. Eu to aqui.

Eu continuava triste com tudo o que estava acontecendo. Mas não estava mais sozinho.

- Aliás – completou ela enquanto eu colocava minhas calças no lugar – tá escrito na sua cara.

- É tão óbvio assim?

Ela riu e eu ri também quando ela abria um espelhinho e eu lia que de fato A.J. tinha escrito “frutinha” na minha testa com o batom.

- Mas a gente vai dar um jeito nisso. – Ela pegou um paninho da mochila, lambeu e começou a limpar a minha testa. Naquele momento aquela era a pessoa mais legal do mundo pra mim e eu sabia que tinha ganhado uma irmã pra vida.

- Desculpa, Tiff.

- É, você foi um idiota. – ela retrucou.

- Eu vou acabar com a vida desse cretino do Ben.

Ela riu pra mim, cruzando os braços. – Talvez você não seja tão idiota assim, afinal de contas.

Continua...

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