Sob o teste de Adair

Um conto erótico de Stocker
Categoria: Homossexual
Contém 3557 palavras
Data: 26/02/2016 20:20:16
Última revisão: 19/03/2016 23:05:19

Esta é a continuação do conto “Exposto por Adair” e de outros anteriores a ele.

***

Deixamos Garcia no bar. Nem me despedi dele, porque fiquei sem graça de encará-lo. No caminho, Adair quis me enlaçar pela cintura, mas eu muito discretamente me afastei e fui deixando que ele fosse na frente. Talvez tenha notado que eu me desvencilhara de propósito, mas deixou passar. Apesar daquele jeito meio esporrento, eu via como era atencioso comigo.

Subimos a escada e segui para o vestiário, enquanto Adair foi para a cabine, no andar acima. Peguei o lençol que eu levara a mando dele, para substituirmos o que era fornecido pela própria sauna. Um coroa me mostrou a pica ostensivamente, mas desviei o olhar. Passou rente a mim, quando eu trancava o cadeado na porta do armário.

– Depois, quando você estiver mais livre, vamos tomar uma cerveja juntos – murmurou, sorrindo com simpatia.

Quando entrei no corredor, vi pela luz que nossa cabine estava aberta. Lá dentro, Adair olhava o teto, aparentemente distraído, meio deitado, com as pernas entreabertas. O cacete descansava sobre a toalha, por uma fenda. Entrei e fechei a porta.

– Você viu se o Garcia subiu?

– Não reparei. Mas acho que não. Por que?

– Eu pensei num lance e queria falar com ele – disse, levantando-se rumo à porta. – Pera que ele costuma chegar cedo e pegar uma cabine aqui ao lado. Deixa eu ver.

Voltou logo depois.

– Tá fechada. Deve tá circulando. Antes, deixava a cabine sempre aberta quando tava aí. A não ser que tivesse companhia. Não deve ser isso, mas não vou bater.

– A porta, Adair... – eu falei, deitando na cama enquanto vi que ele apenas a encostara.

– Você e essa história... – falou sorrindo, enquanto pegava uma camisinha. – Já vou lá. Pera.

Abriu o envelope e ficou em pé frente a mim, na beira da cama.

– Tem que mamar pro bicho endurecer.

Dei um sorriso. Ele já sabia que, oferecendo a pica, era fácil me distrair. Mas percebi o truque.

– A porta... – falei, manhoso.

Nem era o tipo de coisa que eu fazia. Saiu sem pensar: fiquei naturalmente dengoso com ele! Mau sinal.

Ele riu, olhou para a porta e depois pra mim.

– Até parece que não sabem o que você vai fazer aqui, Flavinho. Aqui é lugar de viado. Metade veio pra mesma coisa que você. Aliás, bem mais da metade.

– Mas não precisam ver, né?

– Ué, já viram.

– Como é que é?

– Com aquele escândalo todo que você fez, você acha que não juntou gente na porta?

– Eles abriram pra espiar? – assustei-me.

– Claro que não... Eu tinha deixado meio aberta. Você é que não viu. Também, tava com uma fome de pica...

Eu me senti desrespeitado. Dessa vez, ele viu que a coisa estava ficando séria.

– Ok. Olha – respondeu, indo até a porta e fechando. – Já fechei, tá bom? Fica tranquilo. É só nós agora.

– Você me comeu com os outros vendo?

– Primeiro só tinha um cara, quando você me chupava. Ele ficou ali; fez que ia entrar, mas eu dei um sinal dizendo não. Depois é que vieram os outros.

– E você deixou?

Eu reagia escandalizado.

– Não deixei nada, se não tinham entrado. E avisei pra não abrirem muito. Eram uns três caras só. Ficaram olhando pela frestinha. Acho que adoraram você.

– Mas eu não vi nada!

– Você estava mais ocupado em curtir isso aqui – e balançou o cacete, a essa altura já a meia-bomba.

– Eles iam entrar?

– Se eu deixasse, iam. Mas eu não deixei. Sabia que ia te atrapalhar.

Fiquei olhando para ele. Esse cara me surpreendia a cada meia hora!

– Fiz sinal com a mão, por isso também você não percebeu. Foi bem gostoso mostrar pra eles como você gosta da coisa. Depois mandei embora, quando vi que você tava gozando.

– Então eles viram tudo...

Ele já punha a camisinha, ainda que a ereção não estivesse completa.

– Quase tudo. E ouviram também. É um tesão ver você dando. Você se entrega.

– E... Eles me viram depois? Era algum que estava lá nos chuveiros?

– Capaz. Mas não vi direito quem eram. Eles ficaram só na fresta da porta. Viam tudo aqui mas não dava pra ver eles.

Ajoelhou sobre o lençol, se aproximando de mim.

– Agora, pelo menos, já sabem que você tem dono aqui dentro. Se fizerem alguma coisa contigo, vão saber que é com o meu namoradinho.

Fiquei em silêncio com aquela última frase. Talvez tenha deixado escapar um sorriso nos olhos. Eu era o namoradinho dele?

Então me recompus. Eu realmente ia dar uma bronca, fazendo menção de me levantar.

– Adair, você... –

Ele me interrompeu:

– Você gostou, safadinho... Gostou de saber, né? – e deu uma apertadela no meu pinto, doendo um pouco. – Esse piruzinho aí não engana.

Olhei pra baixo e fiquei vermelho de vergonha. Não estava em ereção, mas era nítida uma inchadinha, denunciando que eu ficara excitado com aquela história toda.

Aproveitou a posição em que eu estava – de joelhos na cama, como ele – e enfiou a mão sob as minhas pernas abertas. Afastou as duas partes da minha bunda com os dedos e com um terceiro começou a acariciar meu botão. Eu arfei. O caralho duro, já com a camisinha, pressionava minha coxa. Encostei a cabeça no peito dele.

– Safado... – ele disse, mordiscando a minha orelha.

Afastou-se um pouco, sem parar as carícias que fazia com o dedo e, com a outra mão, pegou na base do cacete. Deu uma porradinha no meu pinto. Eu soltei um gemido.

– Um tesão esse teu piruzinho branquinho de playboy. Deve ser rosado se ficar durinho.

Bateu de novo com o cacete rijo no meu pinto mole. Como estava um pouquinho crescido, ele balançou. Bateu de novo, e de novo. Doía um pouco, mas aquilo foi me deixando louco. Encaixou a cabeça entre os dois ovinhos, abaixo da base do pinto, e deu uma forçada. A essa altura, estava com mais de um dedo dentro de mim, talvez os três.

– É, Flavinho, te viram comigo; te viram me dando o cu – falou, empurrando o cacete mais um pouco entre meus ovinhos. – Devem estar lá no bar falando como tu é gostoso; que aguenta bem uma rola grossa.

Eu recostava a cabeça em seu ombro, sem saber direito o que me excitava mais naquele momento.

– Ou então vai ver que estão ali atrás daquela porta, esperando pelo segundo tempo... – ele riu. – Mas dessa vez vão ter que encostar o ouvido; vão ter que adivinhar só por conta dos teus gemidinhos.

Eu não aguentei mais e me lancei contra seu corpo. Os dedos resvalaram e o cacete desencaixou do meu saco. Eu agora queria era o saco dele. Comecei a lamber aqueles bagos grandes com sofreguidão, e a própria posição me fez arrebitar a bunda. Eu escancarei as pernas, como se pedindo que ele voltasse ao meu botão.

A trepada foi longa, e eu já levava isso como parte do processo. Adair era foda. No meio, arrancou a camisinha e me pôs pra mamar. Deu umas outras porradinhas no meu pinto broxa, me estatelou com um beijo que fez sentir sua língua lá no fundo de mim, me pôs de frente, de quatro, em pé. Foi mais de uma hora sem parar naquela cabine, que apesar de refrigerada foi ficando abafada. No fim, pingávamos de suor e não aguentávamos mais. Tirou a camisinha e meu deu um tapinha no rosto. Eu passei uma toalha de papel na bundinha e olhei discretamente, mais para verificar se estava em dia com a higiene do que para secar o suor. Estava tudo bem.

– Agora deixa de graça no chuveiro, que você já sabe que não tem o que esconder – ele falou quando íamos entrar na sala das duchas.

Surpreendentemente, baixou o volume da voz quando disse isso. Estava pelado, atrás de mim, segurando a toalha numa mão. Disse que estava suado demais e não iria sujá-la. Senti um arrepio no trajeto, por todos poderem ver assim claramente o que ele tinha entre as pernas – e que entenderiam que aquilo tinha estado dentro de mim. Mas não demonstrei que estava gostando da situação.

Saímos dali e ele me levou para o terraço. Imaginei que fosse aberto, para que se tomasse sol nas espreguiçadeiras, mas não era.

– Imagina os vizinhos, nos prédios! Um monte de viado circulando de toalha, putaria rolando solta – ele me explicou. – Iam mandar fechar isso aqui!

– Rola putaria aqui? – estranhei, olhando em volta. As pessoas estavam apenas conversando, bebericando. Parecia que estavam num clube, nada demais.

– Dependendo da hora e da quantidade de gente, claro que rola. Com a sauna mais vazia, rola em tudo o que é canto. Depende do clima.

Olhei meio incrédulo. A impressão que estava tendo é que só fudiam nos lugares feitos pra isso.

– Depende do clima, Flavinho. Claro que não vão dar a bunda lá no bar de baixo, mas rola uns bons amassos quando está mais tarde, mais vazio. Na sala de cinema maluco faz até suruba quando dá. Aqui em cima, já comi muito cara. Só não pode nas espreguiçadeiras. Já quebraram uma, tentando.

Olhei com atenção. O chão era cimentado, áspero. Ele riu alto, adivinhando meus pensamentos.

– Os passivos usam a sandália pra apoiar o joelho. Quando sai do lugar até esfola, mas vocês gostam de qualquer jeito...

Dessa vez, eu é que caí na gargalhada – não tanto pelo que ele falara, mas por ter deduzido imediatamente o que passou pela cabeça de um passivo puto como eu.

– Pega outra cerva pra nós.

Fui até o bar – um balcão bem menor do que o do bar de baixo, em forma de quiosque coberto por palha, quase no centro do terraço. Um sujeito ficou me secando enquanto eu aguardava. “Será que esse me viu, por isso está me olhando assim?”, pensei, logo depois pegando as garrafas que o atendente me entregava.

– O que você achou do Garcia? – ele perguntou, depois do primeiro gole.

– Parece maneiro. Pelo que vi, vocês se conhecem há muito tempo.

– Há mais de vinte anos. Mas a putaria rolou depois, coisa de uns cinco anos, sei lá. Ele era casado; a gente nem falava dessas coisas.

– Casado? Com mulher?

– Hã-hã – respondeu, meio sem atenção.

– Ah, pelo que eu sei aqui tem muito cara casado.

– Muito mesmo. Mas quando saem daqui é tudo macho, fora o cu ardido.

Rimos.

– Mas não é o caso do Garcia. Ele só começou a comer homem depois que enviuvou. Pelo menos, é o que ele diz. Descobriu que tinha um lado gay fuçando coisas na internet. Tava muito sozinho, não tinha mais também a mulher pra vigiar ele, então começou a ver sacanagem no computador. E daí foi descobrindo que uns viadinhos davam tesão a ele. Acabou parando aqui pra testar na prática. Foi assim que eu soube dele, depois de mais de dez anos que o único comedor de viado era eu. A primeira foda que deu com homem foi aqui. Depois, não largou mais.

Eu ouvia, entretido.

– A merda é essa coisa da próstata dele.

– Ficou broxa, né?

– Não, mas como te falei a ereção dele ficou difícil. Demora a levantar. E não dura muito. Uma merda.

– Ele não gosta de Viagra?

– Não pode, por causa do coração. Tentou até uma vez, mas foi um merdelê. Ele tem um problema cardíaco sério. Mas se cuida. Está tudo ok com ele.

Adair afastou brevemente a cadeira, ficando um pouco mais de frente para as outras mesas. Ficamos um tempo em silêncio, observando os demais. De vez em quando, eu buscava um olhar que denunciasse ter sido reconhecido. A luz da cabine tinha ficado o tempo todo acesa; daria para os caras verem tudo. Mesmo eu estando de cara pro lençol, tomando de quatro, me identificariam pelo corpo. E também porque estava junto com Adair. Mas ou eram muito discretos – o que eu duvidava – ou eu estava com a sorte de ainda não ter cruzado com nenhuma das testemunhas da minha putaria.

O terraço era bem bonito, com uma arquitetura simples, em estilo rústico, como nas cidades costeiras. Era quase todo coberto por um caramanchão alto, de onde pendiam uns poucos cachos com flores amarelas e umas luminárias aqui e ali. Devia ficar uma certa penumbra, quando caísse a tarde.

Havia uma música ambiente num volume bem baixo – o suficiente para abafar a turbulência do trânsito, que vinha da rua. Adair estava com as pernas bem abertas, relaxado, e imaginei a bela vista que devia estar proporcionando aos outros clientes. Ele sabia disso, e sabia que eu sabia.

– Mas o que você achou dele?

– Do Garcia? Gostei dele; te disse.

– Gostou pra trepar?

Eu ri. Achei que estava me zoando. Ciúmes não combinavam com ele.

– Gostou pra trepar com ele? – insistiu.

– Ah, Adair... Que isso... – desconversei. – Eu to contigo.

– E daí? Teu rabo parou de funcionar com os outros, só por causa disso?

Eu estava estranhando aquela conversa.

– Quer dar pra ele?

– Que papo é esse, Adair? Eu nem olhei pro cara direito. Não sei por que você acha que eu to a fim de dar pra ele.

– Eu não acho nada, mas quero que você fique a fim.

– A fim de que?

– De dar pro Garcia. Quero que você dê pra ele.

Eu estava levando o gargalo à boca, mas desviei pra não engasgar.

– Ele tem uma boa pica. E fode bem. Você vai adorar. E ele também, tenho certeza.

– Você quer me oferecer pro teu amigo?

– Ele tá precisando de uma força.

– Como se eu fosse uma puta, uma piranha?

Ele me olhou sério. Eu me retraí. Fiquei receoso que o tempo fosse fechar por causa da minha reação, meio agressiva.

– Piranha a gente não pede. Piranha a gente manda. Nem pergunta opinião. Eu to te pedindo, porque você é um puto, sim, e porque eu quero quebrar o galho do meu amigo.

Voltei a olhar em torno, em silêncio.

– Se eu achasse que você não ia gostar eu nem falava nisso. Mas eu conheço ele; fizemos grupal umas boas vezes. Tem uma boa pegada; tu vai ficar doidinho.

– É? Ah, é? – me contive para não levantar a voz. – E se eu gostar mais dele do que de você?

– Difícil.

Entornou a garrafa e a pôs na mesa, vazia.

– É ruim você abandonar esse caralho aqui, meu gostosinho. E eu não largo essa tua bundinha tão cedo. Daí ficamos os dois contigo; qual o problema?

Eu estava de cara feia, com os braços cruzados, todo revoltado.

– Anda, marrentinho. Pega outra lá. Ah, e vê o que tem pra comer aí que eu to ficando com fome.

Obedeci.

– Então, posso falar com ele? – já foi perguntando, mal eu voltava a me sentar.

Não respondi.

– Ok, ok. Não se fala mais nisso. Deixa o cara ficar rodando por aí sem comer ninguém. Tudo certo – mudou de tom e de assunto: – E o que tem pra comer, então?

Eu estava tão aturdido com aquela proposta que esqueci completamente do que ele havia me pedido.

– Po, Flavinho, eu to morto de fome, cansado pacas... Vou ter que ir lá?

– Eu já vou, pera – respondi rapidamente, mas não fui ríspido. Olhei nos olhos dele. – Você quer mesmo me oferecer pra ele? O que eu vou ter que fazer?

– O que você sabe fazer muito bem, ora. Não é uma tarefa, um sacrifício. O Garcia fode gostoso, sabe dar um trato.

– Como você? Duvido... – eu sorri.

Queria agradá-lo, desfazer qualquer climão.

– Também acho que não. Mas é você quem vai me dizer depois.

Ficou me olhando.

– Você é mesmo muito tesudo, playboy.

Seu olhar desviou para cima da minha cabeça.

– Olha quem vem. O Garcia.

– Você vai falar agora?

– Na sua frente, não. Mas depois que ele sentar vai lá ver o que tem pra comer, porque muda sempre. Aproveita e arrebita essa bundinha, pra dar água na boca dele.

Garcia sentou.

– Resolveram tudo? – e deu uma boa risada.

– E muito bem resolvido – respondeu Adair, com um orgulho que soou muito natural.

Eu ri. Estava me sentindo mais à vontade.

– Deu pra perceber – e fez uma cara sacana.

Ambos trocaram olhares, entre sorrisos. Adair levantou as sobrancelhas.

– Você tava na espreita, seu puto?

– Você não está na cabine de sempre, na 10? Eu to na 16. Quando passei ouvi nosso amigo aqui. Ele estava bem animado. Não ia deixar de dar uma paradinha pra aproveitar um pouco...

– Flavinho, vai ver lá no bar o que eu te pedi. E aproveita pra fazer tua cara voltar à cor normal.

Eu ri, apesar do constrangimento. Estava no clima de brincadeira. Quando saí, ouvi Adair comentar algo como “ele é um espetáculo”. Sorri pra mim mesmo.

Fui até o bar, mas não fiquei arrebitando a bunda. Só andei um pouco mais lentamente, imaginando que Adair estivesse me mostrando com mais vagar para a aprovação do Garcia. Enquanto chamava o atendente e pedia o cardápio, ajeitei a toalha na cintura, de forma que ela ficasse mais para baixo, para que se pudesse adivinhar a pontinha do meu cofrinho e, na frente, um púbis liso. Nada exagerado: apenas para abrir o apetite do Garcia.

Encostei no balcão meio de lado, quase de frente pra eles, e, à medida que o balconista falava comigo, girei um pouco o corpo. Quis me exibir, mas de uma maneira que isso não fosse percebido tão claramente – inclusive porque, afinal, havia outros caras ali. Achei que consegui não exagerar, e Adair acabaria me confirmando isso depois.

– Não, não, não vou passar por isso. Te agradeço muito, mas eu me viro – dizia Garcia quando cheguei à mesa. Ele não notara que eu tinha voltado.

– Bom, você que sabe. O presente já tá dado – Adair respondeu, e se dirigiu a mim. – E então?

– Eles não têm cardápio, não – e comecei a enumerar as quatro ou cinco opções de coisas para beliscar.

Ele disse o que queria e retornou a Garcia. No bar, aguardei o balconista terminar de atender outro cliente, colocar os salgadinhos em um prato, pegar mais cervejas para nós e anotar o número da comanda, para a despesa ser paga na saída. Pus na minha conta.

Quando voltei, Garcia estava conversando em outra mesa. De certa forma, fora um alívio, porque eu me esquecera dele e só pedira duas garrafas!

– O babaca não quis! – ele falou, torcendo a tampinha da long neck abruptamente. Jogou longe.

Olhei para ele, entre desanimado e ofendido.

– Ele não gostou de mim? Não deu tesão?

– Claro que ele gostou de você. Por que você acha que ele ficou ouvindo teus gemidos enquanto eu te metia?

Ficou com o olhar longe.

– Orgulho. Puro orgulho. Babaca – resmungou e tomou um novo gole.

Logo desarmou a carranca e me deu aquele sorriso largo ao qual eu estava acostumado.

– Fica triste, não. Outra hora eu falo com ele.Você vai ter dois machos de primeira te fudendo.

Eu franzi a testa:

– Ah, era pra ser uma suruba?

– Sexo a três. Suruba é com mais gente. Você achou que eu ia te dar pra ele assim, sozinho?

– Não sei, eu não tinha entendido direito...

– Você queria ficar sozinho com ele?

– Não, claro que eu prefiro com você junto. Mas não sabia o que você tinha planejado.

Ele me olhou, pensativo. Parecia me analisar. Ia falar alguma coisa, mas se conteve. Mordeu um salgadinho, voltou a abrir as pernas e passou a mão no pau, olhando pro lado.

– Você já fez a três, né?

– Já – fiz uma pausa. – Mas com desconhecidos, só. Assim como você quer, não.

– Mas te deu tesão, né?

Tomei um gole da cerveja e ele viu que eu não responderia. Pegou outro salgadinho.

– Já te fizeram DP?

– Dupla penetração?

– É. Já levou?

– Não.

– Tem vontade?

– Nunca pensei nisso – menti.

– Mas se eu quiser você vai acabar fazendo, né?

Sua expressão era de desafio. Não gostei daquilo. Não parecia o Adair que eu conhecia. Fiquei com um pouco de medo.

– Relaxa. Só to perguntando por perguntar. Com o Garcia não ia rolar. Ele não consegue manter em pé nem pra uma rapidinha, quanto mais numa DP.

Calou-se novamente e cruzou as pernas, com a garrafa na mão.

– Ei!

– Que foi?

Ele riu, bem sacana.

– Vamos lá, pimentão. Volta pra cara de novo.

Não entendi.

– Aquele ruivo ali. Tá vendo?

Olhei na direção que ele apontava com a cabeça. Era um cara mais ou menos da minha idade, pele clara e meio sardenta, cavanhaque cor de fogo. Tinha um bom corpo.

– É um dos que te viram tomando de quatro – e começou a rir, diante da minha cara que provavelmente devia ter ficado novamente vermelha.

O ruivo virou-se para nós e me olhou com atenção. Baixei a fronte, sem graça, e quando retornei ele continuava a me encarar. Por baixo da toalha, Adair acomodou o caralho.

***

Este conto teve início com o texto “Admirando o calibre de Adair”.

A história completa se desenrola nos seguintes textos, em ordem cronológica

(Os links para cada um dos textos estão na página do meu perfil de autor, em

http://www.casadoscontos.com.br/perfil/:

1. “Admirando o calibre de Adair”

2. “No hotel, com Adair”.

3. “O preço para ter Adair”

4. “Guiado por Adair”

5. “O desafio de Adair”

6. “Exposto por Adair”

7. “Sob o teste de Adair” [você está aqui]

8. “Entendendo Adair”

9. “Entregue a Adair”

10. “Presença de Adair”

11. “Além de Adair”

12. “Adair, dono de mim”

13. “Um outro Adair”

14. “Marcado por Adair”

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Comentários

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Amigos, muito obrigado pelos elogios e incentivos. Vou tentando manter o ritmo de postar uma parte da história todos os dias, mas vocês devem saber como é difícil, por causa dos compromissos da rotina diária. Se eu faltar um dia, por favor, compreendam, ok? Bruno e Sulésio, gostei desse entusiasmo de vcs... Gozem bastante! Ocramusa, deu pra perceber que vc está se identificando, que pelo visto temos coisas em comum. Que bom! FCOBRA, não me aborreci não. É mesmo verdade o que vc disse. Mais à frente, essa questão da fragilidade vai ser mencionada, mas não é nenhuma resposta ao que vc disse não, ok?

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kkkkk bruno, ja toquei umas tres imaginando essa da curra mas soh q o flavinho sou eu

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"O presente já tá dado": gozei nessa hora. Esse é dos contos que mas já me fez punhetar aqui na Casa. Leio e releio os capitulos e na cena da curra eu sujei o teclado, hahahaha

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Sensacional!! Ficando cada vez melhor. Flavinho, cedendo cada vez mais ao Adair, quem é passivo, mesmo discreto, bi (por ser casado) sabe muito bem o quanto é excitando ser dominado dessa forma.Ansioso pela continuidade. Parabéns por nós manter vidrados na sua estoria. NOTA 10, sem ressalvas

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o cobra tem razao, a parada vai indo toda num crecendo, me da ate uma paura de pra aonde isso vai. mas esse falvinho eh um cara de sorte

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As "tags" de todos os capítulos falam em dominação e exibicionismo. Adair é um bom vivant e parece bem seguro de si, ao passo que o passivo se mostra carente e tenta esconder uma fragilidade que é fácil de perceber... (espero que o autor não fique aborrecido com essa minha observação) Então, acho que essa história não tem mesmo como tomar rumos muito convencionais... Está caminhando muito bem, e o tesão é latente em cada linha, em cada palavra. E sempre me surpreende como parece não haver limites para o prazer dos dois. Vamos ver no que vai dar... Excelente trabalho este!

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Caramba! Será q vai rolar a três? Cada capítulo é um tiro, hj então... muito bom, abraços

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Caralhooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo

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