Como sempre a balada estava cheia e concorrida. O lugar após a reforma havia ficado bem maior e espaçoso. Apesar de sentir aquele friozinho bom do sistema de Ar condicionado que funcionava em potência máxima, o calor estava de matar pois os cinco mil ingressos postos na bilheteria haviam simplesmente desaparecidos em menos de uma hora e meia e junto com a turma de penetras, ops convidados, a capacidade máxima já havia sido alcançada. Sucesso total essa noite de inauguração. Estava perdido em pensamentos quando uma voz grave e máscula se fez ouvir bem próxima ao meu ouvido esquerdo...
_ Posso saber sua impressão? Não vale mentir ou muito menos me agradar.
Braços me seguraram com certa firmeza fazendo com que me virasse rapidamente e olhasse para o belo rosto de Breno Figueredo que sorrindo já me olhava cheio de expectativas e pude pela primeira vez notar uma certa apreensão ao notar uma fina linha em sua testa...
_ Você não gostaria nada da minha resposta. Posso te garantir, cara.
_ É por isso que gosto mais de você do que de toda a minha família juntos, Tales Saboia Couto.
Seu olhar passeava em meu rosto e antes de dizer algo o puxei sem muita força até que sua boca sumiu sob a minha. Minha língua buscava cada vez mais o fundo de sua garganta e meu amigo Breno se deixou dominar rapidamente em meus braços...
Seus braços me apertavam o corpo de forma precisa e dominadora. Na verdade ele tinha medo que eu o liberasse. Sempre foi assim. Ele me amava e eu jamais soube retribuir esse amor que havia começado na adolescência. O fato de saber que o teria a hora e no momento que eu quisesse me fez afastá-lo de mim rapidamente ao longo de nossa jornada rumo a vida adulta.
Entrei em seu jogo e o segurei firmemente enquanto sentia seus lábios abrirem e fecharem ao meu bel prazer... Me deixei ser chupado por um longo tempo sem me importar em estar ou não sendo admirado por quase oito mil pessoas e assim que soltei sua nuca e o ouvi arfar já meio vermelho, disse coma a boca colada em seu ouvido...
_ Você fez um ótimo trabalho, rapaz.
_ Estou louco Tales ou você acabou de elogiar o meu beijo? E seus olhos verdes fitaram os meus negros como se sorrissem ...
_ Garanto que não estava falando de seu beijo, que por sinal continua o mesmo... Apenas respondi sua pergunta sobre a minha impressão. Nossa casa noturna esta quase equiparada as melhores do mundo, garoto. Meu dinheiro e sua capacidade criativo/administrativa finalmente encontraram uma maneira de caminharem juntas. Antes de me afastar dele apliquei em seu rosto dois tapinhas firmes que não lhe deixaram marcas nenhuma.
_ Nunca terei uma chance, né mesmo Tales?
_ Você já teve, Breno. Só não soube aproveitar. Agora se me der licença vou dar uma circulada por aí e ver onde diabos resolvi investir uma pequena fortuna, sócio.
Desci a longa escadaria em formato caracol e me dirigi ao bar que ocupava um grande espaço do lado direito da mesma. Lá chegando, percebi que os garotos estavam todos uniformizados... Calça justa de couro preta, botas pretas, um único lenço preto amarrados em seus braços direitos, tatuagens tribal em seus ombros e peitos e um sorriso sincero que faziam questão de exibir a todos os que se aproximavam...
_ Boa noite, senhor.
O jovem que me olhava penetrantemente me fez desviar os meus olhos após ficar momentaneamente sem fala... Onde ele havia sido encontrado? Que garoto lindo... Eu não queria parar de olhá-lo nos olhos e mesmo assim não conseguia lhe encarar. Minhas mãos suaram rapidamente e o simples pensamento em pegar num copo de bebida na mão me fez saber que não o seguraria por muito tempo. Eu tava nervoso e sem nenhum motivo aparente. Ele notou que eu não estava bem? Claro que estou bem, porra. Só não sabia como fazer para me controlar e responder a suas perguntas...
_ Posso ajudá-lo, senhor? Tá sentindo alguma coisa? E rapidamente ele deu a volta e se pôs a meu lado.
Suas mãos tocaram meu braço esquerdo e um choque foi sentido quase que imediatamente. Procurei abstrair esse contato repentino e inesperado e após respirar fundo finalmente disse sem poder lhe olhar ainda...
_ Nunca mais me toque, ouviu bem? Eu estou bem, cara.
Ao me ouvir falar depois de todo esse momento ele apenas recuou a mãos e disse com certa timidez...
_ Desculpa senhor se fui inconveniente. Eu apenas pensei em poder ajudá-lo de alguma forma.
_ Eu não estou precisando de ajuda.
_ Desculpa senhor, mas não é o que pareci...
_ Qual o seu problema, rapaz? Além de inconveniente é surdo? Me dá uma dose de vodca... Rápido.
_ Eu preciso da ficha de compra, senhor.
Além de lindo, atencioso, solicito e paciente, ele ainda tinha que ser estritamente profissional? Pensei já começando a me irritar com aquilo.
_ Você esta se negando a me dar uma bebida, garoto? É isso que você esta fazendo? Quase bufei na sua cara. Os outros garotos pararam para nos olhar assim como outras pessoas que se matavam para pegar suas bebidas...
_ Não estou me negando a nada, senhor. Ao comprar a ficha da bebida terei o maior prazer em atendê-lo. Não posso simplesmente lhe entregar uma bebida sem a ficha da compra... Por favor entenda.
Não sei se conseguiria fazer isso por mais tempo. Eu estava simplesmente aterrorizando um garoto por ele ser tão terrivelmente lindo, educado e atencioso... Eu não nego que começava a me divertir. Ele já estava com o brilho dos olhos comprometidos por prováveis lágrimas que cairiam a qualquer momento... Ele estava simplesmente lindo em toda a sua vulnerabilidade diante de mim.
_ Você tem razão, garoto. Só os Vips do terceiro andar da casa é que tem tal privilégio, né mesmo? Me diz onde posso comprar a tal ficha, ok?
_ Se o senhor não se incomodar eu mesmo a compro para o senhor. São R$25,00(vinte e cinco reais) a dose da melhor vodca que o senhor tomará na casa. E seu riso voltou aos lábios perfeitos e vermelhos como eu sempre me lembraria deles ao vê-los pela primeira vez.
_ Já que você insiste, rapaz...
Lhe dei uma nota de cem reais e ele rapidamente deu a volta ao balcão de atendimento e passou por mim como um foguete atômico. Apesar de alto, era com certeza um pouco mais baixo que eu. O tom loiro dos seus cabelos que chegavam a altura dos seus ombros era quase castanho e quando o vi andando com a cabeça erguida e certa mobilidade graciosa senti uma leve ereção se formar no meu corpo. Ele era perfeito.
Enquanto ele não voltava fiquei vendo seus amigos de setor por um longo tempo e após voltar do mundo dos sonhos sua voz chegou até mim...
_ Sua bebida, senhor.
Enquanto ele colocava a minha frente um descanso de copo e sobre ele a minha bebida servida do jeito que eu gostava, um única pedra de gelo, voltei a ouvir sua voz...
_ E aqui do lado esta o seu troco, senhor. Posso lhe trazer alguma coisa para acompanhar a bebida?
_ Terei que pagar por isso também, garoto?
_ Não, senhor. O que prefere... Castanhas, amendoins...?
_ Castanhas, por favor.
Quando ele se afastou para providenciar a minha escolha, seus companheiros procuravam lhe dar alguma força ao baterem eu seus ombros desnudos... Isso não me alegrou em nada. Saí sem esperar sua volta e de longe o vi olhar em volta a minha procura e rapidamente guardar o dinheiro do troco que não peguei de proposito dentro de um saquinho plástico e voltou a sua rotina que só terminaria quando o último cliente fosse atendido.
Voltei a área VIP da casa noturna e tentei sem muito sucesso interagir com os amigos e demais convidados que em nenhum momento pararam de se divertir naquela agradável noite de sexta-feira. O riso do garoto do bar não me deixou em paz. Meu pensamento era só dele...
Pouco depois das 07:00 h da manhã de sábado finalmente consegui me dirigir até meu carro, um Jaguar XJR prata, e sai do estacionamento sem maiores problemas. Ao alcançar a Avenida Embaixador Saboia Couto, nome dado em homenagem ao meu avô paterno, avistei numa parada de ônibus cheia de jovens bem vestidos e um outro grupo composto dos funcionários do bar em que estivera há poucas horas atrás e no meio daquela pequena multidão O reconheci de imediato. Ele parecia olhar o infinito e nada ao mesmo tempo.
Parei meu carro no acostamento e fiquei a observá-lo em toda a sua beleza e preocupação. Seu relógio de pulso, que ele não usava quando o conheci, era consultado a cada instante... O que será que o preocupava? Aquilo com certeza me fascinou. Não me atrevi a sair dali antes dele e quando todos os ocupantes daquela parada olharam para a direção que ele olhava e começaram a rir e a se perfilar numa espécie de fila, eu sobe que sua condução estava chegando. Ele falou algo com outro garoto que colocou a mão em seu ombro, gesto que me desagradou, e logo em seguida todos sumiram do meu campo de visão... Quis muito segui-lo até o seu destino final. Só que decidi fazer o contrário pois já sabia onde encontrá-lo sempre que quisesse vê-lo.
Segui minha rota até minha casa. Zeus a Apolo fizeram festa ao me ver chegar e quando finalmente consegui me levantar do gramado em frente a escadaria da varanda eles pararam ao meu comando e foram para o outro lado do jardim cuidar das suas vidas de cães de guarda. Tirei as chaves do bolso da calça que estava usando e entrei. Minha avó estava sentada na ampla e confortável sala de estar e ao me ver entrar sorriu...
_ Bom dia meu neto. Como foi tudo? Não me esconda nenhum detalhe... Até os sórdidos.
_ A senhora não muda, né D. Vitória Couto? Detalhes sórdidos, vovó? Na sua idade?
_ Meu filho, sou velha. Não morri. E acho revigorante saber o que vocês andam fazendo por aí em seus momentos de diversão. Não me tome como uma devassa... Seu avô jamais nos perdoaria. Ela piscou pra mim e sorri. Aproximei dela e a abracei...
_ Amo você, vovó. Não há muito o que contar. As mesmas pessoas, as mesmas conversas e as mesmas diversões... Se é que a senhora me entende. Pisquei o olho rapidamente e ela sorriu...
_ Que tédio, Tales Couto... Que tédio infernal, Tales Couto.
Levantei e após alguns passos me voltei e quando nos olhamos disse:
_ Onde estão todos?
_ Com certeza ainda dormem, meu neto. Agora suba e faça o mesmo, meu querido. Não esqueça que amo você, Tales Couto... Muito mais do que pensa.
_ Bom saber disso, vovó. Bom dia e até a próxima vez em que voltaremos a nos ver.
Tales Saboia Couto seguiu pela escadaria de granito cinza e rapidamente chegou ao seu quarto, a terceira porta do largo corredor da mansão que dividia com os pais, p irmão Tomen e a querida vovó Vitória.
Após fechar a porta do quarto sem fazer barulho algum começou a tirar os sapatos esportivos dos pés pisando sobre os calcanhares. Em seguida as meias voaram longe, logo após foi a vez do blazer descansar na cadeira localizada do outro lado do quarto e sem muita pressa tirou a camisa de botão que usara.
Ainda usando a calça esportiva, ele saiu caminhando até a terceira porta que ficavam na parede oposta a grande estante do quarto e entrou por ela. O espelho mostrava o reflexo de um homem bem alto, moreno, másculo, sério e terrivelmente lindo. Seus cabelos e olhos eram pretos. O Peito largo e musculoso ostentava uma tatuagem tribal do lado esquerdo. Os braços eram extremamente fortes com musculatura torneada. Ele aproximou e sutilmente tirou a peça de roupa que ainda o cobria. Suas pernas eram grossas e torneadas. Havia pelos na medida certa e eram levemente negros. O volume que a cueca azul guardava foi finalmente liberado e ele teve orgulho ao se ver totalmente nu antes de entrar no box e se perder em pensamentos e lembranças embaixo da ducha quente que era sua preferida.
O banho foi longo e prazeroso. Sua mão esquerda lhe segurava de maneira firme e intensa e quando finalmente ele explodiu num gozo silencioso e farto, o riso e o olhar do garoto do bar lhe serviram de companhia por todo o tempo em que ali ficou. Rapidamente Tales se enrolou na toalha branca que estava à sua disposição e se dirigiu até o closet. Outra cueca azul, só usava essa cor, voltou a lhe cobrir a nudez e quando ele finalmente deitou na cama sua voz se fez ouvir na penumbra daquele magnífico quarto...
_ O que você fez comigo, jovem desconhecido?
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Meus querido amigos que Saudade de cada um de vocês. Quero me desculpar pelo sumiço e mais ainda pela demora em dar notícias. Fiquem certos que estou bem, muito bem mesmo, e que estou muito feliz em poder voltar para nossa estrada pra poder fazermos uma jornada bem legal nessa nova trama.
Tales Couto e o Jovem funcionário de sua casa noturna viverão momentos bem intensos e cheios de alto e baixos. Ajudem-me a fazer com que esses dois se vejam e comecem a caminhar juntos...
A cada um de vcs um beijo.
Saibam que é sempre bom ter a certeza de não caminhar sozinho por aí... Nando Mota.