Felipe - me solta cara, eu não quero morrer, eu não quero morrer, eu só quero ir embora daqui.
Guilherme - e quem disse que tu vai morrer?
Felipe - eu já sei de tudo.
Guilherme - tudo o que? Eu não estou entendendo nada.
Felipe - Eu já sei que tu matou um filho. (falei selando meu final).
Guilherme - cala a boca, cala a boca porra, não fala isso nunca mais. (falou Guilherme tentando tapar minha boca com as mãos).
Felipe - Me solta, me solta. ( minha voz era abafada).
Guilherme - não vou soltar, e cala a porra dessa boca.
Felipe - você não vai me calar. Eu tenho vergonha de você, como pode fazer mal a um filho?
Guilherme - eu não queria, eu não queria...
Felipe - me deixa ir embora véi, eu não preciso nem voltar para buscar minhas coisas, apenas me deixa ir embora.
Guilherme - Voce não vai embora, voce esta me julgando por algo que eu não tive culpa. ( Guilherme falava aos gritos, cuspindo palavras e saliva em cima de mim).
Felipe - então me explica.
Guilherme - voce não iria entender.
Felipe - na boa, se voce não pode explicar, não tem motivos pra me impedir de ir.
Guilherme - mas eu te amo cara, que porra. (falou Guilherme socando o barro). - ja não te dei motivos o suficiente pra confiar em mim? Que mais tu quer que eu faça?
Felipe - eu só quero que tu me conte a verdade irmão, apenas isso.
Guilherme - eu ja enterrei esse passado cara. (falou Guilherme saindo de cima de mim).
Felipe - e não pode me contar?
Guilherme ficou calado.
Felipe - então blza. (falei me levantando).
Guilherme sentou-se, escorando suas costas no tronco de uma árvore.
Guilherme - eu tinha acabado de entrar na faculdade, um filho naquele momento, iria acabar com minha vida. Eu não estava preparado, eu tinha apenas 17 anos.
Felipe - isso não justifica cara.(falei voltando para perto dele).
Guilherme - eu sei, eu fui um covarde.
Felipe - e teu filho que sofreu com isso.
Guilherme - eu ja fiz muita burrada na minha vida, Felipe.
Felipe - Mas essa envolveu uma vida, cara, a vida do teu filho.
Guilherme - eu sei, e eu tentei reparar meu erro, mas foi tarde.
Felipe - como foi que isso aconteceu?
Guilherme - quando ela me disse que estava gravida, eu achei estranho, pois ela sempre tomou pílula.
Felipe - e tu acha que ela esqueceu de tomar?
Guilherme - provavelmente foi proposital.
Felipe - será?
Guilherme - é uma hipótese.
Felipe - sei. Mas e ae, depois que ela falou que tava gravida, o que voce fez?
Guilherme - Eu fiquei louco, saí de mim, terminei o namoro e mandei ela se foder.
Felipe - mas você não...
Guilherme - eu sei... eu sei, eu não podia ter feito isso, mas naquele momento eu não conseguia pensar em mais nada.
Felipe - e ela foi embora? aceitou assim numa boa?
Guilherme - no inicio ela me xingou, me bateu, mas depois acabou indo morar com a mãe em outra cidade.
Felipe - mas então como foi que você teve contato com teu filho?
Guilherme - o Miguel contou para o papai, e o nosso pai mandou busca-la, chegando aqui ele tentou me obrigar a assumi-la, mas eu recusei.
Felipe - e ae?
Guilherme - e ae que o papai deu toda assistência a ela durante a gravidez e após também.
Felipe - ainda não consigo entender aonde essa historia vai chegar.
Guilherme - quando meu filho nasceu meu pai levou a Barbara...
Felipe - quem é Barbara? (perguntei o interrompendo).
Guilherme - era minha namorada, a mãe do meu filho.
Felipe - entendi. Continua.
Guilherme - então, como eu te falava o papai levou a Barbara para morar conosco, ela e o Bruno, eu não concordei é claro, mas a casa era do meu pai.
Felipe - e o convívio de vocês?
Guilherme - virou uma merda, e o Bruno passou a ser um divisor dentro da minha família.
Felipe - como assim?
Guilherme - Eu discutia com frequência com minha família, até com o Miguel, que sempre fomos muito unidos, passamos a brigar cotidianamente.
Felipe - mas eles estavam com a razão.
Guilherme - eu sei, mas eu estava cego de raiva.
Felipe - e a Barbara?
Guilherme - ganhou a confiança de todos, ela era vista como a vitima da relação.
Felipe - e não era?
Guilherme - não ao extremo. Passaram a me tratar como um vilão. Minha família, meus amigos, todos me viam como alguém sem coração.
Felipe - mas porra, Guilherme, o que tu queria? Tu renegou teu próprio filho, cara.
Guilherme - eu sei cara, eu sei, e isso é o que mais me dói.
Guilherme chorava bastante.
Guilherme - o Miguel se sentia o pai do meu filho, cansei de ver ele e a Barbara, fazendo programas de casal com meu fi-lho! (Guilherme deu enfase no filho). Foi com ele que Bruno deu as primeiras palavras, os primeiros passos, e aquilo estava me corroendo de raiva, de ódio...
Felipe - e de remorso? Não?
Guilherme não respondeu a minha pergunta.
Guilherme - quando Bruno completou um ano, fizeram uma festona, o papai chamou os amigos, vieram familiares distantes. A tipica família feliz, e o Miguel pousando nas fotos agarrado com meu filho. Depois disso eu achei melhor sair de casa. Como ja era de maior, o papai comprou o meu atual apartamento, e me deu de presente. As visitas a casa de meus pais eram raras, praticamente nulas.
Felipe - por causa do teu filho?
Guilherme - por causa de todos eles.
Felipe - que barra hen!?
Guilherme - pois é. Um dia estava fazendo trabalho da faculdade, quando o papai chegou acompanhado do Bruno. Eu achei que ele estava forçando a barra, queria fazer o moleque entrar pela minha goela abaixo.
Depois de muito tentar, papai finalmente me convenceu a pega-lo no colo, mas ele me babou todo o meu trabalho, e eu descarreguei minha raiva em cima dele que chorou assustado. O papai me repreendeu e depois saiu levando Bruno consigo. Naquele dia eu não consegui mais dar atenção a meu trabalho, fiquei com o choro do Bruno cravado nos meus ouvidos. Os dias foram passando e meu pai não apareceu mais, dai eu resolvi fazer uma visita.
Felipe - acho que era teu espirito paterno.
Guilherme - não sei dizer o que era, só sei que eu fui la, e só estava minha mãe, o Bruno e a empregada. Quando entrei na sala, minha mãe estava brincando com o Bruno, troquei poucas palavras com ela, e me pediu para ficar um tempo ali, ate ela ir dar algumas instruções a empregada.
Assim eu fiz, fiquei na sala com o Bruno, e a todo tempo ele tentou puxar brincadeira, ate que eu acabei cedendo.
Guilherme - ele me mordeu. Os poucos dentes que tinha na boca fizeram estrago na minha mão.
Eu fiquei com os olhos cheios de água, ouvindo o Guilherme contando aquele relato.
Felipe - e o que aconteceu depois.
Guilherme - eu acabei brincando com ele neh!?
Felipe - gostou?
Guilherme - muito. Ele era puro, sem maldade, o sorrisão dele era lindo. Desse dia em diante, eu passei a frequentar mais a casa dos meus pais.
Felipe - então você aceitou ele como seu filho?
Guilherme - aqui dentro sim.(respondeu Guilherme batendo varias vezes em seu peito, com a mão aberta).
Mas eu não precisava falar pra ninguém, eu ter aceitado já era o suficiente.
Felipe - que legal mano, então voce não matou seu filho.
Guilherme - agora é que vem a pior parte.
Felipe - qual pior parte? (fiquei nervoso).
Guilherme fez uma pausa.
Guilherme - teve uma tarde que eu fui la visita-los, e la chegando, encontrei apenas a empregada com o Bruno na beira da piscina, eu fiquei por la acerando como quem não quer nada, ate que a empregada pediu para eu ficar um pouco com o Bruno, pra ela poder ir ate a cozinha preparar o jantar, e eu concordei é claro.
Guilherme chorava muito e não conseguia concluir.
Felipe - se ti faz mal lembrar, não precisa continuar, eu acredito em voce. Eu não sei como pude acreditar que você tivesse feito mal a alguém.
Guilherme - eu preciso continuar, deixa eu continuar.
Guilherme tomou ar e retomou o relato.
Guilherme - eu estava curtindo ficar ali com o Bruno, eu estava pegando jeito pela coisa sabe!?
Felipe - ahan.
Guilherme - E daí a campainha tocou e eu fui atender,era uma tia minha que queria falar com a mamãe, fiquei fazendo sala pra ela um tempo, ate que ela resolveu ir embora, e eu voltei mais que depressa pra area da piscina, só que...
Felipe - só que?
Guilherme - eu não tive culpa, eu não queria aquilo.
Felipe - o que aconteceu com o Bruno, Guilherme?
Guilherme - ele havia se afogado na água, mas eu não ouvi nada, em nenhum momento ouvi barulho, nem gritos. (Guilherme chorava copiosamente).
Todos me acusaram, eu fui julgado por homicido culposo.
Eu fiquei um bom tempo tentando processar aquilo tudo.
Felipe - hey, hey, tu não teve culpa cara.
Guilherme - poderia ter sido tudo diferente se eu tivesse o aceitado desde o inicio.
Felipe - mas voce o aceitou.
Guilherme - não da forma correta, não do jeito certo.
Eu tentei enxugar as lagrimas do Guilherme, mas era em vão.
Guilherme - quando voce apareceu aqui sem família e precisando de ajuda, eu achei que fosse Deus me dando uma segunda oportunidade, eu pude ver os olhos do Bruno em você, por isso que eu sempre tentei te proteger tanto, mas eu acabei me apaixonando.
Eu abracei Guilherme ali mesmo.
Felipe - eu não tenho família cara, e voce acabou me dando toda assistência. Sem você eu não teria aguentado tanto tempo, todo dia é uma batalha diferente, e só em ter alguém me esperando toda noite pra jantar...
Eu não consegui concluir, comecei a soluçar.
Guilherme - voce ainda vai embora? também vai me considerar um assassino?
Eu balancei a cabeça negativamente.
Felipe - Como eu posso considerar assassino, a pessoa que me deu nova vida?
eu levantei e ajudei Guilherme a levantar-se.
xXX
Voltamos para o apartamento, sujos, molhados de suor e com os olhos vermelhos.
Porteiro - Sr Guilherme!
Guilherme - sim?
Porteiro - O rapaz que trouxe uma encomenda pro senhor esperou e o sr não voltou, então eu paguei com meu dinheiro, e ele deixou a encomenda comigo.
Guilherme - é quanto?
O porteiro mencionou o valor.
Guilherme - Tome, e pode ficar com o troco. (falou Guilherme colocando a carteira novamente no bolso e apanhando as sacolas com a comida oriental).
Subimos ao apartamento mas não conseguimos jantar, a fome havia passado, e reinava um clima pesado no apartamento.
Felipe - Eu posso fazer uma pergunta, sem voce me levar a mal?
Guilherme - faz.
Felipe - pra que aquela espingarda em cima da tua cama?
Guilherme - eu vou caçar nesse final de semana, e ja estou deixando tudo pronto.
Felipe - mas pode caçar por essa época?
Guilherme - sim. Foi aberta a temporada de caça.
Felipe - entendi.
Guilherme - por que a pergunta?
Felipe - eu achei que aquela arma era pra me matar. (falei sem graça).
Guilherme - como tu acha que eu teria coragem de te matar véi?
Felipe - eu tava assustado, por isso pensei isso.
Guilherme - foi por isso que voce saiu correndo?
Felipe - ahan.
Guilherme - faz um favor pra mim?
Eu confirmei com a cabeça.
Guilherme - nunca mais toma nenhuma decisão sem antes falar comigo.
Felipe - ta.
Guilherme - ta?
Felipe - ahan.
demos um selinho abraçados no sofá.
Felipe - Guilherme, é que eu andei pensando em uma coisa, mas queria conversar contigo antes.
Guilherme - pode falar.
Felipe - é que eu não quero mais continuar trabalhando na oficina, e daí eu quero sair de la, mas eu prometo conseguir outra coisa em breve.
Guilherme - eu acho uma ótima ideia, não gostava de ver voce trabalhando ali, amanha mesmo vamos la e voce se desliga por completo daquele estabelecimento.
Felipe - eu prefiro ir só, pra evitar sabe!?
Guilherme - mas voce promete, que não vai mudar de ideia ate chegar la? (rs)
Felipe - prometo.
Guilherme - eu acredito em voce. (falou Guilherme sorrindo)
Tomamos um banho e deitamos. Apenas dormimos, não havia clima pra mais nada.
xXX
No dia seguinte.
Felipe - bom dia Diogo.
Diogo - e ae Felipe, entra.
Felipe - blza?
Diogo - só na maresia.
Felipe - bacana. Eu queria conversar contigo, pode ser?
Diogo - no carro, vamos pegar a estrada que talvez agente chegue mais cedo a fazenda.
Felipe - é justamente sobre isso. Eu não vou mais trabalhar aqui.
Diogo - por causa do que aconteceu ontem? Não vai mais repetir mano, fica frio.
Felipe - não é isso, é que eu saí da fazenda pra tentar algo melhor aqui na cidade, mas eu continuo trabalhando da mesma forma que na fazenda. Não me leve a mal.
Diogo - eu não levo, só não consigo entender, achei que tu tava gostando de trabalhar aqui.
Felipe - e eu tava, mas quero buscar coisa nova, me especializar em alguma coisa.
Diogo - mas voce não quer nem completar o mes?
Felipe - não, não.
Diogo - e as caminhonetes?
Felipe - também não, o dinheiro é bom, mas não é tudo.
Diogo - cara, não sei o que te dizer.
Felipe- só me deseje sorte véi. (rs)
Diogo - sorte não. Sucesso!
Felipe - é isso ae. (rs)
Diogo - me da um abraço cara.
Felipe - obrigado pela oportunidade. (falei, enquanto eu abraça o Diogo).
Diogo - Eu que agradeço, mano, Toma cuidado na estrada, viver é perigoso.
Felipe - pode deixar.
O Diogo me deu uma grana proporcional ao tempo em que eu trabalhei, me despedi dos caras e voltei pra casa.
xXX
E ae? (perguntou Guilherme assim que eu cheguei em casa)
Felipe - Já não sou mais funcionário da oficina.
Guilherme - isso merece uma comemoração.
Felipe - e olha o que eu trouxe.
Guilherme - Jornal? pra mim?
Felipe - pode ser, mas primeiro quero olhar os classificados.
Guilherme - emprego?
Felipe - é.
Guilherme - Felipe, eu andei pensando, tu comentou comigo que não terminou teus estudos.
Felipe - não, eu parei no terceiro.
Guilherme - certo, então eu não queria que voce se apegasse a empregos agora, quero que voce retome aos estudos.
Felipe - mas qual é a escola que vai me aceitar ja quase no final do ano?
Guilherme - essa! (falou Guilherme me entregando um folder de um colégio particular).
Felipe - eu não tenho dinheiro pra pagar isso não.
Guilherme - é um presente meu pra voce.
Felipe - eu fico meio mal de aceitar essas coisas, alem do que, deve ser caro pra caralho.
Guilherme - conhecimento nunca é caro. Aceita vai. Daí você conclui o ensino médio e pensa em uma faculdade.
Felipe - faculdade? (meus olhos brilharam).
Guilherme - isso, voce pode escolher a profissão que mais lhe agradar.
Felipe - ate direito?
Guilherme - menos direito. (falou Guilherme sorrindo).
Felipe - eu aceito com uma condição.
Guilherme -diga.
Felipe - vamos jantar hoje fora por minha conta.
Guilherme - ah Felipe, ja falei...
Felipe - aceita irmão, você me trata como se eu fosse um miserável.
Guilherme - tudo bem então, mas vou logo avisando: - leve bastante dinheiro que eu sou caro. (rs)
Felipe - pode deixar, eu tou rico. kkkk.
Combinamos de sair para jantar, mas antes eu tinha que conversa com alguem.
xxXXX
Miguel - Felipe?
Felipe - posso entrar?
Miguel - claro, entra.
Felipe - Eu conversei com o Guilherme. (falei sentando no sofá).
Miguel - sobre...
Felipe - sobre o Bruno.
Miguel - e o que ele te contou?
Felipe - que o Bruno morreu afogado.
Miguel - e voce acreditou nisso?
Felipe - claro! Tu acha que o teu irmão teria coragem pra fazer um mal desse tamanho?
Miguel - eu acho sim, o Guilherme detestava o menino.
Felipe - ele me falou isso, só que com o tempo ele foi vendo que estava errado.
Miguel - eu não acredito nisso, ele é meu irmão, mas não é nenhum santo.
Felipe - mas também não é um demônio.
Miguel - voce conheceu a parte boa dele, e posso te falar, voce tirou a sorte grande viu!?
Felipe - eu só queria mesmo esclarecer essa historia e passar uma borracha.
Miguel - voce perdoou ele pelo que fez, e eu? Voce não vai me perdoar?
Felipe - eu te perdoo, de coração. Não guardo magoas nenhuma daquele dia.
Dei um abraço no Miguel e saí de seu apartamento.
xXXX
A noite eu saí pra jantar com o Guilherme e ele ia dirigindo.
Guilherme - aonde é?
Felipe - la perto do teu trabalho.
Guilherme - restaurante perto do meu trabalho?
Felipe - é melhor do que um restaurante.
Guilherme - tu ta me deixando curioso.
Felipe - ja estamos quase chegando.
Depois de mais uns 15 minutos chegamos.
Felipe - aqui, estaciona aqui.
Guilherme - aqui na praça mesmo?
Felipe - é!
Guilherme - e aonde tem restaurante aqui? (perguntou Guilherme saindo do carro).
Felipe - eu falei que não era restaurante.
Caminhamos um pouco e...
Felipe - chegamos.
Guilherme - cachorro quente?
Felipe - o daqui é uma delicia, voce vai se amarrar.
Guilherme começou a rir.
Guilherme - tenho certeza que sim.
Fizemos nossos pedidos e fomos comer dentro do carro.
xXX
Guilherme - o que voce tanto olha ae pra fora?
Felipe - é que foi nesse ponto de engraxate que te conheci.
Guilherme - porra, verdade neh!?
Felipe - sim, eu sabia que minha vida iria mudar, e mudou mesmo irmão.
Guilherme - pra melhor?
Felipe - Muitos problemas, mas eu gosto.
Guilherme - estou aqui pra ajudar a voce enfrentar os problemas. (falou Guilherme limpando o canto da minha boca).
Felipe - obrigado irmão.
Guilherme - e falando em problema, voce esta com um problemão.
Felipe - qual po? (perguntei assustado)
Guilherme - meus sapatos. Lembra que voce disse que iria cuidar?
Felipe - a po...
Guilherme - a po, nada, cade aquele engraxate arrochado que conheci?
Felipe - morreu, agora eu quero fazer faculdade de direito.
Guilherme - ja falei, que direito não.
Felipe - vou fazer direito sim.
Guilherme - vai levar uma surra, teimando comigo.
E ficamos ali discutindo, rindo, brigando, amando, comendo e fazendo planos.. Tudo ao mesmo tempo.
**
Estamos sempre fazendo planos e mudando.
A tantos órfãos espalhados por esse mundo a fora. Órfãos de pais,
órfãos de amor, órfãos de amigos, órfãos de dormida, órfãos de alimento.
♫♫♫
É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar
Na verdade não há
Sou uma gota d'água
Sou um grão de areia
Você me diz que seus pais não entendem
Mas você não entende seus pais
Você culpa seus pais por tudo
Isso é absurdo
São crianças como você
O que você vai ser
Quando você crescer.
♫♫♫♫
Fim!
Quando eu tive a ideia de escrever essa historia, pensei em fazer algo que misturasse drama, romance, família e um pouco de suspense. Não sei se eu consegui transmitir isso, mas era essa a intenção. Pra quem escreve aqui na cdc, sabe que o principal motivo são vocês que acompanham, é pra vocês que escrevemos. Então eu peço desculpas pelos erros, e por não ter conseguido agradar todo mundo.
Muito obrigado!