Olá. Obrigado pelos comentários. Me desculpe por comer algumas palavras (risos), mas meus contos estão no celular. Desse jeito ficava mais fácil eu escrever quando tinha que sair e ficava de bobeira. Vou tentar não deixar palavras faltando. Agradeço a todos que lêem e espero que gostem de mais um capítulo. :) bjs!!
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Estava puto da vida com as investidas diárias do Marcos. Ele me ligava todos os dias e a cada duas horas..Eu não atendia, não queria dar moral pra ele se sentir com mais liberdade.
Eu estava no escritório lendo uns relatórios do mês e o Matheus entrou. Pedi que se sentasse e ele ouviu meu celular vibrando dentro da gaveta.
— ta vibrando seu celular, amor.
— deixa tocar...
— não vai atender? Pode ser importante. — senti uma ironia da parte dele, provavelmente ele já sabia quem era.
— mais que droga. Não vou atender aquele babaca.
— sabia que era ele. Desde quando ele está te incomodando?
— desde o dia que ele veio aqui. Só não troco de número porque vai ser um transtorno. Que inferno.
— resolve isso de uma vez, Cado, ou eu resolvo. Estou falando sério. Estou indo pra casa, vou tomar banho e ir pra faculdade.
— eu te levo.
— não precisa. Me pega a noite?
— claro.
Ele se levantou e veio até mim. Se sentou no meu colo, eu o abracei e temia que ele acabasse se enchendo dessa situação. Eu não podia perder o Matheus, ele era a razão de eu acreditar em um amor verdadeiro. Ele era meu amor verdadeiro.
Ele foi pra faculdade, decidiu estudar a noite e me ajudar na oficina período integral, mesmo contra a minha vontade, mas ele era decidido, determinado.
O Marcos ficou uns três dias sem dar notícia. Eu estava pensando que ele tinha voltado pra sua vida de mochileiro, mas me enganei.
Na segunda- feira de manhã, decidi ir mais cedo pra empresa e o Matheus resolveu me acompanhar. Ele tinha passado a noite toda fazendo trabalho da faculdade e dormido pouco e eu queria que ele descansasse, mas ele é ele, então, acabou entrando no carro e me jogou pro banco do carona.
Assim que chegamos ele foi até a cozinha nos fazer um café. Eu já estava trabalhando quando meu celular tocou, era o Marcos, não atendi. O Matheus nos trouxe o café da manhã e perguntou se eu estava bem.
— que cara é essa Ricardo? Ele ligou de novo?
— ligou.
— liga pra ele e fala pra ele vir aqui pra vocês conversarem.
— eu não vou ligar pra ninguém, ta maluco?
— Cado, você pode até ser mais velho, mas não está nos ajudando em nada. Me desculpe amor, mas você tem que faze-lo entender que acabou, já era. Ele fica te ligando, te incomodando e sério, parece coisa de criança birrenta que ta querendo doce. E o doce dele é você, caralho.
— nunca te vi tão irritado.
— porque nunca precisei, só que eu estou perdendo a paciência. Só estou avisando. Conversa com ele, Cado.
Liguei pro Marcos, pedi que ele viesse na hora do almoço, sem falta. Ele disse poderíamos conversar no pier 21. Era onde sempre íamos quando eu queria ver o por do sol. Ele nunca reclamou em me acompanhar, mas eu notava sua cara de insatisfeito por ter que acordar tão cedo. Agora percebo o qual distante ele era da nossa relação. Diferente do Matheus que está sempre aberto à aventuras e disposto em me botar pra cima.
Disse ao Matheus que ele viria.
— vou ficar aqui na recepção, caso precise de mim. Cado, tentar não deixá-lo com raiva. Você sabe como ficamos quando somos rejeitados, bem, nem todos, mas muitos não suportam.
— não sou de brigas Matheus, você sabe disso e ele também. Mas diferente de você, ele sempre me provocava até me tirar do sério. Eu o amava, mas nunca fomos um casal estável, ele era inconsequente e birrento, sempre agia por impulso. Enfim, vou tentar fazer dar certo.
— eu confio em você. Precisamos de paz, Cado. Te vejo sempre tentando arrumar um jeito de não me magoar, não me contando todas as vezes que ele te liga. Mas eu te conheço, meu amor. Sei quando está com medo.
— sim, medo de te perder. Não é uma situação muito confortável. Me sinto como se tivesse te traindo.
Ele se levantou de onde estava e veio até mim. Segurando meu rosto com suas mãos delicadas, ele me beijou. Me perdi em sua boca doce e viajei em seus carinhos. Ele sempre soube me acalmar e fazia eu me sentir em paz. O puxei pela cintura, ele queria se esquivar.
— aqui não! (risos)
— sou teu chefe, estou mandando.
— hahaha, manda nada não. Cado, meu amo, posso te fazer uma declaração?
— claro! — mesmo antes de começar a dissertar, seus olhos se encheram de lágrimas.
— bom, você me trouxe de volta a vida. E não é pelo fato de estarmos juntos como amantes de cama, vai muito além disso. Você me resgatou de mim mesmo, quando eu mais precisava. Você me ofereceu muito mais que um teto, você me ofereceu sua amizade sincera e como eu agradeço aos Céus por isso, todos os dias. Você me ofereceu seu amor, sua confiança, seu carinho e sua total dedicação em me proteger. Sou fielmente grato a você por ter me acolhido em seus braços, e que braços... adoro quando você me abraça, Cado, é a melhor coisa do mundo. Eu salvaria você milhões de vezes se fosse preciso e faria sem pensar duas vezes, porque sei que você seria capaz de fazer o mesmo por mim. Não tente me proteger de tudo, sou forte, porque estou contigo. Eu te amo.
Meus braços mais uma vez se tornaram o refúgio do meu menino-homem. Eu não tinha palavras no momento para agradecer seu amor que certamente iria além dessa nossa vida.
— você sabe me deixar bobão.
— eu sei. Adoro te deixar sem jeito, você fica tão fofo. Agora vou, não quero encontrar com o Marcos, estarei no depósito.
— tudo bem, não vai almoçar?
— mandei que entregasse nosso almoço.
— muito obrigado. Assim que ele for eu te aviso.
Dez minutos depois o Marcos chegou. Estava vestido com um moletom adidas. Ele sorriu, eu mantive meu jeito sério, não queria dar moral pra ele, o ego dele já era bem inflado. Pedi que fôssemos até meu escritório e ele me acompanhou.
— hum, você e eu aqui, sozinhos? Que perigo.
— não vejo perigo algum.
— e o seu namoradinho?
— ele não é um namoradinho, é meu companheiro.
— até ele te deixar por um mais jovem...
— como você fez.. só que eu fui trocado pelas estradas. — ele ficou em silêncio. — Marcos, você precisa dar um rumo na tua vida e parar de ficar me incomodando. Está parecendo criança. Você foi embora, você que queria descobrir um novo significado na tua vida...
— e me arrependo amargamente...até hoje. Eu não voltei pra atrapalhar tua vida, mas não esperava que estivesse recomeçado...
— esperava o quê? Que eu estivesse pelos cantos, chorando pela a tua falta? Não vou mentir pra você, eu sofri sim quando você se foi, me senti um fracassado por não ter sido capaz de te fazer ficar. Mas depois eu percebi que foi você quem perdeu, não eu. Eu sempre te dei amor, carinho, respeito. Você me conhece e sabe que me entrego de corpo e alma a quem eu amo.
— eu sei. Eu que sempre fui meio maluco e você sempre tentava da melhor maneira possível me manter em equilíbrio. Sei que o tempo não volta mais, me arrependi, eu só queria uma conversa sincera contigo e saber se sobrou algum sentimento daquela época. Sobrou? Porque eu largaria tudo pra ficar contigo, se não, eu vou entender.
— eu sinto muito, do fundo do meu coração, mas não sinto nada além que um carinho de amigo...
Ele estava nervoso, suando e sua tentativa de voltar a ter algo comigo estava sendo frustrada. Ele se levantou, me olhou com os olhos cheios d'água e me pediu um beijo de despedida. Disse que viajaria em dois dias.
— eu não posso me despedir com um beijo. Não seria justo contigo, pois não o farei com a mesma liberdade que tínhamos antes, será um beijo forçado. Também não seria justo com o Matheus, mas posso te dar um abraço de amigo.
Ele veio até mim e eu o recebi de braços abertos. Ele chorava, senti suas lágrimas molhando meu ombro.
— você merece ser feliz Ricardo. Eu deixou minha chance contigo escapar, mas não deixe esse menino sair da tua vida. As palavras voam e soube que o carinha parou uma bala com o peito pra te salvar. Eu o admiro por isso e por ser merecedor do teu amor.
— vá em paz. Você também merece um amor... te desejo o melhor que a vida possa te oferecer.
Assanhei seu cabelo e lhe dei um beijo no rosto. Ele sorriu tímido e se desculpou pela insistência em falar comigo. Na verdade, ele só queria esclarecer as coisas e eu estava dificultando. Disse que não tinha problemas.
— não se preocupe, não voltarei a ligar. Não quero destruir sua paz. O carinha pode não gostar. Eu preciso ir, ainda tenho que arrumar minhas malas.
— pra onde você vai dessa vez?
— vou para a Austrália, tenho uns amigos me esperando em Sidney.
— precisa de dinheiro?
— sempre generoso, mas não, muito obrigado.
Lhe dei outro abraço e assim que abri a porta o Matheus estava atendendo um cliente. Os dois se cumprimentaram com um aceno de cabeça e o Marcos foi embora.
Me senti aliviado. Seria desgastante ter o Marcos como inimigo, ele sempre foi muito genioso, mas pelo jeito, a vida o fez pensar nas besteiras que fez. O Matheus terminou de atender o cliente e veio até meu escritório, trancou a porta e se sentou no meu colo.
— como foi? — ele perguntou entre um beijo e outro.
— até que bem. Daqui dois dias ele vai pra Austrália.
— hum...ele te pediu um beijo de despedida?
— pediu sim.
— beijou ele? — ele não queria demonstrar ciúmes.
— não, mas lhe ofereci um abraço.
— tao bom quanto os abraços que você me oferece?
— não passa nem perto dos abraços que te dou.
— tá, quero só ver depois, nas câmeras de segurança...
— hahaha, está duvidando de mim? Cade aquele Matheus confiante?
— está aqui, mas o seguro morreu de velho... vou trabalhar. Ah, Amo você.
— kkkkk, também te amo. — dei tapa na bunda dele antes de sair.
O Marcos partiu com a promessa de não me ligar mais.
Enfim eu poderia fazer uma viajem de lua de mel com o Matheus. Com toda a história do pai dele, não pudemos aproveitar o final de ano; e o Matheus merecia uma viajem.
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Continua...
