Once in USA - Capítulo 05

Um conto erótico de OnceUpon
Categoria: Homossexual
Contém 2592 palavras
Data: 04/02/2016 02:16:33

Capítulo 05

A Estratégia

Em um primeiro momento eu estava decidido a destruir a vida do Ben. A minha fúria era intensa e eu não tinha parado para pensar direito. No entanto agora, com calma, deitado na minha cama tudo o que eu podia pensar era que eu queria humilhá-lo como ele tinha feito comigo. Mas não apenas ele, como seus amigos também.

Eram 5 horas da manhã e eu estava desperto como uma coruja. Não preguei os olhos a noite inteira planejando cada passo do que eu faria. Ouvi um barulho de madeira rangendo ao longe, levantei e fui até a janela. Observei com um certo nervosismo Noel cruzar a porteira, ele usava os jeans de sempre e uma camisa azul de botões. Os primeiros abertos, mostrando ainda parte de seu peito.

Ele caminhou decidido com cara de poucos amigos até a caminhonete do meu avô. Mal era 5 e meia. A luz do sol ainda era fraca e ele já estava ali para trabalhar. Eu não sabia muito a respeito da vida de Noel, mas nesse momento parei para pensar sobre isso e tive pena. Ele me parecia ser extremamente trabalhador, um pouco rústico e não muito inteligente, mas por falta de oportunidades, mas nós tínhamos um ponto em comum. Ambos éramos almas solitárias.

Vesti um casaco cinza de lã sobre minhas roupas. Deveria estar uns 15 graus lá fora. Desci as escadas e encontrei meu avô terminando de passar um café.

- Acordou cedo, rapazinho! Pesadelos?

- Pois é... – sorri para ele. – Não consigo voltar a dormir.

- Sabe o que dizem? – perguntou meu avô sentando-se à mesa. – Que a primeira coisa que se deve fazer ao ter um pesadelo é tomar uma boa xícara de café. Sua bisavó vivia repetindo isso. O café corta o sonho e não deixa que ele vire realidade.

- Queria que resolver os problemas da vida real fosse tão simples como isso... – sussurrei mais para mim mesmo que para ele olhando para a parede.

- Por quê diz isso, meu filho?

- Nada não. Acho que vou aceitar esse café, de todo modo, já estou ficando com fome. – Enchi uma boa caneca de café.

– Vou tomar na varanda.

- Está frio lá fora.

- Não tem problema... talvez um vento frio me anime. – sorri.

Abri a porta da frente fechando-a às minhas costas enquanto meu avô ia para o quarto dele arrumar todas as coisas para trabalhar. Cruzei o terreno com a caneca fumegante nas mãos. Não encontrei Noel na caminhonete. Mas me assustei com um barulho de porta às minhas costas e um cacarejar de galinha assustada. Noel trazia um pacote grande nas costas e chutou um balde ao passar. Parecia muito aborrecido com algo.

Quando levantou os olhos negros e me viu ali desviou seus olhos de mim, olhou para o chão e depois para mim de novo. Coçou a nuca com a outra mão e acenou a cabeça parecendo mudar levemente de humor. – “Seu Guilherme!”

- Noel. Como vai? Ouvi um barulho aqui fora e vim ver o que era... – menti.

Ele sorriu e continuou caminhando com o saco pesado no ombro. Colocou a carga na caminhonete, limpando por fim a sujeira das mãos na calça.

- Tá frio, seu Guilherme. – Ele olhava pra mim e desviava o olhar, como se estivesse incerto se deveria ou não manter qualquer contato visual comigo. Mas isso era normal dele. – O senhor vai se resfriar.

Sorri para ele, aquele cara não era só um corpinho gostoso, ele tinha um bom coração. Me aproximei. – Eu sei. Tá frio mesmo. Por isso eu não achei justo você estar aqui fora tão cedo, sem nada para se esquentar e trouxe esse café. – estendi a mão com a caneca fumegante para ele.

Ele sorriu, pegou a caneca, não pela asa, mas com a mão aberta pelo copo. Ele era engraçado, em muitos atos parecia uma criança que nunca tinha sido educada com regras sociais, mas em outros parecia tão mais velho que eu. Embora nossa diferença de idade fosse pouco mais de três anos. Ele agia como um adulto.

- Ué, mas seu Guilherme. – ele riu percebendo minha contradição – Cê disse que não sabia quem tava fazendo barulho aqui. Como trouxe esse café pra mim?

Não tinha como escapar. Dei de ombros me chegando perto dele, sentei na portinha abaixada da caçamba da caminhonete. – Você não deveria acreditar em tudo que as pessoas te falam!

Ele riu.

- Pra dizer a verdade eu te vi pela janela, e tava lá dentro sozinho... você parecia muito aborrecido e eu resolvi te trazer esse café. Meu avô diz que café corta os males, ou alguma superrtição desse tipo. Não que eu acredite... – olhei para seus olhos, ele era realmente um cara bonito ao seu modo. – Não vai contar pra ninguém que eu disse essas palhaçadas, Noel! As pessoas ririam de mim.

Ele tomou mais um gole do café. A nuvem negra que pairava sobre ele se dissipou completamente. Seus olhos escuros estavam mais brilhantes e todo o seu corpo parecia mais relaxado que antes.

- Que isso! Eu nunca falaria nada que pudesse te prejudicar, seu Guilherme.

Meu coração disparou quando ele olhou pra mim e soltou essa frase. Eu não sabia o quão consciente ele estava na noite em que dormiu no meu quarto e muito menos se dera falta da cueca. Será que era isso que ele queria dizer? Engoli em seco.

- Noel.

- Sinhor.

Desci da caminhonete e dei um passo em sua direção. – Posso te pedir uma coisa?

- Sinhor!

Sorri. – Não me chama de “senhor”. É muito estranho vindo de alguém que é pouca coisa mais velho que eu. Quer dizer... Nós temos quase a mesma idade.

Ele ponderou por um momento. – Mas eu trabalho aqui seu Guilherme. Isso ia ser uma falta de respeito com o senhor seu avô.

- Entendo. Então só quando a gente estiver sozinho? Por favor?

Sorriu enfim esticando a mão direita para mim.

- Pó deixar, seu Guilherme. Quer dizer, Guilherme.

Apertei a sua mão que quase esmagou a minha. Suas palmas eram grandes e calejadas. Um aperto duro. Fiquei imaginando quantas vezes aquela mesma mão teria tocado seu membro nas noites quentes até se melar em seu leite. Sorri um sorriso bobo, segurando a mão dele mais do que o normal.

- Guiherme? – Sua voz me chamou à realidade. Ele coçava a nuca de uma forma tão charmosa. Eu soltei rápido sua mão. Ele abriu a boca pra dizer algo, mas deu um passo para trás e pareceu desistir. – Eu vou trabalhar então. Esses saco não vão se aprumar na caminhonete sozinho, né mesmo?

- Ok. – respondi.

Sem trocar mais uma palavra aquele homem viril caminhou para o celeiro dando uma ultima olhada na minha direção com as mãos no bolso, sorriu e entrou. Acho que essa tinha sido a conversa mais longa da vida de Noel nos últimos anos. Eu me sentia bobo e enrubescido. Embora a temperatura parecesse ter caído. Ia ficar e assistir ele carregar a caminhonete, mas meu avô saiu de casa e eu peguei a caneca vazia que Noel tinha deixado e voltei pra dentro dizendo que ia me arrumar.

Quando saí pronto para a escola o Noel já tinha ido embora com a caminhonete. O ônibus amarelo vinha virando a esquina da rua.

- Guilherme! – gritou meu avô.

- oi, vô. O ônibus tá vindo.

- Deixa falar antes que eu esqueça... – ele veio correndo na velocidade que seus 68 anos permitiam – Olha, o Noel mandou dizer que cê pode ficar com o negócio que ele deixou no seu quarto.

Meu sangue gelou na hora. Será que era o que eu pensava. Será? Só podia ser. Fiquei nervoso.

- Mas ele não deixou nada no meu quarto. – respondi quase gaguejando.

- Esse rapaz é muito bom, mas não é muito certo das ideias, - meu avo riu fazendo uma negativa com a cabeça. – Mas de qualquer forma procure depois, pode ser alguma coisa que você não viu. Ou pergunte a ele pessoalmente.

O ônibus buzinou parado.

- ok. Pode deixar. - Corri acenando e fugindo dali. Ah meu deus, eu estava ferrado. Muito ferrado... Ou talvez não. O que o Noel sabia? Nada. Eu poderia inventar qualquer desculpa. Eu fiquei pensando no ônibus até a escola em uma desculpa, mas eu não pensei em nada.

**************

Na escola nenhum sinal dos filhos da mãe. Hoje era dia de futebol e treino para o último ano então eles deviam estar no campo. Minha aula era de literatura com um professor que ficava lendo em voz alta, absorto declamando sua poesia Shakespeariana.

Eu sentei ao fundo onde Tiffany já estava.

- Qual o grande plano para a nossa missão, Charlie?

Sorri à sua referência. – Vai ser difícil, Tiff. Nós precisaríamos de uma terceira pessoa, Tiff. Uma pessoa com quem nós jamais nos associaríamos. Nem eu, nem você. Uma pessoa capaz das piores coisas e que odeie tanto quanto eu os garotos do time.

Pensei que Tiff não me daria nenhuma luz, mas, como sempre, ela me surpreendeu. Levantou uma das sobrancelhas cruzando as pernas.

- Eu sei exatamente quem é a pessoa certa.

****************

Na hora do intervalo Tiff me puxou pela mão. Atravessei o corredor já vazio, pois todos os alunos foram para o terreno dos fundos onde ficava a arquibancada e o campo de futebol. Tiff foi até o seu armário me pedindo pra esperar no bebedouro.

Aguardei que ela voltasse. Um barulho de porta bateu às minhas costas. Ben saía do banheiro, ajeitando o calção com quatro garotos do time. Seus olhos se arregalaram ao me ver, eu cruzei os braços e olhei para outro lado. Os quatro riram quando passaram por mim. Alguns me esbarrando e comentando se a menstruação já tinha parado ou se eu estava usando um tampão. Ben voltou pro banheiro dizendo ter esquecido algo. Eu fiquei parado, encostado à parede.

Ele saiu novamente. Parou à minha frente sem olhar pra mim por dois segundos, me olhou e apertou o maxilar tenso.

- Guilherme... eu... – Ele disse... e por um segundo eu senti meu corpo me trair, meus pelos se arrepiarem à pronúncia do meu nome pelos seus lábios, mas mantive os olhos afastados dele.

Tiffany virou o corredor e nos viu ali parados.

Ben respirou fundo, sorriu, com os olhos contrariados, e empurrou o meu ombro de forma inesperada com força. Eu caí para trás e segurei na parede.

- Sai do caminho, frutinha! – sua voz era firme e decidida. Ele saiu correndo e rindo como os outros e meu ódio renasceu. Ele não tinha jeito.

Eu engoli em seco. Tiff ainda gritou uns palavrões. Eu levantei.

- Vamos?

- Vamos! – respondi.

Tiff e eu atravessamos o mesmo terreno de ontem, mas hoje um ou outro aluno estavam espalhados por ali. Sob uma pequena construção ao longe três pessoas sentadas conversagem. Pareciam ser gente barra pesada.

Tiff me puxou com ela.

- Johnny, posso dar uma palavra com você?

O rapaz branco com piercings no nariz e u de argola no canto da boca tinha o que agora eu via que era um delineador preto marcado nos olhos. Seus olhos eram de uma cor artificial, devia usar alguma lente que deixava seus olhos injetados e sua aparência vampirica e sinistra. Seus cabelos lisos eram compridos batendo nas costas e ele se vesia inteiramente de preto. Trazia alguns anéis de prata nos dedos e uma estrela de cinco pontas pendia em seu colar.

Jhonny fez um sinal para os outros dois. Um rapaz careca com o mesmo estilo e uma Jovem que tinha algum tipo de tatuagem egípcia no braço, uma mecha roxa no cabelo e fumava um cigarro suspeito.

- Tiffany Wilson... que ventos te trazem de volta ao lado negro da força? – disse o rapaz com um sorriso estranho. Eu sabia que a Tiff era meio punk, mas ela não me parecia do tipo que andava com aquele tipo de gente.

- Não ferra, Johnny! – Tiff tomou a dianteira. – Eu e o novato aqui estamos com um plano aí. Mas acontece que a gente precisa de um verme sujo e safado e sem escrúpulos que possa cuidar de algumas paradas pra nos ajudar.

Pensei que nosso pedido iria pelo ralo com essa atitude, mas Johnny sorriu mais abertamente.

- Wilson, encantadora como sempre. Parece que eu sou o seu cara. E o que eu ganho com isso? – falou ele correndo a mão pelo antebraço de Tiffany.

- Opa, Jhonny! Nada disso.

- Nem umazinha? Pelos velhos tempos... – ele mordeu o lábio inferior lambendo-os em seguida mostrando um piercing na língua que até então eu não tinha percebido. Era mais alto que eu, mas eu não deixaria nada acontecer à Tiff.

- Ei rapaz! Não escutou o que ela disse? – segurei seu braço que tocava o de Tiff.

Ele riu abertamente percebendo pela primeira vez a minha presença. Me olhou de baixo a cima. Mordeu a argola que trazia nos lábiod de novo me devorando com os olhos.

- Calma, novato... tem espaço pra você também... se a nossa garota quiser brincar a três.

Pensei que Tiffany ia soca-lo, mas confesso que na carência sexual que eu me encontrava fiquei mexido com a proposta daquele cara maluco. Olhei para Tiff e ela levou na esportiva.

- Não fode, John. – Tiff cruzou os braços. – Vamos falar de negócios ou vc pretende tentar trepar com a minha bolsa também? É couro verdadeiro. Animal morto. Acho que faz o seu tipo também.

Ele pareceu finalmente cansar da brincadeira. Cruzou os braços. – O que eu ganho com isso?

- O plano é do Guilherme. Vc fica às ordens. Nós vamos te dar 40 dólares. 20 agora e 20 depois, isso pelo tempo. Fora isso, você vai ter algo melhor que dinheiro, satisfação. Nosso plano pretende derrubar os Golden boys e o sistema escroto dessa escola.

Johnny abriu novamente um sorriso, porém havia um quê de satânico naquele sorriso. Eu iria até o fim.

Ele me olhou de novo, mas agora com um ar completamente novo. De admiração. – Quero ouvir esse plano, novato. Se é pra derrubar o Thompson e suas crias eu estou dentro.

- Amanhã, na hora do intervalo, só nós três, no depósito de teatro. – falei decidido e apertamos as mãos.

- Só nós três... eu levo as camisinhas. – Johnny bricou levantando as mãos em sinal de rendição. Tif socou seu braço, mas ela o conhecia e acabei percebendo que esse era parte do jogo deles.

- Eu levo o lubrificante. – falei decidido e ele me olhou surpreso - Voc~e tem cara de que é apertado. – Pisquei pra ele. Não sei de onde saiu essa. Ele deu uma curta gargalhada muda. Passei o braço em volta do pescoço de Tiff e saímos sem olhar pra trás.

Agora o Ben e sua trupe iam se arrepender.

*****

Perdi o ônibus e tive que ir andando. A estrada era grande, 20 minutos caminhando rápido e muitos pensamentos cruzavam minha mente para que eu me concentrasse apenas em um e eu fui caminhando devagar pela beirada do caminho.

Escutei uma buzina velha que me assustou.

- Guilherme?

Virei... Noel dirigia a caminhonete do meu avô e reduziu a velocidade ao meu lado. Devo ter ficado vermelho vivo, pois não sabia onde enfiar a cara.

- Num pensei que ia te vê tão cedo de novo. Qué uma carona pra casa? Sobe aí. – Ele bateu no banco d passageiro sem tirar os olhos de mim. Eu já tinha percebido de manhã, mas agora seu olhar parecia mais intenso, talvez porque eu estava encafifado com aquela história do recado. Podia não ser nada demais. Eu costumava inventar muitas coisas e depois descobria que era tudo da minha cabeça. Mas o vento estava aumentando mesmo.

Eu dei a volta no carro e entrei.

Continua...

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Comentários

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Noel é um fofo! Se eu Fosse escolher com quem ele ficaria, seria o Noel 😍😍

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