Meu jovem amor - Cap 1

Um conto erótico de LuCley
Categoria: Homossexual
Contém 1509 palavras
Data: 07/02/2016 00:32:32

Hello, gente bonita. Bom, espero que gostem e se devo continuar. Abraços a todos e muito obrigado pelos comentários e por lerem...bjs ;)

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Sempre fui um cara solitário. Depois da morte dos meus pais, decidi abrir uma empresa e me afundei no trabalho. Estava com quarenta anos e me dedicava exclusivamente aos negócios. Eu tinha uma Mecânica no centro da cidade e era uma das melhores. Me orgulhava em saber que estava em terceiro lugar no ranking das melhores e maiores Mecânicas. A empresa me rendia um excelente lucro e isso me rendia bons investimentos no mercado imobiliário. Entre meus imóveis, tinha uma Kitnet que eu acabara de construir. Eram vinte, divididas em paredes duplas; tinha uma sala/cozinha, quarto, banheiro e uma pequena lavanderia nos fundos. Sempre fui muito organizado e cobrava isso dos meus locatários. Todo mês eu fazia uma ronda nas Kitnetes pra ver se o lugar estava limpo e nunca tive problemas.

Na empresa era a mesma coisa. Sempre exigi que os funcionários deixassem tudo organizado antes de fechar e cada um tinha sua caixa de ferramentas. As vezes algum funcionário tentava sair sem antes organizar o carro em que estava trabalhando e eu dava um jeito e chamava de canto. Organização é tudo ,pra uma empresa ser bem sucedida.

No mês de julho, minha recepcionista tinha pedido demição. Fiquei chateado, pois era uma excelente pessoa e a única até então que tinha dado conta do recado. Seu marido havia passado em um concurso público e assumiria o cargo Administrativo na Prefeitura da cidade vizinha e não compensava ir trabalhar todos os dias de carro. Resolveram se mudar e na segunda-feira bem cedo, ela veio me informar.

— o senhor me desculpe, mas eu preciso ir. Vou cumprir meu aviso, não se preocupe, não vou deixar o senhor na mão.

— olha, você sabe que eu te considero muito, né? Mas até você cumprir o aviso, vou tentar encontrar alguém que fique no seu lugar, assim, você pode ensinar como tudo funciona e eu fico mais tranquilo. Vou acertar tudo contigo e liberar seu FGTS, não quero que você saia daqui com as mãos abanando. Você nunca faltou sem precisar e sempre muito educada com os clientes. Vou de verdade sentir sua falta.

— muito obrigada. Não fala assim, senão já vou começar a chorar.

— então vá trabalhar, porque eu vou acabar chorando contigo. — disse rindo e ela foi pra recepcão.

A Simone estava comigo há seis anos, dois anos depois que abria a empresa, tive a sorte de empregá-la. Era o tipo de funcionária que você podia confiar o caixa aberto, mas infelizmente, eu teria que abrir mão de seu profissionalismo.

No dia seguinte coloquei um anúncio nos classificados de emprego. Choveu currículos e pedi a Simone que começasse as entrevistas o mais rápido possível.

Era uma criatura pior que a outra, ou não podia trabalhar período integral, ou tinha que sair mais cedo pois fazia faculdade. Eu, infelizmente, não podia contratar alguém que não pudesse ficar até o horário da oficina fechar, era complicado.

Ficamos dez dias na tentativa de encontrar alguém que pudesse se dedicar tempo integral, mas nada.

A Simone até sugeriu que eu entrevistasse alguns rapazes e era minha última chance. Embora eu preferisse as mulheres, pela forma mais firme, sem deixar de ser educada, de abordar os clintes mais chatos; e com a Simone, sempre deu certo. Ela sempre soube conduzir muito bem o temperamento dos mais nervosinhos e nunca houve sequer uma só discussão. Fiz o que ela me indicou ser melhor e pedi a ela que marcasse entrevista com alguns dos rapazes que havia se interessado.

Depois de várias tentativas, também frustradas, resolvi selecionar todos os currículos que estavam na minha gaveta. Eu estava lendo alguns, quando a Simone entrou na minha sala, dizendo que tinha um rapaz na recepção querendo conversar comigo.

— quem é?

— se chama Matheus Feitoza.

— nunca ouvi falar. O que ele quer?

— conversar com o senhor sobre o emprego, mas disse não ter mandado currículo. Ele segura uma pasta, creio que quer entregar ao senhor pessoalmente.

— não tenho nada a perder, mesmo. Deixa ele entrar, vamos ver o que vai dar isso.

Ela chamou o rapaz e quando o vi, notei seu nervozismo. Pedi que se sentasse e me apresentei.

— muito prazer, Ricardo. — estendi a mão e apertou forte.

— sou Matheus. Seu Ricardo, eu vou ser direto com o senhor...

— pois seja. — ele me entregou uma pasta sem nada dentro.

— eu não trouxe um currículo, pois nem ao menos tive tempo de fazer um. Acabei de passar aqui de manhã e perguntei a sua recepcionista se precisavam de alguém pra trabalhar e ela disse que sim, mas que precisava de cirrículo, então, como só estava com um real no bolso e ninguém naquela papelaria na esquina me confiou fazer um currículo pra eu pagar depois, comprei essa pasta. Me desculpe, mas eu preciso muito desse emprego. — fiquei olhando pra ele e imaginando como alguém podia ser tão cara de pau e corajoso ao mesmo tempo.

— olha rapaz, eu poderia até te ajudar, te arrumando em emprego como auxiliar de oficina, mas meu quadro já está completo. Eu preciso de uma pessoa que saiba lidar com caixa e que recepcione os clientes quando eles chegarem. Não sei se você daria conta. Qual sua idade?

— tenho vinte e dois, mas isso não tem muito haver com idade, mas sim, com educação e maturidade pra lidar com as finanças de sua empresa. Eu lhe entendo, sei que não confiaria seu caixa a uma pessoa que já chegou mentindo, mas senhor Ricardo, eu sou esperto, sou ótimo em cálculos e sou apresentável, educado e sei conversar com as pessoas. Posso não estar tão de acordo no momento, com minhas roupas meio amarrotadas, mas minha situação não está ajudando. Então, peço que por favor, me avalie por um dia se preciso for, mas me ajude.

Confesso que fiquei tocado com seu sincero pedido de ajuda. Eu estava num beco sem saída e não sabia o que fazer com aquele rapaz, ali, na minha frente; com os olhos cheios de lágrimas. Resolvi então ser mais invasivo.

— primeiro eu quero saber o motivo de tanto desespero...pode ser? Quero saber quem você é, de onde vem e se tem alguma referência...

— bom, não quero ter que mentir de novo, então, vou te contar um pouco da minha vida.

" Eu sou filho único e até semana passada, eu era o orgulho dos meus pais. Eles me expulsaram de casa porque eu decidi abrir meu coração e dizer que sou homossexual. Estou morando de favor na casa de um amigo, mas não posso ficar mais lá, eles são muito humildes e a casa só tem um quarto; estou dormindo na sala. Enfim, eu sei que tem muita gente por ai dezempregada, mas eu estou no mesmo barco também e sem nem onde morar. Olha Seu Ricardo, eu estou desesperado".

Eu me levantei e instintivamente o abracei na cadeira. Ele começou a chorar e me abraçou. Me pediu desculpas e eu me sentei novamente.

— eu quero que você se acalme, Matheus..Vá lavar seu rosto e fale com a Simone na recepção. Ela vai treinar você a partir das nove da manhã. Esteje aqui. Se em três dias ela achar que você não conseguiu dar conta, eu falo com alguns amigos e vejo se consigo te ajudar, caso contrário, você fica. — ele não pôde conter um sorriso.

— eu não tenho palavras pra lhe agradecer. Muito obrigado. O senhor não vai se arrepender.

Ele se levantou, me estendeu a mão e eu o cumprimentei.

Meia hora depois a Simone foi até minha sala e perguntou o porquê do rapaz estar chorando. Contei a ela suas história e a coitada parecia que ia se desmoronar.

— ah, Seu Ricardo, até parece uma história que o senhor conhece, não é mesmo?

— nem me fale, querida. Depois que meus pais me botaram pra fora de casa, eu fiquei tão sem chão, quanto esse aí. Pior ainda foi enterrar os dois ao mesmo tempo por conta daquele acidente de carro.... foi muito triste. Enfim, vida que segue. Diz aí, o que achou do rapaz?

— bom, acho que posso passar pra ele um pouco de tudo. Espero conseguir.

— esperamos que sim.

Fim de expediente e fui pra minha casa. Eu morava no Bairro Alto, excelente localização, arborizado e tinha uma praça com parquinho. Eu ficava lendo, ouvindo as crianças brincarem ou respondendo mensagem de algum amigo.

Nesse dia, eu fui espairecer as ideias e caminhar um pouco em volta da praça. Estendi uma manta no chão e me deitei para olhar as estrelas. Me lembrei de quando era jovem e o medo que eu sentia por ser gay. Gay, essa palavra era tão pesada e com o passar dos anos, foi-se tirando um pouco do peso, mas mesmo hoje, ainda da sentir o quanto ela pesa pra muita gente. Me lembrei do Matheus e de como ele deveria estar sofrendo e pobre rapaz, tão jovem e já caindo nas armadilhas da vida.

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Continua...?

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