Felipe – vou nessa, meu amigo. Muito obrigado pelo banho. (falei apertando a mão do Guilherme)
Guilherme – por nada.
Abri a porta do carro e já ia saindo quando o Guilherme falou comigo.
Guilherme – Felipe, espera um pouco.
Felipe – o que é?
Guilherme – se eu voltar a sentir a dor nas costas, posso te pegar aqui pra tu fazer mais uma vez a massagem?
Eu não estava entendo o real sentido daquela pergunta.
Felipe – como falei, não sei que horas vou sair daqui.
Guilherme – eu te ligo.
Felipe – não tenho celular.
Guilherme – não?
Felipe – não. (respondi)
Guilherme – então eu venho jantar aqui hoje e dai vemos qual seu horário de saída.
Felipe – Blza então.
Guilherme se despediu e deu partida no carro.
xXX
Assim que entrei na lanchonete não podia negar minha cara de felicidade, estava sentindo que minha sorte iria mudar.
Procurei logo pelo Gustavo, queria saber qual seria o meu serviço.
Dirigi-me ate o balcão e pedi uma informação.
Felipe – oi. Bom dia!
Bom dia – respondeu um rapaz limpando algumas garrafas.
Felipe – O Senhor Gustavo esta ae?
- Ainda não chegou. Só com ele mesmo?
Felipe – não sei, é que ontem eu vim aqui, e ele disse para eu retornar hoje pronto para trabalhar.
Vai trabalhar aqui? – perguntou o atendente, espantado.
Felipe – é! (falei encurtando conversa)
- Então vai la no rh.
Felipe – e onde é isso?
-sobre aquelas escadas e quando estiver la encima vire a sua esquerda, o rh é a segunda sala. (falou o rapaz apontando o caminho a seguir)
Felipe – beleza. Obrigado.
Quando cheguei ao Rh, a moça já estava sabendo do meu caso, e eu seria garçom.
Felipe – garçom?
Isso – (respondeu a atendente do rh) Você tem alguma experiência?
Felipe – pra falar a verdade com pessoas não, mas eu dava comida pra os bichos lá da fazenda, enchia os cochos, já sou acostumado a carregar comida, eu não me enrolo não.
- a questão não é apenas carregar comidas. (falou a moça fazendo aspas com as mãos). Você tem que tratar bem os clientes, ser cordial, saber ouvir, colocar o cliente como o detentor da razão sempre.
Felipe – posso fazer isso também sem problemas. (falei sorrindo)
A moça levantou da cadeira onde estava sentada, atravessou a porta e pediu que eu a acompanhasse.
Assim que retornamos a parte da frente da lanchonete a moça chamou outro rapaz.
- Vini.
- senhora?
- venha cá por favor.
O vini era um cara mais ou menos da minha estatura. 1,75 uns 68p/70kg, olhos castanhos, pele morena, cabelo cacheado, barba preenchida.
- Vini, esse aqui é o....
Felipe – Felipe. (falei já que ela tinha travado no meu nome).
Isso, esse é o Felipe. Ele ira trabalhar conosco e eu gostaria que voce passasse algumas coordenadas para ele.
Vini – sim senhora.
Então é isso. Você trouxe seus documentos? - Perguntou a moça.
Felipe – trouxe sim. (meus documentos estavam na mochila)
Preciso das originais com copias. Providencie para amanha. Ok?
Felipe – tudo bem. Tem algum lugar onde eu possa deixar minha mochila? (perguntei a moça)
Vini. Mostre a ele onde fica os armários dos funcionários. (falou a moça se dirigindo ao Vini)
Vini – Mostro sim, Manoela.
(então o nome dela era Manoela?)
Manoela era morena, altura mediana e magra. Trajava um vestido social preto e os cabelos lisos, negros e longos, estavam presos estilo rabo de cavalo.
Manuela se retirou e eu fiquei com o Vini.
Felipe – prazer cara, meu nome é Felipe.
Vini – prazer, o meu é Vinicius.
Vinicius me levou ate uma sala onde haviam colchonetes e armários.
Vini – enquanto você não recebe a chave de um dos armários, pode guardar sua mochila aqui no meu.
Felipe – Blza.
Voltamos ate a lanchonete e Vinicius me passou algumas coordenadas.
Vini – primeiro temos que pegar um avental pra você.
Felipe – certo.
Vini – segundo. Você só precisa atender sozinho quando o movimento aumentar. Por enquanto você esta em treinamento.
Felipe – tudo bem.
Quando Vinicius estava me passando as instruções a Marina me avistou e veio falar comigo.
Marina – Oi Fernando.
Felipe – é Felipe. (falei rindo)
Marina – ai, desculpa, confundi os nomes.(rs)
Felipe – não tem problemas. (rs)
Marina – pronto pra batalha?
Felipe – pronto. (rs)
A Maria foi atender e o Vinicius voltou a me passar instruções.
Vinicius me passava instrução quando uma mesa chamou por ele. Eu o acompanhei.
A mesa tinha quatro rapazes.
Vini – pois não senhor? (perguntou Vinicius)
Cliente 1 – traz 4 copos sujos e um balde de cerveja.
Vini – o que mais?
Cliente 1 – ta tendo frango a passarinho?
Vini – sim senhor.
Cliente – pode trazer também. E traz um martelinho aqui pra o meu camarada, que ele quer ficar chapadão. (falou o cliente socando o ombro de um amigo)
Cliente – hey. Te conheço de algum lugar. (dizia o cliente para mim)
Felipe-também fera. Só não me lembro de onde. ( O rosto daquele cara era conhecido. mas eu nao conseguia lembrar de onde. pensei em ser um trabalhador la da fazenda, mas as roupas daquele cara nao era pra quem trabalhava em fazenda).
Cliente – não seria da faculdade?
Felipe – não tem como ser. Não faço faculdade.
Cliente – hummm. Mas teu rosto me é familiar.
Vini – algo mais senhor? (perguntou Vini, cortando a conversa)
Cliente – por enquanto, só isso.
Vini – ok. Já trago seu pedido.
Vinicius se retirou e me levou junto. Destacou um pedaço de papel e pos sobre o balcão.
Vini – Felipe ne seu nome!?
Felipe – isso.
Vini – vou te dar um conselho: se quer conservar esse emprego aqui, evita ficar batendo papo com os clientes.
Felipe – ah tah. Blza. vou evitar.
A noite se desenrolava bem, quando foi lá pelas 20 horas, me liberaram para um intervalo de 60 minutos. Quando voltei do intervalo a lanchonete estava bombando.
Vini – Felipe. Retira o balde de cerveja da mesa 12 e leva outro.
Felipe – levo sim.
A 12 era a mesa dos quatro amigos. Retirei o balde e coloquei outro.
Cliente – garçom, trás um file com fritas pra nos.
Felipe – trago, o que mais?
Cliente – só isso mesmo.
Felipe –ok.
Retirei-me bem apressado, e solicitei que fosse feito o file com fritas.
Alguém tocou no meu ombro e de imediato eu me virei.
Felipe – Oi Guilherme!
Guilherme – boa noite, Felipe.
Felipe – boa noite.
Guilherme estava diferente do habitual. Trajava uma bermuda florida, um nike preto com vermelho e uma regata branca.
Guilherme – como é que ta o primeiro dia?
Felipe – tou meio perdido. Mas é melhor que engraxar sapatos.
Guilherme – então quer dizer que eu perdi meu engraxate oficial é isso? (perguntou Guilherme cruzando os braços).
Felipe – kkkk. Posso continuar engraxando sim. Só não quero mais ter que ficar rodando por ae, é muito cansativo.
Guilherme – eu entendo. Mas não abro mão dos meus sapatos engraxados por você. (rs)
Felipe – pode deixar. (rs)
Vinicius apareceu do nada.
Vini – Felipe. Tem que ir atender cara. Isso aqui ta lotado.
Guilherme – ele ta me atendendo, você não ta vendo? (falou Guilherme com um pouco de ira)
Vini – desculpa senhor, achei que fosse amigo dele.
Guilherme – amigo e cliente.
Vini – desculpe. (falou mais uma vez Vinicius se retirando)
Guilherme – quem é esse empata foda?
Felipe – ele ta me treinando.
Guilherme – pela saco hen!? (falou Guilherme, sorrindo)
Felipe – e ae, vai de que hoje?
Guilherme – primeiro eu queria uma mesa disponível.
Felipe – não tem nenhuma. Tu vai aguardar?
Guilherme – fazer o que neh!? ( falou Guilherme, fazendo cara de tedio)
Felipe – espera aqui no balcão, assim que desocupar uma mesa eu te chamo.
Guilherme – Blza.
Guilherme sentou nas cadeiras do balcão, e eu continuei atendendo. Assim que desocupou uma mesa eu reservei pra ele.
XXX
Marina – Felipe. Vem aqui. (me chamou Marina, próximo ao balcão).
Felipe – oi. (falei me aproximando dela)
Marina – esta vendo aquele senhor ali conversando com o Gustavo?
Felipe – tou sim. O que tem ele?
Marina – ele é o nosso chefe. Não vacila perto dele, ele é meio rabugento.
Felipe – ele que é o pai do Gustavo?
Marina – isso mesmo.
Felipe – valeu por falar, vou ter o dobro de atenção quando eu tiver atendendo perto dele.
Depois de me passar a informação, Marina, voltou a atender, e eu também.
A mesa dos amigos me chamou e eu fui ate la ver o que eles queriam.
Felipe – pois não senhor?
Cliente – mais copo sujo. ( era evidente que eles já estavam tri bêbados, mas aquele cara que me tinha uma aparência familiar, estava mais bêbado que os outros).
Felipe – já trago.
Retirei-me e logo em seguida voltei com os copos sujos.
Quando retornei o Sr Alberto – dono da lanchonete – estava conversando com eles. Puta merda, eu não podia cagar agora, não podia. Fiz posse de garçom, e fui firme. Distribui os copos sobre a mesa e fiz aquela pergunta de prache.
Felipe – mais alguma coisa senhor?
Cliente – por enquanto somente.
Felipe – ok senhor. (falei me retirando)
Cliente – hey garçom. Volta aqui.(chamou o cliente meio alterado da bebida)
Felipe – pois não senhor?
Cliente – consegui lembrar de onde nos conhecemos. E realmente não é da faculdade.
Felipe – de onde então? (perguntei)
Cliente – da delegacia. Você era aquele cara que estava na mesma cela que eu. (falou o cliente sorrindo) ahhhh malandro. Falou ele cumprimentando os companheiros.
Alberto – impossível. (se intrometeu o sr Alberto) – meus funcionários não tem passagem pela policia.
Eu estava gelado, pálido, fincado no chão igual uma estatua.
Cliente – ah, mas esse garoto aqui tem passagem pela policia sim. (falou o cliente levantando e me abraçando como se fossemos chegados).
Alberto – Você tem passagem pela policia? (perguntou o meu chefe, olhando sério nos meus olhos)
Eu não sabia o que responder.
Alberto – então. Tem ou não passagem pela policia? (perguntou o Sr Alberto, levantando a voz)
O que esta acontecendo aqui? – perguntou o Guilherme saindo de sua mesa.
Eu não sabia o que responder, nem a quem responder. Meu rosto abaixou e do nada as lagrimas começaram a rolar.
Continua...