Brise do Amor – Capítulo 06
Clara acena para Alfredo, e junto com Ben, segue até onde eles estavam.
Alfredo – Tudo bem com vocês? Lipe, esse é o Ben, o cara que te ajudou no dia do acidente. Ben esse é o Filipe.
Filipe – Eu não acredito! – diz incrédulo.
Alfredo – O que foi?
Filipe – Esse aqui é o vi.. quer dizer, o cara que colidiu comigo na segunda-feira e que derrubou milk shake em mim – respondeu meio irritado.
Clara – Dizer um obrigado, às vezes, faz bem. Sabia, garoto? – disse a garota indignada.
Filipe – Ah, obrigado! – agradeceu contrariado, engolindo o orgulho.
A verdade é que Lipe não suportava a ideia de ter sido ajudado por Ben, afinal ele achava que Benjamim, por ser efeminado, também era da mesma estirpe de seu desafeto, o Pietro. O clima havia ficado meio pesado e Alfredo, percebendo o que estava acontecendo ali, quis acalmar os ânimos.
Alfredo – E aí, calouros... estão gostando do curso?
Clara – Sim, eu e o Ben estamos muito animados com as aulas, com a universidade e tal. A propósito, Alfredo... queria umas sugestões suas em relação ao curso, professores. – disse a garota toda derretida para Alfredo.
Alfredo – Opa! Estamos aqui para isso. Vamos sentar ali. Tem um tempinho ainda para começar a aula. Vem gente! – chamou a todos.
Clara e Alfredo foram na frente, deixando Ben e Lipe para trás. Ben estava bastante sem graça com toda aquela situação. Foi quando Filipe resolveu dizer umas coisas a ele.
Lipe – É o seguinte, cara. Você me salvou, eu agradeci. Mas agora vê se caça a sua turma, porque não gosto de gente do seu tipo – disse isso olhando Ben de cima abaixo.
Ben – Pode ficar despreocupado. Também não faço questão. Ao menos em algo, concordamos.
Dizendo isso, o garoto saiu deixando Clara e Alfredo que estavam conversando tão distraídos que nem perceberam quando Benjamim decidiu se retirar dali. O garoto tentou disfarçar, mas havia ficado tão triste com as palavras duras de Filipe que resolveu ir ao banheiro chorar e colocar toda aquela mágoa que vinha guardando no peito desde quando conheceu aquele rapaz que só fazia ofendê-lo. Em uma das cabines do banheiro, ouvia-se alguns sussurros quase inaudíveis de choro. Ben não tirava da cabeça as últimas palavras ditas por Lipe: “... vê se caça a sua turma, porque não gosto de gente do seu tipo”... foi quando assustou-se com o barulho do celular tocando, era Clara.
Clara- Alô, Ben. Onde você tá? Tô te procurando.
Ben – Tô aqui no banheiro – respondeu com a voz meio chorosa.
Clara – O que aconteceu? – perguntou preocupada.
Ben – Nada! – quando disse isso, começou a chorar novamente.
Clara – Tô indo aí agora. – e desligou o telefone.
Quando Clara chegou, Benjamim acabou lhe contando tudo.
Clara – Eu não acredito que aquele ridículo fez isso! – disse a garota morrendo de raiva.
Ben – Sim, fez. Me doeu tanto ouvir aquilo. Me senti um ninguém – falou o garoto ainda triste pela situação.
Clara – Calma, meu amigo! Nem ligue para aquele babaca. Ele não faz ideia da pessoa maravilhosa e especial que você é – disse isso, deu um beijo na bochecha de Ben e começou a fazer cócegas.
Ben – Para, sua boba! – disse morrendo de rir.
Clara – Vamos para a aula? Mas antes, precisamos passar maquiagem de novo no seu olho. Saiu quase tudo.
As horas passam e Lipe vê sua derrota para o relógio aumentar. Não conseguia se concentrar em mais nada, o garoto pensou que se ocupasse a cabeça com a faculdade, iria esquecer um pouco aquele problema da ameaça de Pietro. Quando, finalmente, Filipe se distrai com a aula, chega um SMS. Ao abri-lo, os seus olhos se enchem de ódio e medo. A mensagem estava escrita da seguinte forma: “ Você tem somente mais dois dias, meu gato! Do seu putinho... Pietro”. A raiva foi tanta, que Lipe decidiu ir embora para casa.
O dia se passou e Clara e Ben resolveram ir a um barzinho para espairecer um pouco. O ambiente era do jeito que Benjamim gostava, calmo e acolhedor. Alfredo resolveu aparecer por lá de última hora para ver Clara.
Ben – Eu não acredito que vou ficar de vela – resmungou.
Clara – Sim, e vela colorida ainda. – disse morrendo de rir.
Mal acabaram de falar e Alfredo aparece todo sorridente. Clara também esboça um ar de felicidade quando o vê.
Alfredo – E aí, gente... tudo bem com vocês? – diz isso dando um selinho em Clara e um aperto de mão em Ben.
Ben – Tudo certo, Alfredo – disse em tom simpático.
Alfredo – Eu demorei?
Clara – não, chegamos agora a pouco. Ben, será que tem como você pegar, para a sua amiga mais linda do mundo, uma caipirinha?
Ben – Sim, já volto.
A verdade é que o garoto queria se livrar, ainda que por alguns instantes, de sua atual condição de vela e, por isso, decidiu ir pegar a caipirinha. Chegando lá, estava esperando pela bebida, quando ouviu uma voz ao seu lado.
Rapaz – Já vi que hoje é a noite das velas.
Ben – Ham?
Rapaz – Noite das velas. Eu, segurando vela para o meu amigo e, você, segurando vela para aquele outro casal.
Ben – Como você sabe? – perguntou com um sorriso tímido.
Rapaz – Porque estou te observando, desde quando você chegou. Prazer, me chamo Gabriel. E você? – disse com um leve sorriso esboçado no rosto.
Ben – Prazer, me chamo Benjamim, mas pode me chamar de Ben – disse com a face corada.
Gabriel – Bonito nome! É compatível com a beleza do dono dele.
Ben – Obrigado! – disse isso com a face ainda mais corada.
Gabriel – O que acha de sairmos da condição de vela e nós dois sentarmos em uma mesa? – perguntou com expectativa.
Ben – Ah! Não sei... eu sai com minha amiga. Não quero deixar ela sozinha – responde meio nervoso.
Gabriel – Garanto que não vai se incomodar, ela parece bastante distraída com o seu amigo.
Quando Ben olha, Clara estava aos beijos com Alfredo e conversando.
Ben – É verdade – ri o garoto.
Gabriel – E então... prometo que deixo você escolher a mesa.
Ben – Tudo bem. Só vou avisar ela e já volto – respondeu sem graça.
Gabriel – Vou ficar te esperando.
E então, Benjamim vai avisar Clara.
Benjamim – Clara, preciso te falar uma coisa – e olha para Alfredo.
Alfredo – Tudo bem, já entendi. Vou no banheiro, enquanto isso – ri o rapaz.
Clara – O que foi, minha vela de purpurina?
Ben – Besta! Acabei de conhecer um cara aqui no barzinho e ele me convidou para sentar em uma mesa com ele, mas não sei se vou – disse um tanto quanto confuso.
Clara – Viaaadooo, eu não acredito! Mas é claro que você vai. O boy deve ter ficado a fim de você. A senhora vai, nem que eu tenha que obrigar você – disse toda contente.
Ben – Fala baixo! Tá bom então. Eu vou – respondeu o garoto se dando por vencido.
Clara – Boa sorte, sua bicha linda!
Ben – Obrigado!
E assim, Gabriel e Ben escolherem uma mesa, se sentaram e conversaram muito. Benjamim descobriu que Gabriel tinha 24 anos, era Engenheiro Mecânico e possuía uma empresa recém-aberta de projetos mecânicos. Os dois tinham muitos assuntos em comum. Em uma das conversas, Ben acabou revelando que nunca havia, nem ao menos, beijado alguém, o que despertou o interesse de Gabriel.
Gabriel – Você existe mesmo? Além de lindo, ainda é especial.
Ben – Não sou tudo isso que você diz – respondeu envergonhado diante dos elogios.
Gabriel – Garanto que não é mesmo. É muito mais do que isso que eu disse.
Nesse momento, os dois são interrompidos por Clara.
Clara – Ben, já está na hora de irmos embora. O Alfredo já foi. Amanhã ainda temos aula. Olá, tudo bem?
Gabriel – Olá, você que é a famosa Clara? O Ben falou muito bem de você.
Clara – Sim, sou eu. É muito difícil ser amada por todos – todos riram da besteira da garota.
Ben – Nossa! Agora que vi a hora. Temos que ir mesmo.
Gabriel – Ben, você não me passou o seu número de telefone. Não quero perder contato.
Clara – É, ele não quer perder contato – disse com cara de sarro.
Depois que os dois trocaram os números de telefone, Gabriel deu um abraço bem apertado em Ben que ficou um pouco desconsertado.
Gabriel – Foi bom eu ter vindo de vela hoje aqui. Acabei te conhecendo – sussurrou no ouvido do garoto.
Ben – Eu também gostei muito de te conhecer.
Dizendo isso, Clara e Ben foram embora e, no carro, a garota não parava de falar besteiras para o garoto e tirar sarro dele. Ao chegar em casa, Ben recebeu uma mensagem em seu WhatsApp:
>> Gabriel – Tenha uma boa noite! Um beijo.
Ao olhar a mensagem, Benjamim esboçou um sorriso de felicidade. Ele estava experimentando, pela primeira vez na vida, o que era se sentir desejado.
Continua...