Once in USA - Capítulo 12

Um conto erótico de OnceUpon
Categoria: Homossexual
Contém 3724 palavras
Data: 13/02/2016 00:17:57
Última revisão: 13/02/2016 00:57:53

Capítulo 12

.

O ônibus sacolejou por uma comprida estrada de terra. À minha esquerda eu via os vastos campos de milho. Tiff me acompanhou e dormia ao meu lado. A casa de Noel ficava a duas horas de distância.

Eu tive que insistir demais pra que ela me acompanhasse. Que cara eu teria de chegar ali sozinho? Ter alguém do seu lado torna as piores coisas da vida mais fáceis. Eu acabei contando pra ela que dormi com o Ben, sem riqueza de detalhes. Mas que aquilo não interferiria no nosso plano original. Alguma coisa de fato precisava ser feita em relação aos meninos da escola.

Tiff me contou de suas investigações e que Regina parecia ter um comportamento impecável. Líder de torcida. Chefe do clube religioso. Voluntária em um orfanato da região. Enfim, qualidades que não batiam com a péssima pessoa que ela era. Tiff me explicou que todas essas coisas contam quando alguém se inscreve para entrar em uma faculdade nos Estados Unidos e se ela quisesse mesmo entrar em Yale ela precisaria de muitos créditos e indicações.

Alguma coisa me cheirava errado nessa história toda. Era como uma pulga atrás da orelha. Eu iria desvendar o mistério chamado Regina, mas só após resolver a minha vida com Noel. John nunca mais retornou com notícias dos garotos do time, eu também teria que correr atrás dele.

Finalmente uma parada brusca sacudiu o ônibus me tirando dos meus pensamentos e acordando Tiff.

- Já chegamos? – Perguntou ela enquanto levantava um pouco descabelada.

- Acho que sim. – Respondi nervoso, enquanto buscava pelas instruções que vovô tinha escrito em um papel.

Levantei e dei a mão a Tiff enquanto descíamos do ônibus, tínhamos combinado que ela fingiria ser minha namorada. Achei que assim a minha repentina aparição naquela casa estranha não pareceria tão suspeita. Eu era um bom amigo que foi ver se o outro precisava de alguma coisa e representar meu avô. Tiff concordou.

- ok. Mas tem que ser como combinamos – me lembrou ela – meu nome vai ser Dorothy Barkley, eu tenho dezessete anos e sou filha adotiva de uma velha cantora de sucesso dos anos 60.

- Isso continua não fazendo sentido pra mim, Tiff. Você não precisa se disfarçar. – Tiff enrolava uma echarpe nos cabelos e colocava óculos de sol. – Ninguém aqui te conhece.

- Ah... por favor, Guilherme! – pediu ela – Quando eu vou ter a chance de usar minhas habilidades artísticas de novo...

- ok... ok... Deve ser por isso que você está tão caidinha por mim. – brinquei.

- Ah meu amor... por isso que eu te amo tanto. – Ela pulou e beijou minha bochecha levantando um pé pra trás, como nos filmes. – mal posso esperar encontrarmos um bom quarto pra eu pegar esse macho viril insaciável.

- hahaha Você não existe, sabia! – falei finalmente dando um tapinha no bumbum dela.

Rimos um pouco mais vendo as coisas a caminho da casa e tivemos que pedir algumas informações. A cidade era maior que a nossa. No fim tivemos que pegar um taxi, pois ela era um pouco mais afastada. Dentro de uma espécie de pequena fazenda.

Meu coração estava apertado demais.

- Eu não sei se eu tô fazendo a coisa certa... – falei segurando a mão de Tiff enquanto descíamos do taxi em frente à grande casa.

- Você não deve nada a ninguém, Guilherme. Você sabe disso. – ela olhou nos meus olhos séria – Você precisa saber a verdade... saber se vale a pena. Infelizmente o que você vai ouvir pode te magoar, ele pode ter tido apenas uma aventura com você.

- Não... – eu a interrompi – Não pode ter sido isso. Você não estava lá. Você não ouviu as palavras, não viu os gestos... os olhares... Não pode ser...

- Calma, garoto! – ela apertou meu ombro para que eu falasse mais baixo, uma pequena multidão estava na porta da casa – Deixa eu falar. Sendo a pior revelação, ou tendo sido apenas um mal entendido você precisa saber a verdade. Ok? Isso pode ser um sim ou um não e você tem que estar preparado pros dois.

- ok... – tremi, mas encarei as palavras dela entendendo o que ela queria dizer. Eu estava muito estressado com essa situação toda.

Caminhamos até a entrada e só então percebi que eu não tinha me vestido adequadamente. As pessoas estavam todas de preto e eu estava com uma camiseta branca com uma jaqueta jeans. Tiff foi me empurrando com um lenço na mão fingindo secar lágrimas por baixo dos óculos.

- Pois não? – falou uma velha senhora interrompendo nosso caminho.

- Nós somos amigos da família... do filho do falecido. – respondi. – Estamos procurando por ele.

- Margareth Framer. – A velha esticou a mão e eu apertei dizendo meu nome.

- Dorothy Barkley – falou Tiff, estendendo a mão com uma voz mais suave. – Perdoe o meu namorado. Nós viemos representando o senhor Davidson, pra quem o Noel trabalhou muitos anos, o temos como um primo e gostamos tanto dele que tivemos que vir lhe dar uma palavra de consolo e ver como ele estava. Aliás, meus sentimentos. Que perda! – disse ela levando uma mão ao peito e apertando a mão da senhora.

Olhei com os olhos arregalados para ela. De fato ela parecia incorporada. Era uma garota completamente diferente.

- Ah minha querida... – cedeu a mulher – Uma perda gigantesca. – Lágrimas vieram a seus olhos. – Era meu irmão. O filho dele está dormindo lá em cima. Não se sentiu bem a manhã toda.

- A senhora teria algo pra eu beber? – Perguntou Tiff – Acabamos de chegar de viagem e meu amado não conseguiu encontrar um mercado onde comprar água nas redondezas. – Ela tossiu seco.

- Venha, minha filha. – A mulher a pegou pela mão e levou sala a dentro – Vou lhe dar um cafezinho.

Antes de virar ao fim do corredor Tiff baixou os óculos e piscou pra mim balançando a cabeça para as escadas. Balbuciei sem emitir som “Obrigado Dorothy”.

Algumas pessoas conversavam na sala e não percebiam minha presença. O ar de velório atingira todo mundo. O plano para ser bem sucedido ao entrar em lugares que você não conhece é agir como se fosse seu direito estar ali. Me empertiguei e caminhei a passos firmes subindo a escada. Ninguém me impediu. Tentei todas as portas. Algumas estavam trancadas. Um banheiro se abriu e ao fim do corredor eu vi uma porta entreaberta. Um homem estava deitado na cama de costas pra mim. Era ele.

Entrei e fechei a porta às minhas costas. Engatinhei pela cama e deitei ao lado dele. De frente. Olhava seu rosto. Ele era um homem realmente bonito. Esse era um tipo de beleza que você redescobria a cada nova olhada. Ele parecia ser tão mais velho. Trazia no semblante a marca de uma vida sofrida.

Ele abriu os olhos lentamente se apercebendo de minha presença naquele quarto à meia luz. Tudo era tão surreal.

- Seu Guilherme? – disse ele em voz fraca. – Que que cê tá fazendo por aqui.

Meus olhos encheram de água, mas eu respirei e engoli a tristeza. – Eu precisava ver como você estava.

Ele desviou o olhar. Queria ser forte. – Ele se foi... pra sempre. Isso é tão estranho... Por tantos anos ele esteve aqui o tempo inteiro... e... e eu estava lá longe. Ficaram tantas coisas que eu devia de ter falado. Agora vai ficar tudo aqui dentro. Ele se segurava firme pra não chorar.

Essa era uma questão que eu queria entender, mas não sabia se era o momento certo. Eu me acheguei pra perto e abracei seu peito. – Vai ficar tudo bem, Noel. – Era o que eu falava, mas sabia que não ia ficar tudo bem.

Ele rolou e me abraçou forte. Tão forte. Eu sentia seus músculos retesados, mas sentia principalmente seu cheiro másculo e viril. Ele invadia meus pulmões desestabilizando meus sentidos.

- Você só precisa dar tempo ao tempo. – falei no seu ouvido. Ele estava mal e naquele momento mais do que nunca eu soube que o amava, porque eu faria qualquer sacrifício para ve-lo sorrir de novo o mesmo sorriso que ele me deu da última vez que nos vimos. Diante da minha impotência eu chorei em seus braços.

- Que foi, seu Guilherme? Eu te apertei demais?

- Deixa de ser bobo, Noel! – respondi dando um tapinha nele. – Me machuca tanto te ver assim, Noel.

Ele sorriu pesaroso.

Ele se sentou entrelaçando os dedos entre as pernas eu me sentei ao seu lado. Passei a mão pelo seu antebraço separando as suas mãos e acariciando sua palma.

- A minha mãe fazia isso – Ele disse – Ela dizia que era pra eu saber que ela sempre havia de tá do meu lado.

Eu sorri. – Você fazia isso comigo, lembra? – perguntei – Tinha o mesmo significado pra você?

Ele olhou nos meus olhos e pensei que ele me beijaria, mas ele levantou e foi até a janela. Respirei fundo.

- Por que você não falava com seu pai, Noel? Por que foi trabalhar tão longe? Por que não me ligou quando ele morreu? E por que você tá me tratando assim?... O que mudou? – Disparei todas as perguntas de uma vez como uma metralhadora. – Desculpa... mas eu preciso saber.

- Eu fiz uma coisa errada, seu Guilherme. Meu pai ficou muito bravo comigo e me mandou pra fora de casa. Ele disse que não queria falar mais comigo e... e ele era muito cabeça dura. Aquele velho cabeça dura – Noel socou a parede – Disculpa isso num tem nada a vê com você, seu Guilherme. Ocê nem devia de tá aqui.

Eu não podia inventar mais nenhuma desculpa. – Eu queria te ver. – levantei – Desculpa, eu não deveria ter vindo, eu só achei que... achei que você quisesse me ver. Desculpa, você tá certo. Eu vou embora.

- Olha, seu Guilherme. – Ele veio até mim, olhou pro trinco da porta e trancou. – Escuta. Eu gosto de você por demais. E as vez que a gente ficou junto foi tão pouca, mas tá gravado aqui na minha cabeça e é a coisa que eu vejo todo dia quando fecho o olho na hora de dormir.

- Então por que você tá me mandando embora? – perguntei sem esconder minha tristeza.

- Eu tô enrolado numa confusão aqui, seu Guilherme. Agora que meu pai se foi dessa pra uma melhor eu que vou ter que segurar o rojão. Então eu vô precisa de tá aqui pra ajeitar todas as coisa. Vai ter a leitura do testamento e depois vai ter muito trabalho pra ser feito. Eu não sei quanto tempo isso vai demorar, então... eu voltei pro mesmo ponto. Não posso voltar pra junto docê, nem posso te trazer pra cá mode seu avô num ia deixá.

- Mas eu acho que eu te amo de verdade, Noel. E eu não tenho muito tempo. Eu sei que meu pai vai me levar embora.

Ele sorriu e passou a mão na minha bochecha. Eu o abracei.

- Eu não queria que a gente terminasse assim. – falei.

- Mas isso não é o final, seu Guilherme. A vida não é que nem que filme.

Ele se afastou olhando nos meus olhos. Depois me deu um beijo tão leve que todos as minhas lágrimas foram embora por um segundo. Eu o abracei de novo porque queria levar o cheiro dele comigo e sabia o que ele ia dizer.

- Quando tudo se acertar, eu vou te procurar – ele me disse olhando nos meus olhos e eu acreditei porque ele dizia com muita intensidade. – Em qualquer lugar. Você acredita no que eu to falando.

Assenti balançando a cabeça.

Uma batida à porta nos assustou. Eu tentei limpar os olhos e o nariz.

- Hora de ir... – falou uma vez conhecida. Tiff. Quando Noel abriu a porta. – Que houve aqui? – Tiff olhou minha cara inchada de vermelho e entrou. – Toma! Coloca os meus óculos. Eu sabia que isso ia ser necessário! – Ela olhou repreensiva pra Noel me esticando a mão com os óculos.

- Obrigado. - Peguei.

- Papai! Papai! – uma voz de menino vinha correndo pelo corredor e meu coração se espatifou quando a criança entrou pelo quarto pulando em cima de Noel.

Ele abaixou e pegou o garoto no colo. Devia ter uns três anos. Era uma cópia do Noel, não tinha como negar. A perplexidade pairou na minha cara, mas Tiff olhou pra mim engolindo em seco. – Vamos Guilherme. No caminho eu te explico.

Noel olhou pra mim. Eu ia saindo do quarto com Tiff quando uma moça passou por nós no corredor. Era realmente o que poderia se chamar de uma mulher gostosa. Devia ter uns dezoito anos. Tinha um cabelo longo e preto, parecia meio índia e olhos amendoados. – Samuel! Volta aqui garoto!

Ela entrou no quarto e eu não queria mais ouvir nem ver nada. Desci as escadas colocando os óculos e puxando Tiff pela mão. Atravessamos a sala e saímos da casa ouvindo a senhora que estava com Tiff gritando se a senhorita Barkley não gostaria de levar uns biscoitos pra viagem.

Por sorte um taxi passava na hora, entramos e eu vi Noel parado na porta olhando pra mim com a criança no colo.

Minha respiração estava ofegante e mandei o motorista partir.

********************

- Como assim um filho? – perguntei ainda indignado. Já tinha parado de chorar mas minha cara ainda queimava. – Como alguém esconde um filho?

- Eu descobri conversando com aquela velha... – Disse Tiff sentada a minha frente com a boca meio cheia de sanduiche que compramos na rodoviária. – Eu fingi que já sabia de tudo e ela foi me revelando. Parece que a família cresceu junta na mesma casa e os primos foram todos criados como irmãos. Certo dia o papai Noel desceu no meio da noite pra pegar água na cozinha e pegou o pequeno Noel com a prima pocahontas na cozinha assando salsicha... se é que vc me entende...

- Claro que eu te entendo, Tiff... – falei puto - eu asso salsicha!

Tiff riu. – hahaha claro... aposto que bem melhor que ela com certeza! Aquela sonsa não me engana... Mas Bem... de qualquer forma isso corrobora a minha primeira impressão. O Noel não é gay.

- Eu não entendo, Tiff. – joguei a cabeça sobre os braços na mesa da lanchonete. – Ahh eu tô tão cansado, eu não entendo como funciona essa coisa de caras que não são gays ficarem com gays.

- Você não recebeu? – ela me perguntou.

- O que? – eu levantei a cabeça.

- A cartilha que vem junto com a carteirinha de viado. Explica tudinho! Isso é vida real Guilherme – ela deu um tapinha na minha cabeça – Acorda! Ninguém faz sentido e tá todo mundo querendo foder a gente na primeira oportunidade, desde que ninguém saiba. Uns querem te foder num bom sentido, e outros no mal sentido.

- Pode ser...

- Escuta o final! Eu não tomei quatro litros daquele café horrível pra nada!... Daí o pai jogou ele pra fora de casa e disse que não tinha mais filho e blá blá blá. A velha deu a entender que a essa prima não era a única que ele pegava, mas enfim... Ela foi a única que nove meses depois teve uma criança.

- Por que ele me enganou esse tempo todo, Tiff?

- Simples... Ele não sabia de nada. Ele não vinha aqui. Ele veio ver o pai moribundo, perdeu o pai e descobriu o filho. Isso explica por quê ele te ligou e te chutou... digo... pediu um tempo.

A máquina anunciou nosso ônibus, eu e Tiff subimos. Eu esperava que Noel aparecesse ali. Que me pedisse pra descer do ônibus e ficar com ele. Ou me ligasse no celular pra dizer que ele viria assim que conseguisse. Que aquela garota não significava nada pra ele. Mas ele não fez nada disso.

- Você vai ficar legal? – Perguntou Tiff.

- Você é uma boa amiga Tiff. Nunca pensei que diria isso pra uma garota, mas eu te amo mesmo. Não sei o que seria de mim sem você.

- Ah Guilherme! Eu gosto de ficar com vc. A sua vida catastrófica me distrai do meu tédio eterno.

- Que fofa você! – Tiff era uma verdadeira amiga, ela me fazia rir quando nada mais poderia. Olhei pra ela – Ele disse que depois que arrumasse tudo lá ele me encontraria. Você acha que é verdade?

- Olha, meu querido... você pegou Noel e Ben, os caras mais machões que eu conhecia nessa região. Eu não duvido de mais nada. Mas sem brincadeira... quando eu entrei no quarto e vi a cara do Noel, e depois o menino chegou... eu soube na hora que ele se importava muito com você. Às vezes eu acho que a gente conhece pessoas erradas na hora certa e às vezes a gente encontra a pessoa certa quando as coisas não estão favoráveis. Se eu tivesse que apostar eu apostaria que ele volta sim.

Eu assenti.

Voltamos pra cidade deixando meus amores Noel e Dorothy Barkley pra trás.

***********************

A semana inteira foi muito pesada na escola. E a minha tristeza pela falta de Noel não ajudava. Era a última semana de aulas antes das férias de verão e, mesmo que nós estivéssemos com altas notas por conta de termos vencido o campeonato do acampamento, não podíamos nos distrair.

Johny enfim apareceu me dando algo mais a pensar. Ele tinha um exame de Todd nas mãos, o ruivo brutamontes do time.

- O que exatamente isso significa? – perguntei.

- Larry Barns.

- O que é isso? Alguma doença que eu não conheço?

John riu. – Não. Cara, olha esse exame... é o que usam pra dizer que estão limpos. Todd tem uma bolsa de estudos garantida por atletismo. Mas ele não mija nos potinhos pra fazer esses exames. Sabe quem mija?

- Larry Barns? – perguntei abrindo um grande sorriso quando ele assentiu. – Como você descobriu isso?

- Bem... não posso revelar minhas fontes, mas o negócio é que se ele paga o Larry por mijo é pq ele não está limpo. Isso poderia ferrar a bolsa dele e causar até uma expulsão do time.

- Você é demais, John! – exclamei exaltado na sala de teatro.

- É o que todos me dizem na cama. – John tinha um ar tarado 24 horas. Ele cantava todo mundo, homens e mulheres. E eu já tinha me acostumado com isso.

- Quem sabe qualquer dia desses eu descubra se é verdade ou propaganda enganosa. – pisquei pra ele levando o exame comigo.

Ajudei Tiff nos exercícios e marcamos de seguir a Regina depois da primeira aula. Tiff descobriu que Regina sempre desaparecia misteriosamente do recreio nas terças e quintas. Nesses dias Ben costumava treinar no campo então pensamos que ela iria pra lá, mas descobrimos que não. Então teríamos que segui-la pra descobrir o seu paradeiro.

Na quinta esperamos de longe até que ela terminasse de cacarejar com as amigas e a seguimos. Ela constantemente olhava pra trás se certificando de que ninguém estava olhando. Então ela travessou o pátio como quem ia na direção do campo onde o time jogava, mas virou à esquerda e passou por trás das arquibancadas.

- Onde essa vaca está indo? – Perguntou Tiff.

- Coisa boa não pode ser. – respondi e seguimos ela de longe. Ao fim do corredor que descia para trás do vestiário a perdemos de vista.

- não pode ser! Estávamos tão perto.

Peguei Tiff pela mão. – Vem comigo! – ela me seguiu quieta para dentro do vestiário dos meninos do time. Era um grande vestiário. Eu sabia que ali tinha a sala com os chuveiros, a sala de trocar de roupas, um depósito de equipamentos e a sala do treinador.

- E se a Regina estiver tendo um caso com o treinador? – perguntei.

- Ben, nem ela seria tão nojenta! O treinador Sullivan cospe quando fala... e fede.

- Por quê mais ela viria pra cá? – falávamos sussurrando.

- Olha... a gente nem sabe... – Tiff ia dizendo mas parou. Ouvimos uns sons suspeitos. Seguimos pé ante pé. – Guilherme, pega a câmera!

- Como a gente vai entrar? A porta tá fechada. – falei.

- Vamos dar a volta e olhar pela janela do lado de fora! – Tiff me pegou pela mão e corremos pra fora, quando saíamos do vestiário esbarrei de frente com Ben que vinha sozinho, por sorte.

- Guilherme! O que você tá fazendo aqui? – Ele me olhou muito desconfiado.

- Eu... é... Tava procurandome perdi no que falava sem saber o que inventar.

- Guilherme, nós temos que ir... - Tiff se intrometeu - você nem conhece esse cara... não precisa dar explicações!

- Mas e você, Wilson? O que tá fazendo aqui no vestiário masculino? Perdeu alguma coisa também ou tá roubando a cueca de alguém pra fazer vudú. Haha só assim pra te pegarem hein.

Tiff mostrou o dedo do meio pra ele e saiu dizendo – Eu vou na frente.

- Por quê você tem que ser assim? – perguntei.

- Escuta... Eu... – ele coçou a nuca, olhou pra mim – Eu preciso de uma ajuda com matemárica e você me pareceu ser muito bom nisso.

- Sei...

- Sabe... no acampamento. No torneio... você foi bem. Então que queria saber se você não quer dar uma passada mais tarde lá em casa... tipo, eu te busco. Pra mi ajudar a estudar. Minha prova é amanhã.

Eu ri incrédulo. – Se você pudesse se escutar... as coisas que você inventa... Ben... eu tô no primeiro ano. Você no terceiro. Em quê eu te ajudaria? Eu sei bem a matéria que você quer que eu te ajude.

Comecei a me afastar. Ele pegou no meu braço. Por mais que seu toque ainda me desse arrepios eu não ia me entregar tão fácil dessa vez. Ele estava acostumado a usar as pessoas e eu não podia ser um boneco em sua mão.

- Peraí, você tá se achando demais, né Guilherme. Olha o que você conta praquela garota Wilson! Eu confiei em você.

Tiff voltou pelo caminho e me fez sinal eufórica de longe.

- Tem certeza que vai me deixar na mão? – perguntou ele olhando pra mim intensamente,

- Na última vez que a gente ficou você foi muito claro, Ben. Você queria que eu saísse correndo pra ninguém me ver e mandou eu me afastar dos garotos do time. Esse foi o melhor conselho que você poderia ter me dado. – olhei pro seu uniforme, puxei meu braço – você é um garoto do time. Na verdade, você é o líder deles.

Caminhei me afastando deixando Ben pra trás com cara de raiva. Ele não estava acostumado a ser contrariado ou desafiado. Isso teria retorno, eu sabia. Mas que fosse!

- O que você descobriu? – perguntei correndo pra Tiff que abraçava a mochila com a câmera dentro.

- hahahaha Isso é tão perfeito... você tem que ver com seus próprios olhos, Gui.

.

Continua...

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Micheel a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Ben é um enrustido que não sabe o que quer da vida.

0 0
Foto de perfil genérica

Mas que surpresa. Team Noel ainda nao morreu nao hahahahah

0 0
Foto de perfil genérica

Não prefiro mais ninguém, finalmente o Guilherme deu um fora no Ben mas isso não dura muito.

0 0
Foto de perfil genérica

Gente podi acontece de tudo mais contínuo preferindo o Noel kk perfeito bjs♥

0 0
Foto de perfil genérica

Boa noite!! Ótimo esse conto, sou novo aqui na cdc e gostaria que vocês lessem meu conto e dessem a opinião de vocês!! Obrigado Diario de um garoto de programa – Piloto-

0 0