Solar - 5

Um conto erótico de Thonny
Categoria: Homossexual
Contém 857 palavras
Data: 14/02/2016 02:07:34
Última revisão: 28/08/2016 19:42:35

- Surpreso, amor?

A vida é cheia de surpresas. Algumas são tão desagradáveis que mais parecem um soco no estômago. Ser feliz requer mesmo muito esforço. Nem sempre ser otimista é suficiente.

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- Álvaro? Que diabos veio fazer aqui? - Falei indo até a janela do carro.

- Entra aí... Precisamos conversar.

- Prefiro ir andando mesmo. Não temos nada para conversar. - Dei as costas para o carro.

- Por favor, Lucas, entra!

- Que inferno! - Falei abrindo a porta e entrando.

- Sempre resmungão e estressado! - Falou passando a mão em meus cabelos.

- Me solta e fala logo!

- Vamos até o píer.

- Tudo bem... Espero que seja rápido...

- Com pressa? - Estava manobrando o carro.

- Só desconfortável com sua presença.

Ele me olhou e fomos para o píer. Nós costumávamos vir aqui no tempo do nosso namoro. O Álvaro era filho de um barqueiro que foi embora de Solar. A vergonha de ter um filho garoto de programa foi demais para ele. Eu carreguei o peso de ser trocado pelo dinheiro por muito tempo. Quando eu assumi minha sexualidade para o meu pai, foi um choque para ele - acho que nenhum pai espera por isso -, mas ele me respeitou e aceitou. Nós lutamos muito contra o preconceito dessa cidade, afinal, Solar é uma cidade pequena.

Num belo dia, o Álvaro que sempre foi musculoso, bonito, me revelou o desejo dele de se prostituir. Eu fiquei chocado com essa revelação. Acho que é muito difícil alguém que você ama chegar e dizer: "Amor, vou ser garoto de programa". Isso foi um baque. Eu tinha tantos planos para nós dois. Ele preferiu escolher outro caminho. Eu respeitei a decisão dele, mas nunca poderia aceitar. E ele foi embora. Fazia um ano que não o via.

Saímos do carro e eu me sentei no capô. O céu estava lindo, cheio de estrelas.

- Por que você voltou? - Falei olhando para o céu.

Ele sentou no capô.

- Vim para te buscar. Quero que você venha morar comigo em São Paulo.

- O quê? Que maluquice é essa? - Olhava nos olhos dele agora.

- É amor. Eu te amo, Lucas! Eu estou rico. Quer dizer, estou ficando com um coroa muito rico. Ele me deu muito dinheiro.

- Você está explorando um senhor, Álvaro? Não tem vergonha? E ainda por cima quer me levar como amante? Era melhor que nem tivesse vindo...

- Tenta me entender, caramba! Eu passei minha vida inteira nessa cidade, passando necessidade, dependendo das viagens do meu pai - viagens que nem sempre aconteciam. Tenta me entender! Eu sou jovem, bonito, se estou fazendo tudo isso é por você, por nós dois. - Ele pegou no meu rosto com as duas mãos.

- Você está fazendo isso por você! Só por você! - Falei me soltando. - Você deveria trabalhar honestamente, ser um homem de verdade.

- E passar o resto do meus dias como meu pai? Poupe-me. Eu tenho beleza, o que mais posso querer?

- Beleza que um dia vai acabar. Álvaro, me responde uma coisa: você é feliz? É realmente feliz?

- Só fui feliz com você... Mas quem liga pra felicidadr quando se tem dinheiro?

- Eu ligo. Eu não concordo com essa vida que você leva. Você vive exposto a tantos perigos, doenças sexualmente transmissíveis... Você ainda pode se dar mal, Álvaro.

- Eu me previno, amor. A única pessoa com quem transei sem proteção foi você. Lembra dos nossos momentos?

- É só o que me resta de você. São lembranças de um alguém que não existe mais. E quem te garante que um acidente não pode acontecer?

- Dane-se. Eu quero ter dinheiro para viajar, fazer compras. O tempo das vacas magras acabou.

- Vou embora. Você pega seu rumo e desaparece da minha vida de uma vez por todas.

- Você tem outro?

- Não. E mesmo se tivesse isso é assunto meu. Você fez sua escolha, procurou seu próprio caminho. Estamos em caminhos diferentes, em outros caminhos.

- Não é possível que tenha me esquecido!

- Não é possível que você tenha se transformado nessa pessoa!

- Me dá uma chance?

- Vai abandonar tudo por mim?

- Eu não posso!

- Então, vai viver a sua vida longe de mim.

Eu saí correndo. As lágrimas escorriam do meu rosto. Eu odiava essa escolha do Álvaro.

O Álvaro estava mais bonito, mais forte. No seu braço direito tinha uma tatuagem tribal que ficou um charme em sua pele branca. Ele estava em uma BMW. Devia estar depenando o senhor que estava o bancando. Eu nem sei definir o sentimento daquele momento.

Estava muito atordoado. Saí correndo e parecia em vão. O Álvaro estava me seguindo em seu carro. Quando fui atravessar a rua vejo um clarão. Não consegui sair do caminho, mas algo me jogou no chão. Quase fui atropelado. Um anjo apareceu e me salvou.

O destino pode ser cruel quando quer. Se antes eu duvidava, agora eu tenho certeza: ser feliz custa caro. Nem sei se vale a pena pagar um preço tão alto. Desistir de ser feliz, nesse momento, parece ser a decisão mais sensata a se tomar.

Continua...

Mais um capítulo pra vocês, amores. Desculpem ter demorado a postar. Me desculpo pelos erros. Estou sem tempo pra revisar. Obrigado por tudo!

Meu email: thonny_noroes@hotmail.com

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Comentários

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Esse Álvaro não tem sentimentos, tomara que pegue uma doença.

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