A semana havia passado e com ela a certeza de que os acusados dos crimes pela PF não seriam soltos em hipótese nenhuma. Nenhum dos Habeas Corpus perpetrados pelo batalhão de Advogados que os representavam conseguiu junto a nenhum Juiz Federal ou de qualquer Esfera ou Instância a liberação dos três acusados.
Havia um verdadeiro clamor social em torno do caso. O Grupo Cipriani, maior vítima da quadrilha era citado meramente como uma empresa que havia sido prejudicada e a pessoa do seu jovem Presidente, bem como dos que lhe eram mais próximos, foram totalmente esquecidos pela grande Imprensa do País.
Quando o Conselho de Ética do Senado aceitou o pedido da cassação do mandato de um de seus pares, Senador Gilberto da Fonseca Prado, ele imediatamente compreendeu que o tempo das impunidades haviam acabado... Pelo menos para ele.
SS mais uma vez tomou conta do seu menino e jamais admitiria que outra pessoa o fizesse em seu lugar. Guilermo Junior era muito mais que aquela criança que um dia a abraçou numa noite de chuva após ouvir o estrondo de um trovão. Ele era filho do seu coração, do seu amor e pra toda a sua vida...
_ Como você esta hoje, meu querido?
_ Vou bem, minha mama... Ele passara a lhe chamar assim.
_ Você vai querer algo de especial no seu café? Peça e será atendido. Ela foi até ele e bagunçou seu lindo cabelo.
_ Na verdade minha querida SS, ele já... Nós já tomamos café lá em cima mesmo.
E Sandra Silva virou em direção a voz e sorriu ao ver o belo João Marco equilibrando nas mãos uma bandeja cheia de pratos e talheres sujos.
_ Você ousou mexer na minha cozinha, rapazinho? E foi até o seu outro querido e lhe tomou das mãos a bandeja.
João foi até onde seu Nego estava sentado e passou os braços pelos seus ombros e lhe beijou a cabeça antes de falar...
_ Ele que me pediu pra fazer alguma coisa pois estava morrendo de fome.
Nesse momento Gui a olhou coma cara mais ingênua que pôde fazer e abriu seu lindo sorriso...
_ Desculpa, mama. Confesso que tava mesmo morrendo lá em cima. A culpa é dele, que tá me deixando bem fraquinho... E piscou o olhou pra sua querida SS.
Rapidamente João Marco o soltou e gritou...
_ Negooooooo...
João Marco havia ficado bem envergonhado com as insinuações do seu nego e antes dele sair porta afora foi segurado por Guilermo Junior que conseguiu lhe roubar um longo selinho.
_ Não fica assim, amor. Amo você...
_ Eu quase morro de vergonha, nego...
_ Não digo mais nada. Juro.
SS não deu importância ao comentário de Guilermo e praticamente os expulsou da cozinha...
_ Vão procurar o que fazer. O almoço só sairá por volta das 13:00 h.
_ Mama... A gente vai passar o dia fora. O João ta de folga hoje. A Patricia resolveu pegar leve com seu Gerente que só volta a trabalhar na segunda. Resolvemos fazer compras e bater pernas por aí e com certeza almoçaremos fora. Não precisa esperar por nós e se você quiser poderá ir mais cedo para o orfanato.
_ Tudo bem então. Você quer que chame o chefe da sua segurança pessoal?
_ Não vou precisar deles hoje não, mama. Fica despreocupada que esse rapagão que você esta vendo aqui é um ótimo motivo para manter as pessoas afastadas... E Guilermo voltou a beijar o rosto do amado sendo correspondido dessa vez por ele...
_ A gente vai saber se proteger, SS. Guilermo e João haviam iniciado um treino mais específico de força e ganho muscular na Academia e que englobava também lutas marciais no programa semanal.
_ Se vocês acham que não haverá problemas...
Os dois voltaram a subir as escadas da Cobertura e SS correu para o telefone.
_ Freitas? Sandra... Os dois estão já de saída. Nada específico. Quero a equipe praticamente colada neles e que nada atrapalhe o passeio dos meninos. Acho que vão começar pelo shopping. Que os dois sejam monitorados até que estejam de volta, entendido?
_ Pode deixar D. Sandra. A ligação foi encerrada e a querida SS foi cuidar da vida.
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Cid Neto saiu da carceragem da PF no seu carro popular ponto zero com o mesmo desânimo com que havia entrado. Sua vida mudará do Champanhe francês para a pior cachaça produzida no cu do mundo como ele mesmo falara para a mãe antes de sair de casa.
Seus amigos haviam sumido, a casa onde moravam na periferia de Fortaleza era uma herança de sua mãe que a recebera depois da morte de sua madrinha.
A Faculdade teve que ser trancada porque não havia mais como pagar os dois semestres que ainda faltavam para sua formatura e todo o dinheiro da família e o seu pessoal haviam sido devolvidos por conta do que seu pai fizera.
Cid Neto ia pensando em tudo o que estava passando até que chegou no seu local de trabalho. O shopping estava simplesmente lotado naquele sábado e ele pelo menos pensou que sua comissão por vendar seria muito boa.
Munido dessa esperança de ótimas vendas se postou na porta da loja de roupas masculinas em que trabalhava a quase um mês e travou o sorriso que tinha nos lábios quando João Marco e Guilermo Junior entraram no recinto.
O choque entre os dois amigos foi inevitável. O gerente da loja olhou para Cid que o olhara também e o outro fez um aceno quase imperceptível para que atendesse os clientes que haviam entrado na loja...
Cid Neto respirou fundo e disse quase num sussurro...
_ Bom dia. Em que posso ajudá-los? E lhes deu passagem.
_ Boa dia, Apareci... Cid. O que você tá fazendo aqui, cara?
_ Seguindo com a minha vida, Gu... Senhor.
_ Você lembra do João Marco? Perguntou Gui.
_ Bom dia, senhor.
O Gerente então saiu para verificar os outros funcionários que estavam também atarefados e os deixou lá sozinhos. Os três ficaram um momento sem nada dizer e os dois sem nada pedir...
_ Será que você pode me mostrar em quais cores o seu estoque tem das camisetas que estão na vitrine, Cid?
_ No dia que vi uma amiga do trabalho decorando a vitrine, Gui, achei essas camisetas a tua cara, rapaz...
Só depois que Cid Neto se tocou do que havia dito e...
_ Desculpa, senhor... Eu não devia ter dito isso... Eu sinto muito...
_ Cid, sou eu cara. Esqueceu que crescemos juntos? Qual o problema de me chamar pelo nome ou mesmo de, cara?
_ As coisas mudaram muito... Sinto muito por tudo o que houve com você e o seu companheiro. Não nego que ficar longe ou mesmo não mais fazer parte da sua vida foi algo muito difícil... Hoje eu quero apenas seguir com a minha vida e depois que isso tudo passar, tentar seguir em frente de cabeça erguida e paz.
E como Cid Neto previu, sua comissão foi a maior possível naquele dia.
A amizade nunca mais foi a mesma entre os dois e como Cid Neto mesmo disse ele foi atrás de suas chances esquecendo de todo o ódio e mágoa que acumulou em seu coração por um longo tempo.
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Finalmente o julgamento de Maria Alice Santos, Ex-Torres foi marcado no mesmo dia que completou quatro meses de sua morte. Francisco Porto, noivo e Defensor foi buscá-la em casa por volta do meio-dia e pontualmente às 15:30 h daquela tarde quente de quarta-feira o Excelentíssimo Juiz Alfredo Nobre de Castro Pires deu início ao julgamento.
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Meu querido Povo do Lado Esquerdo devo lhes dizer que a próxima postagem trará o final desta trama que tanto deu o que falar... Não tenho como fazer o agradecimento pessoal por conta do que ainda sinto, mas quero que saibam que já estou muito melhor do que jamais estive. Um beijo em cada coração. Nando Mota.