Estava muito atordoado. Saí correndo e parecia em vão. O Álvaro estava me seguindo em seu carro. Quando fui atravessar a rua vejo um clarão. Não consegui sair do caminho, mas algo me jogou no chão. Quase fui atropelado. Um anjo apareceu e me salvou.
O destino pode ser cruel quando quer. Se antes eu duvidava, agora eu tenho certeza: ser feliz custa caro. Nem sei se vale a pena pagar um preço tão alto. Desistir de ser feliz, nesse momento, parece ser a decisão mais sensata a se tomar.
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O Bruno me levantou do chão. Eu percebi sangue em minha testa e pequenos arranhões no braço e cotovelo esquerdo.
O motorista do carro disparou em alta velocidade. O imbecil não quis nos prestar socorro. Se não fosse o Bruno, nem sei o que me aconteceria.
- Você está bem? Está doendo muito?
- Estou doído. Sangue em minha testa! - Falei passando a mão. - O corte é muito feio?
- Não deve ser grave. Preciso te levar ao hospital.
- Não precisa, Brunão. Eu levo ele! - Falou o Álvaro após ter descido do carro.
- Não mesmo. Eu quero ir pra casa, Bruno.
- Não lembra mais de mim?
- Como posso esquecer, amigão. - O Bruno abraçou o Álvaro.
O Bruno e o Álvaro eram muito amigos. Ele estava no mesmo barco que eu: não via o Álvaro desde que ele foi embora.
- Então eram vocês que estavam discutindo?
- Sim, Bruno. Eu voltei pra levar o Lucas comigo, mas ele não quer ir comigo.
- O que você estava fazendo por aqui? - Falei.
- Eu vim pegar a bolsa de uma hóspede que ficou no barco do seu João. Quando estava caminhando, escutei as vozes de vocês. Vi quando você atravessou sem olhar e pulei para te ajudar.
- Você foi o meu herói, Bruno. Me leva pra casa?
- Claro. Tem certeza que não quer ser examinado?
- Não... Quero descansar.
- Eu levo você, Lucas. Entra no carro.
- Vai embora, Álvaro. Eu quero distância de você.
Eu dei as costas e comecei a andar com um pouco de dificuldade.
- Espera! Eu te levo!
O Bruno conversou um pouco com o Álvaro, trocaram contato e se abraçaram.
- Coloca o capacete. - O Bruno me estendeu o capacete.
- Vai sujar de sangue. Melhor não.
- Se eu levar um multa, já sabe quem vai pagar: você. Segura firme.
- Certo.
Em cinco minutos chegamos na pousada.
- Não vai perdoar o Álvaro nunca?
- Eu já o perdoei, só não aceito o que ele faz.
- Eu entendo... Se a Clara fosse garota de programa, eu também não aceitaria.
- O que ele te falou?
- Disse que está hospedado no Solar Resort e pediu meu telefone.
- Ah... - Fiz uma pausa. - Olha, eu serei eternamente grato. Muito obrigado, Bruno! Eu quero retribuir sua generosidade.
- Não precisa. Toma mais cuidado. Isso já paga o favor. Você é muito especial, Luquinhas. Eu e a Clara te amamos. - Falou me abraçando.
- O que foi isso? - Disse o Ítalo descendo o último degrau da escada.
- Eu quase fui atropelado e o Bruno me salvou. Meu herói!
- Precisamos cuidar desses machucados.
- Que fuzuê é esse aqui? - Clarinha fez cara de espanto ao ver meu machucado. - Meu Deus! Fazendo arte, Lucas?
- Eu quase fui atropelado, Clarinha. O Bruno foi meu anjo protetor.
A Clarinha me abraçou. Ela me dava abraços tão ternos, cheios de amor. Somos irmãos.
- Ainda bem que o seu Alexandre viajou. Ele iria te submeter a uma bateria de exames. É louco por você. Toma mais cuidado.
- Eu fico desnorteado com o Álvaro por perto.
- Ele estava com você? - Clarinha arregalou os olhos.
- Estava. Depois eu te conto tudo.
- Posso cuidar de você? Sou técnico em enfermagem. Posso cuidar desses ferimentos.
- Nossa, amigo! Com um homem desses, eu aceitaria até ser cirurgiada.
- Bom saber, dona Clara...
- Mas eu tenho um homem maravilhoso ao meu lado. Ainda por cima, ele é um herói da vida real. - Ela beijou o Bruno. - Nada de ciúmes, amor. Vai com ele, Lucas. A gente fecha tudo.
- Tá bom. Não sei se o fotógrafo vai ser de grande serventia. - Apontei paro o Ítalo.
- Só digo uma coisa: não façam muito barulho.
- Vaca!
A Clara e o Bruno ficaram arrumando algumas coisas. O Ítalo me levou pra casa que fica atrás da pensão.
Tomei um banho, lavei os machucados. Foram superficiais, com exceção do da testa que foi mais profundo.
- Senta aqui que vou fazer um curativo. Onde fica o kit de primeiro socorros?
- Fica na segunda porta do armário no banheiro.
- Encontrei. - Disse ele voltando com a maletinha.
O Ítalo começou a limpar o corte da minha testa.
- Ai!
- Quer que eu limpe mais devagar?
- Você tem uma mão maravilhosa. Não precisa se preocupar.
- Pronto... Já tá limpo. Ainda bem que não precisou de pontos. Vou colocar um curativo e logo, logo você estará bom.
- Obrigado por cuidar de mim.
- Não foi nada. Eu gosto de você. Fiquei muito preocupado. Vou embora. Descansa.
- Não vai embora. Fica comigo.
- O quê?
- Eu quero me entregar a você.
- Eu não quero te machu...
Coloquei meu medo na boca do Ítalo pedindo silêncio.
- Me beija!
Que boca maravilhosa. Eu precisava do Ítalo em minha vida, ao meu lado.
O destino é mesmo muito engraçado. Uma coisa ruim teve que acontecer, para que uma boa viesse logo em seguida. Ele tinha a segurança que eu precisava. Eu resolvi me entregar.
Continua...
Gente, eu demorei o postar por falta de tempo. Minhas aulas na faculdade começaram. Eu iria postar ontem, mas apaguei o capítulo sem querer. Peço desculpa pelos erros e pela demora. Espero que estejam gostando. Obrigado por tudo. Amo vocês!
No próximo capítulo teremos a primeira vez do Lucas e do Ítalo. Teremos novos narradores. Quero dar mais dinamismo ao conto. Fortes emoções estarão presentes nos próximos capítulos.
Meu email: thonny_noroes@hotmail.com