Quando abri a gaveta da pia, vi a faca que era usada pra cortar carne. Uma ideia terrível passou por minha cabeça...
Eu peguei a faca, abri o armário onde minha mãe guardava os remédios em uma pequena caixinha, tirei dois envelopes de analgésicos e tomei todos. Logo depois eu peguei a faca, testei em um pedaço de carne que havia na geladeira e fui pro meu quarto, me sentei no chão e esperei alguns minutos, que pra mim pareceram uma eternidade até os analgésicos fazerem efeito e eu começar a ficar sonolenta, então peguei a faca e... Júlia me ligou.
-Alô? -Disse, eu estava grogue, minha voz quase não saía.
-Helena? -Chamou preocupada.
-Que foi? Haha... -Falei rindo, meio zonza pelo efeito dos analgésicos.
-Vc bebeu Helena? Se drogou? -Por que tá grogue? -Perguntou quase gritando.
-Aii... Não grita! Eu só tomei uns remédios... -Disse quase pegando no sono.
-Que remédios Helena? Quantos vc tomou?
-Ah... Uns trinta... Haha -Ri de novo. Eu estava visivelmente mal, chapada.
-Trinta Helena? -Agora ela realmente gritou -Onde vc tá, criatura?
-Ah não... Eu não vou falar não...
-Vc tá em casa, Helena? -Ela não desistiu. -Eu vou atrás de vc, esteja onde estiver...
-Não, Júlia... -Falei meio alto, mas já era tarde. Ela havia desligado.
"De qualquer jeito, Júlia não pode entrar em meu quarto, a porta está trancada", pensei, rindo sem graça.
Peguei a faca novamente e fui fazer o que Júlia tinha interrompido com a sua ligação.
Segurei firme o punhal da faca com a mão esquerda e sem pensar muito cortei meu pulso direito. A dor foi pouca, os analgésicos agiam fervorosamente em meu corpo. Em seguida fiz a mesma coisa, agora segurando a faca com o punho direito e cortando o esquerdo.
Eu sabia que o que estava fazendo era errado, mas não suportava mais tudo o que estava acontecendo comigo e muito menos a rejeição do convento.
Pobre da minha mãe... Ela voltaria pra casa e encontraria a filha... Morta... Mas eu não podia mais viver...
Eu estava chorando, as lágrimas caíam serenas rosto abaixo e entre lágrimas, eu segurei meu colar com pingente de crussifixo e consegui sussurrar a Deus:
-Me pedoe... -Falei baixinho, antes de fechar os olhos e perder os sentidos. Tudo estava acabado pra mim...
continua...
Caras leitoras:
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