Pai - quem ta ae com voce? Quem ta falando?
Pedro - Não é nada pai, eu vou ter que desligar. Te amo pai, te amo muito.
Pai - Não desliga Pedrinho, não desl...
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O chefe tomou o celular de mim, e acertou meus peitos com o mesmo.
- Tu é um otario cara, seu mané. (ele falava aos gritos).
Ele destravou a arma, e mirou na minha direção.
Eu apenas fechei meus olhos, e rezei bastante. Até que ele disparou aquela arma.
Não pude esconder meu medo, meu coração acelerou, a adrenalina percorreu por todo meu corpo, um gelo invadiu minha alma. Meus olhos abriram lentamente. Na minha frente estava um chefe irado, sua jugular estava a ponto de saltar. Lembrava-me um cachorro pit bull atacando a presa.
Olhei para o teto, e pude perceber a marca da bala.
Chefe - olha aqui pra mim. (sua mão saltou em meu pescoço, e fui sufocado contra a parede. Devido eu estar amarrado, não tinha como me defender daqueles ataques). - Você quer me fazer de palhaço? Você não sabe do que eu sou capaz seu otário. Não brinca comigo!
Eu não conseguia falar nada. Minha garganta estava travada ainda.
Chefe - eu vou te dar um tempo pra pensar, ate a noite, e nada mais que isso. Não quero descontar minha fúria em voce, mas se não tiver outra escolha, não irei hesitar em acabar com sua vida...
O cara chutou a banqueta longe, e saiu cuspindo fogo.
- Já acabou! (enfim alguma coisa saiu de minha boca).
Chefe - o que voce disse? (ele ainda não havia ultrapassado a porta).
Pedro - você ja acabou com a minha vida. Por causa de pessoas iguais a voce, eu fui criado preso dentro da minha própria casa.
Ele retornou em minha direção, mas dessa vez com um sorriso no rosto.
Chefe - Quem deve, teme... Assim é a vida!
Falando isso se retirou.
Fiquei pensando no meu pai. Tinha certeza que ele deveria estar muito angustiado com meu sumiço, mas eu tinha esperança de que ele iria usar todos os recursos possíveis para encontrar meu esconderijo.
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Mais uma noite chegou. Eu estava tão cansado física e mentalmente... mas não conseguia dormir. Tentei levantar-me varias vezes, mas meus pés, e mãos estavam muito bem amarrados.
- Sentiu minha falta? (falou o Chefe entrando na sala).
Pedro - Muita! (respondi ironicamente).
Chefe - Imaginei. (ele recolheu a banquetinha que antes havia arremessado, e voltou a sentar à minha frente). - Ta com fome?
Pedro - Não! ( Eu estava morrendo de fome, mas queria ser forte ate o final).
- Tem certeza? Esse sanduíche com peito de peru esta realmente uma delicia. (disse isso dando uma mordida, e me fazendo inveja).
Eu estava salivando, mas não recuei.
O chefe tirou um aparelho celular, diferente, do bolso, e começou a digitar alguns números.
Pedro - Pra quem voce esta ligando?
Chefe - Voce vai ja saber.
Pedro - esquece. Eu não vou pedir nada para o meu pai.
Ele parou de digitar, e me olhou nos olhos.
Chefe - Você poderia facilitar as coisas. Tem muita gente dependendo de você.
Pedro - O que voce quer dizer?
Chefe - Antonio te faz lembrar alguém?
Eu fiquei em silencio, mas ele ja sabia tudo da minha vida.
Chefe - ficar calado não vai ajudar em nada.
Pedro - Antonio é funcionário do meu pai.
Chefe - Hummm, saquei. E parece que ele tem grande carinho pelo seu pai ne!? grande admiração, não é verdade?
Pedro - é verdade sim.
Chefe - Tem filho?
Pedro - eu?
Chefe - isso!
Pedro - Não!
O Chefe deu mais uma mordida no sanduíche. Parece que ele se divertia com toda aquela situação.
Pedro - aonde voce quer chegar?
Chefe - A jogada é simples e talvez certeira. Mesmo gostando muito do seu pai, acho que esse amor não pode ser maior do que o amor que ele tem pelo filho.
Pedro - você não vai ter coragem de fazer isso.
Chefe - eu não. Agora não posso responder pelo Antonio. A morte do seu pai, pela vida do filho dele.
Pedro - cara, pra que isso? Eles não te fizeram nada.
Chefe - As vezes para chegar ao fim de um caminho, temos que passar por outros trechos.
O chefe concluiu a ligação, e fez ameaças a Antonio em caso ele não acabasse com a vida do meu pai.
Pedro - Não faz isso Antonio, ele ta blefando. (comecei a gritar afim de que Antonio me ouvisse).
No final, ele me passou a ligação para eu falar com Antonio.
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Antonio - patrãozinho...
Pedro - Antonio, por favor cara, não faz nada disso que ele mandou. Isso é um blefe.
Antonio ficou mudo.
Pedro - Antonio. Ta me ouvindo? Responde alguma coisa, pelo amor de Deus.
O chefe se divertia com minha aflição.
Antonio - Eu fracassei. Eu fracassei patrãozinho.
Antonio falava como se estivesse se rendendo ao inimigo.
Pedro - O senhor não fracassou, eu que fiz essa merda toda. O senhor fez tudo o que esteve a seu alcance.
Antonio - Mas eu fracassei, eu não podia ter cometido esse erro. Fui contratado pra proteger o senhor, e olha só o que aconteceu.
Pedro - não Antonio, o senhor não errou em nada, mas agora eu te suplico, não faça mal algum a meu pai...
Ficamos um tempo em silencio, e minhas lagrimas começaram a cair.
Antonio - Eu te prometo patrãozinho... Vou proteger seu pai com minha própria vida.
Pedro - eu te agradeço Antonio. Mas toma cuidado com seu filho também, leva ele e sua mulher aí pra casa, com certeza eles estarão bem mais seguros.
Antonio - Já fiz isso, estão todos aqui.
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O chefe tomou o celular de minha mão, e o jogou no canto da parede.
Chefe - tenho que admitir, você é bom, muito bom... Mas eu garanto que sou melhor. ( Puxou uma carteira do bolso, e acendeu um cigarro).
O cara chamou por Raulino.
Raulino - Senhor, chefe? (Disse ele entrando no ambiente).
Chefe - vou sair pra dar uma azarada. Fica de olho no nosso hóspede. (disse ele brincando com a fumaça do cigarro).
Raulino - é pra dar um corretivo nele? (disse Raulino esfregando uma mão na outra e abrindo um sorriso maldoso).
Chefe - Hoje não. Vamos deixar o cara dormir sossegado. Não quero que ele comente por aí que o tratamos mal.
Os dois riam. Eu os analisava serio.
O chefe saiu, e foi a vez de Raulino sentar a meu lado.
Pedro - Raulino, quanto ele ta te pagando? Eu dobro cara, eu pago o valor que você quiser, mas me tira daqui cara.
Raulino deu uma risada alta.
Raulino - Não é só a questão financeira seu otário. Também tem o lado do sangue. (disse ele dando tapas em seu antebraço).
Pedro - o que quer dizer?
Raulino - Não é so o Junior que quer vingança. Eu também quero vingar a morte do meu tio.
Então o nome do chefe era Junior? E o chefe e Raulino eram primos?
Pedro - voces são primos de sangue?
Raulino - é isso ae!
Pedro - e os outros que estão envolvidos?
Raulino - Ta querendo saber demais.
Raulino pos um fone nos ouvido, e fechou os olhos me deixando com varias duvidas.
Eu fiz força jogando meu corpo para o lado, e tentei dormir um pouco, ou ao menos amenizar minha adrenalina que ainda estava a mil.
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No dia seguinte acordei cedo com um peso em cima de mim.
- Acordou playboyzinho de merda? Ta pensando que isso aqui é colonia de ferias é?
- O que é isso? (falei meio atrapalhado).
Raulino tentou abaixar minha calça, e eu começei a me debater.
Pedro - para pô, o que tu quer fazer?
Raulino tapou minha boca e eu lembrei da cena na casa do Kevin.
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- Antonio... Antonio..(comecei a gritar freneticamente, ate ter minha boca calada por alguém mais forte que eu).
- Cala a boca, cala a boca. (O Homem falava em meu ouvido).
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Como não podia me defender de outra forma, dei uma mordida na mão do Raulino.
Raulino - Aiii Seu filho de uma puta escroto do caralho. (e me golpeou a cabeça).
- Ajuda, ajuda. (mesmo sabendo que ninguém me ouviria, e os que ouvissem não iriam intervir, por instinto de sobrevivência eu comecei a gritar desesperado).
- Cala a boca inferno. ( Raulino voltou a tapar minha boca com a mão). - Se me morder novamente eu te mato.
Ouvi um barulho como se alguém tivesse metido o pé na porta. Com o canto do olho consegui ver que era o Chefe, com umas sacolas de supermercado na mão.
Chefe - que porra é essa Raulino? (e soltando as sacolas, partiu para cima do primo).
Não conseguia ver o que acontecia, pois estava amarrado e virado de costas, mas ouvia socos.
Raulino - que é isso irmão? Eu só tava brincando com o cara.
Chefe - eu mandei?
Raulino - mas eu achei que tu não fosse se importar, é só um verme.
E ouvi mais um soco.
Chefe - Coloca tua roupa, e da o fora daqui, pega tua grana e vai curtir com uma vagabunda qualquer.
Raulino - Ta me dispensando, Junior?
Ouvi um silencio no ar.
Chefe - Não. Mas não quero ver voce aqui hoje, você ta parecendo um animal faminto.
Raulino - E eu tou mesmo. Vou comer todas na cidade, e amanha cedo eu tou de volta.
Raulino saiu do comodo, e Junior ficou calado. O silencio era tão grande que eu conseguia ouvir sua respiração ofegante. Depois de um tempo, escutei passos se aproximando. Junior parou próximo a mim, não conseguia vê-lo por completo, mas reconheci suas botas.
Junior agachou e me pôs sentando.
- Ele te machucou? (perguntou olhando nos meus olhos, e com suas mãos em meus ombros).
Pedro - acaba com isso cara, por favor. Eu sinto fome, cede, dores, eu não estou suportando meu próprio cheiro.(falava com os olhos marejados).
Junior - eu não posso.
Pedro - Eu não aguento mais. Se você quer tanto se vingar do meu pai, faz o mais óbvio.
Junior - O que?
Pedro - Me mata cara, me mata, e voce terá essa vingança que tanto deseja.
Junior fechou a cara, e me olhou serio.
Continua...