Quando comecei a perceber os sons dentro de casa, ruídos abafados que nada me diziam, finalmente abri os olhos e vi que estava sozinho na grande cama de casal que dividia com Ana Amélia Novaes Brandão há exatos vinte anos.
Nossa história havia começado desde o tempo do Colégio em que estudávamos e fazíamos séries diferentes, eu o terceiro ano e ela o segundo do tal Ensino Médio de hoje. Ana Amélia era um ano mais nova que eu e com certeza era a menina mais linda e a adolescente de 15 anos mais cobiçada pela turma de futuros marmanjos, ops... Bons partidos, que dariam a vida para tê-la em seus braços. Só que ganhei a parada e em menos de seis meses ela engravidou do Diogo Brandão, nosso filho mais velho, atualmente com 21 anos de idade.
O medo maior era ter que ser pai aos 16 anos de idade. Minha família começou a pressionar de um lado e a dela me via como um demônio que teria que morrer na fogueira por ter desonrado a família e a filha deles... Como se ela também não tivesse culpa no cartório. Só sei que casamos quando eu diz 18 anos de idade e ela já estava grávida do nosso segundo filho Renato Brandão, atualmente com 19 anos de idade. Aí a família dela viu que não tinha mais jeito e passou a nos ajudar, coisa que a minha família já fazia há tempos. A gente era muito cúmplice, amigos para todas as horas e situações. Um não dava um passo sem que o outro aprovasse ou desaprovasse. Éramos perfeitos e nos encaixávamos que nem panela e tampa, desculpem a comparação. Era bom tê-la por perto nessa estrada que resolvemos partilhar juntos.
Nó meu último ano de Faculdade, Engenharia Civil, Ana Amélia que cursava Arquitetura, engravidou novamente e dessa vez vieram gêmeos, Eduardo e Melissa Brandão, atualmente com 15 anos de idade. Encerramos a produção em série e recebi dos meus irmão TJ ( Tarcísio Junior), Alex ( Alexandre ) e Carol ( Carolina ) o apelido carinhoso de Coelhinho. Por que será?
Levantei após espreguiçar e fui do jeito que tava, Nu e Ereto até o banheiro que ficava numa daquelas portas dentro do meu quarto. Estava atualmente com 37 anos de idade, era um homem altom - moreno, cabelos negros, olhos castanhos escuros, excelente físico, porte másculo e simplesmente lindo, juro que jamais fui narcisista. Minha doce e querida filha Melissa sempre me chamava de Coroa Enxuto... Pode isso? Ela podia me chamar assim e sempre dizia que eu fazia o maior sucesso entre as amigas do Colégio.
_ Agora Saulo de Mesquita Brandão, você esta preparado para enfrentar o mundo... Garoto. Terminei o banho quente a que me propus e após passar pelo closet do casal, desci as escadas que me conduziram quase que por osmose até a sala de refeições do duplex, já que tava quase morto por causa da fome que sentia.
Apenas meu primogênito e meu caçula ainda estavam por lá com a maior cara de sono do mundo...
_ Bom dia filhotes. Os beijei no rosto e eles retribuíram.
_ Bom dia velho... Disse Eduardo de Novaes Brandão. Quando nossos olhos se encontraram ele pôde perceber que não havia gostado do seu bom dia e imediatamente começamos a rir.
_ Pô filho, velho? Tô com 37 anos, garoto.
_ Ele só esta tirando uma com o senhor, Velho. E Diogo de Novaes Brandão riu com vontade ao ver meu olhar em sua direção.
_ Desisto dos dois... Onde estão meus outros queridos?
_ A mamãe, arrastou a Melissa e o Renato até o shopping. Parece que foram comprar o presente do Tio Alex.
_ Eles foram com ela porque sabem que alguma coisa poderá ser acrescentada nessa compra de presentes. Oportunistas, os dois... Falou Diogo com a cara fechada.
_ E por que você também não foi junto? Tenho certeza que sua mãe lhe daria alguma coisa que você quisesse com o maior prazer. Baguncei seu cabelo loiro - Ele era a cópia perfeita de Ana Amélia - até fazê-lo sorrir.
_ Não gosto de aproveitar dos outros pai. O senhor já me conhece.
_ Nisso filho, você saiu a mim. Sempre gostei de conquistar as minhas coisas.
_ Então foi por isso, por ter essa determinação aí dentro desse velho peito, que o Vovô Tarcísio te nomeou o Presidente da Brandão Engenharia, pai? Mudou de assunto o caçula Eduardo.
_ Nesse caso filho eu poderia dizer que você esta certo em seu raciocínio. Batalhei muito pra ter esse cargo na nossa Empresa. Tj seria o herdeiro da cadeira do seu Velho avô, só que ele resolveu ser Médico... Seu avô acha que a Tia Denise tem culpa nisso. Aí as fichas foram pra cima do Tio Alex que preferiu ser Advogado e graças a Deus é o Diretor Jurídico da Empresa. Sua Tia Carol, que era da mesma turma da mãe de vocês na Faculdade de Arquitetura foi a minha rival direta... E olha que ela é três anos mais velha que eu.
_ Aí o vovô bolou um desafio que vocês dois teriam que participar e aquele que ganhasse a parada ficaria com a cadeira e seria o novo Presidente da quarta maior Construtora do País e décima quinta do mundo, certo? Falou o apressado Renato de Novaes Brandão entrando na sala e vindo em minha direção para me beijar o rosto...
_ Isso mesmo meu garoto. Retribuí o beijo e ele bagunçou meu cabeço.
_ Bom dia pai. Fui te chamar pra ir com a gente no shopping e você tava lá todo largado na cama. Fiquei com dó de te acordar, coroa...
_ Ana Amélia, eu tô tão velho assim? Perguntei... _ Já é o segundo filho que me chama de coroa em menos de uma hora.
_ Você ta ótimo querido. Na verdade tá um coroa super enxuto.
Melissa estava tão entretida com o novo aparelho celular que nem falou comigo. Levantei da cadeira e fui em sua direção...
_ Será que posso ter a atenção da minha princesa só um minutinho? E tomei o aparelho da sua mão fazendo a caixa cair ao solo.
_ Paiiiiiiiiiiiiii... Ela deu aquele típico gritinho infernalmente adolescente bem próxima a mim. E demos algumas voltas à mesa. Finalmente paramos e ganhei um abraço bem apertado de minha única filha Melissa de Novaes Brandão.
_ Amo você, coroa insuportavelmente chato... e subiu as escadas tal qual foguete.
_ Você ouviu isso, Ana Amélia? Coroa Chato? Eu? E me voltei para minha mulher que estava abraçada a Diogo e Eduardo vermelhos de tanto rir.
_ Aceita, pai... Falou Renato. Ela também te ama muito, ok? Os três subiram para o andar superior nos deixando sozinhos e largados no sofá da sala...
_ Ela terá que ficar de castigo, Ana Amélia.
_ Você é o culpado de toda essa situação. Precisava tomar o aparelho novo da menina? Você sabe que eles tem nesses eletrônicos a razão maior pra viver. As vezes acho que eles gostam mais dessas coisas que de nós. Agora vou tomar um belo banho quente e logo em seguida a gente vai pra casa dos seus pais.
_ Eu pensei que o Alexandre e a Patricia fossem fazer o almoço na casa deles, Ana Amélia.
_ Eles convidaram meio mundo e na casa dos seus pais havia mais espaço... Pelo menos foi o que a Patricia alegou ao dizer a mudança de lugar da festa.
Peguei o jornal e fui até a varanda. Antes de fazer a leitura do Caderno Economia do jornal, única que me interessava, olhei a vista e mais uma vez agradeci a Deus por suas bençãos. Quando estava terminando a leitura, Diogo foi até a varanda...
_ Posso falar com o senhor, pai? E meu filho mais velho sentou a meu lado e me encarou.
_ Claro, campeão. O que tá pegando? E coloquei entre aspas a palavra final da pergunta fazendo ele rir.
_ Mandou bem na gíria, coroa... E sorriu de volta.
_ Sou todo ouvidos, filhão.
_ Um amigo da Universidade que faz Contábeis ta atravessando uma fase difícil, entende? Ele é classe média e parece que o pai dele perdeu o emprego e o que a mãe ganha como Funcionária Pública, ela é professora numa escola estadual, não tá dando pra sustentar a casa e os outros dois irmãos. Ele me contou um monte de coisa. Sabe o que é o estranho disso tudo? Ele não sabe quem eu sou ou mesmo que nossa família é responsável por mais de quinze mil empregos diretos. Eles estão lá cheios de dificuldades... Aí eu pensei que poderia dar uma força pra ele e sua família.
_ E onde seu velho e coroa entra nisso tudo, Diogo? Ele estava um pouco envergonhado e baixou o olhar para o piso de granito cinza da varanda.
_ Teria como ele ser chamado para um estágio lá na Construtora? Ele é bom no que faz pai.
_ E o que ele faz, meu filho? Ele já trabalhou antes? Fiquei curioso...
_ Ele é muito bom com números. E ele me disse que já foi vendedor numa dessas lojas de shopping.
_ Filho, somos uma Construtora e não uma loja de shopping. O que esse rapaz faria lá?
_ Que tal se ele pudesse vender os imóveis que a sua Construtora ergue? Ele tava quase suplicando.
Renato Brandão pra variar ouviu nossa conversa enquanto descia as escadas...
_ Ele é bom mesmo com os numero, pai. Se o Diogo tá falando do Fernando Castro, eu acho que você deveria dar a ele uma oportunidade. O Senhor acredita que todo dia ele leva uma média de cem salgados pra vender num depósito e antes da aula começar, o tal depósito já esta vazio? Ele é meu amigo de turma e...
_ Já vi que esse Fernando Castro é a bola da vez dos meus dois filhos, acertei? Os dois apenas se olharam em expectativa.
_ Manda o garoto me procurar amanhã depois das 16:00 h, pois terei uma hora livre antes de voltar pra casa. Não prometo nada, ele é quem vai me dizer se topa a parada. Fui claro, garotos?
_ É por isso que amamos você, coroa... falaram Diogo e Renato ao mesmo tempo.
_ Ei, eu também amo o nosso pai, caras... Gritou Eduardo do último degrau da escada.
_ Quem ama mais ele sou eu, bando de bocós... Falou a beldade da família Brandão, Melissa.
_ Mais eu amei primeiro que qualquer um de vocês, meu filhotes lindos... falou Ana Amélia.
Depois dessa declaração explícita de amor por mim, subi para um outro banho quente e assim que descemos a família Brandão partiu para a casa dos meus pais Elisabeth Gaspar de Mesquita Brandão ( Beth Brandão para os íntimos ) e Tarcísio de Farias Brandão, o homem que havia começado sua empresa após formar na Terceira Turma de Engenheiros da Faculdade Federal do Ceará.
Eu, Ana Amélia e Melissa fomos no meu carro e os garotos, Diogo, Renato e Eduardo foram no carro do irmão mais velho. Os três era super unidos e isso me deixava meio saudoso do início da minha juventude passada ao lado dos meus irmão Tj, Alex e Carol.
Finalmente chegamos na casa dos meus pai e nos deparamos com um mar de pessoas por todos os cantos da mansão.
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Olá meu querido Povo do Lado Esquerdo.
Como notaram, acabou de começar mais uma jornada...
Dessa vez uma nova atração e um outro amor farão parte da vida do renomado Presidente da Construtora pertencente a família Brandão. Rejeição, medos, vergonha e até negação farão parte dos seus universos.
Que o amor possa vencer sempre... Ajudem-me a tornar possível esse novo intuito.
Um beijo em cada coração... Nando Mota.