[GLUE 19]
Atravessei o enorme corredor todo branco, ate avistar a mãe do Luan ela estava encostada na parede com um cigarro entre os dedos, ela estava em um estado deplorável quase tão pior da ultima vez que eu a vi – Eu sei que não deveria estar fumando aqui dentro, mas que se dane. Eu encostei ao lado dela ela continuava a fumar. – Quando eu tinha tomado coragem para deixar aquele porco ainda mais quando a igreja de sua mãe me ofereceu ajuda... Estava indo tão bem estava indo... Nesse momento ela começou a chorar jogou o cigarro no chão e se agachou sobre a parede. – Olha fui dizendo eu fazendo o mesmo movimento, não vai acontecer nada com ele é um garoto forte, isso só é mais um susto que ele vai nos dar continuei lembra quando você me disse que ele quebrou o braço em três lugares e mesmo assim se manteve firme, não chorou... Então vai ser do mesmo jeito nada vai acontecer. Ela me olhou nos olhos e deu um sorriso forçado – Eu queria tanto que tudo tivesse sido diferente a disse, que seu pai estivesse aqui, que fossemos uma família... – Ainda somos uma família respondi, estamos nos dois aqui preocupados com a situação tentando se manter forte. Nesse momento minha mãe apontou no fim do corredor. – O que você esta fazendo aqui Júlio? Eu me pus de pé novamente – Mãe eu não podia... – Va para casa agora, olhe que horas são foi ela dizendo olhando para seu relógio de pulso. – Mas mãe eu tenho que ver ele, como ele está ver se ele está bem...
Nesse momento meu coração foi ficando apertado, parecia que naquele momento eu havia dado ciência da real situação. Meus olhos marejaram, minha mãe ficou em silencio – Meu filho presta a atenção foi ela dizendo em um tom manso eu sei que é difícil, mas ele não vai sair da sala de cirurgia tão cedo e você tem aula amanhã, eu prometo que quando ele acordar eu te ligo... Mas você precisa ir. Eu fiquei em silencio; - Escute sua mãe Júlio ela esta certa foi dizendo a mãe do Luan, vamos te avisar sobre qualquer noticia pode ir. Nesse momento meu celular tocou olhei no visor era o Marcelo. – Alô? Marcelo. – Oi Júlio ainda esta acordado, só liguei para te dizer que te amo. Fiquei mudo. – Júlio esta tudo bem? O perguntou. – Marcelo aconteceu algo ruim com o Luan ele esta aqui no hospital – Como assim no hospital? O disse; - Se pode vir aqui, por favor... Nesse momento minha garganta foi enchendo de nós. – Júlio? Está ai? – Sim, só venha, por favor. Momentos depois eu estava esperando ele na entrada do hospital, ate ver o carro de sua avó estacionando, fiquei parado em frente ao carro a porta abriu bruscamente ele veio ao meu encontro e me abraçou. Comecei a chorar, parecia que eu estava carregado desde o começo ele não dizia nada, sua avó assistia tudo de dentro do carro, - Vó eu vou ficar, qualquer coisa eu chamo um taxi pode ir. – Se precisar de alguma coisa só me ligar Marcelo a disse e com isso ela saiu.
Ele continuava a me abraçar, - Vai ficar tudo bem o disse aquele bobo é um cara forte se vai ver. Eu balancei a cabeça num tom de consentimento. – O que aconteceu com ele Júlio? O perguntou. Eu me afastei por uns momentos – Foi o pai dele, parece que as coisas saíram de controle e aconteceu isso, aquele desgraçado do pai dele... Ele é o culpado ele é o culpado de tudo... o vento começava a soprar forte. – Vamos entrar Júlio o disse.
Estávamos sentado fazia meia hora, minha mãe insistia para eu ir embora com o Marcelo, mas mesmo se eu fosse não ia conseguir dormir, a mãe do Luan estava do lado de fora com minha mãe, eu conseguia ver eles pelo vidro da porta transparente, a mão de minha mãe corria o braço dela com um sinal de consolo, ela só balançava a cabeça. Nesse momento um dos médicos chegou a sala de espera, eu me levantei minha mãe e a mãe do Luan entraram correndo – Então doutor como meu filho esta a perguntou? Aconteceu alguma coisa? Está tudo bem? por favor doutor diga que está tudo bem?. O medico a olhava a mão do Marcelo estava apertando a minha – Minha senhora pode ficar tranquila o seu filho já foi operado, e esta bem e possivelmente não haverá sequelas. Nesse momento parecia que o salão de espera tinha tomado o ar quente, meu coração tinha voltado a bater. – Obrigada doutor foi ela dizendo, muito obrigada. Ela chorava minha mãe a abraçou, olhei para o Marcelo e com isso ele me abraçou – Eu disse que ele era um cara forte o disse. – Quando vou poder vê-lo a perguntou? - Bom, a senhora pode ir, mas visita só amanha por conta da cirurgia foi dizendo o doutor olhando para o resto de nós. Minha mãe me olhou - Viu meu filho pela graça de Deus está tudo bem com ele. – Obrigada por tudo foi dizendo a mãe de Luan a minha, não sei como agradecer pelo que está fazendo por mim, e me desculpe se algum... – Não precisa me agradecer respondeu minha mãe, e nem se incomode com qualquer outra coisa além do seu filho nesse momento. Ela deu um aceno de cabeça e se dirigiu a sala onde o Luan estava. – Bom foi dizendo minha mãe é hora de irmos não acham? Eu olhei para o Marcelo, se quiser pode dormir lá em casa, só se você quiser respondi. – Se não tiver problema o respondeu. Minha mãe me olhou – Problema nenhum a disse. Entramos no taxi, já era tarde da noite, as luzes dos postes traspassavam sobre os vidros do carro ate que dormi encostado no ombro do Marcelo.
Eu atravessava uma ponte extensa cheia de neblina, não conseguia ver seu fim, mas havia alguém me chamando, era mais de uma pessoa de um lado uma voz gritava meu nome eu conhecia aquela voz era a voz do Marcelo, do outro lado outra voz chamava cada vez mais alto, olhei em direção de onde vinha a voz a neblina ia se desfazendo vagarosamente, ate que pude ver que era o Luan, ambos me chamavam para lados opostos, quando olhei a frente tinha alguém sentado sobre a armação da ponte, caminhei vagarosamente ate a figura desconhecida – Você não pode ter os dois a disse, você não pode ter os dois...Eu continuava a caminhar em encontro a figura, quando ela se virou pude ver que era a Juliana, quando dei por mim eu estava em seu lugar do lado de fora da ponte, segurando sobre as armações olhei para baixo, um enorme rio corria ferozmente, voltei meu olhar a frente quando vi que ela estava me olhando nos olhos – Você não pode ter os dois a Disse, com isso ela me empurrou podia sentir o vento passando sobre eu, ate eu atingir a agua com isso acordei com o Marcelo me chamando. Dei um pulo para o canto do banco do carro – O que foi Júlio? Esta tudo bem o perguntou. – Sim, está respondi. O suor frio correu minha nuca.
Entramos em casa, seguia até meu quando se despedindo da minha mãe, o Marcelo me seguia entrei no quarto sentei na cama e tirei minha camisa – O que foi Júlio? O perguntou. – Nada respondi, não foi nada . – Você esta estranho, isso é por causa do Luan, por que você já sabe que ele vai ficar bem o disse. –Não Marcelo não é isso. Só estou cansado . – Ok se está dizendo o respondeu. Tirei meu tênis deitei na cama, ele veio e se deitou comigo, deitei minha cabeça sobre seu peito, passando meus dedos sobre as curvas de seu tórax. – E o pai do Luan onde ele está? O perguntou. – O maldito fugiu, espero que tenha morrido atropelado ou sei lá respondi.
- Não pense assim Júlio, não faz bem.. – Não me importo respondi. – Obrigado Marcelo por ter ido ao hospital e por estar comigo agora. – Não agradeça, é isso que os namorados fazem não é? Cuidam um do outro. Eu olhei em seu rosto e o beijei e ali mesmo adormeci.