Continuação...
-Por favor. Não insista. Arrume suas coisas. Vc tem até amanhã a noite pra sair daqui...
Eu passei a chorar descontroladamente. Conhecia Lúcia e sabia que ela não mudaria de opinião. Eu não tinha nada. Tudo naquela casa pertencia a ela. Não sabia o que fazer. Não tinha muito estudo e não conhecia ninguém.
Me limitei a vestir algo enquanto Lúcia falava.
-Não precisa se preocupar, Serafine. Vc pode passar essa noite aqui e amanhã eu te ajudo a procurar um lugar pra ficar e um emprego. -Falou sem dar importância.
-Não vai ser preciso. -Falei com o pingo de orgulho que me restava, indo em direção a porta.
-Onde vc vai? -Me perguntou sem entender.
-Embora... -Falei encostando a porta e caminhando em direção ao portão. Saí enxugando as lágrimas.
-Serafine, não faz besteira, volta aqui! Já tá escuro e vc não tem dinheiro, nem pegou nada e...
Eu nem ouvi o resto. Abri o portão e saí, deixando Lúcia falando sozinha. Pra onde eu iria era outra questão.
Eu precisava pensar, esfriar a cabeça... Caminhei até o centro da cidade, sentei em um banco de uma praça e lá fiquei pensando em tudo que me aconteceu em menos de dois dias.
"Mas como ela entrou em casa?" pensei sozinha. Essa pergunta não queria calar.
Eu precisava ver a Luíza, só pra esclarecer as coisas... Saber como ela entrou lá e por que fez isso comigo...
Mas por esquanto só podia pensar em como eu passaria a noite...
Olhei pro banco em que eu estava sentada. Seria a única opção, embora que qualquer um que passasse por alí poderia me ver. Ainda sim, eu ficaria alí, não planejava dormir mesmo.
Estava frio na rua e a roupa que eu vestia não era muito quente. Me encolhi o máximo que pude no banco e abracei minhas pernas. O choro era inevitável.
"Se eu podesse adivinhar... Se podesse voltar atrás..."
Passei muito tempo sentada naquele banco, me torturando. As pessoas que estavam alí quando cheguei foram indo embora...
-Ei, Serafine... -Olhei pro lado e vi um par de olhos negros me observando, tristes.
-Quem é vc? -Eu queria saber se era Lúcia ou Luíza.
-Se eu disser, vc vai querer me bater... -Falou sem graça, me fazendo entender que era Luíza.
-O que vc quer? -Falei sem olhá-la enxugando as lágrimas.
-O que eu quero só minha irmã tem... -Sorriu, sem graça. -Mas eu quero te dizer que vc pode passar a noite em meu apartamento.
-Vc não acha que já me destruiu o bastante? -Falei alto, quase gritando.
-Eu não vou fazer nada com vc, eu prometo. Só quero te ajudar e tentar me redimir com vc...
-O que vc fez não tem perdão... -A olhei por alguns segundos e virei o rosto, seu olhar me puxava.
-Eu não quero que me perdoe... Não me arrependi do que fiz. -Sorriu de forma safada. -Só quero que venha comigo.
-Eu não posso. -Falei me encolhando mais no banco.
-Vc não pode ficar aqui, sozinha... Lúcia foi uma idiota te expulsando de casa assim...
-Ela não me expulsou...
-Isso não importa. Eu não vou te deixar a mercê dos perigos da noite... -Falou se aproximando e sentando no banco.
-Não se aproxima... Eu te odeio! -Gritei. -E com vc eu não vou pra lugar algum! Por que fez isso comigo em? -Continuei gritando.
-Eu fiz porque... Eu te amo... -Falou parecendo sincera.
-Vc nem me conhece! Como pode me amar! Eu te odeio! -Comecei a chutá-la e bater nela que me segurou firme pelos braços. -Me solta! -Me debati.
-Ei, não faz assim... Eu posso me apaixonar mais ainda por vc... -Disse antes de me arrancar um beijo delicioso.
-E então, ainda não acredita que te amo? -Falou depois do beijo...
Continua...
Comentei aí :)