Gabriel narrando
Tive alta do hospital na quinta feira e hoje já é domingo. Durante esses dias o João Lucas, a Bianca, a Patricia, o Marcus e Lógico o Ricardo vieram me visitar. Minha mãe pediu folga esses dias para cuidar de mim e o Max não saia do meu pé. O Gus ficava entre fazer os trabalhos da faculdade e saber como eu estava. Eu estava sendo mimado de todas as formas possíveis e confesso que estava adorando. Porém, eu estava sentindo falta de uma pessoa e só por ser essa pessoa, todo aquele mimo acabava sendo anulado, pois eu não estava recebendo atenção de uma das pessoas mais importantes da minha vida: O meu pai. Ele andava super atarefado, trabalhando o dia todo e a noite mal passava no quarto pra saber como eu estava. Parecia até que ele não ligava pra mim. Isso estava me deixando meio chateado. Como se tivesse lido meus pensamentos, minutos depois ele entra no quarto naquela manha de domingo, só com uma samba canção e se joga de uma vez na minha cama, ao meu lado. Ele me puxa para seus braços e me abraça bem apertado.
- Vim passar o dia com o meu bebê.- Falou isso cheirando meu cabelo. O legal de ter um pai Jovem, é que ele parece mais meu irmão/amigo do que meu pai, mas óbvio que quando necessário, ele impõe sua autoridade e coloca ordem na casa.- Como você ta, meu anjo?- Nossa, como eu amo o meu pai. Esqueci quase que instantaneamente sua ausência durante esses últimos dias. Ele era tão carinhoso comigo. Já percebi que ele me mima mais do que aos meus irmãos, talvez porque eles não dão muita abertura pra isso. Já Eu adorava e se pudesse, não sairia do seu abraço nunca mais.
- Melhorando, pai. A costela já não dói, mas to incomodado com esse gesso na perna.- Eu tinha fraturado a perna. Não chegou a quebrar, mas o medico disse que eu não poderia em hipótese alguma colocar esse pe no chão, então só me locomovia com muletas e com a ajuda de alguém.
- Já já passa meu filho, tenha paciência.- Falou isso e beijou minha bochecha. O abracei mais forte, seu corpo estava tão quentinho e confortável em meio ao frio que fazia por causa do ar condicionado, que minha vontade foi voltar a dormir agarrado nele. Até Fechei os olhos- Olha, me desculpa por não ter te dado atenção esses dias. Eu estava muito atarefado na empresa e com algumas coisas atrasadas também, mas prometo que hoje eu vou te recompensar, ta bom? Sem telefonemas, sem trabalhos, sem papéis... vim aqui só pra cuidar do meu pequeno.- Ele fez cócegas na minha barriga, mas logo parou.- Vamos tomar café?- Falou já se levantando. Levantei-me e fui pegar minhas muletas.- Não moleque, assim você vai demorar demais, vem cá!- Sem que eu esperasse ele ficou de costas pra mim, pegou minhas duas mãos, colocou em seus ombros, pegou minhas coxas e as levantou, entrelaçando minhas pernas em sua cintura, colocando-me em suas costas pra me levar de macaquinho.- Segura firme, meu macaquinho.- Falou a mesma frase que ele falava pra mim quando eu era criança e a gente brincava disso.
Meu pai começou a correr pela casa pulando. Desceu as escadas a toda velocidade e eu não conseguia parar de gargalhar com aquilo. Aquela era a melhor sensação do mundo. Poder ter o meu pai por perto cuidando de mim. Chegamos na cozinha onde o Max, o Gus e a mamãe já estavam sentados à mesa. Eles olharam para nós com um sorriso bobo no rosto e com um brilho nos olhos que me fez sentir o ser humano mais feliz do universo. Toda a minha familia estava em sintonia naquele momento. Todos estavam plenos, todos em paz.
- Bom dia familia.- Falou meu pai e todos responderam em uníssono. Ele me colocou numa cadeira ao lado do Max.
- Parece que alguém aqui acordou animado hoje.- Falou minha mãe que deu um selinho no meu pai e em seguida beijou minha cabeça. A mesa era animação pura, todos tinham assunto. Naquele momento me deu vontade de chorar tamanha a minha felicidade. Meu coração estava tão cheio de amor... todos ali estavam de certa forma se amando naquele momento de comunhão. Tudo estava perfeito e eu não queria que acabasse nunca. Terminamos o café e meu pai me levou de volta pra cima. Era hora de tomar banho.
Como eu já disse, na minha casa era super de boa ficar pelado um na frente do outro, então na hora do meu banho foi tranquilo. Meu pai soube me ajudar direitinho. Ele ajudou a me secar e me levou de volta para a minha cama. Meu pai sentou-se na cama com as costas na parede e me puxou, sentando-me em sua frente com minhas costas apoiadas em seu peito, envolvendo-me com seus braços. Eu peguei um Edredom e nos cobri, enquanto ele colocava em um filme que passava no telecine. Eu nunca me senti tao confortável quanto naquele momento. Devia ser porque os remédios que eu tava tomando me deixavam meio mole. O peitoral do papai estava servindo como um ótimo travesseiro e aquele conforto estava me dando sono. Com aqueles remédios eu passava quase o dia todo dormindo. Lá pelas 11 horas da manhã eu já não estava mais me aguentando acordado. Me virei de lado e continuei com minha cabeça apoiada em seu peito. Aos poucos fui adormecendo.
" Eu estava no beco perto da escola, só que dessa vez estavam não só os meus agressores, mas algumas outras pessoas como o Pedro da igreja, o Jorge e o Isac do jiu jitsu. Todos eles me cercavam e me falavam coisas como 'você nunca vai ser feliz', 'você vai apanhar até morrer', entre outras coisas. Nesse momento todos vieram pra cima de mim e começaram a me bater.
- Não, por favor, parem! Eu não mereço isso, eu nunca fiz nada!- Mas eles não paravam e quando aquele mesmo garoto teve a ideia de urinar em mim, eu ,e desesperei.- NAAAO, ISSO NÃO..."
- NÃAAAAO.- Acordei gritando. Eu estava sendo chacoalhado pelo meu pai. Eu chorava com a sensação de que tudo aquilo estava prestes a se repetir naquele sonho.
- Shiiii, calma. Foi só um sonho meu filho, já passou.- Meu pai me abraçou.
- Mas foi tão real...- Instintivamente o abracei mais forte.
- Ta tudo bem agora. Eu estou aqui e nada nem ninguém vai te fazer mal. Eu vou te proteger de tudo. Confia em mim?- Balancei a cabeca afirmativamente.- Pois fique sossegado, aquilo nunca mais vai acontecer...
- Nossa mas que chamego bom é esse? Eu também não ganho um abraço desses não?- Eu conhecia aquela voz. Me virei, olhei em direção a porta e meu sorriso se abriu quase que instantaneamente. O tio Alexandre, ou só Alê, como carinhosamente eu e meus irmãos o chamava, estava la parado com um sorriso no rosto e abraçado ao Max.
Ele tinha cabelos castanho claro e usava um topete um pouco menor que o do Gustavo. Ele tem olhos verdes, é branco meio rosado e alto. Ele frequenta academia junto com meu pai, então já da para imaginar o tamanho daquele homem. Ele com certeza tem mais de 1,80 m e usava uma camisa pólo vermelha, uma bermuda jeans azul escura e um chinelo preto que destacava no seu pé branco.
Ele não é nosso tio de verdade. Tio Ale é melhor amigo do meu pai desde quando eram crianças e são sócios no escritório de arquitetura. Inclusive fizeram faculdade juntos. Ele é três anos mais novo que meu pai, tem 35 anos e parece ter bem menos idade. Ele é uma das pessoas que eu mais amo no mundo. Como ele não é casado e nem tem filhos, ele nos trata como se fossemos filhos dele. Nos enche de carinho, brinca conosco, nos leva pra passear, nos da presentes, enfim, nos mima como pode. Ele é um segundo pai pra mim e pros meus irmãos, que o adoram tanto quanto eu. Às vezes nosso pai fica enciumado porque damos mais atenção e ficamos mais empolgados com o tio do que com ele. Meu pai tinha me falado que ele estava viajando a negócios mas não me disse quando ele voltaria.
- Tio Alê...- Falei com um sorriso bobo no rosto e soltando meu pai. Sentei-me na cama e abri os braços, ele veio correndo e me abraçou me tirando da cama por alguns segundos e me sentando de volta.
- Que abraço Gostoso do meu sobrinho preferido.
-Eei- Max se pronunciou.-Pensei que eu era seu sobrinho preferido.- Ele fez bico.
- Fique doente e você será.- Todos sorrimos, até mesmo o Max. Com o tio Alexandre nunca tem tempo ruim.- Que belo susto você me deu em, moleque? Quando soube o que aconteceu com você fiz de tudo pra vir o mais rápido possível. Vejo que você está se recuperando rápido, isso é bom.- Bagunçou meu cabelo.
- Só minha perna que ainda incomoda.
- Mas que ideia a sua, em garoto? Onde já se viu atravessar a rua sem olhar se vinha carro antes?- Ele falou agora sério, me dando bronca. Abri a boca para responder, mas antes que qualquer som saísse dela, Max começou a falar.
- A culpa foi toda minha, tio. Eu que atravessei sem olhar e se não fosse o Gabe pra se jogar em cima de mim, eu poderia estar até pior que ele.- Meu tio olhou pra ele.
- Tenham mais cuidado garotos. Assim vocês me matam do coração e eu ainda não tenho idade pra morrer disso.- Falou com um sorriso de canto de boca. Até quando ele ia dar bronca na gente, ele não conseguia ser rígido o suficiente.- Eu trouxe presentes pra vocês. Vou pegar la no carro.- Ele saiu do quarto e o Max veio sentar na minha cama com a gente. Minha barriga roncou e só então lembrei que não tinha almoçado, pois havia dormido. Meu pai me olhou sorrindo e eu fiquei sem graça. Já era umas 15 horas.
- Vem, eu te levo na cozinha para almoçar. Max, avisa seu tio que a gente vai estar lá- Ele me colocou em suas costas como de manhã, só que dessa vez ele foi andando normalmente.
- Onde está a mamãe?- Perguntei.
- Ela foi tirar um cochilo antes de começar a se arrumar pra ir à igreja. Quando você acordou eu tinha acabado de ir lá deitar com você.- Falou isso colocando meu almoço e em seguida colocando meu prato na minha frente. Comecei a almoçar. O Max e o tio alê entraram na cozinha. Ele trouxe uns embrulhos que depois eu descobri serem camisas. Eles ficaram la conversando sobre algo e o Ricardo veio a minha mente.
Ele estava sendo tão bom pra mim. Durante esses dias ele me mandava mensagens no whatsapp toda hora isso quando não vinha me visitar e passava horas aqui conversando comigo. A gente tinha se aproximado muito esses dias, mas não dava pra ficar com ele aqui em casa né? Meus irmãos não desgrudavam de mim um minuto. O jeito seria esperar ficar bom para poder sair com ele para algum lugar. Lembrei do dia que nós ficamos sozinhos no vestiário e ele ficou naquele estado, o que me fez rir sozinho.
- Ih, parece que temos um apaixonado aqui, senhores.- Meu tio falou e logo em seguida gargalhou, levando meu pai junto aos risos. Max me olhou sério e eu fiquei nervoso.- E ai, conta logo, quem é ela?- Ale continuou.
- Hã?- Me fiz de desentendido.- Não sei do que vocês estão falando.
- Ah, vai dizer que não tem alguém ocupando esse coraçãozinho ai?
- Para, tio. Não tem ninguém ocupando lugar nenhum. Eu em.- Fiquei envergonhado.
- Ih ficou vermelho. Agora não tem como negar!- Quando ele queria ser insistente, ele conseguia. E aquilo já estava me dando nos nervos.
- Eu já falei que não tem ninguém. Mas que droga! Será que agora eu posso comerem paz?- Falei sério, já sem paciência para aquela conversa. Todos pararam de rir. Percebi que meu tio ficou sem graça pela forma que eu falei com ele, já que ele só estava brincando.
- Vê lá como você fala com o Alexandre, moleque. Cadê o respeito?- Meu pai me repreendeu. Agora foi eu quem ficara constrangido. Abaixei um pouco a cabeça, encarando o meu prato.
- Desculpa tio, isso não vai mais acontecer.- Falei sem encará-lo.
- Tudo bem.- Depois dessa frase o clima foi totalmente embora. Meu pai disse que iria acordar minha mãe para começar a se arrumar para o culto; o tio alê falou que iria no quarto do Gustavo e o Max foi buscar minhas muletas pra que eu conseguisse subir as escadas sozinho quando terminasse de comer. Quando eu estava quase acabando, Alexandre entra na cozinha.- Já vou embora, até a próxima.- Falou meio sério, mas não bravo.
- Tio, desculpa mesmo por agora a pouco. Eu não queria ter falado com você daquela forma.
- Não, eu é que tenho que te pedir desculpas. Eu sei que você é meio tímido e eu acabei invadindo um espaço que é só seu e que eu não tenho o direito de invadir. Tenho que aprender a colocar limites nessa minha língua.- Falou dando um sorriso amarelo.- Prometo agora em diante me meter apenas no que você me perguntar, combinado?- Respondi fazendo sinal positivo com a cabeça.- Agora tenho que ir. Da um abraço no tio.- Ele veio e me abraçou, beijando o topo da minha cabeça.- Não esqueça que eu amo você.- Essa era outra coisa que eu amava nele. Quase todas as vezes nas suas despedidas, ele dizia que nos amava. Sem esperar receber um 'eu te amo' em troca. Ele saiu e eu subi. Peguei meu celular e tinha uma mensagem do Ricardo.
- Tô com saudade. :'(
- Eu também e pior que nesse estado nem vou poder treinar essa semana :-D
- Nossa e esse emoji de felicidade? Você nem vai me ver na academia.
- É que só o fato de não ter que treinar, já me deixa feliz. Não te ver é um sacrifício que talvez valha a pena hahaha.
- :-\
- Brincadeira, Ric. Queria muito que a gente tivesse outro momento só nosso...
- Saudade de te beijar...
- Saudade de ser abraçado por você...
- Saudade de te abraçar... Eu só penso em você, moleque. Puta que pariu, que feitiço é esse que você jogou em mim?
- O mesmo que você jogou em mim.
- Eu quero te ver hoje.
- Nem dá, vou para a igreja com os meus pais.
- Aff, por que o Max tinha que atravessar aquela rua sem olhar? Agora to sendo obrigado a ficar longe de você mais que o normal.
- Eu também queria estar com você hoje, agora, mas não dá. É melhor eu me recuperar mesmo, porque aqui está todo mundo ao meu redor sempre.
- Droga!
- Desculpa, vou ter que me arrumar para ir pra igreja com eles agora. Depois nos falamos. Bjo
- Na boca. Tchau.
Sorri sozinho e fui me arrumar. pouco tempo depois estávamos todos naquela mesma situação de sempre, dentro do carro no domingo a noite indo para a igreja. Chegando la o Gus foi logo abordado pela Patricia, que comprimentou a todos nós. Minha mãe e meu pai foram falar com algum conhecido e Max foi ao banheiro enquanto eu fui beber água, mas como o banheiro e o bebedouro ficavam próximos, fomos andando juntos. Max entrou no lavabo e eu fiquei por ali tomando minha água encostado na parede, já que como uma mão estava ocupada segurando o copo, eu não tinha como segurar as duas muletas ao mesmo tempo. Terminei de beber água e já ia saindo,quando o Pedro aparece.
- E ai Gabriel, fiquei sabendo do acidente que aconteceu com você.- Falou com um sorrisinho no rosto.
- É, pois é.- Falei isso e já ia saindo. Não quis dar muita moral pra ele não.
- E se acontecer outro acidente com você?- Não entendi aquilo, mas um segundo depois ele deu uma rasteira na minha muleta, o que fez com que eu me desequilibrasse e fosse caindo pra frente, porém sinto duas mãos no meu peito, me impedindo de cair. Era o Gustavo, que me colocou de pé e foi pra cima dele. O Gus deu um tapa em seu peito com a mão bem aberta, que fez um estalo muito alto. Como a mão do meu irmão já estava em seu peito, ele pegou a camisa do Pedro e torceu, empurrando ele na parede, que fez um barulho alto do impacto das suas costas com a parede. O Gus chegou bem perto do rosto dele e começou a falar meio que sussurrando, mas dava para perceber sua raiva através de sua voz e de sua cara.
- Tu tá doido seu filho da puta.- O Gus só poderia estar doido. Se alguém o ouvisse xingando ali, ficariam escandalizados com seu palavreado. Mas ele parecia não ligar.- Tu não ta vendo como ele ta não? Escuta bem o que eu tô te falando, seu otário, eu já não vou com a tua cara, então se eu sonhar que tu ta maltratando meu irmão de novo, eu te quebro, ta entendendo? Pode ser onde for, na igreja, no meio da rua, na faculdade.- Eles estudavam na mesma faculdade, mas faziam cursos diferentes.- Eu não to nem ai se tu é tecladista de igreja, ou qualquer porra que tu faça aqui, eu vou deixar tua cara irreconhecível. Quer saber de uma coisa, eu vou fazer melhor: Se eu ver você pelo menos perto do Gabriel outra vez, eu vou te cair de porrada.- O Gustavo olhava ele com a sobrancelha franzida, com um olhar matador e o maxilar trincado de tão apertado. Seu punho que estava desocupado, estava fechado com tanta força, que veias apareciam por seu antebraço.
- M-mas G-gustavo...- Pedro tentou falar algo, sua cara demonstrava muito medo.
- Tu ainda quer contestar, caralho?- Gus falou o interrompendo.- Moleque não testa a minha paciência não. Se você souber o quanto eu tô me segurando pra não te encher de murro agora até jorrar sangue por cada parte do seu corpo... Entendeu o meu recado?- Pedro balançou a cabeça para cima e para baixo desesperadamente.- Ah, só mais uma coisa.- Nessa hora o Gustavo deu um soco na boca do estômago dele que se curvou imediatamente para frente, procurando o ar. Gustavo pegou no cabelo dele e levantou sua cabeça.- Isso é pelo que você fez com o meu irmão, seu babaca. Te liga.- Falou isso dando dois tapinhas no rosto do Pedro.- Vem, Gabe.- Nessa hora o Pedro entrou na igreja e o Max saiu do banheiro. A feição do Gus não mudou, sua cara continuava fechada. Max estava com uma expressão confusa- E você.- Se referiu ao Max.- Eu não te quero mais de conversinha com aquele tal de Pedro, ta me ouvindo?
- Ué, mas o que ele fez? Eu não tenho porque deixar de...
- Não me interessa!- Gustavo Falou o interrompendo, encarando Max com a mesma expressão de raiva.- Se eu ver você pro lado daquele moleque, você vai se ver é comigo, entendido?- Até eu estava ficando com medo do Gus. quando ele queria, conseguia ser assustador. Até o Max pareceu ficar com medo. Max apenas levantou as mãos em sinal de rendição, balançando a cabeça afirmativamente. Seguimos para dentro do templo em silêncio. A tensão do clima era quase palpável.
O culto começou, com musicas e em seguida veio a palavra. O pregador da noite estava monótono demais e se prolongando muito. Aquilo começou a me dar sono. Na verdade, sempre me dava sono, mas como eu não tomava remédios antes, conseguia aguentar. Minhas pálpebras já pesavam uma tonelada e minha cabeça foi inclinando para o lado, até encontrar o ombro do Max, que pareceu não se importar. Inclusive ele passou o braço ao meu redor, me levando para mais perto dele. Minha luta contra o sono estava muito cansativa e eu estava perdendo. Fui fechando os olhos e me aconchegando ao peito de Max. Meus olhos foram fechando lentamente e acabei dormindo.
- Gabe, acorda!- Senti alguem me tocando.- Gabriel, acorda!- Acordei com o Max me chamando e eu estava em outro lugar, no meu quarto e já era de manhã.
- Como eu vim parar aqui?- Perguntei, sonolento. Ele começou a rir.
- A mamãe ficou com pena de te acordar no fim do culto e mandou o nosso pai te levar no colo até o carro.- Continuou sorrindo. Senti meu rosto corar.
- Não acredito que ele fez isso! Nossa, cara, que mico.- Eu não sabia onde enfiar a cara.
- Isso porque você não viu todas as meninas da igreja com sorrisinhos e cochichando umas com as outras o quanto você é fofinho.- Ele gargalhou. Minha vergonha chegou no nível máximo.- E claro que eu aproveitei a situação pra falar que eu também sou fofinho e que se elas quisessem experimentar a minh Fofura, era só falar.- falou com um sorrisinho sarcástico.
- Que história é essa, Max? e a Bianca?
- O que é que tem ela?- Ele se fez de sonso.
- Vocês dois namoram, se não estou enganado.
- Sim e daí?- Falou dando de ombros.
- Como assim "e daí"? Você fala que vai trair ela assim, na maior cara de pau?- Falei sério e ele começou a rir.
- Claro que não, mano. Tô brincando com você, lógico que eu não trairia a Bia, tô zoando. Eu acho que eu gosto dela de verdade.- Ele falou esse final com um sorriso bobo e com os olhos brilhando.
- Iiih alguém aqui está apaixonado- Falei fazendo cócegas em sua barriga.
- E parece que tem alguém aqui atrasado para ir à escola.- Ele me olhou da cabeça aos pés, o que me fez lembrar que eu ainda n tinha feito nada pra me arrumar, enquanto ele já estava de uniforme e tudo. tentei me arrumar o mais rápido possível e seguimos rumo a escola.
A manhã passou rápido e na hora da saída o Gus passou la e levou um presente pra mim: O Ricardo, que estava com ele dando aquele sorriso lindo. Logo percebi que algumas garotas o olhavam sorrindo. sorri comigo mesmo, pensando que aquilo tudo era meu e elas poderiam no máximo só olhar. Abracei-o rapidamente. Chegando em casa, meus irmãos subira, as escadas como foguetes e ele não hesitou em me agarrar logo. Seu beijo era desesperado. Como se a minha boca fosse um copo com agua no meio do deserto. Ele segurava no meu rosto com uma mão e com a outra segurava minha cintura, me trazendo para perto de si. Me afastei dele.
- Você, ta maluco? Meus irmãos podem descer a qualquer momento.- Falei com um sorriso na boca.
- Mas eles já sabem da gente mesmo. O que é que tem demais nisso?
- É que eu fico cm vergonha e também não sei como reagiriam se nos flagrassem aos beijos.
- Entendo. Bom, eu vim aqui hoje porque alem de querer te ver, quero te fazer um convite. Que tal no sábado você dormir na minha casa? Já que você vai tirar esse gesso da perna na sexta mesmo... Eu quero muito matar a saudade e ter você por perto sem poder te beijar, ta me deixando doido.
- ta Bom, vou falar com meus pais.
- Nossa, fácil assim?- Perguntou surpreso.
- É que também estou morrendo de saudades.- Dei um selinho rápido nele.
Fiquei ansioso para sábado. o que será que vai acontecer?
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Vou dar um pequeno spoiler (ta, nao chega a ser um spoiler, é mais uma dica mesmo) porque tô no clima de páscoa kkk
Prestem atenção no "tio alê" ele vai ser muito importante no desenrolar do conto. Alguem tem ideia do que pode acontecer? Rsrs abraços.