Estava feliz festejando comigo mesma após o coroa, empresário do ramo de confecções, confirmar nosso quarto programa seguido em um mês. Aparentemente havia conquistado meu primeiro cliente fixo; as outras meninas nomeiam assim os que marcam três ou mais vezes ao mês. Na primeira vez sua gorjeta foi generosa e nas duas últimas, além da gorjeta, também surpreendeu-me com presentes.
Com o tempo e, depois de alguns encontros, a gente passa a conhecer melhor a pessoa e melhora a relação. Estava curtindo de montão a companhia e também os rendimentos proporcionados pelo meu suposto cliente fixo. O que atrapalha é este meu jeito irresponsável de ser que adora por tudo a perder. Eu fiz várias merdas em nosso encontro seguinte.
Ele me pagou por três dias para acompanhá-lo a um resort em Camboriú onde também aconteceria um evento de negócios que ele participaria. No final da sexta-feira, estávamos acomodados à beira de uma piscina quando ele recebeu um telefonema: Aconteceu um imprevisto e ele teria que fazer uma viagem rápida até sua casa em Blumenau. Iria deixar-me sozinha e retornaria somente no sábado à tarde. Após o comunicado, ele beijou-me carinhosamente no rosto e foi para o quarto se arrumar. Mal ele virou as costas, cruzei meu olhar com o de um cara (pardo, alto, de uns 30 anos e muito fofo) que estava próximo, acompanhado e disfarçadamente me filmava há vários minutos. O danado aproveitou quando fiquei sozinha e lançou seu "olhar 43" em minha direção, respondi com um sorriso e olhar de quem curtiu.
Peguei meu copo fazendo carinha de triste, dei o último gole em minha bebida que chegara ao fim e deixei o copo de lado. Virei o corpo deitando com o bumbum pra cima. Apesar do meu biquíni fio dental não ser ousado, ainda assim deixava a minha bunda praticamente de fora. Serviria ao meu propósito, pois a minha intenção era provocar.
Momentos depois o carinha chegou ao meu lado esbanjando simpatia. Se apresentou e estendeu um copo com um Daiquiri em minha direção. Justificou-se comentando ter percebido que a minha bebida havia acabado e não era justo deixar uma princesa do meu porte deslocar-se até o bar. Além de gato, o fofo também era perspicaz e divertido. Retribui a simpatia com uma expressão de felicidade dizendo que a bebida era tudo que eu queria no momento. Agradeci e também me apresentei.
O papo ficou muito gostoso, sua maneira extrovertida de falar conquistou-me, todavia, mesmo adorando a companhia, não poderia ficar dando bobeira e correr o risco do meu cliente (que estava pagando pelo meu final de semana) flagrar a gente em atitudes suspeitas. Também não correria o risco de ser vista com ele mesmo depois que estivesse sozinha no resort, pois alguém poderia comentar sobre meus passos durante a ausência do empresário.
O anjinho do bem insistia para que eu o dispensasse antes que fosse tarde demais. O problema é que sempre ouço o anjinho do mal e o mesmo dizia que estava prevendo momentos raros de prazer. Senti um calor intenso ao imaginá-lo tirando meu top, minha tanga a seguir e deixando-me nua. Na sequência sentir sua boca percorrendo meu corpo com beijos e se detendo em meu sexo me fazendo alucinar. Quase tive um orgasmo só de pensar no risco de levá-lo até minha suíte e rolar naquela cama por horas.
Enfim, revelei que o coroa não era meu pai (como ele havia questionado) e sim o meu namorado e eu teria que manter as aparências, no entanto, estaria sozinha naquela noite e adoraria recebê-lo na intimidade do meu quarto para tomarmos um drink antes de irmos dormir. O aguardaria às 22h, era só ele dar umas batidinhas na porta.
— Por favor, se afaste e mantenha distância agora! — pedi com jeitinho.
Com um sorrisão lindo, disse ter entendido e que não se atrasaria. Após perguntar e ouvir a resposta sobre qual bebida eu preferiria que ele levasse, o gato manteve distância, mas continuou me filmando.
Ouvi as batidinhas na porta no horário combinado. Toda cheirosinha olhei pelo olho mágico, queria ter certeza de que era o gato. Após abrir a porta, conferi se havia mais alguém no corredor, só então o puxei para dentro, bem rapidão. Depois lacrei a porta com todos os trincos disponíveis.
Os primeiros minutos foram gastos para nos conhecemos melhor. Bebemos do vinho que ele trouxe e curtimos um rock and roll em um canal da TV a cabo. Sentados no tapete e recostados na cama, conversamos como velhos amigos sem questionarmos sobre os detalhes particulares de nossas vidas.
Vieram as primeiras carícias e um beijo que foi algo bem natural como se nossa intimidade fosse a de um casal que já namorava há tempos. Após mais um beijo carinhoso ele me fez deitar no piso. Sua cabeça aninhou-se em meu ventre ao mesmo tempo em que levantou a minha camiseta extra larga que vesti justamente para facilitar nossos movimentos.
Sua boca percorreu meu corpo e chegou aos meus peitos, afaguei seus cabelos castanhos e perfumados enquanto estremecia com arrepios e deleite ao sentir sua boca morna grudada em meu seio. Era impossível não gemer gostoso ao ter meus mamilos sensíveis e, inchados de tesão, serem devorados por sua língua, dentes e lábios.
Instantes depois, já sem camiseta e calcinha, deitada peladinha com o tronco na cama e os joelhos no chão, ronronei como uma gatinha enquanto ele se alojou entre minhas pernas e me fez flutuar com chupadas e massagens com o dedo em minha vagina, talvez procurasse meu ponto G... Ah! Evidente que me acabei de tanto rebolar em sua boca e não contive meus gritinhos e nem segurei meu gozo que veio intenso.
Que bom poder escolher com quem se deitar e entregar-se inteira ao prazer e emoção. Ainda não perdi meu lado romântico, adoro namorar, beijar na boca, abraços apertados e um papo descontraído.
Não sei por quanto tempo transamos, talvez por horas. Apaguei em seus braços e dormi um soninho gostoso.
Acordei ao ser sacudida e ouvir ele dizer que alguém tentava abrir a porta. O som da campainha fez-me estremecer. Percebi que começava a clarear o dia. Apavorada deduzi que o coroa voltara cedo demais.
— Tô fodida! Você vai ter que sumir daqui — falei sussurrando.
— Caralho, gata, só tem uma porta.
— Se vira! Pega logo suas coisas e vai pela janela — falei com firmeza.
Enquanto ele vestia a bermuda sem a cueca, eu recolhia suas roupas, preservativos novos e usados, garrafa vazia e entreguei tudo pra ele.
A janela dava para uma varandinha, estávamos no segundo andar, descer não seria tão complicado, deduzi.
Fechei a janela assim que ele saiu, vesti a calcinha e caminhei enquanto vestia a camiseta. Estava endoidecida com o som da campainha e as batidas que não cessavam. Acendi a luz e dei uma olhada rápida conferindo o quarto antes de abrir a porta.
— Caramba, Kamila! Estou há um tempão tocando esta campainha — resmungou o homem.
Desculpei-me dizendo que bebi um pouco a mais e cai no sono profundo.
Ele mencionou sobre minha camiseta e disse que não combinava com minha feminilidade. "Putz! Dei minha camiseta para o cara". Pensei tentando não rir. Eu fiquei com a dele que também era branca, porém era de time de futebol americano.
Após concordar com ele que a escolha da roupa foi ruim, desconversei para evitar esticar um assunto que poderia incriminar-me.
O coroa chegou carente de sexo e disse que me queria naquele instante... Aff! Sentiria odores e sabores diferentes. Consegui cinco minutos dizendo que ia ao banheiro me recompor. Voltei após apagar os vestígios em meu corpo que denunciariam o love que tive com meu "namorado de uma noite" e deixei meu empresário feliz e satisfeito por boa parte daquele sábado ensolarado.
Minha preocupação durou até o momento de irmos embora no domingo, o medo era enorme de ter meu casinho descoberto e perder um dos meus melhores clientes.
Felizmente tudo acabou bem, não tivemos notícias de ninguém caindo de janelas do resort. Calculei que o fofo conseguiu descer na boa, porém, se caiu, ainda lhe restavam seis vidas, pois ele era um gato.
Continua
Caso não tenha lido “O Primeiro Programa” (é o conto que inicia esta série)
O segundo é "Noiva de Mentirinha"
O terceiro é "Ficha Rosa"