Felipe - porra o Guilherme vai me matar.
Danilo- não mano, isso foi um acidente.
Felipe - mas ele vai me matar, ele vai ficar brabo comigo.
Danilo - mano, na real, o que esse cara é teu pra tu ter tanto medo dele? Parece ate que vocês são casados.
Eu voltei a vomitar.
Fingi que não havia ouvido a pergunta do Danilo, não queria dar satisfações, nem mentir mais do que eu ja estava mentindo.
xXX
Estamos indo pra onde? (perguntei voltando ao carro).
Danilo - hospital!
Felipe - mas la na festa não estava cheio de médicos? Por que eles não podem me atender?
Danilo - primeiro porque eles estão no inicio do curso, e depois por que estão todos chapados.
Felipe - entendi.
Danilo - dói? (perguntou Danilo tocando em minha testa)
Felipe - um pouco, mas o medo é maior do que a dor.
Danilo - medo de que?
Felipe - levar agulhada.
Danilo - ah mano, isso ae não vai da pra evitar, com certeza vai pegar uns pontos ae.
Felipe - tou ficando tonto cara.
Danilo - tenta ser forte mano, isso ae deve ser pela perda de sangue.
Felipe - Falta muito para chegarmos ao hospital?
Danilo - não, não. Aguenta firme.
Felipe - tou tentando.
xXXX
Não demorou muito, e chegamos ao hospital. Danilo pegou meus documentos e rapidamente eu fui atendido.
Danilo - eu posso entrar com ele? (perguntou Danilo na entrada da sala de mini cirurgias).
Somente ele. (respondeu um servidor de branco, que eu supus não ser o medico).
Eu olhei para o Danilo com voz de choro antes de entrar na sala.
Danilo - vai da tudo certo, eu vou ficar aqui te esperando.
Eu balancei a cabeça que sim.
Entrei na sala e me perguntaram o que havia acontecido.
Felipe - tombei e bati a cabeça em um pedestal.
Deite por favor. (disse o homem).
Eu deitei numa maca extremamente gelada.
- Voce deitou da forma errada, a cabeça com o machucado é que vai dentro da bandeja.
Felipe - ah ta, falei mudando de lado.
O homem levou a mão ate a minha cabeça, e com minhas mãos eu o afastei.
- Calma, vou só olhar o machucado. (disse ele).
Felipe - tou com medo.
- Não vai doer nada, voce vai ser anestesiado.
Felipe - e demora pra fazer isso, dotor?
- é o tempo de o medico chegar.
Felipe - e o senhor não é o medico?
- não. Irei apenas lavar o ferimento.
E assim ele começou a jogar uns jatos de água passando a mão pela minha cabeça, fazendo aquele sangue sair casa vez mais fino, ate desaparecer por completo.
Assim que o homem terminou de lavar minha cabeça o medico entrou na sala.
- qual diagnostico? (perguntou o medico)
- ele esta com uma abertura frontal na cabeça, e com certeza vai ponto.
O medico colocou a mão na minha cabeça, afim de encontrar o tal machucado, ele não tinha a menor dó de mim.
de repente senti uma perfuração e afastei a cabeça.
- voce tem que tentar ficar parado, vai acabar fazendo eu machucar voce.
Felipe - desculpa doutor, mas é que tou com muito medo.
- mas tem que ser feito.
Felipe - ok doutor, pode ir.
O medico voltou a introduzir a agulha em mim, eu me segurei com todas as forças naquela maca.
- prontinho. (falou o doutor tirando as luvas e lavando as mãos em um lavatório ao lado da maca).
- Acabou? (perguntei aliviado)
- sim. (disse o medico)
Felipe - graças a Deus. (falei me levantando da maca).
- Com 7 dias voce deve retirar os pontos.
Felipe - pode deixar.
Despedi-me do Medico e sai daquela sala gelada.
xXX
Danilo - e ae, deu tudo certo?
Felipe - acho que sim, mas ainda sinto dor na cabeça.
Danilo - deve ser a bebida. Você é acostumado a beber, Felipe?
Felipe - não brother. (falávamos indo no sentido do estacionamento).
Danilo - Por isso a dor na cabeça, voce não tem habito de beber.
Felipe - pode ter sido isso.
Danilo - com certeza. Deixa eu ver como ficou.
Danilo passou a mão sobre o meu cabelo.
Danilo - Caralho, pegou 6 pontos velho.
Felipe - puta merda, não era pra eu ter saído de casa.
Danilo - besteira pô, isso acontece com todo mundo. Lembra não do dia que nos conhecemos?
Felipe - lembro sim, a Camila tinha aprontado contigo. kkkk
Danilo - sim,kkkkk. E eu fiquei tri loco.
Felipe - parecia um bebê chorão.
Danilo - também não era pra tanto.
Felipe - era pior.
xXX
Entramos no carro e fomos conversando durante todo o percurso.
Felipe - então vocês namoravam desde os 14?
Danilo - isso. Eu tinha 14 e ela 13. (falava Danilo ao volante).
Felipe - e tu tem quantos agora?
Danilo - 18.
Felipe - porra então vocês ja estavam com quatro anos juntos.
Danilo - sim, e isso é o que mais me deixou triste.
Felipe - eu acredito mano, e voce ja tentou voltar?
Danilo - no inicio eu queria muito, mas ela que errou, ela que venha atras!
Puta merda - falou Danilo mudando de assunto.
Felipe - o que foi po?
Danilo - Blitz, e eu tou bebido e com a habilitação vencida. (disse ele passando uma mão na cabeça).
Felipe - Mas talvez eles não parem agente, é só manter a calma.
Danilo - Não sou tão confiante assim.
Danilo continuou dirigindo e quando aproximou-se da blitz o guarda com a mão indicou que ele parasse. Danilo encostou o carro, mas não o desligou e quando o guarda bateu na janela do carro, Danilo acelerou furando a barreira da blitz e derrubando vários cones.
- Mano do céu, o que tu fez? (perguntei ficando aflito).
Danilo - não tinha outro jeito, eles iriam prender minha carteira, e rebocar o carro.
Felipe - mas agora acho que ficou pior.
Danilo - por que?
Felipe - eles estão vindo atras da gente.
Danilo - não brinca. (Danilo olhou pelo retrovisor do carro).
Felipe - antes fosse brincadeira pô.
Danilo - puta que pariu, que inferno. (Disse ele acelerando ainda mais o carro).
Chegamos a um sinal vermelho e Danilo não parou, quase nos fazendo colidir contra outro veiculo.
Felipe - nos vamos nos fuder neh!?
Danilo - não, não vamos, vou nos tirar dessa.
Danilo entrou na contra mão, pegando uma rua só de ida.
Quando olhamos para trás não vimos os carros da policia.
Danilo - uuhhhhhhhhhhhhhhhh. (Danilo vibrou).
... Mas quando chegamos ao final da rua fomos cercado, Danilo tentou fazer a volta, mas outro carro parou atravessado na nossa traseira.
Desça do carro. (um policia falou com a voz grossa).
Danilo hesitou e foi arrastado para fora.
Felipe - hey, pra que isso tudo?
Falei saindo do carro em seguida.
Danilo foi empurrado na parede de um prédio abandonado e levou um tapa.
Enquanto um guarda pedia nossos documentos, outros revistavam o carro.
Felipe - não tem nada ae, ele não é bandido. (argumentei)
Dessa vez foi eu quem levei um tapa.
Felipe - ai. (gemi de dor).
Danilo - hey po, não somos bandidos não, o que fizemos para tratar agente assim?
- Dirigiram em velocidade proibida, furaram sinal vermelho, andaram em mão contraria. (O guarda disse ao Danilo) - e ainda esta com carteira vencida?
Danilo - eu já ia resolver essa semana. da essa chance seu guarda.
O guarda não respondeu nada, apenas balançou a cabeça em sentido contrario.
- Documentos do carro. (pediu ele)
Danilo abriu o porta luvas e lhe entregou alguns papeis.
O guarda chamou um superior e deu ordem que levasse o carro.
Danilo - não, o carro não, o carro é do meu pai.
-pode levar.(disse ele).
Em seguida Danilo fez o teste do bafómetro e foi detectado álcool.
Levem os dois elementos também.
Felipe - o que? levar agente pra onde? (falei desesperado).
Danilo - estamos sendo presos, Felipe.
Felipe - mas não fizemos nada mano.
Danilo - o que eu fiz foi muito grave.
Os guardas nos colocaram dentro do carro e nos conduziram ate a delegacia, eu lembrava muito bem como era estar ali dentro.
Chegando a delegacia o delegado informou nossos direitos dentre os quais o de fazer uma ligação.
Felipe - voce não vai ligar para a sua família?
Danilo - não posso, meu pai ira me matar.
-Voce também pode fazer uma ligação. (disse o delegado).
Felipe - eu não sei pra quem ligar. (falei algemado).
- bom, isso não é problema meu.
aquele delegado era o mesmo do dia em que eu fui preso, eu queria falar com ele mas estava criando coragem.
Felipe - sr delegado?
Delegado - sim.
Felipe - o sr deve não lembrar de mim, mas eu sou amigo do Miguel, o sr o conhece não é?
Delegado - Miguel Blater?
Felipe - Isso. (falei em êxtase).
Delegado - conheço, o Miguel é muito meu amigo.
Felipe - pois é. O senhor tem o numero dele?
O Delegado me olhou com cara de poucos amigos, sacou o celular do bolso e em seguida me informou o numero do Miguel.
Felipe - posso ligar daqui?
Delegado - pode. (disse ele em seco).
**
Depois de algumas chamadas...
Miguel - pois não. (com voz de sono).
Felipe - Miguel, sou eu Felipe.
Miguel - o que tu quer a essa hora?
Felipe - tou preso novamente.
Miguel - o que?
Felipe - mas foi um mal entendido.
Miguel - me explica esse mal entendido.
Felipe - agora não da tempo. Voce ta em casa?
Miguel - sim, estou.
Felipe - voce pode falar para o Guilherme que estou preso?... É que não tenho o numero dele.
Miguel - Em que delegacia voce esta?
Felipe - na mesma da outra vez.
Miguel - ta bom, eu vou falar com ele.
Felipe - obrigado Miguel.
Miguel - por nada.
*-------*
E desligou o telefone.
Felipe - Obrigado sr delegado.
O delegado não respondeu nada.
Um policial explicou o que havia acontecido e o delegado mandou nos colocar em uma cela provisoria.
xXXX
Danilo - quem vai morrer agora sou eu, meu coroa vai me matar.
Felipe - calma mano, meu amigo é advogado e vai nos tirar dessa. (falei ja dentro da cela).
Conversamos bastante tempo. Fiquei tentando acalmar o Danilo, mas na verdade eu estava mais nervoso que ele.
xXX
Bora la o elemento, o delegado quer ver você. (disse um policial).
Felipe - não falei mano, ja vieram nos tirar daqui.
Os dois não, só ele. (disse o policial, barrando a saída do Danilo).
Felipe - e ele?(perguntei ao policial).
- Ele fica. (respondeu o policial).
Felipe - eu vou la, mas volto mano. (falei consolando o Danilo).
Danilo - não me deixa aqui mano, por favor não me deixa aqui.
Felipe - não vou deixar, te dou minha palavra.
xXXX
Cheguei a sala do delegado e ele estava rindo com o Miguel.
Felipe - e o Guilherme? (perguntei espantado ao ver o Miguel ali).
Miguel - não quis o acordar.
-Teve sorte mais uma vez hen rapaz!? (disse o delegado).
Felipe - ja estou livre?
Miguel - a não ser que voce queira ficar. (falou o Miguel zombando com minha cara).
Miguel - celso, mais uma vez muito obrigado viu?
Delegado - que isso meu amigo, estou sempre as ordens, e vamos combinar uma bolinha.
Miguel - vamos sim, estou precisando emagrecer mesmo.
Miguel despediu-se do delegado e saímos.
xXX
Miguel - eu te falei, que um dia ainda iria fazer algo por voce, acho que agora estamos empatados.
Felipe - E quanto a meu amigo?
Miguel - o Celso falou sobre ele, essa é uma situação deliciada.
Felipe - por que delicada?
Miguel - ele cometeu vários crimes de transito, vai ter que responder.
Felipe - ele tava com medo, só por isso.
Miguel - pra justiça isso não é desculpa.
Felipe - tudo bem que não é desculpa, mas voce não pode ajuda-lo?
Miguel - isso não é problema meu Felipe.
Assim que chegamos ao estacionamento, Miguel desarmou o alarme do carro.
Felipe - por favor cara, quanto é que tu cobra?
Miguel - muito, mas hoje eu não estou afim de trabalhar, só quero chegar em casa e dormir.
Felipe - ta vendo aqui na minha cabeça? (mostrei meus pontos).
Miguel - que foi isso? (Miguel perguntou passando a mão)
Felipe - eu caí e abri a cabeça, e o Danilo me levou ao hospital. Eu tenho uma divida com ele, faz isso por mim Miguel, eu tou te implorando.
Miguel encostou no carro e cruzou os braços.
Miguel - eu ate posso fazer, mas...
Felipe - mas?
Miguel - eu quero algo em troca.
Felipe - o que?
Miguel - voce sabe?
Felipe - sei não, o que tu quer em troca?
Miguel - terminar o que ja começamos uma vez, estou louco pra comer teu cuzin, o que voce me diz?
Eu fiquei mudo.
Miguel - se você dizer que sim, eu tiro seu amigo daqui, e em troca você vai comigo direto a um motel. Você decide.
Continua...
LukinhasS, eu sou de Mato Grosso, e a historia é fictícia, e eu uso os pontos de Cuiabá, nela.