Vimos a Íris de braços cruzados nos olhando com uma cara de poucos amigos.
- Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui?
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- Um beijo de dois adultos apaixonados!
- Então quer dizer que foi ele quem virou sua cabeça? - Ela me olhava com um desprezo mortal.
- Ninguém fez nada, Íris. Você sempre soube da minha bissexualidade. Eu joguei limpo com você esses dois anos. Eu conheci o Lucas - ele me olhou com um sorriso lindo - e me apaixonei por ele. Jurava que você tinha ido embora. Ainda está em tempo.
- Eu saí do Rio atrás de você, para te encontrar com esse moleque, como você acha que estou me sentindo? Estou destruída. Que decepção! Eu tenho nojo de você! A partir de hoje, eu vou transformar a vida de vocês num inferno!
A Íris deu um tapa na cara do Ítalo e, em seguida, veio até mim e me empurrou.
- Prepare-se!
Ela saiu com ódio nos olhos. Senti meu estômago embrulhado. Será que valeria a pena entrar numa relação complicada como essa?
- Você está bem? - Falou o Ítalo levantado-me.
- Sim, só não gostei nenhum pouco dessa ceninha que ela armou aqui - limpei a areia que estava em minha roupa.
- Ela é maluca. Foi por isso que acabei com ela.
- Maluca por você! Prevejo problemas... Já tenho tantos...
- Fica tranquilo. Isso é passageiro.
- Espero que seja.
Voltamos para a pousada. Meu pai tinha avisado que estava retornando da viagem. Estava com tanta saudade dele.
- Será que ele vai demorar muito, Clarinha?
- Acredito que não. Ele ligou a uns quarenta e cinco minutos. Perguntou por você. Onde está o seu celular?
- Ficou carregando. Por falar em celular, vou verificar as mensagens no grupo da sala. Espero que o resultado da prova não demore muito.
- Seu pai vai ficar uma fera quando souber a história desses machucados.
- Eu invento uma desculpa qualquer. Não sou louco de falar do Álvaro. Imagina o tsunami em Solar! Deixa no stand by.
- Não gosto de mentiras, mas essa é por uma boa causa: evitar uma tragédia.
- Eu não vejo problemas em você contar, Lucas - falou o Ítalo.
- Você não conhece o meu pai, gato.
- Mais uma oportunidade de aprender algumas coisas a respeito do sogrão.
- Já estão nesse nível? Estás criando uma cobra, Luquinhas.
- Essa conversa já deu. Vou descansar um pouquinho. Espero que o resultado da prova tenha saído.
- Você vai passar. Fica calmo.
- Estou apreensivo, Clarinha. Vou indo. Beijos para vocês.
- Os meus eu quero de verdade.
- Antes que me olhem, eu não digo mais nada.
A Clarinha foi em direção ao bar, e eu fiquei com o Ítalo na recepção, o beijei e fui embora.
[Ítalo narrando]
Subi para o quarto, peguei o notebook e o cartão de memória da câmera. Comecei a editar as fotos do Lucas. As fotos ficaram perfeitas. Como ele é lindo.
Dei apenas pequenos retoques nas fotos. Elas não necessitavam de muitos efeitos e ajustes.
Acredito que tenha passado uns quarenta minutos na edição das fotos. Tinha tirado muitas fotos dele e precisava cuidar de uma por uma com carinho.
Quando terminei de editar as fotos, resolvi que iria acabar com aquela palhaçada da Íris. Peguei a lista telefônica e comecei a ligar para os maiores hotéis de Solar em busca da Íris.
[Lucas narrando]
O resultado da prova ainda não tinha saído. Estava pensativo sobre o resultado. Eu só precisava do resultado positivo para estar oficialmente de férias.
Tomei um banho bem demorado e deitei um pouco. Eu precisava descansar depois de um dia como o que tive. Acredito que tenha perdido a noção da hora, mas sei que dormi igual a Bela Adormecida.
Me levantei com muito esforço. Fui ao banheiro lavar o rosto e sentia o meu corpo ainda doer. Precisava sair do quarto e ver se meu pai tinha chegado.
Qual não foi a minha surpresa? Isso mesmo! Meu pai tinha retornardo. Adivinhem onde ele estava? Na recepção da pousada. Meu pai vivia para o trabalho.
Desde o meu nascimento - que culminou com a morte da minha mãe -, ele se dedicou único e exclusivamente a mim. Eu até insisti para que ele se casasse novamente, tivesse outros filhos, mas ele sempre desconversava.
Meu pai é muito bonito e jovem. Ele tem trinta e noves anos. Ele foi pai jovem. Apesar de ser um típico "machão", meu pai é um doce de pessoa. Ele me apoiou muito quando assumi minha sexualidade aos 16 anos. Eu estava conhecendo o Álvaro. Meu pai ficou um pouco triste - o que é compreensível-, mas me deu apoio e amor incondicional. Eu o amo mais que tudo.
- Paizinho, que alegria! - Corri em sua direção e dei um abraço bem apertado.
- Isso tudo é saudade?
- Demais. O senhor não tem noção. Passou tanto tempo fora que pareceu uma eternidade. Vai ver esqueceu de mim.
- Eu te amo, filho! Te amo, meu pequeno brilhante! - Ele sempre me chamava assim.
- Eu mais ainda, seu Alexandre Villar.
- Por te amar muito eu te pergunto: o que aconteceu com você?
- Eu quase fui atropelado, pai. O Bruno me salvou.
- Como foi isso? - A cara de preocupação do meu pai era notória.
- Eu estava saindo da faculdade e o Álvaro me encontrou... - Fui interrompido.
- Aquele canalha te procurou? Foi ele o responsável por isso? - Meu pai estava com um semblante de raiva.
O Álvaro quando decidiu ir embora de Solar e se tornar um garoto de programa roubou o pai dele e o meu pai. Ninguém levou os delitos dele à polícia, mas meu pai tinha muita raiva dele. Ele entregou o seu "brilhante" a um irresponsável.
- Sim, mas não foi ele o responsável... Não diretamente. Fomos conversar no píer e nos exaltamos, eu saí correndo e quase fui atropelado.
- O que ele queria?
- Ele me convidou para ir morar com ele em São Paulo. Disse que está rico, que têm clientes da classe alta, que o estão sustentando lá. Ele ganhou um carro importado do seu cliente mais rico. Disse que o "velho" era louco por ele. Não que tenha usado essas palavras, mas foi isso que quis dizer.
- É um bandido mesmo. Ele querer te tirar de perto de mim. Você é tudo o que tenho. Sabe o melhor disso tudo? Você tem caráter, filho! Você é maravilhoso. Me orgulho de tê-lo como filho. Se acontecesse algo com você, eu nunca o perdoaria. Eu o mataria, afinal, minha vida iria acabar se eu te perdesse.
- Paizinho, eu estou aqui. Estou bem.
- Graças a Deus e ao Bruno. Quero muito agradecê-lo pelo o que te fez.
- Mas ainda estou bravo de tanta saudade.
- Eu te liguei, mas você não me atendeu.
- Deixei o celular em casa. Fui posar para o Ítalo em algumas fotos.
- Me atualiza, garoto. Tenho um genro? Um genro que preste?
- Ainda não... Isso pode ser uma possibilidade.
- Depois quero os antecedentes criminais, registros profissionais, endereço, histórico escolar, cartão de vacinas...
- Chega, pai. Sou adulto. - Interrompi ele.
- Mas só faz besteira - bagunçou meu cabelo.
- Eu tenho que aceitar suas regras, não é? Que proteção extrema!
- Só tem que obedecê-las. Te protejo porque te amo.
O telefone da recepção começou a tocar.
- Pousada Luz Solar, boa noite! Sim... Ele está aqui, Hugo... Vou passar para ele... - Meu pai afastou o telefone. - Seu amigo de sala - me entregou o telefone.
- Oi, Huguinho. Meu celular ficou no quarto... Foi? Vou olhar daqui a pouco... Depois nos falamos... Beijos...
Coloquei o telefone no balcão da recepção.
- O resultado da minha prova saiu.
- Vai olhar que eu conheço sua cara de ansiedade.
- O luau hoje está muito divertido.
- Quer dar uma olhada? Vai se divertir.
- Vou só dar uma espiadinha. Liga para o quarto do Ítalo e pede para ele me encontrar aqui.
- A chave do quarto dele está aqui - meu pai me mostrou a chave.
- Onde será que ele foi? Ele nem me avisou nada...
- Deixou um recado para você. - A Clarinha estava com um papel na mão.
- É para mim?
- Se não fosse não estaria lhe entregando.
- Grossa!
- Lê logo se uma vez.
Li no papel que ele tinha saído para se encontrar com a Íris. Acredito que tenha ido resolver as pendências dos dois.
- Foi atrás da ex. Eles têm muitas coisas para resolver.
- Você não me falou sobre isso!
- Pai, isso é o de menos.
- Parece que os ex-namorados resolveram marcar os territórios. Amigo, aproveita que moramos perto do mar e faz umas oferendas. A coisa tá braba!
- Sem graça. Onde está o seu namorado herói?
- Você não tem senso de humor, Luquinhas. Foi em casa.
- Clara, depois quero agradecer por tudo.
- Claro, seu Alexandre. Eu faria a mesma coisa. O Lucas é especial para todos nós.
- Eu sei disso. Quer comer alguma coisa, filho?
- Tô sem fome. O luau parece que está para lá de bom.
- Nem tens ideia. Vamos lá?
- Paizinho, daqui a pouco eu volto.
- Aproveita. Você merece, meu amor - meu pai beijou minha testa.
Olhei no relógio da recepção e já eram quase nove da noite. Eu dormi muito.
- Faz tempo que o Ítalo saiu?
- Pouco tempo. Não sei precisar. O luau está um loucura. Dei graças aos céus pelo retorno do seu pai.
- Espero que aquela louca não faça nada com ele.
Eu e a Clarinha fomos em direção ao luau.
- Por falar em loucura, olha quem está no palco.
Quase não acreditei no que o DJ estava anunciando.
DJ - O meu amigo aqui - apontou para o Álvaro - quer fazer uma declaração de amor para alguém muito especial...
- Alguém tira ele de lá agora - falei para a Clarinha.
DJ - Não é isso, Álvaro?
- Sim, eu quero fazer uma declaração para o amor da minha vida. Eu sei que errei, que fiz muitas besteiras, mas eu só quis te dar uma vida de rei, pois você merece. Lucas, tudo o que eu fiz foi por amor. Por te amar demais. Me perdoa?
Ele apontou para minha direção. Todo mundo começou a gritar meu nome, a pedir que eu o perdoasse. Estava em pânico com aquilo tudo. Senti vontade de sumir.
- Ele perdeu o juízo! Como ele é capaz de te fazer passar por uma vergonha dessas? Vou meter a mão na cara dele, amigo!
- Não, sou eu que vou acabar com esse circo! Quando ouvi o nome desse bandido, já esperava essa palhaçada.
Meu pai chegou gritando.
- Pai, não faz nada, por favor!
Continua...
Gente, domingão acabando e eu escrevendo um capítulo para vocês. Não sei quando nos veremos novamente, mas acredito que até o fim de semana. Peço desculpa pela demora, pelos possíveis erros. Estou estudando muito. A faculdade suga meu tempo fe uma maneira louca. Em breve postarei outro capítulo.
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